HORA DO ADEUS PARA UM GRANDE CAMPEÃO INVICTO DE 1968

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Mano, Luiz Paes, Edmar, Barbosa, Cavalheiro e Raimundinho, que foi jogar no time de Deus

A notícia pegou seus ex-companheiros de surpresa. O ex-atacante Raimundinho faleceu essa semana. O velho coração não aguentou. Ele foi campeão cearense invicto vestindo a camisa do Ferroviário na histórica campanha de 1968, o ano que verdadeiramente nunca terminou para os heróis corais. Além do Tubarão da Barra, vestiu também a camisa do Calouros do Ar e atuou no futebol maranhense e baiano.

Em agosto do ano passado, Raimundinho era um dos mais felizes num improvisado reencontro de ex-jogadores do elenco de 68. Levou familiares para conhecer velhos amigos. Viveu um momento de real e intensa felicidade. Reencontro após 45 anos e, ao mesmo tempo, despedida por um desses caprichos da vida.

ferrao68O ex-goleiro Cavalheiro lamentou em rede social: “Foi reforçar nessa semana o eterno time vencedor de Deus. Por melhor que sejam as condições por lá, espero que não estejam precisando de um goleiro. Um grande e último abraço amigo Raimundinho“. Segundo dados do Almanaque do Ferrão, Raimundo Carvalho da Silva, o baixinho ponta-esquerda coral, atuou em 13 partidas e marcou 3 gols na histórica conquista de 1968.

IMAGENS RARAS DO JOGO QUE O FERRÃO FEZ 4X1 NO FLUMINENSE/RJ

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Artilheiro do Ferroviário no início dos anos 80

Em 30/11/1980, o Fluminense derrotou o Vasco por 1×0 e sagrou-se campeão carioca daquele ano. Dois meses depois, em 28/01/1981, mantendo os mesmos jogadores eternizados na história do clube, enfrentou o Ferroviário pelo campeonato brasileiro e tomou 4×1 no Castelão. Foi uma noite mágica para o Tubarão da Barra e, em especial, para um jovem chamado Roberto, que começava a se firmar no time profissional. Era apenas o início de uma grande temporada para mais uma revelação da base coral, que no ano seguinte seria negociado pela diretoria com o Sport/PE, passando a ser chamado nacionalmente de Roberto Cearense.

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Matéria Jornal O Povo

Hoje completa exatos 34 anos daquela noite memorável, não apenas para Roberto, mas principalmente para o Ferrão, que marcou uma das vitórias mais consagradoras de toda sua existência. Treinado por Lucídio Pontes, o time coral jogou com Salvino, Jorge Luís, Lúcio Sabiá, Zé Carlos e Jorge Henrique; Baltazar, Jeová e Jacinto; Jangada (Doca), Roberto e Marco Antônio (Djalma). O Fluminense foi massacrado com Paulo Goulart, Marinho, Adilço (Válter), Tadeu e Rubens Galaxe; Delei, Gilberto e Mário; Robertinho, Cláudio Adão e Zezé. O técnico do pó de arroz era Nelsinho Rosa. Além de 2 gols de Roberto, o experiente ponta direita Jangada também assinalou 2 tentos. Zezé descontou para o tricolor carioca diante de um público pagante de 7.889 pessoas.

Em 2009, o programa ´Na boca do túnel`, na TV Diário de Fortaleza, reprisou os gols da goleada histórica. O torcedor Jayckson Amorim teve a precaução de gravar e disponibilizá-los imediatamente na Internet, o que certamente contribuiu para que muitos torcedores pudessem visualizar até hoje o grande feito. Confira no vídeo abaixo.

ARTILHEIRO DO FERRÃO EM 2013 DEFENDE AGORA O MACAÉ/RJ

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Ex-atacante Giancarlo vai disputar o campeonato carioca e a Série B nacional pelo Macaé/RJ

Depois de ser artilheiro do campeonato cearense de 2013 com 19 gols vestindo a camisa do Ferroviário, o atacante Giancarlo defendeu o Vitória/BA, Treze/PB, São Caetano/SP e Santo André/SP. Na atual temporada, ele vestirá a camisa do Macaé/RJ, que subiu para a Série B do campeonato brasileiro e pertence a primeira divisão do ainda charmoso campeonato carioca. No sábado passado, Giancarlo mostrou logo suas credenciais e marcou 2 gols no amistoso de pré-temporada pelo seu novo clube contra o Atlético Itapemirim do Espírito do Santo. No próximo fim de semana, o Macaé enfrenta o Flamengo na largada do estadual carioca.

Antes de chegar para o Ferroviário no dia 27/11/2012, Giancarlo havia se destacado no futebol da região norte com a camisa do Espigão/RO. A indicação de uma fonte confiável em Rondônia definiu o interesse do Ferrão pelo atacante: “Aqui ele carregava o time nas costas com seus gols“, disse o interlocutor pelo celular. Na Barra, era chamado apenas de ´Gian` por seus companheiros. Sua boa fase em 2013 deu um pouco de alegria à torcida coral e o colocou nos anais do futebol cearense. Antes de Giancarlo, Mário Negrim (1943), Manuel de Ferro (47), Pacoti (57), Zé de Melo (58), Lula (75), Paulo César (79), Luizinho das Arábias (85), Cacau (89), Batistinha (94), Robério (95), Rômulo (98) e Maurício Pantera (2004) foram os artilheiros corais no Campeonato Cearense de Futebol.

Recorde abaixo o primeiro gol de Giancarlo pelo Ferrão no Estadual de 2013 diante de um público de aproximadamente 2400 pessoas no PV. Foi o da vitória por 1×0 contra o Crato, na estreia da competição, marcado aos 46 minutos do segundo tempo. A gravação é amadora, registrada pelo torcedor Tarso Marques da arquibancada, fato este que por si só torna o momento ainda mais emocionante para os que estavam no estádio e podem agora recordar aquele momento.

PRIMEIRA GOLEADA DE UM CICLO VITORIOSO CONTRA O FORTALEZA

O início dos anos 90 foram complicados para o Ferroviário. Times fracos, campanhas ruins e participações modestas nos campeonatos. A crise eclodiu em fevereiro de 93 após a goleada impiedosa de 9×1 sofrida para o Ceará. Após o jogo, no calor do humilhante revés, renúncia imediata do presidente Edilson Sampaio, do diretor de futebol Walmir Araújo e de todos os diretores. O que parecia o fim do clube para muitos, na prática representou o início de um ciclo vitorioso. Sob nova diretoria, capitaneada pelo empresário Clóvis Dias, o Ferrão trouxe jovens reforços e, em menos de um mês, vencia o primeiro clássico derrotando o Fortaleza por 1×0, gol do centroavante Isaías, num jogo que marcou a estreia do goleiro Clemer. Dois meses depois, mais uma vitória em cima do Leão, dessa vez de goleada por 4×1, com Batistinha (duas vezes), Basílio e Narcízio marcando para o time coral. Esse é o jogo que o Almanaque do Ferrão recorda agora através de imagens em vídeo que o tempo não apagou.

A partida representou a primeira goleada de uma série de incríveis vitórias do Ferrão em cima do Fortaleza durante o período Clóvis Dias. 4×1 foi um resultado que se repetiu algumas vezes nos campeonatos seguintes, 3×0, 4×0 e 5×0 foram placares bem íntimos do Leão até 1997, ano que marcou o fim do ciclo coral vitorioso, abrilhantado com um inédito bicampeonato 94/95, um verdadeiro marco na história do clube. Nesse jogo específico de 16/5/93, estreia do lateral esquerdo Branco e sob o comando de Lula Pereira, o Ferrão humilhou o Tricolor do Pici com Clemer, Itamar, Aldo, Marião e Branco; Reginaldo Souza, Ronaldo Salviano, Acássio e Basílio (Sílvio); Batistinha e Márcio (Narcízio). O Fortaleza, cheio de nomes famosos no futebol brasileiro, perdeu com Banana, Expedito, Sérgio Odilon, Alexandre e Albéris; Josenílton, Josué (Nando) e Elói; Eliézer, Kel e Jorge Veras (Vânder). Era o jogo 2.474 da história coral. Para sempre na memória do Almanaque do Ferrão.

UM TÍTULO IMPROVÁVEL ORIUNDO DA FORÇA PROLETÁRIA

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O antigo PV foi palco de um título improvável do Ferrão quando o Ceará era o franco favorito

A imagem que ilustra a postagem de hoje tem 62 anos e mostra a comemoração dos jogadores que conquistaram o título estadual de 1952, após uma emocionante sequência de 4 jogos contra o Ceará. É um momento na história do Ferroviário que jamais pode ser esquecido. Juju, Manoelzinho e Coimbra; Nozinho, Macaúba e Vicente Trajano; Nirtô, Augusto, Zé Maria, Fernando e Pipi foram os grandes heróis daquela primeira tarde de fevereiro de 53, um domingo memorável que jamais saiu da mente dos corais após a vitória na quarta partida consecutiva contra o alvinegro.

No dia 11/1/53, até os 41 minutos do segundo tempo, o Ceará comemorava o título cearense em cima do Ferroviário. Foi quando Macaúba marcou um gol e deu a vitória coral pelo placar de 2×1, forçando a realização de uma melhor de três com o alvinegro. Nos dois jogos seguintes, entre 18 e 25 de janeiro, uma vitória coral por 1×0, gol de Augusto, e um empate em 1×1, gol de Nirtô. Por ironia do destino, Nirtô e Augusto foram os goleadores no quarto jogo decisivo, vitória coral na semana seguinte, de virada, 2×1 e o terceiro titulo do Ferrão em sua história. Carnaval no PV, uma conquista quase que improvável para um time proletário e tecnicamente inferior ao adversário, uma vitória eterna como a foto acima.

Além dos jogadores que participaram da finalíssima em 01/2/53, não se pode deixar de lembrar nomes que participaram daquele feito durante toda a campanha, como Macaco, Três Orelhas, Zé da Marizinha, Zé Dias, Índio, Dudu, Edmir, Serejo e Vareta, os treinadores Popó e Babá, o presidente Porfírio Sampaio e seus diretores, entre eles o nome mais emblemático da história coral, Valdemar Caracas, presente em todos os momentos da agremiação que criou ao lado dos operários da antiga Rede de Viação Cearense, instituição que garantia o sustento formal de quase todos os jogadores do elenco nas mais diversas atividades profissionais, desde eletricistas a bombeiros.

EX-GOLEIRO JÚNIOR LEMOS É HOJE EMPRESÁRIO EM RUSSAS

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Ferrão campeão de juniores em foto publicada nos jornais de Fortaleza em setembro/87

O alcance do Almanaque do Ferrão continua trazendo notícias gratificantes. Da cidade de Russas, o internauta Ricardo Torres manda notícias do goleiro da foto acima, num click histórico que registrou a volta olímpica dos campeões cearenses de juniores no ano de 1987. Trata-se de Júnior Lemos, uma das grandes promessas para o arco coral nos anos 80 e que chegou a atuar 6 vezes na equipe principal do Ferrão. Depois de encerrar a carreira no América de Russas, o ex-goleiro coral teve escolinha de futebol na cidade, fundou o ´Clube do Racha` e atualmente é proprietário da JL Fardamentos.

A final do campeonato cearense de juniores em 87 foi disputada contra o Tiradentes e Júnior Lemos fechou o gol no jogo decisivo realizado no PV, na preliminar de Ceará x Rio Branco/ES pelo Brasileirão daquele ano. O gol do título foi marcado pelo atacante Mazinho Loyola, que na temporada seguinte já se firmava como titular do time profissional do Tubarão da Barra. Brevemente, o Almanaque do Ferrão apresenta por aqui os melhores momentos em vídeo daquela memorável final de juniores já que dispomos dessa raridade em nossos arquivos. É só aguardar.

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Em Russas: visita do ex-flamenguista Nunes

Júnior Lemos é pai de Marília, Maria Eduarda e Mateus. Mesmo atuando em outra área profissional, recorda sempre seus momentos de jogador de futebol no Ferroviário e lamenta a fama de ´cabeça-quente` que o impediu de ir mais longe no clube. Como um capricho do destino, Júnior foi parar em Russas por engano. Em 1996, o treinador Jorge Costa, ex-atleta do próprio Ferroviário nos anos 70, pediu a contratação de Júnior Cruz, cria das categorias de base do Ceará, mas o dirigente do América de Russas trouxe Júnior Lemos, que havia jogado as últimas temporadas no Calouros do Ar. E por lá, ele ficou. No ano passado, o ex-arqueiro coral recebeu o título de cidadão russano. Em foto recente com sua filha e esposa, Júnior Lemos recebe a visita de Nunes, famoso ex-atacante do Flamengo/RJ, em Russas. Como não poderia deixar de ser, o papo principal em questão foi futebol.

LUIZ CARLOS CRUZ COMO TÉCNICO DO FERRÃO NA TV MANCHETE

Ele escreveu seu nome na galeria de bons treinadores do futebol cearense. Muito antes de passar por Ceará e Fortaleza, o catarinense Luiz Carlos Cruz treinou o Ferroviário durante dois meses na temporada de 1997. Jovem para a profissão, com apenas 32 anos de idade, trabalhava na base do Guarani de Campinas. Foi uma indicação do também treinador Lula Pereira, que o conhecia do futebol de Santa Catarina. Segundo os dados do Almanaque do Ferrão, Cruz teve uma passagem que durou 16 jogos e conseguiu um aproveitamento de 50% de vitórias. Caracterizou-se na Barra por ter dado oportunidade no time principal ao atacante Mota, com 17 anos incompletos, numa partida contra o Potiguar de Mossoró pelo campeonato brasileiro.

No final de 2013, o nome do já experiente Luiz Carlos Cruz foi novamente cogitado para retornar a Barra do Ceará depois de 16 anos, mas a direção do clube preferiu o treinador Washington Luiz, que conquistara a Taça Fares Lopes pela modesta equipe do Barbalha. Voltando 18 anos no tempo, você pode conferir acima a apresentação do ex-técnico coral no ´Programa do Belmino`, que era veiculado diariamente na extinta TV Manchete no horário do almoço. Retorne imediatamente para a auspiciosa década de 90 na vida do Ferrão e desfrute dessa curiosidade.

QUANDO O LOCUTOR TROUXE BONS FLUIDOS PARA A GRANDE FINAL

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O Ferroviário campeão invicto de 1968

Oliveira Ramos foi um dos grandes nomes do antigo rádio cearense. Sua competência nas narrações esportivas o levou ao Rio de Janeiro para trabalhar na Rádio Tupi e na Rádio Globo. Foi ele o criador da famosa frase até hoje ouvida nos estádios: “Aí é Ferrim, meu filho“, dita espontaneamente para realçar glórias e momentos de alegria do time coral nos gramados locais. Em Fortaleza, ele foi locutor da famosa PRE 9, que já nos anos 60 passou a chamar-se Ceará Rádio Clube. Oliveira militava na cidade maravilhosa quando recebeu um convite para voltar a Fortaleza para a narração de uma única partida. O tempo pode ter deixado para trás essa informação, mas o Almanaque do Ferrão faz questão de lembrar. Ele voltou com uma missão: narrar a final do campeonato cearense de 1968 e levar sorte ao Ferroviário, que enfrentava um jejum de 16 anos sem títulos estaduais.

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Manchete do Correio do Ceará em 1968

A iniciativa dos Diários Associados teve obviamente o interesse de abrilhantar a grande final entre Ferroviário x Fortaleza com um ícone da radiofonia, mas não se pode deixar de dizer que o fato encheu a torcida coral de alegria pelos bons fluidos que a novidade trouxe. O Ferrão foi campeão invicto após o empate em 1×1 e fez uma das comemorações mais lendárias em toda história do futebol cearense, coroando o início de trabalho da maior geração de dirigentes do clube, composta basicamente por engenheiros da RFFSA. Oliveira Ramos, falecido em 2004, voltou para o Rio com a certeza do dever cumprido. Depois, trabalhou no Maranhão na década de 70. Há informações que a final de 1968 foi filmada pela TV Ceará, embora ninguém saiba o paradeiro dessa gravação.

ALMANAQUE DO FERRÃO PRESENTE NO CENTRO DE REFERÊNCIA DO FUTEBOL BRASILEIRO

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Almanaque do Ferrão presente nas prateleiras do Centro de Referência do Futebol Brasileiro

Primeiro espaço de referência pública sobre futebol no país, inaugurado no final de 2013, o Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB) funciona nas dependências do Museu do Futebol, em São Paulo, e contempla uma biblioteca, midiateca e um banco de dados virtual com vídeos, fotos e histórias do futebol profissional e de personagens do esporte. Como não poderia deixar de ser, entre os quase 3 mil itens que compõem o acervo, dois exemplares do Almanaque do Ferrão repousam nas prateleiras do local para consulta, em meio a publicações diversas sobre os principais times e atletas do Brasil.

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Versão impressa do Almanaque do Ferrão

O CRFB é passagem obrigatória para os visitantes do Museu do Futebol, que contam com a gentileza de Ademir Takara e Dóris Régis, responsáveis pelo gerenciamento do espaço e profundos conhecedores das peças de todo acervo. Publicado em junho de 2013, a versão impressa do Almanaque do Ferrão colocou o time coral como o primeiro e único time do futebol cearense a possuir uma publicação trazendo a ficha técnica dos mais de 3 mil jogos oficiais e amistosos de toda a história coral, além dos dados de 1.956 jogadores que envergaram a camisa coral, dezenas de fotos históricas, médias de público, resumo das campanhas vitoriosas, dentre outras curiosidades relativas a treinadores, presidentes, recordes, etc.

HOJE É DIA DE REVERENCIAR O ANIVERSÁRIO DE ZÉ LIMEIRA

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Inesquecível e saudoso Zé Limeira

Ele era muito conhecido entre os torcedores que acompanhavam o futebol cearense através do rádio. As décadas de 70, 80 e 90 jamais teriam sido as mesmas não fosse a comunicação sempre descontraída de um homem sábio nas palavras, apesar da origem humilde e iletrada. 10 de janeiro costumava ser dia de festa entre os corais por conta do genetlíaco – como ele mesmo gostava de dizer – de Zé Limeira, a figura de relações públicas mais simpática que o estado do Ceará teve o privilégio de conhecer.

Ele escreveu dois livros em vida, um deles prefaciado por ninguém menos que a imortal Raquel de Queiroz, com quem compartilhava as mesmas raízes interioranas e a paixão pelo Ferrão. Mantinha conversas intermináveis com Edson Queiroz, o maior industrial do estado, morto em 1982. Tinha uma curiosa coleção de chifres de boi na parede de casa. Foi engraxate. Não satisfeito com suas várias peripécias, Zé Limeira conclamou até o Papa João Paulo II a abrir uma vaga em sua agenda para receber uma camisa do Ferroviário. Ele fez de tudo um pouco na vida. E, de pouco em pouco, fez muito.

Quando sua voz calou em definitivo naquele abril de 2004, alguma coisa morreu na vida do Ferrão. Foi embora a comunicação e a pujança, como ele mesmo adorava mencionar. O “Ou vai ou racha ou urubu leva borracha“, o “É pau e muito pau“, entre outras pérolas politicamente incorretas, serão sempre eternas nos estádios. E que o dia 10 de janeiro nunca seja esquecido. Feliz aniversário, mestre Zé Limeira, onde quer que você esteja.