FERRÃO E TOCANTINÓPOLIS/TO NÃO SE ENFRENTAVAM DESDE 2001

Click do fotógrafo Lenilson Santos registrou o terceiro jogo entre Ferrão e Tocantinópolis na história

O Ferrão continua vencendo em seu retorno à Série D. Depois de passar por Fluminense/PI e Cordino/MA nos seus dois primeiros jogos na competição, ontem o time coral bateu a equipe do Tocantinópolis/TO no PV. Esse foi apenas o terceiro confronto entre ambos em toda a história. Os dois primeiros ocorreram na Série C de 2001, quando o Tubarão da Barra venceu os dois jogos disputados na ocasião. O primeiro, no PV, vitória pelo placar de 1×0, gol de Guedinho. O segundo, por sua vez, no estádio Lauro Assunção, na casa do adversário no estado de Tocantins, também por 1×0, gol do centroavante Kélson. Naquela época, o Ferrão tinha William Braga na presidência e José Oliveira como treinador, que comandava em seu elenco jogadores como o goleiro Zezinho, o volante Dino, o centroavante Rogério Carioca e o zagueiro Lopes, pai do meio campista Cairo, que compõe o plantel coral atualmente em 2023. O lateral direito Roberto Carlos também fazia parte daquela equipe, ele que hoje em dia é treinador do Caucaia/CE e que participa também da Série D do Brasileirão. Ontem, quase 22 anos depois, tivemos o terceiro 1×0 na história dos confrontos entre os dois times, mais um vez favorável a Ferrão. O gol foi do atacante Abner.

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QUEM VAI MARCAR O GOL DE NÚMERO 7.000 DA NOSSA HISTÓRIA?

É muito possível que o gol de número 7.000 da história do Ferroviário Atlético Clube saia ainda em 2023. Além de eventuais amistosos, o time coral tem em seu calendário as disputas da Série D do Campeonato Brasileiro e da Taça Fares Lopes, inclusive duas competições as quais já foi campeão em edições anteriores. Quando restarem 10 gols para a marca de 7.000, o Almanaque do Ferrão e a própria diretoria coral se encarregarão de anunciar e promover uma contagem regressiva. Recentemente, o Tubarão da Barra ultrapassou a marca de 3.900 jogos em sua história. Há dez anos, quando foi lançada a primeira edição impressa do Almanaque do Ferrão, o total era de 3.449 partidas. Uma segunda edição, revisada e atualizada, está sendo preparada e em breve entrará em campanha de financiamento coletivo para garantir a viabilidade financeira visando o lançamento da nova obra, que deverá ter um formato físico maior, com medidas de 20x27cm.

FERRÃO E SERGIPE FIZERAM JOGOS ACIRRADOS NA TEMPORADA DE 2009

Ferroviário e Sergipe se enfrentaram apenas duas vezes na história: 0x2 e 3×3 nos placares. O vídeo acima resgata os dois confrontos entre as duas equipes na Série D do Campeonato Brasileiro de 2009. O Sergipe levou a melhor com uma vitória em Aracaju e um empate na cidade de Horizonte. Naquele período, o Ferroviário tinha em seu elenco jogadores como o goleiro Jéfferson, o meia Diogo Oliveira e o atacante Juninho Quixadá, que acabou infantilmente expulso no jogo realizado no Estádio Domingão. Nessa partida, o Tubarão da Barra fez a estreia do meia Willer, na única partida do ex-jogador do Itapipoca com a camisa coral. Nos dois jogos, um atacante com o indefectível apelido de Faísca saiu do banco para entrar nas estatísticas do clube. O zagueiro Rafael, o meia Leonardo e o experiente atacante Stênio marcaram os gols do Ferrão na segunda partida. Do lado do adversário, o atacante Fabinho Cambalhota foi o destaque nos dois embates. Seis anos depois, ele disputou a segunda divisão cearense com a camisa do Ferroviário, porém não teve o mesmo brilho. O jogo com mando coral contra o Sergipe aconteceu no Domingão porque o Ferroviário transferiu seus jogos do Brasileiro pra lá devido às péssimas condições do gramado do Elzir Cabral. Foi o último jogo do presidente Paulo Wágner à frente do clube. Exatos 50 dias depois, ele renunciou ao mandato, que ia até o final de 2010, e assumiu o comando do Horizonte. Quase 14 anos depois, Ferroviário e Sergipe voltam a se enfrentar para fazer o terceiro confronto entre ambos na história. O jogo é válido pela quarta rodada da Copa do Nordesde 2023 e acontecerá pela primeira vez na cidade de Fortaleza, mais precisamente no PV.

FERRÃO VOLTA A ENFRENTAR O CSA DE ALAGOAS DEPOIS DE 42 ANOS

Raro registro fotográfico dos jogadores do Ferrão e do CSA no Rei Pelé na temporada de 1970

A última vez foi pelo Campeonato Brasileiro de 1981, no dia 7 de fevereiro daquele ano, no Estádio Rei Pelé, em Maceió. Naquela data, o Ferroviário foi até Alagoas e trouxe um ponto no empate em 0x0 com o CSA, em partida válida pela Série A. Depois de longos 42 anos, o maior hiato de jogos entre ambos na história, as duas equipes voltam a se enfrentar, dessa vez pela primeira fase da Copa do Nordeste. A partida acontece novamente no Rei Pelé e é apenas o sexto confronto entre os dois times em todos os tempos. Abaixo, você confere a relação de jogos anteriores entre Ferrão e CSA/AL:

Jogo 01: 15/08/1947 – Ferroviário 1×1 CSA – Amistoso – Presidente Vargas
Jogo 02: 15/06/1958 – Ferroviário 2×0 CSA – Amistoso – Presidente Vargas
Jogo 03: 19/11/1970 – CSA 3×2 Ferroviário – Amistoso – Rei Pelé
Jogo 04: 18/10/1979 – Ferroviário 1×1 CSA – Brasileiro Série A – Presidente Vargas
Jogo 05: 07/02/1981 – CSA 0x0 Ferroviário – Brasileiro Série A – Rei Pelé

Quando se fala de curiosidades do confronto entre cearenses e alagoanos, é sempre bom lembrar que o jogo de 1970 marcou a primeira vez de uma equipe cearense jogando no Estádio Rei Pelé, recém inaugurado. A partida deixou registrada uma lendária fotografia com os jogadores das duas equipes unidos no mesmo clique, destacada acima na postagem. A última vez que o Ferrão havia atuado no Rei Pelé aconteceu na temporada de 1992, contra o CRB/AL, pela Série C do Campeonato Brasileiro.

DINAMITE JOGOU 2 VEZES E NUNCA MARCOU GOL CONTRA O FERRÃO

Ídolo Dinamite enfrentou o Ferrão em duas partidas, mas não marcou gols em cima do Ferrão

O futebol brasileiro perdeu no início dessa semana um de seus maiores goleadores. Depois de uma árdua batalha contra o câncer, Roberto Dinamite, eterno ídolo do Vasco da Gama, partiu para o plano superior. Durante grande parte dos anos 1970 e 1980, Roberto dividiu com Zico, do Flamengo/RJ, o protagonismo entre os grandes craques do país. Diferente de seu amigo e antigo rival nos gramados, Dinamite enfrentou o Ferroviário Atlético Clube em apenas duas oportunidades, ambas na mesma temporada. O Vasco/RJ levou a melhor nos dois jogos, mas o camisa 10 vascaíno não marcou gols em cima do Ferrão. Referidas partidas já tiveram o vídeo de seus gols publicados aqui no blog. A primeira foi um jogo bastante polêmico, em janeiro de 1983, no Castelão e a segunda, exatamente no jogo da volta em São Januário, pouco mais de um mês depois, a equipe carioca venceu sem muita dificuldade. As fichas técnicas das duas partidas também foram devidamente publicadas nas respectivas postagens. Vale a pena revê-las. Que Roberto Dinamite descanse em paz!

CRAQUE JACINTO RECORDA JOGO CONTRA O ASA-AL EM 1979

Logo após o título de Campeão Cearense de 1979, o Ferroviário iniciou as disputas do Campeonato Brasileiro daquele ano. Numa chave que tinha equipes como o Potiguar/RN, Fortaleza, CSA/AL, ABC/RN, entre outros, o Tubarão da Barra foi até Arapiraca enfrentar o bom time do Asa. Acima, o craque Jacinto, autor de um dos gols naquela memorável vitória coral por 2×0, recorda em áudio o grupo de atletas que conquistou aquele excelente resultado fora de casa. Jacinto aproveita ainda para desejar um Feliz 2023 para os torcedores corais, quando o Ferrão coincidentemente volta a enfrentar a equipe alagoana depois de 43 anos.

JOGO CONTRA O ASA É APENAS O SEGUNDO CONFRONTO NA HISTÓRIA

Primeiro jogo entre Ferroviário e ASA de Arapiraca aconteceu em outubro de 1979 pelo Brasileirão

O ano é 1979 e o Ferroviário disputava o tão sonhado Campeonato Brasileiro depois de longos anos de espera. O ASA de Arapiraca era um dos adversários da chave do Ferrão. Até hoje, o único confronto entre as duas equipes aconteceu no dia 14 de outubro daquele ano, justamente na cidade que ostentava o título de capital brasileira do fumo, no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, popularmente conhecido como Fumeirão. Arapiraca recebeu vários torcedores do Ferrão, que chegava com as credenciais de campeão cearense da temporada. No carro rumo à Alagoas, Vicente Monteiro, Zé Limeira e Valdemar Caracas seguiram juntos e contaram várias vezes as resenhas da inédita viagem. Trouxeram a vitória por 2×0, gols de Jacinto e Dedé, ambos marcados no 2º tempo. Treinado por César Moraes, o Tubarão da Barra venceu com Cícero, Nonato Ayres, Lúcio Sabiá (Jorge Luís) e Ricardo Fogueira; Jeová, Terto e Jacinto; Raulino (Doca), Dedé e Babá. O time alagoano, do treinador Alberto Menezes, jogou com Marco Antônio, Jorge Luiz, Zé Alberto, Geraldo e Hélio; Leônidas, Bio (Calu) e Marcos Itabaiana; Joãozinho, Freitas e Carioca (Esquerdinha). O árbitro gaúcho Carlos Sérgio Rosa Martins apitou o jogo. Ao final da tabela, o Ferrão não passou da 1ª fase, já o adversário conseguiu se classificar para a 2ª fase da competição após cinco vitórias consecutivas, o que colocou Arapiraca no centro das atenções do futebol brasileiro. Em 2023, agora pela fase preliminar da Copa do Nordeste, as duas equipes voltam a se enfrentar depois de 43 anos. Dessa vez, o jogo acontece em território coral, na cidade de Fortaleza, mais precisamente no Estádio Presidente Vargas.

O CALDEIRÃO POLÍTICO DE VAIDADES E IRRESPONSABILIDADES

Imagem do fatídico jogo em Volta Redonda que mandou o Ferroviário de volta para a Série D

Há cerca de dois meses, um velho filme prometia entrar novamente em cartaz e isso foi prognosticado aqui no blog. Os conhecidos e tortuosos bastidores corais ferveram, como há tempos não se via, e o caldeirão político de vaidades e irresponsabilidades entrou em erupção como um vulcão. Essa semana, depois de quatro anos, o Ferroviário caiu para a Série D. É o primeiro rebaixamento brasileiro do clube na competição da CBF, apesar do descenso nacional sacramentado em 2008 via Estadual, conforme estabelecia o regulamento da época, que arremessou o time coral para jogar a Série D, pela primeira vez, a partir de 2009. Infelizmente, estaremos lá em 2023, novamente. De bate-pronto, é preciso diagnosticar que a gestão de futebol do clube cometeu equívocos durante as últimas temporadas que foram determinantes para a debacle coral em campo, notadamente desde que o presidente Newton Filho alegou ter sido obrigado a assumir as rédeas do setor, no início de 2021. Porém, essa questão é apenas o início da discussão.

Vitória contra o Aparecidense após uma falsa onda de renovação encheu de esperanças o torcedor

No final do ano anterior, um “racha” entre o presidente e seu vice Francisco Neto, coincidentemente o mandatário coral no descenso nacional de 2008, garantiu pelos dois anos subsequentes um festival de incômodos, instabilidade, perda de foco, divisões internas e quase as vias de fato. À frente da gestão de futebol, ladeado pelo investidor Artur Boim, Newton Filho assumiu o controle e foi responsável direto pelo bônus e pelo ônus a partir de suas ações. Escanteado, coube a Francisco Neto espernear e procurar acolhida junto ao presidente do Conselho Deliberativo do clube. Nesse contexto, a fórmula para o rebaixamento estava pronta e envolveu os sucessivos erros nas contratações, além de conspirações e episódios de traições e puxadas de tapete no âmbito político, que levaram à renúncia do primeiro e ao empoderamento do segundo nos últimos 40 dias. Figuras reconhecidamente essenciais no soerguimento do clube desde 2017, ambos saem politicamente desgastados da cisão gerada a partir de suas próprias convicções e atitudes no futebol. E assim o Ferroviário retorna novamente para o tão conhecido fundo do poço.

Jogadores trazidos por um dirigente terminaram a competição dirigidos por terceiros e aventureiros

No meio da competição mais importante da temporada, a forçada e trágica reorganização interna contou até com pessoas inexperientes em funções diretivas, em total contradição à profissionalização exigida pelo próprio Conselho Deliberativo. Ficamos com cara de time amador! Com 7 jogos pela frente e 21 pontos a disputar, o Ferrão mergulhou ladeira abaixo e a tentativa vergonhosamente antecipada de personalização do fracasso junto a um só nome, além da covardia do ato em si, denuncia o caminho da conspiração política verificada nos complicados bastidores corais. Engana-se quem acha que um rebaixamento é obra e arte de uma ou duas pessoas. Uma tragédia no futebol é fruto de um ambiente político apodrecido, composto de pessoas que, gestão após gestão, se perpetuam dentro do clube como autênticos donos de araque, e “remam” conforme os interesses de cada ocasião. Foram sete anos de convivência diária entre a maioria na direção do clube, onde muitos já se conheciam das arquibancadas. Nos últimos tempos, alguns contingencialmente mudaram de opinião e de lado, provando que o ambiente no futebol reúne desde pessoas vaidosas às volúveis e traiçoeiras. Ao apontarem o dedo para o ex-presidente, esquecem que estiveram juntos e amigados, na maior expressão de amor, até muito pouco tempo atrás. Nunca faltam também os tradicionais neófitos da bola, convidados a darem opinião de algo que nunca vivenciaram profissionalmente, e que acabam proliferando rusgas e acusações internas gratuitamente. Dentro de campo, um elenco dividido, de qualidade técnica duvidosa, preocupado com razão com a insegurança de seus salários e premiações após a ruptura política que culminou com a saída do investidor que, por sua vez, bancava financeiramente tudo, quase sempre sozinho, há muito tempo.

O volante Alemão foi um dos poucos que apresentaram eficiência na Série C apesar do rebaixamento

O Ferroviário Atlético Clube quebrou novamente. Quebrou financeiramente e esportivamente, mas também quebrou moralmente, como várias vezes já ocorreu em sua história. A poeira vai baixar em algum momento no futuro e muitos poderão refletir sobre os acontecimentos dos últimos tempos com mais clareza. É preciso enxergar muito além de tudo aquilo que apenas parece ser: o Conselho Deliberativo que toma partido explícito por um lado da cisão não parece ser muito habilidoso, o diretor que jura comprometimento e apunhala pelas costas não parece muito confiável, o levante quase psicopata que pede a cabeça de quem injeta alguns milhões não parece muito inteligente, o trambiqueiro que insiste em fazer jogo duplo não deveria ser bem vindo e o torcedor que se acha dirigente vai parecer sempre um aventureiro. Tudo errado! Faltou paz, luz e discernimento ao ambiente coral. Sobrou vaidade e prepotência, de todos os lados. A queda em campo dos jogadores foi apenas a cereja do bolo, preparado dia após dia pelos que conduzem politicamente o clube. Agora, os diletos irresponsáveis podem se servir do bolo à vontade. O Ferroviário seguirá.

Fotos: Lenilson Santos

A VIDA POLÍTICA EM CICLOS E A VAIDADE DOS MEDÍOCRES

Nosso time vinha de cinco temporadas em ascensão. Conquistas esportivas e patrimoniais no currículo de seus dirigentes, que driblaram uma crise que parecia sem fim, quando os pessimistas bradavam: “o Ferroviário vai se acabar”. Apesar da sensação de evolução, pairava algo de estranho nos bastidores corais. No rádio, pretensos candidatos à diretoria subornavam o espaço comercializado por figuras desprovidas de ética e destilavam ódio, disparando a artilharia na direção de um nome específico. Ressaltavam, porém, a importância do investidor – também conhecido como dinheiro – cuja presença era primordial para a sobrevivência do clube, ao mesmo tempo que cumpriam bem a missão de jogar lama na imagem do presidente, taxando-o de ditador, centralizador, arrogante, prepotente e uma série de outros adjetivos de fazer vergonha. Aí vieram reuniões e mais reuniões, sempre intermináveis. Encontros e desencontros. Por força estatutária, o presidente e sua diretoria gozavam do direito de mais um mandato. Uma divergência entre o mandatário maior e um mero dissidente, vaidoso por natureza, apimentou o processo político. Virou a luta do bem contra o mal. E o mal, fizeram crer, seria uma figura específica, o presidente vilão. Afinal, são sempre tantos os mocinhos irremediavelmente vaidosos.

Não, você não está lendo sobre 1997. E nem o presidente em questão é Clóvis Dias, muito menos o investidor chama-se Douglas Albuquerque. São 25 anos na frente do tempo e a história se repete em ciclos que vão e vêm. Dessa vez, tratou de trazer até um inédito título brasileiro no tal processo de ascensão. E é porque diziam que o Ferroviário ia se acabar. Os avanços patrimoniais foram evidentes, o regresso ao cenário nacional também, mas quem se importa? Pagar folha salarial em dia há vários anos é obrigação, dizem aqueles que nunca gerenciaram um time de subúrbio no futebol. Diferente do passado, hoje existem os boquirrotos raivosos das redes sociais e o ritual prevê a disseminação de notícias contraditórias, vazamento de documentos institucionais e interpretações nebulosas. A luta do bem contra o mal, lembra? Os fatos políticos do passado e do presente são rigorosamente – e vergonhosamente – semelhantes. E é possível ver o futuro repetir o passado, se for pra citar o poeta. E se for pra manter a leveza da sabedoria do campo artístico, vale lembrar o ex-goleiro Albert Camus, que você deve conhecer como escritor: “O que eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem, eu devo ao futebol”. Não, amigo. Essa bela lógica pode valer – e sabemos que vale mesmo – na irmandade dos jogadores que dão o sangue em campo em busca de objetivos comuns, mas ela não se sustenta na sordidez do meio político do futebol, onde o estrangeiro se traveste de mocinho e a vaidade é moeda de troca. É só voltar para 1997. Está tudo lá para ensinar.

Qual desfecho você aposta para 2022? A sensação de filme repetido é nauseante. E por ironia do destino, alguns atores – canastrões, por sinal – são exatamente os mesmos do roteiro plagiado do passado. Será que os agentes políticos que hoje fazem o clube não aprenderam nada com a própria história? Deixar a vaidade de lado seria um bom passo para que o Ferroviário siga seu ciclo democrático, seja em qualquer tempo, mas sem a exclusão deliberada e explícita de nomes que estatutariamente podem – e devem – não abrir mão de suas prerrogativas políticas. Quem apaga incêndio com gasolina deveria sair de cena e deixar os diplomatas corais – sim, eles existem – trabalharem no intuito de aparar as arestas. Aqueles que sabem muito bem bajular o investidor – também conhecido como dinheiro, lembra? – mas pedem a exclusão do presidente em específico, deveriam ter vergonha de seus próprios atos parciais. Em 1997, faltou isso em muitos dos mocinhos, que terminaram como vilões. Certa vez, pra finalizar o assunto, um ex-dirigente daquele remoto passado, testemunha ocular da história, taxou aquele nefasto episódio de “A Vaidade dos Medíocres”. Parece que resolveram finalmente investir na produção da continuidade desse filme em 2022. Em breve, nos melhores cinemas.

O JOGO CONTRA O LONDRINA/PR NA LEMBRANÇA DE ROBERTO FONSECA

Sábado passado, o Ferroviário enfrentou o Botafogo de Ribeirão Preto pela primeira vez na história. Após a vitória coral por 1×0, o treinador Roberto Fonseca concedeu uma entrevista coletiva e recordou um fato do passado que nunca saiu de sua lembrança. Veja no vídeo acima. No início de sua carreira como zagueiro, defendendo o Londrina/PR, ele jogou contra o Ferroviário no PV. A gente buscou essa partida nos arquivos do Almanaque do Ferrão. Ela ocorreu no dia 13 de março de 1983, portando há quase 40 anos. O jogo foi válido pelo Campeonato Brasileiro daquele ano e o Ferrão venceu a equipe paranaense por 1×0, gol de Paulo César Cascavel. Treinado por Wilson Couto, o Tubarão da Barra venceu com Hélio Show, Luisinho, Israel, Nilo e Ferreti; Augusto (Edson), Doca e Paulinho Lamparina; Ivan (Bosco), Paulo César Cascavel e Jorge Veras. Por sua vez, o Tubarão paranaense, comandado pelo técnico Itamar Belasalmas, perdeu com Neneca, Zé Carlos, Zequinha, Roberto Fonseca e Alcir; Richard, Osmarzinho (Jordan) e Osmar Volpato; Zé Dias, Mauro (Netinho) e Nivaldo. O jogo foi arbitrado por João Leopoldo Ayeta e teve 1.686 pagantes. No jogo seguinte da competição, o Londrina recebeu o Ferrão no Estádio do Café, e venceu por 3×1, eliminando o time coral do certame pelo saldo de gols. Agora, a lembrança do nosso atual treinador está ainda mais reforçada.