IDENTIFICAÇÃO COMPLETA DA PRIMEIRA FOTO DO FERROVIÁRIO

Jogadores, treinador e dirigentes: todos identificados na primeira foto do Ferroviário no ano de 1938

A fotografia acima é a primeira imagem que se tem conhecimento do Ferroviário Atlético Clube. Ela data de 1938, ano em que a equipe coral participou do Campeonato Cearense pela primeira vez. Vale a pena notar a tentativa de identificação definitiva dos nomes históricos presentes na imagem. Em pé, da esquerda para direita: José Severiano Almeida (dirigente), Oscar Carioca, Procópio, Gonzaga, Dudu, Barroso, Zecapinto, Valdemar Caracas (treinador) e Alberto Gaspar de Oliveira (dirigente); Agachados, na mesma ordem: Baiano, Zimba, Boinha, Zé Félix e Popó; Sentados, os goleiros Gumercindo e Puxa-Faca. O Estadual de 1938 contou com 12 times divididos em 2 chaves. O Ferroviário ficou na Chave A que tinha o Fortaleza, Estrela do Mar, Carioca, Iracema e Colégio Militar. Na Chave B ficaram o Ceará, Maguary, Penarol, Cavalaria, América e Ginásio São João. Em 2023, comemorando 90 anos, o Ferrão foi campeão brasileiro utilizando um uniforme em homenagem justamente à camisa da foto destacada acima. Ela foi chamada de ´Nonagenária“.

91 ANOS DE FERRÃO E FATOS HISTÓRICOS NO RESENHA DO TUBA

No dia do aniversário de 91 anos do Ferroviário Atlético Clube, você pode conferir acima uma gravação ocorrida durante essa semana na FM Benfica, no Podcast Resenha do Tuba, com Arselino Neto e Daniel Sílvio. Durante uma hora e meia, os apresentadores do programa coral exploram fatos históricos alusivos ao futebol cearense e ao Tubarão da Barra em particular, numa conversa com o convidado Evandro Ferreira Gomes, autor dos livros Almanaque do Ferrão e Crônicas Corais. Vários assuntos curiosos entraram em pauta, entre eles: a geração de dirigentes mais vitoriosos, crises políticas que ocorrem de forma cíclica, a importância histórica de Dona Filó, a morte trágica do ex-jogador Decolher, detalhes do título estadual de 1979, lembranças do ídolo Zé de Melo, Valdemar Caracas, Zé Limeira e vários aspectos da vida recente e presente do clube aniversariante da semana.

DERROTA EM SÃO BERNARDO FOI A SEGUNDA PIOR EM BRASILEIROS

Torcedores corais assistiram incrédulos à segunda pior derrota do Ferroviário em edições do Brasileiro

A maior vergonha do Ferroviário em edições do Campeonato Brasileiro ocorreu no dia 16/04/1980. O time coral foi ao Estádio Couto Pereira e perdeu por 7×1 para o Coritiba/PR. O gol de honra naquele vexame coube ao lateral esquerdo Ricardo Fogueira. O Ferrão não vivia bom momento na 2ª fase daquela competição, havia demitido o treinador Aristóbulo Mesquita na rodada anterior, e passou vergonha em Curitiba. Quatro anos depois, em 23/02/1984, outro vexame aconteceu, só que no Castelão, diante do excelente time do Santos/SP, vice-campeão brasileiro do ano anterior. O placar apontou 5×0 para o elenco santista, que tinha nomes como o goleiro uruguaio Rodolfo Rodrigues, o volante Lino e o craque Pita. Os dois jogos destacados foram pela Série A nacional. Quarenta anos depois, tivemos outro vexame de perder por 5×0, só que pela Série C, o que só agrava historicamente o peso da derrota para o São Bernardo/SP na terceira rodada da edição desse ano, e credencia essa debacle como o segundo pior resultado em jogos válidos pelo Brasileiro. Vida que segue.

ATA DE REUNIÃO DA DIRETORIA CORAL EM 31 DE OUTUBRO DE 1969

Página 81 do livro de ata das reuniões da diretoria do Ferroviário entre os anos 1960 e 1970

A raridade acima faz parte de um livro de atas da diretoria coral achado recentemente. Na imagem em destaque, o dirigente José Maurício Raulino registra o teor de um reunião da diretoria coral no final da tarde de 31 de outubro de 1969. O comunicado de ausência do diretor de futebol Ruy do Ceará por motivo de férias, um jogo amistoso em Jaguaruana e uma partida oficial contra o Quixadá, que acabou sendo realizado no Estádio Elzir Cabral, foram temas daquela reunião conforme a página fotografada. No final do encontro realizado na sala da Coordenadoria de Treinamento da RFFSA ficou definido que o dirigente Célio Pamplona iria ao Rio de Janeiro em busca de reforços. Foi nessa viagem que foram contratados o histórico goleiro Marcelino e o zagueiro Toninho, que havia jogado no Flamengo/RJ. Você deve estar curioso em saber como apareceu esse livro. No final do ano passado, por ocasião da noite de autógrafos do Almanaque do Ferrão, uma pessoa que participou do evento confidenciou que tinha um amigo que guardava, há anos, uma relíquia do Ferroviário. O fato foi comunicado à direção coral, que prontamente se encarregou de contactar o referido amigo e coletar o objeto. Desde então, o livro de atas em questão pertence novamente ao clube e reúne informações de reuniões realizadas entre meados dos anos 1960 e início dos anos 1970, período grandioso em que o Ferrão teve em suas hostes, talvez, a geração mais emblemática de dirigentes de sua história.

EMPRESÁRIO DE PAULO HENRIQUE GANSO JOGOU NO FERROVIÁRIO

De camisa branca, Giuseppe Dioguardi – o Pepinho – foi apresentado como reforço coral em 1999

Se em 1999 alguém dissesse pra você que o Ferroviário Atlético Clube tinha um jogador que casaria com uma atriz da Globo e seria empresário de grandes jogadores do futebol brasileiro, você acreditaria? Pois essa história é a mais pura verdade! Estamos falando de Giuseppe Dioguardi, atleta que jogava futebol com a alcunha de Pepinho, cria do São Paulo/SP, e que foi apresentado como novo reforço do Ferroviário na temporada de 1999. Ele tinha 23 anos de idade e chegou à Barra do Ceará, no mês de abril, junto com o defensor Ronaldão e o atacante Douglas, ambos na foto acima. Foram apenas 3 jogos de Pepinho com a camisa coral, sendo apenas uma partida oficial, válida pelo Campeonato Cearense daquele ano, contra o Uruburetama, no Estádio Elzir Cabral. De descendência italiana, Pepinho morou na Europa e depois virou empresário da carreira de bons jogadores do futebol brasileiro, entre eles o craque Paulo Henrique Ganso, atualmente no Fluminense/RJ. Há mais de 10 anos ele é casado com a conhecida atriz global Vanessa Giácomo.

Ex-jogador do Ferroviário, Pepinho e sua esposa Vanessa Giácomo são casados há mais de 10 anos

O PENOSO CAMINHO PARA ENTRAR NO CAMPEONATO BRASILEIRO

Campanha para ter o Ferrão no Brasileirão mereceu até placa da FCF fixada no Presidente Vargas

Vai começar um novo Campeonato Brasileiro para o Ferrão! Ao contrário de hoje em dia quando os Estaduais regulam a entrada de clubes a partir da quarta divisão nacional, houve um tempo em que os bastidores políticos escolhiam as indicações para a competição. Foi assim que o Ceará foi apontado para a primeira edição do certame brasileiro em 1971. O alvinegro foi para a gloriosa Série A da disputa. Para a Série B, uma espécie de consolo para as equipes que ficaram de fora da elite nacional, no caso do Estado do Ceará, houve um democrático torneio seletivo que reuniu Fortaleza, Calouros do Ar, Guarany de Sobral e Ferroviário. Os dois últimos ficaram com as duas vagas existentes. Coube ao Ferrão enfiar 3×0 no Fortaleza em jogo extra que foi exclusivamente realizado para definição da segunda vaga. Apesar da honra de ter participado da primeira edição do Campeonato Brasileiro, mesmo que numa segunda divisão, o Ferrão teve que esperar 8 longos anos até sua segunda participação, ocorrida somente em 1979, quando o número de clubes participantes foi exageradamente aumentado para 94 times de futebol em todo país. O retorno coral à competição, dessa vez na divisão de elite de 1979, mereceu até uma placa que está até hoje fixada no Estádio Presidente Vargas. Se esta mesma divisão de elite, em 1971, reunia somente 20 clubes, um ano depois já eram 26 com a inclusão de equipes de Sergipe, Alagoas, Amazonas, Pará e Rio Grande do Norte. Em 1973, com o aumento expressivo para 40 clubes, o Fortaleza foi politicamente indicado como o segundo representante cearense, apesar da veemente contestação do Ferroviário e dos outros times alencarinos, que ansiavam por um novo torneio seletivo, nos moldes do realizado em 1971 em âmbito local, opção inclusive seguida por outras Federações.

Até o Papa João Paulo II tomou conhecimento das demandas do glorioso Ferroviário Atlético Clube

Vivia-se a era da nefasta Ditadura Militar, que em frangalhos, iniciava um processo de derrocada em termos de apelo polular e, ano a ano, ampliava bionicamente o número de times no Campeonato Brasileiro para tentar preservar alguma popularidade. Foram 8 anos em que o Ferroviário vivenciou as sequelas da penúria, enquanto Ceará e Fortaleza se esbaldavam com rendas extravagantes em grandes jogos contra times importantes do Brasil, se apresentando para muitos em um recém-inaugurado Castelão invariavelmente lotado. Durante aqueles anos de chumbo para o Tubarão da Barra, importantes nomes corais chegaram a empreender esforços junto a Governadores, Senadores e Deputados de plantão para forçar a inclusão do Ferrão no Nacional. Frustrado com a série de tentativas infrutíferas, o saudoso Zé Limeira perambulava pelas rádios brigando pelo direito coral de participação. Na mesma época, chegou a escrever e enviar uma carta para o Vaticano, pedindo uma audiência com o Papa João Paulo II, que foi educadamente negada pela assessoria papal. Foram tempos dolorosos que nos ensinaram uma poderosa mensagem: sempre que o Ferrão iniciar uma nova campanha no prestigioso Campeonato Brasileiro de Futebol, é recomendável nunca esquecer os dias e caminhos penosos percorridos durante 8 anos da década de 1970. Dizem que era bom, mas foi bom pra quem? É bom sempre apenas para os amigos do poder, para aqueles que se deleitam com os prazeres do que é roubado do direito alheio e quando a noção de grandeza nunca é o que se verdadeiramente é, e sim o que se tem ou o que se pode oferecer em troca. Foi um tempo de muita vergonha, que somente os idiotas ousam exaltar. E vamos de mais uma Série C em 2024, entre os 60 principais times do Brasil, sem esquecer de prestar atenção no retrovisor do passado.

IMAGEM DA DESPEDIDA DE COCA COLA DEIXANDO O FERROVIÁRIO

Viagem para Portugal: dirigentes prestam homenagem ao craque Coca Cola no início de 1973

O eterno ídolo Coca Cola fez 324 jogos pelo Ferroviário entre 1965 e o início de 1973. O registro fotográfico acima é justamente da última partida da maravilha negra vestindo a camisa coral. O estádio Elzir Cabral recebeu o América/CE para um amistoso que iria selar a despedida do craque. Ele estava de malas prontas para jogar em Portugal. Antes da partida, Coca Cola foi homenageado no gramado pela torcida e pelos dirigentes do clube. Na imagem, podemos ver o diretor de futebol Ruy do Ceará, ladeado por seu filho Guedes Neto, com um papel em mãos a proferir algumas palavras de agradecimento. O registro é do dia 20 de janeiro de 1973. O amistoso terminou empatado em 0x0. Coca Cola passou dois anos em terras lusitanas. Dois anos depois, em 1975, estava de volta e o Ferrão o acolheu como treinador da equipe principal. Coca Cola faleceu em 1999.

GOLEIRO DO FLAMENGO CHEGA PERTO MAS NÃO PASSA MARCELINO

Foi por pouco! O argentino Rossi chegou muito perto de ultrapassar a marca de 1.295 minutos do goleiro Marcelino. Nesse início de temporada 2024, o arqueiro do Flamengo/RJ chegou ao patamar de 1.134 minutos sem sofrer gols em jogos oficiais. Ficaram faltando 161 minutos para o argentino igualar o feito do goleiro coral alcançado há mais de 50 anos. Mesmo sofrendo um gol, Rossi, que começou o jogo contra o Millionários da Colômbia em 12º lugar na lista dos goleiros que passaram mais tempo sem sofrer gols na história do futebol brasileiro, ultrapassou mais cinco goleiros e alcançou o sétimo lugar na lista. Ele ficou atrás de Alex Alves (1.195 minutos pelo São Bernardo/SP em 2022), Zetti (1.238 minutos pelo Palmeiras em 1987), Marcelino (1.295 minutos pelo Ferroviário em 1973), Jorge Reis (1.604 minutos pelo Rio Branco/ES entre 1970 e 1971), Neneca (1.636 minutos pelo Náutico/PE em 1974) e do recordista Mazaropi (1.816 minutos pelo Vasco da Gama em 1977 e 1978). O feito de Marcelino continua como a quarta melhor marca nacional e oitava em nível mundial.

Goleiro Rossi do Flamengo/RJ chegou à galeria de goleiros com mais tempo sem sofrer gols no Brasil

CRAQUE TERTO FALECEU NA TARDE DE ONTEM AOS 77 ANOS DE IDADE

Terto chegou para o Ferroviário Atlético Clube no mês de abril da vitoriosa temporada de 1979

Ontem à tarde, o futebol brasileiro recebeu a notícia do falecimento de um grande jogador dos anos 1970. Faleceu Tertuliano Severiano dos Santos, o Terto. Ele começou no Santa Cruz/PE e ganhou destaque nacional no São Paulo/SP, onde atuou em quase 500 partidas e marcou seu nome atuando em competições importantes como o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América. Terto foi um grande nome do Ferroviário na vitoriosa temporada de 1979. Oriundo do Botafogo/SP, ele chegou para o Tubarão da Barra em abril daquele ano e fez logo sua estreia num clássico contra o Ceará. Ao todo, foram 39 jogos e 1 gol marcado com a camisa coral, acontecido no PV, contra o América em jogo do 3º turno do certame alencarino, que terminou com a vitória do Tubarão da Barra por 2×0. Curiosamente, o outro gol dessa partida foi assinalado por um jogador recentemente falecido, o centrovante Dedé. Em campo, Terto desfilava talento e qualidade técnica. Está na história do Ferrão como craque e campeão. Descanse em paz.

O DIA QUE O FERRÃO EMPRESTOU MEIO TIME PARA O SAMPAIO CORRÊA

Até o experiente Pedrinho Rodrigues foi cedido ao Sampaio Corrêa/MA na temporada de 1977

De alguns anos pra cá, o Ferroviário virou freguês do Sampaio Corrêa/MA em jogos oficiais. Porém, houve um tempo em que o time coral era modelo para a equipe maranhense. Na temporada de 1977, o Ferrão colocou seu time reserva pra terminar o Campeonato Cearense e saiu em excursão pelo Maranhão. Comandado pelo experiente Pedrinho Rodrigues, o homem do cachimbo, o time titular do Tubarão da Barra derrotou o próprio Sampaio Corrêa por 2×1, empatou com o Bacabal/MA em 2×2 e venceu o Moto Clube/MA por 2×1. A boa impressão deixada na excursão maranhense, fez o Sampaio Corrêa despertar para contratar, além do treinador, um pacote de 6 jogadores do Ferrão: o lateral Bassi, o zagueiro Lúcio Sabiá, os meios campistas Joel Maneca, Oliveira e Calu, além do atacante Vanderley. No dia 14 de outubro daquele ano, o presidente do Sampaio levou o próprio Ferroviário para um novo amistoso no Estádio Nhozinho Santos, para pagar o empréstimo dos atletas e do treinador coral com a renda do jogo. A Bolívia Querida venceu esse amistoso por 1×0, gol de Oliveira. Treinado por Nojosa, a desfigurada equipe coral até que jogou bem e formou com Giordano, Jorge Henrique, Júlio, Arimatéia e Raimundinho (Félix); Jodecir (Pinto) e Garricha; Jacinto (Manuelzinho), Haroldo, Mirandinha e Babá (Ricardo). O Sampaio Corrêa jogou com Créscio, Bassi (Zé Alberto), Lúcio Sabiá, Tataco e Ferreira (Acino); Joel Maneca, Oliveira e Calu (Ramon); Vanderley (Badu), Pedrinho (Itamar) e Xavier (Bimbinha). O Sampaio Corrêa se preparava para jogar mais uma edição do Campeonato Brasileiro chancelado pela Ditadura Militar. Naquela excursão maranhense, um jovem atacante começava a se destacar na equipe principal. Dez anos depois, ele estava fazendo um gol com a camisa da Seleção Brasileira no famoso Estádio Wembley, em Londres. Seu nome: Mirandinha.