O goleiro do Ferroviário no histórico bicampeonato estadual 1994-1995 falou ontem sobre sua passagem no futebol cearense. O alagoano Roberval foi o convidado do podcast “Mano a Mano”, dos irmãos Daniel Silvio e David Barbosa, que vai ao ar no YouTube às sextas-feiras no horário noturno. Durante mais de uma hora, o ex-arqueiro do Ferrão recordou sua passagem pelo futebol cearense desde que foi contratado pelo Ceará em 1989. Chegando para o Tubarão da Barra cinco anos depois, ele vivenciou um momento ímpar na história coral até o fim da temporada seguinte, sagrando-se bicampeão estadual. Somado aos poucos jogos que fez no final de 1998, quando voltou a Barra do Ceará com o propósito de encerrar a carreira, Roberval defendeu o arco do Ferrão em 59 partidas. Vale a pena recordar as memórias de Roberval e conferir o bate-papo de ontem à noite, que contou ainda com a participação do Almanaque do Ferrão, entre outros convidados e participantes que enviaram perguntas, mensagens e comentários durante a gravação.
Arquivo da tag: bicampeão
A VIDA POLÍTICA EM CICLOS E A VAIDADE DOS MEDÍOCRES

Nosso time vinha de cinco temporadas em ascensão. Conquistas esportivas e patrimoniais no currículo de seus dirigentes, que driblaram uma crise que parecia sem fim, quando os pessimistas bradavam: “o Ferroviário vai se acabar”. Apesar da sensação de evolução, pairava algo de estranho nos bastidores corais. No rádio, pretensos candidatos à diretoria subornavam o espaço comercializado por figuras desprovidas de ética e destilavam ódio, disparando a artilharia na direção de um nome específico. Ressaltavam, porém, a importância do investidor – também conhecido como dinheiro – cuja presença era primordial para a sobrevivência do clube, ao mesmo tempo que cumpriam bem a missão de jogar lama na imagem do presidente, taxando-o de ditador, centralizador, arrogante, prepotente e uma série de outros adjetivos de fazer vergonha. Aí vieram reuniões e mais reuniões, sempre intermináveis. Encontros e desencontros. Por força estatutária, o presidente e sua diretoria gozavam do direito de mais um mandato. Uma divergência entre o mandatário maior e um mero dissidente, vaidoso por natureza, apimentou o processo político. Virou a luta do bem contra o mal. E o mal, fizeram crer, seria uma figura específica, o presidente vilão. Afinal, são sempre tantos os mocinhos irremediavelmente vaidosos.

Não, você não está lendo sobre 1997. E nem o presidente em questão é Clóvis Dias, muito menos o investidor chama-se Douglas Albuquerque. São 25 anos na frente do tempo e a história se repete em ciclos que vão e vêm. Dessa vez, tratou de trazer até um inédito título brasileiro no tal processo de ascensão. E é porque diziam que o Ferroviário ia se acabar. Os avanços patrimoniais foram evidentes, o regresso ao cenário nacional também, mas quem se importa? Pagar folha salarial em dia há vários anos é obrigação, dizem aqueles que nunca gerenciaram um time de subúrbio no futebol. Diferente do passado, hoje existem os boquirrotos raivosos das redes sociais e o ritual prevê a disseminação de notícias contraditórias, vazamento de documentos institucionais e interpretações nebulosas. A luta do bem contra o mal, lembra? Os fatos políticos do passado e do presente são rigorosamente – e vergonhosamente – semelhantes. E é possível ver o futuro repetir o passado, se for pra citar o poeta. E se for pra manter a leveza da sabedoria do campo artístico, vale lembrar o ex-goleiro Albert Camus, que você deve conhecer como escritor: “O que eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem, eu devo ao futebol”. Não, amigo. Essa bela lógica pode valer – e sabemos que vale mesmo – na irmandade dos jogadores que dão o sangue em campo em busca de objetivos comuns, mas ela não se sustenta na sordidez do meio político do futebol, onde o estrangeiro se traveste de mocinho e a vaidade é moeda de troca. É só voltar para 1997. Está tudo lá para ensinar.

Qual desfecho você aposta para 2022? A sensação de filme repetido é nauseante. E por ironia do destino, alguns atores – canastrões, por sinal – são exatamente os mesmos do roteiro plagiado do passado. Será que os agentes políticos que hoje fazem o clube não aprenderam nada com a própria história? Deixar a vaidade de lado seria um bom passo para que o Ferroviário siga seu ciclo democrático, seja em qualquer tempo, mas sem a exclusão deliberada e explícita de nomes que estatutariamente podem – e devem – não abrir mão de suas prerrogativas políticas. Quem apaga incêndio com gasolina deveria sair de cena e deixar os diplomatas corais – sim, eles existem – trabalharem no intuito de aparar as arestas. Aqueles que sabem muito bem bajular o investidor – também conhecido como dinheiro, lembra? – mas pedem a exclusão do presidente em específico, deveriam ter vergonha de seus próprios atos parciais. Em 1997, faltou isso em muitos dos mocinhos, que terminaram como vilões. Certa vez, pra finalizar o assunto, um ex-dirigente daquele remoto passado, testemunha ocular da história, taxou aquele nefasto episódio de “A Vaidade dos Medíocres”. Parece que resolveram finalmente investir na produção da continuidade desse filme em 2022. Em breve, nos melhores cinemas.
FOTO DO PRIMEIRO TIME TREINADO NA BASE POR EDMUNDO SILVEIRA

O registro fotográfico acima mostra a primeira equipe Sub-20 do Ferroviário treinada pelo professor Edmundo Silveira, que revelou muitos atletas para o futebol cearense. Corria a temporada de 1989 e nomes como o lateral direito Biriba e o meio campista Borges figuravam na base coral. Após passagens por outros times, os dois foram bicampeões estaduais pela equipe profissional do Ferrão, seis anos depois. O goleiro Castilho chegou a sentar no banco de reservas em alguns jogos do Tubarão da Barra no início dos anos 1990, bem como o lateral Zé Carlos e o volante Ednardo, que chegaram a ser utilizados no decorrer das partidas. Claudemésio foi vice-campeão da Copa do Brasil pelo Ceará, seu maior feito. Por sua vez, o atacante Cícero Júnior era um dos nomes mais promissores da base coral, figurando entre os profissionais desde a temporada anterior. Ele era filho do ex-zagueiro Cícero, que defendeu o Usina Ceará e o próprio Ferroviário no início da década de 1960. O último agachado é Lêca, que teve poucas oportunidades na equipe de cima do Ferrão.
UMA VITÓRIA APERTADA DO FERRÃO NO ANO DO BICAMPEONATO
O vídeo acima é uma raridade da extinta TV Manchete de Fortaleza e estaria fadado ao desaparecimento não fosse o resgate das imagens por parte do Almanaque do Ferrão. Trata-se de uma vitória coral em cima do Tiradentes no ano do bicampeonato estadual, mais precisamente no dia 1º de abril, em jogo realizado no Estádio Elzir Cabral. Diante de um público de apenas 880 pagantes, o Tubarão da Barra venceu por 3×2, gols de Piti, Acássio e João Marcelo. Jacinto e Assis marcaram para o Tigre, que ainda chutou um pênalti na trave quando o jogo estava 0x0. A partida fez parte do 1º turno do Estadual, que seria brilhantemente conquistado pelo Ferrão oito meses depois. Treinado por Ramon Ramos, a máquina coral formou com Roberval, Biriba, Santos, Batista e João Marcelo; Alencar, Ricardo Lima, Paulo Adriano e Acássio; Hilton (Esquerdinha) e Piti. Por sua vez, o Tiradentes perdeu com Fábio, Valderi, Abílio, Toni e Helinho (César Loiola); Assis, Alex e Marcelo (Wanks); Alonso, Jacinto e Gilson. Mesmo com uma boa campanha, o Ferroviário não conquistou aquele turno, que ficou na mão do Icasa, justamente o grande adversário coral na finalíssima do Campeonato Cearense, que aconteceu em dezembro de 1995. Ao todo, o Tubarão da Barra realizou 47 jogos para conquistar o inédito bicampeonato, bem diferente dos Estaduais atualmente quando, por exemplo, o Fortaleza realizou menos de 10 jogos para conquistar o título cearense. Outra época, outros tempos do futebol.
REPÓRTER TROCANDO IDEIAS COM O BICAMPEÃO CEARENSE NASA
O vídeo acima é de uma grande importância histórica. Diretamente de Juazeiro do Norte, o repórter Tony Sousa entrevista, em seu canal no YouTube, o ex-jogador coral Nasa. Vale a pena conferir as recordações do bicampeão cearense pelo Ferrão na década de 1990. Durante pouco mais de meia hora, o ex-jogador relembra a origem de seu apelido e histórias de quando chegou a ser goleiro no início de sua carreira em Pernambuco, além da chegada ao futebol cearense e sua transferência para o Ferroviário. Nasa fala ainda de sua trajetória no Vasco/RJ e no futebol japonês. Na Barra do Ceará, Nasa chegou como volante, mas fixou-se na lateral direita na temporada de 1994. No bicampeonato no ano seguinte, alternou partidas como volante e lateral. Em 2013, na eleição do Time dos Sonhos do Ferroviário, a torcida coral o apontou como o melhor lateral direito entre todos os que vestiram a camisa do Tubarão da Barra. Em três temporadas, Gesiel José de Lima entrou em campo 76 vezes e marcou 7 gols com a camisa coral. Não deixe de conferir esse belo registro histórico.
VITÓRIA DA MÁQUINA CORAL EM CIMA DO TIRADENTES NO PV
Que tal recordar nesse fim de ano mais um jogo da Máquina Coral? Há um quarto de século, o Ferroviário dominava o futebol cearense com um time azeitado e repleto de grandes jogadores, embora pouco conhecidos quando contratados. O jogo acima aconteceu no dia do aniversário do Ferrão, em 1995. O Tubarão da Barra fez 2×0 em cima do Tiradentes, no PV. O volante Ricardo Lima marcou um golaço de falta e o artilheiro Robério decretou a vitória coral, marcando de cabeça. Aquele jogo recebeu 2.844 pagantes e teve a arbitragem de César Augusto. Treinado por Ramon Ramos, o Ferrão formou com Roberval, Alex, Batista, Santos e Paulo Adriano; Ricardo Lima, Hilton e Borges; Piti, Robério (Márcio Sales) e Reginaldo. O time coral estava desfalcado do lateral João Marcelo e do craque Acássio. O Tiradentes perdeu com Fábio, Valderi, Ernane, Toni e Helinho; Alex (Ivan), Assis e Marcelo; Alonso, Jacinto (Nonato) e Gilson. O treinador era Humberto Maia. Recentemente, no livro “Crônicas Corais“, o time bicampeão estadual de 1994 e 1995 foi eternizado através de um texto especial intitulado ´Máquina Coral de Futebol`. Vale a pena a leitura.
UM QUARTO DE SÉCULO DO BICAMPEONATO ESTADUAL 94/95
Hoje completa um quarto de século que o Ferroviário conquistou de forma brilhante o bicampeonato 1994/1995. O time que ficou conhecido como a “Máquina Coral” precisou de 37 jogos no primeiro ano e 47 partidas no segundo para escrever seu nome nos anais do futebol cearense. Há cinco anos, a TV Verdes Mares produziu uma excelente matéria reunindo alguns dos principais nomes daquela conquista. Ricardo Lima, volante e capitão do bicampeonato, participou, em julho desse ano, de uma Live no Instagram do Almanaque do Ferrão, compartilhando algumas de suas lembranças, sem falar das imagens históricas veiculadas na época e recuperadas da extinta TV Manchete, com a ampla cobertura da conquista coral. Em meio a nomes como Batistinha, Reginaldo, Robério, entre outros, o craque Acássio é sempre o mais lembrado e celebrado como o grande ícone daquela geração. Ele também participou de uma Live recentemente comentando suas memórias. Em 2018, os bicampeões estaduais se reuniram com o elenco campeão brasileiro em um domingo muito emocionante. Já foram várias as menções no blog à partidas e momentos marcantes daquele período áureo do time coral, que se encerrou com a deposição do presidente Clóvis Dias, apenas dois anos depois. O torcedor coral pode celebrar a memória dos 25 anos do nosso bicampeonato, recordando as matérias já apresentadas e se deleitando com memórias ainda hoje vivas na mente de quem acompanhou a época, como as imagens abaixo, veiculadas na TV Verdes Mares na ocasião, a partir da cobertura do gol do lateral esquerdo Branco, que deu o título ao Ferrão do 3º turno do Estadual de 1995 contra o Fortaleza, credenciando a equipe coral a jogar apenas pelo empate contra o Icasa, no domingo seguinte, para garantir o inédito bicampeonato.
RECORDE OS GOLEIROS DO FERRÃO NO INÍCIO DA TEMPORADA DE 1995
Resgatamos o vídeo acima para matar as saudades dos nossos goleiros na vitoriosa temporada de 1995. No início do ano, o arqueiro campeão Roberval, titular na conquista do campeonato cearense de 1994, ainda não havia renovado contrato e três goleiros disputavam a camisa de número 1 na Barra do Ceará, sob o comando do preparador Edmundo Silveira. Com a experiência de quem havia sido campeão como goleiro do próprio Ferroviário em 1979, Edmundo treinava nomes como Birigui e Miguel, ambos egressos da base coral, além do piauiense Jorge Luiz, que voltava de empréstimo ao Itapipoca/CE. Como era de se esperar, o alagoano Roberval renovou contrato e iniciou a temporada como titular, permanecendo assim até meados de setembro, quando Jorge Luiz passou a ser mais utilizado e acabou figurando na meta coral nos jogos mais decisivos da reta final do campeonato cearense, inclusive na grande decisão contra o Icasa, quando o Tubarão da Barra sagrou-se bicampeão estadual. No cômputo geral, Roberval jogou 30 partidas na campanha, Jorge Luiz foi utilizado em 18 jogos e Miguel entrou em duas partidas. Por sua vez, o jovem Birigui acabou não jogando nenhuma partida oficial em 1995, mas obteve uma sequência como titular do Ferroviário, mais maduro, na temporada de 2002. As imagens acima foram veiculadas pela TVC de Fortaleza com reportagem de André Beltrão.
LIVE NA ÍNTEGRA DIRETAMENTE DO INSTAGRAM COM RICARDO LIMA
Você confere acima mais uma Live do Almanaque do Ferrão realizada no Instagram, dessa vez com o ex-volante Ricardo Lima, bicampeão estadual com a camisa do Ferroviário nas temporadas de 1994 e 1995. O ex-capitão coral compartilhou suas principais memórias daquelas conquistas, falando sobre os principais jogos, os momentos mais emblemáticos, alguns de seus gols e também sobre sua passagem em outras equipes do futebol brasileiro, além de Portugal e Espanha, onde também atuou por vários anos. Foi mais um bate-papo para a posteridade da memória coral com aquele que foi uma das principais crias da nossa base na década de 1990. Aos domingos, às 21h30, no Instagram, a nossa Live recebe sempre um jogador do passado para resgatar resenhas e boas lembranças da trajetória coral em cada época. Não deixe de conferir, pois serão apenas dez episódios por temporada. Aproveite!
GOLAÇO DE BRANCO NA FINAL DE TURNO CONTRA O FORTALEZA
Assista o vídeo acima com atenção. Há um quarto de século, ele estava guardado no baú do Almanaque do Ferrão e agora chega ao blog após insistentes pedidos. Trata-se da matéria da TV Verdes Mares do jogo final do 3º turno do campeonato cearense de 1995. Ferroviário e Fortaleza faziam a decisão. Aos 32 minutos da etapa final, o lateral esquerdo Branco chutou de fora da área e fez o gol do título. Branco foi titular nos Estaduais de 1993 e 1994, mas perdeu a posição para João Marcelo em 1995. Na partida decisiva contra o Fortaleza, Branco havia acabado de entrar em campo, substituindo justamente o lateral titular. O gol de Branco eliminou o Tricolor do Pici do campeonato e garantiu ao Ferrão a chance de jogar por um simples empate contra o Icasa na final do certame, que valeu ao Tubarão da Barra o inédito bicampeonato. Naquela quinta-feira à noite, véspera de feriado, 12.166 pagantes foram ao PV. As duas torcidas dividiram o estádio meio a meio. O treinador Ramon Ramos lançou o Ferrão com Jorge Luiz, Biriba, Santos, Batista e João Marcelo (Branco); Paulo Adriano, Hílton (Piti), Acássio e Esquerdinha; Robério (Nasa) e Reginaldo. O Fortaleza, do técnico Danilo Augusto, perdeu com Souza, Gaúcho (Luciano Melado), Rau, Eduardo e Adriano; Odair, Marquinhos e Darley; Vivinho, Mirandinha (Zé Raimundo) e Serrinha. Dacildo Mourão foi o árbitro da partida. Ao final do jogo, Paulo Adriano levantou o troféu, já que o capitão Ricardo Lima estava suspenso. Na matéria acima, vemos também o atacante Piti, que foi bastante útil naquela campanha. Sem dúvida alguma, um jogo marcante na gloriosa história coral, agora eternizado no Almanaque do Ferrão.