JOGARAM NOS ADVERSÁRIOS E ENCONTRARAM PORTAS ABERTAS

O vídeo acima apresenta o gol da vitória coral contra o Ceará na narração do competente Brenno Rebouças, semana passada, na estreia de ambos na Taça Fares Lopes, competição cearense que movimenta os clubes no segundo semestre. O tento foi marcado pelo atacante Rinaldo, 40 anos de idade, no melhor estilo da velocidade que o caracterizou há poucos anos como ídolo do Fortaleza em mais de 100 gols assinalados. Rinaldo é certamente o jogador de mais idade que passou por Ceará ou Fortaleza e que depois encontrou guarida no Ferroviário. Que brilhe na Barra como vários outros o fizeram. O Almanaque do Ferrão recorda os principais casos. São mais de 50 nomes. Alguns internautas sentirão saudades, outros podem até sentir dor de cabeça ao recordar certos atletas, mas vale a pena a confecção da lista abaixo.

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Artur do Carmo: zagueirão pai d´égua

Por ordem alfabética, recorde alguns jogadores que se destacaram no Ceará e que depois atuaram pelo Ferroviário em suas respectivas temporadas: Aírton (1993), Arlindo Maracanã (2011), Argeu (1993), Artur (1979), Daniel (1972), Djalma (1988), Erandy (1975), Erasmo (2000), Expedito Chibata (1965), Guilherme (1959), Ivanildo (2002), Jangada (1981), Januário (2003), Jéfferson (2006), João Carlos (1967), Jorge Costa (1974), Juju (1951), Luciano Oliveira (1974), Marcos do Boi (1967), Marquinhos Capivara (1993), Mastrillo (1998), Magela (1977), Paulo Tavares (1974), Ramon (1984), Roberval (1994), Samuel (1974), Sérgio Alves (2006), Wanks (1994), Wolney (1987), Zezinho (1970) e Zezinho Fumaça (1971).

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Laterais Paulo Maurício e Rôner

Do Fortaleza, ganharam destaque e depois passaram pelo Tubarão da Barra os seguintes nomes: Adílton (1985), Alexandre (1986), Birungueta (1971), Caetano (1989), Celso Gavião (1979), Cícero Capacete (1979), Da Silva (1988), Eliézer (1997), Facó (1967), França (1939), Geraldino Saravá (1980), Gilmar Furtado (1990), Haroldo (1981), Jombrega (1940), Jorge Pinheiro (1994), Louro (1969), Mano (1968), Maradona (2001), Mozart (1966), Lupercínio (1986), Luizinho das Arábias (1985), Nélson (1985), Paulo Maurício (1978), Rôner (1981), Sérgio Monte (1985), Solimar (1998) e Zé Félix (1939).

ZAGUEIRO CORAL DA BASE DE 2009 É NEGOCIADO COM O BORDEAUX

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Ex-zagueiro coral Pablo, as 24 anos de idade, tem a chance agora de jogar no futebol francês

Ele foi zagueiro do Sub-18 do Ferroviário no Campeonato Cearense de 2009. Era titular absoluto da defensiva coral e se projetava como um jogador de futuro. Seis anos depois, parece que este chegou finalmente para o jovem Pablo, atualmente defendendo as cores da Ponte Preta na 1ª divisão do futebol brasileiro. O atleta acaba de ser negociado com o Bordeaux da França. Segundo a imprensa paulista, o valor da negociação foi da ordem de 6 milhões de Euros, o equivalente a 24 milhões de Reais. Pablo nunca disputou uma partida oficial pelo Ferroviário. Em meio a uma centena de jogadores ligados à empresários que foram desligados do clube entre setembro e outubro de 2009, ele foi parar no rival Ceará e de lá bateu asas para boas passagens pelo Grêmio/RS e Avaí/SC.

logo-fifaMesmo já tendo se passado 6 anos desde a atuação do zagueiro Pablo na base do Tubarão da Barra, o time coral pode auferir receitas futuras a partir do mecanismo de solidariedade, uma compensação instituída pela FIFA visando restituir aos clubes formadores, alijados do processo de transferências internacionais. Segundo o Regulamento de Transferências publicado no site da entidade, “se um profissional se transfere durante o curso de seu contrato, 5% do montante deve ser deduzido, por seu novo clube, a todos aqueles envolvidos no treinamento e educação do atleta ao longo dos anos situados entre o 12º e 23º aniversários”. Em suma, trata-se de uma trabalhosa – porém rentável – fonte de recursos. Basta o Ferroviário se mexer em âmbito jurídico para pleitear a sua compensação financeira sempre que uma transação internacional com esse jogador vier a ocorrer, o que convenhamos, em épocas de vagas macras, será sempre mais do que bem vinda.

IMAGENS RARAS NO GRAMADO DO CASTELÃO APÓS VITÓRIA HISTÓRICA

O título estadual de 1988 está prestes a comemorar seu 27º aniversário e o Almanaque do Ferrão tem várias raridades prontas em áudio e vídeo saídas do fundo do baú para soltar por aqui. Vale lembrar que para chegar à fase final do campeonato, o Tubarão da Barra teve que vencer o Ceará na decisão do 3º turno, numa partida memorável que muitas vezes é mais lembrada até que a própria finalíssima contra o Fortaleza, acontecida no feriado de 7 de setembro. As imagens do vídeo acima são praticamente inéditas e foram gravadas ainda dentro do gramado do Castelão, logo após uma virada histórica que entrou para a história do futebol cearense, quando o Ferroviário foi humilhado pelo Ceará por 5×1 no tempo normal, mas encontrou forças para reverter a situação e fazer 2×0 na prorrogação. Nas imagens, Guina, autor de um dos gols no tempo extra, o técnico Lucídio Pontes, o atacante Mazinho Loyola, que fez o gol coral nos noventa minutos, e o capitão Marcelo Veiga comentam emocionados sobre a grande reviravolta no clássico, talvez o maior jogo da história coral na opinião da torcida.

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Lucídio Pontes: estratégia que matou o Ceará

O jogo em questão aconteceu no dia 21 de agosto de 1988. Depois de vencer a primeira partida decisiva por 3×0, o Ferrão só precisava do empate naquela tarde de domingo. A partida começou eletrizante com o Ceará fazendo 1×0 e o Ferrão empatando logo em seguida. Depois, o alvinegro deitou e rolou. Foi pra cima do time coral e ao fazer 3×1 no placar, acabou caindo na armadilha do estrategista Lucídio Pontes, que determinou que seus jogadores guardassem o fôlego para os 30 minutos de prorrogação. O Ceará se vingou da derrota anterior fazendo 5×1 com requintes de humilhação durante todo o 2º tempo. Na volta para a prorrogação, os jogadores do Ferroviário entraram de mãos dadas e foram pedir apoio à torcida coral que estava cabisbaixa. O baixinho Arnaldo aproveitou o rebote do goleiro Washington, após uma pancada numa falta cobrada por Marcelo Veiga da intermediária, e fez 1×0. Depois, o paulista Guina fez 2×0 num contra-ataque mortal puxado por Mazinho Loyola e despachou o Ceará do campeonato, carimbando o passaporte coral para as finais contra Tiradentes e Fortaleza. Virada histórica e muita comemoração dos torcedores nas arquibancadas. O título estadual começou ali.

MEIO CAMPISTA QUE JOGOU EM 1991 É ATUALMENTE BANCÁRIO NO ACRE

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Meio campista Tinda atuou no Ferrão em 1991

Ele nasceu em Rio Branco, no Acre, e começou a vida futebolística na década de 80, atuando pelo dente de leite do Atlético Acreano, seu clube de coração. O primeiro título na carreira foi justamente vestindo a camisa azul celeste da equipe principal do Atlético Acreano, na temporada de 1987, quando foi campeão estadual. Na partida decisiva, apesar da pouco idade, chamou a responsabilidade para si e cobrou um penalidade máxima, marcando o gol de empate com o Juventus em 1×1, que garantiu o título máximo da competição. Estamos falando de Tinda, jogador de meio campo com boa visão de jogo, excelente arremate e vigor físico de impressionar os adversários, que foi campeão acreano pelos quatro grandes clubes da capital: Atlético Acreano (1987), Rio Branco FC (1992), AC Juventus (1996) e Independência (1998). Esse atleta bastante famoso em seu estado natal, que atualmente é funcionário do Banco do Brasil, jogou no Ferroviário no segundo semestre de 1991, porém sem muito destaque.

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Tinda, agachado, ao lado de Arnaldo e Paulinho

A indicação do jogador para o Tubarão da Barra partiu do centroavante Frank, que o conhecia depois de passagem pelo Rio Branco/AC. Tinda resolveu fazer as malas e aceitar o convite coral. A estreia do atleta acreano ocorreu no clássico contra o Fortaleza, dia 13 de outubro de 1991, no estádio Castelão, diante de 3.012 pagantes. Mesmo com a derrota para Leão, Tinda é sempre lembrado porque assinalou o gol solitário do time comandado pelo técnico Newton Albuquerque. Ao todo, vestiu a camisa do Ferrão em apenas 7 oportunidades. Segundo ele, não ficou no Ferrão para a temporada seguinte por força de um contrato de trabalho com o Rio Branco/AC, equipe pela qual disputaria o Campeonato Brasileiro da Série B. Com o fim da carreira, Tinda então resolveu se dedicar aos estudos. No ano de 2002, ele foi aprovado no concurso do Banco do Brasil, onde hoje desempenha a função de caixa na instituição bancária.

VITORIOSO TREINADOR DO FERRÃO EM ENTREVISTA NA DÉCADA DE 90

O Ferroviário Atlético Clube deve boa parte do título de campeão cearense de 1979 ao carioca Urubatão Calvo Nunes. Foi ele quem armou o time coral no meio do certame e o levou à conquista do 2º turno, carimbando o passaporte para as finais do Estadual. Posteriormente, entrou em rota de colisão com a direção e foi substituído pelo iluminado César Moraes. Mas quem foi Urubatão Nunes? Pouco se fala dele e os mais jovens têm poucas referências sobre o perfil desse grande profissional. Sequer sabem que foi ele um dos primeiros a ser apresentado em grande estilo, de helicóptero, no futebol cearense. Dono de uma célebre frase na qual afirma que “a história não lembra dos covardes“, Urubatão levou para o Tubarão da Barra toda experiência de quem cresceu no Santos ao lado de Pelé. O Almanaque do Ferrão resgata acima uma entrevista na TV Cultura com o ex-técnico, já nos anos 90, para mostrar as novas gerações um pouco da personalidade forte de um dos maiores nomes do futebol brasileiro que passaram pela Barra do Ceará.

EX-ARTILHEIROS CORAIS ESTÃO DE VOLTA AO DIA A DIA DO FERROVIÁRIO

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Mazinho Loyola, de branco, e Robério, de vermelho, voltam ao Ferrão no comando da base

A boa nova chegou na semana passada. O Ferroviário tem nova diretoria e trouxe antigos ídolos e artilheiros para o início de um novo ciclo. Com o vereador Carlos Mesquita na presidência, cargo exercido por ele próprio no biênio 98-99, a nova direção aposta na identificação que nomes como Rômulo, Robério e Mazinho Loyola têm com o clube. Os três foram exímios goleadores vestindo a camisa coral. Em comum, tiveram a primeira chance no futebol profissional jogando com o uniforme do Ferrão. Ganharam o mundo e retornaram para o ninho quando penduraram as chuteiras. Agora, os três personificam a esperança de dias melhores para o Tubarão da Barra.

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Mazinho Loyola no Ferrão em 1988

Mazinho Loyola é cria do próprio Ferroviário. Conquistou títulos nas categorias de base nos anos 80 e surgiu como um meteoro brilhante na campanha inesquecível do título estadual de 1988. Foi negociado no final da temporada para o São Paulo e, depois, vestiu as camisas de times consagrados como Corinthians/SP e Internacional/RS. Parou de jogar futebol no próprio Ferroviário, em 2004, na Série C do campeonato brasileiro. Por sua vez, Robério foi bicampeão coral em 1995, ano em que também foi o artilheiro do campeonato. Foi negociado no ano seguinte com o Goiás/GO. Posteriormente, atuou na Malásia, onde é ídolo. A dupla Robério e Mazinho são os principais nomes da Win Sports, empresa que assumiu as categorias de base do Ferrão. Espera-se que na mão de dois excelentes ex-jogadores, o clube possa voltar a revelar grandes artilheiros.

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Rômulo no Ferrão em 2011

Já o ex-atacante Rômulo, artilheiro do campeonato cearense de 1998 pelo Ferroviário, está de volta ao clube, dessa vez na função de técnico do time profissional que disputará a Taça Fares Lopes, competição estadual de segundo semestre que dá ao time campeão uma vaga na Copa do Brasil do ano seguinte. Foi o Tubarão da Barra que ofereceu a primeira grande oportunidade a Rômulo como atleta. Sem vez no elenco do Ceará em 98, clube que o formou, o atleta foi convidado pelo próprio presidente Carlos Mesquita a defender as cores corais. Deu certo, Rômulo foi artilheiro e depois jogou no exterior e em times importantes do futebol brasileiro. Em 2011, voltou a defender a camisa coral no campeonato cearense antes de largar a vida de jogador. Agora, 17 anos depois, o mesmo presidente coloca nas mãos de Rômulo uma nova oportunidade, a de treinador do Ferroviário. Que os velhos nomes corais, agora de volta a Barra do Ceará, resgatem a alegria e o sucesso de suas épocas. A torcida coral certamente agradecerá.