AS IMPACTANTES CONTRATAÇÕES PARA O CAMPEONATO DE 1939

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Elegância não é pra todo mundo: Miro e Durval chegam para o Ferroviário em 1939

O ano de 1939 foi muito importante para o Ferroviário e para a história do futebol cearense. Depois de disputar o campeonato anterior com um time formado em sua maioria pelos operários da Rede de Viação Cearense (RVC), o entusiasmado Valdemar Caracas queria ir longe e deflagrou o início da profissionalização do futebol alencarino trazendo o zagueiro Popó do Great Western de Pernambuco. Era só o começo das primeiras contratações de fora na vida do clube.

Também do futebol pernambucano chegaram o craque Zuza e o extrema esquerda Chinês. Do interior do Piauí, veio o endiabrado Pepê. Mas foi de São Paulo a chegada mais festejada, o centro-médio Miro, titular do Corinthians/SP em 1938. Ele chegou com o centroavante Durval, que sequer chegou a atuar pois foi logo mandado embora tamanha a ruindade. A foto acima é histórica. Como se vê, o que Durval tinha de elegância no vestir, faltava-lhe na bola. Miro chegou a fazer 8 partidas e voltou pra sua terra. Reza a lenda que deixou boas lembranças, mas só entre as residentes de Maracanaú, local do sítio da concentração coral antes dos jogos. E o que não faltou foi saudade para as distintas moçoilas da região.

GOLAÇO DE BATISTINHA COM NARRAÇÃO DE VILAR MARQUES

Se você perguntar para qualquer torcedor do Ferroviário qual o gol que ele mais vibrou em sua vida, certamente a maioria recordará o golaço de Batistinha, após lendária arrancada do volante Lima, que garantiu o título de campeão do 3° turno do Estadual de 1994. Era o último gol do Ferrão naquela competição. No fim de semana seguinte, após um 0x0 na final contra o próprio Ceará, o Tubarão da Barra sagrou-se campeão cearense com méritos. Hoje, 27 de novembro, o gol histórico do piauiense Batistinha completa exatamente 20 anos e o Almanaque do Ferrão oferece especialmente o vídeo daquela grande jogada acompanhado com a espetacular narração eternizada  por Vilar Marques, grande ícone do rádio esportivo cearense. É de emocionar qualquer torcedor.

Foi uma exibição de gala do Ferroviário, que venceu com Roberval, Nasa, Batista, Santos e Branco; Lima, Ricardo Lima e Acássio; Batistinha (Eron), Cícero Ramalho e Reginaldo (Basílio). O Ceará formou com Ivanóe, Rômulo (Elói), Airton, Vitor Hugo e Charles; Ivanildo, Ronaldo Salviano e Paulo César; Catatau (Mastrillo), Gerônimo e Sérgio Alves. O time coral fez o primeiro gol com Ricardo Lima ainda no 1° tempo. Depois, o Ceará, vice-campeão da Copa do Brasil naquela temporada, foi todo pressão e a defensiva do Ferrão salvava de todas as formas. Na etapa final, em rápido contra-ataque, Lima rouba a bola em seu campo de defesa e protagoniza uma das maiores jogadas do futebol cearense até hoje, passando para Reginaldo, que serviu para Batistinha matar o jogo e garantir a vantagem do empate na grande final.

No domingo seguinte, dia 4 de dezembro, o Ferrão garantia o título máximo do futebol alencarino e fazia uma festa inesquecível no gramado do Castelão. A conquista coral repercutiu bastante no cenário cearense e as rádios locais dedicaram grande parte da programação esportiva exaltando o ofensivo Ferroviário do treinador César Moraes com entrevistas, músicas e depoimentos emocionantes. O Almanaque do Ferrão preparou uma edição de 20 minutos desse material em áudio e disponibilizará para o torcedor coral na próxima semana em alusão aos 20 anos daquela conquista.

O QUE SE PODE EXTRAIR DA MÉDIA DE PÚBLICO HISTÓRICA DO CLUBE

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Nada mais amador que a distribuição gratuita de ´achismos` no futebol. Por isso se explica tantos discursos inconsistentes no mundo da bola, principalmente nos aspectos ligados à gestão de receitas oriundas de bilheteria, hoje em dia a terceira ou quarta fonte de arrecadação das equipes minimamente organizadas. O Ferroviário, e o futebol cearense como um todo, parecem bem longe dessa realidade, razão pela qual ainda se escutam frases no seio coral do tipo “vamos lotar o PV“, “rumo aos 3 mil pagantes” e, a pior de todas, a velha cantiga de grilo: “a torcida do Ferroviário não ajuda“. Puro achismo, como gostava de frisar o saudoso Estelita Aguirre, ex-diretor de comunicação do Ferrão, em seus comentários otimistas, porém sempre eivados de uma boa dose de acidez realista.

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Estádio Presidente Vargas na época do BI coral

Historicamente, os times de origem proletária no Brasil nunca foram detentores de torcidas de massa e os sociólogos estão ai para explicar melhor. Do ponto de vista prático, a versão impressa do Almanaque do Ferrão traz um estudo inédito, iniciado ainda nos anos 90, que definiu métricas de análise do poder de captação de torcedores corais em jogos do Ferroviário desde 1967, justamente o primeiro ano que o número de torcedores pagantes passou a ser oficialmente divulgado pela mídias e em documentos oficiais no futebol alencarino. A análise foi metodologicamente definida e evitou propositadamente a inclusão de partidas contra Ceará e Fortaleza, pois estes clubes levam seus próprios torcedores quando o adversário é o Ferroviário. Na abordagem trabalhada, o Tubarão é o único e principal chamariz dos jogos, o motivo pela qual a imensa maioria dos torcedores presentes acorre ao estádio. Esta sim deve ser a referência de público para o clube, o que for ´plus`, como no caso dos embates contra alvinegros e tricolores, é lucro.

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Torcida coral prestigiando a Série C de 2006

Uma rápida olhada nos dados e se comprova que boa média de público só existe associada ao time fazendo boa campanha dentro de campo. Futebol é entretenimento e ninguém paga ingresso quando há perspectiva de dissabores, o que justifica as péssimas médias depois do inédito bicampeonato 94/95, fruto de questões políticas mal resolvidas que mudaram o rumo das coisas desde então e que chegou ao cúmulo de ocasionar uma média de 320 pagantes no ano 2000, a pior da história. Numericamente, quase nunca se chegou nem perto de algo semelhante a 1978, a melhor média da história com 3794 pagantes em edições de Campeonato Cearense, quando o clube amargava um jejum de 8 anos sem títulos, mas cuja diretoria agitou o futebol alencarino com grandes contratações numa tentativa de soerguimento, que veio com o título cearense de 1979 e um período alvissareiro de público até 1981. Algo não muito diferente do período 1988-1989, 1994 e 2006, ou seja, de tempos em tempos, todos períodos breves associados a boas campanhas, independente de títulos.

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Campeonato Cearense no Elzir Cabral em 2009

Desconfie quando alguém disser que “em 1968 o Ferroviário lotava o PV” ou que “o Ferroviário não tem torcida“. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os ´achismos` do futebol tendem a criar lendas nunca comprovadas e que só geram o errôneo entendimento das coisas. Só o que é científico pode desbancar o empírico. É evidente que Fortaleza não é mais a mesma cidade de antes, cresceu e virou metrópole, a torcida do Ferroviário não evoluiu numericamente na mesma proporção que a dos adversários e a própria cidade, o que faz com que proporcionalmente estejamos menores, porém não é o fim do mundo diante do parâmetro apresentado pelos números absolutos, e ressalte-se ainda que há clubes muito longe do potencial da torcida coral que disputam inclusive campeonato nacional. São estes os maiores exemplos de que dá pra fazer bonito quando se há na gestão uma diretriz única, permanente e inquebrável. O resto é ´achismo` e os números estão ai para tentar dar um pouco mais de clarividência aos incautos.

EX-TREINADOR DO FERROVIÁRIO FALECEU NA MADRUGADA DE HOJE

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Salvador em dois momentos: como zagueiro do Vila Nova/GO e treinador de futebol

Lamentável a morte repentina de Salvador Barbosa ocorrida no início do dia. O ex-técnico do Ferroviário deixa órfãos dezenas de garotos que treinavam diariamente sob seu comando no projeto social realizado no belíssimo Campo do América, no bairro do Meireles, em Fortaleza.

Nascido no Rio Grande do Sul, o ex-zagueiro Salvador chegou no futebol cearense em 1976 para defender o Fortaleza. No dia 12 de junho daquele ano, formou com o também já falecido Artur a dupla de zaga do tricolor que venceu por 4×2 o Ferroviário, em jogo válido pelo 2° turno do campeonato cearense. Foi a única vez que Salvador Barbosa enfrentou o Tubarão da Barra enquanto jogador de futebol.

Em 2005, Salvador foi treinador do Ferroviário na Série C do Campeonato Brasileiro e realizou boa campanha. O time coral caiu no mata-mata para o América/RN em duas partidas bastante equilibradas pela segunda fase da competição. Na Barra, foram apenas 10 jogos no comando coral, sendo 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas. Por um capricho do destino, Salvador Barbosa teve o privilégio de comandar seu próprio filho no Ferroviário, o também zagueiro Cléber Vinícius. Ambos deixaram o clube ao final do Brasileiro.

O GOL MAIS BONITO DO FANTÁSTICO: ILO DO FERROVIÁRIO

Domingo é dia de futebol. Bem, pelo menos isso foi o que ficou convencionado no futebol brasileiro do passado. Tudo bem que hoje tem jogo todo dia, mas o charme do futebol aos domingos ninguém tira. Domingo terminava com os ´Gols do Fantástico` e sempre havia a escolha do mais bonito da rodada em todo país na voz de Léo Batista. Em post do mês passado, falamos do golaço do atacante Ilo pelo Ferroviário, que foi escolhido o mais bonito do Fantástico, ele que era presença constante no programa com gols pelos clubes que passou. Como promessa é dívida, esta ele aí recuperado para deleite de seus fãs, familiares e curiosos de plantão.

Mais importante que a beleza plástica do lance foi a relevância do gol naquele momento, o da vitória diante do Fortaleza, adversário forte que dois meses depois sagrava-se campeão cearense. Vitória no Clássico das Cores com direito a golaço de Ilo, que estava há pouco menos de dois meses no clube. Era o dia 14/6/87. Triunfo de um Ferroviário que apostava nas bases e tinha no elenco jogadores como Laércio, Osmar, Ronaldinho, Mardônio, Renato, Narcélio, Adalberto, Kléber, entre outros, treinados pelo experiente Erandy Pereira Montenegro.

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Ilo Bonfante e seu filho na cozinha de casa

Mais importante que recuperar esse tipo de informação, o Almanaque do Ferrão tem a honra de servir de elo entre as várias pessoas que, direta ou indiretamente em diferentes momentos, participaram da história coral. Após ver o post do mês passado, o filho do jogador, Ilo Bonfante Júnior, diretamente do Rio Grande do Sul, informou ao blog que seu pai morreu jovem, aos 54 anos de idade, em 10/4/2010, vítima de um câncer na garganta. Então, que seja um momento para matar as saudades do atacante Ilo em ação no gramado do Castelão porque nem o tempo separa o que pai e filho constroem através do futebol.

TERREMOTO ATINGIU FORTALEZA DEPOIS DE TRIUNFAL VITÓRIA

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Capa do Jornal O Povo destacando o terremoto em Fortaleza e a vitória triunfal do Ferroviário

O fato tenebroso completou 34 anos. Ferroviário e Ceará jogavam no Castelão. Era uma noite de quarta-feira qualquer. O campeonato estadual caminhava para o seu final no primeiro jogo da melhor de três. De especial, o goleiro Ado – reserva de Félix na Copa de 70 – entrava de saída pela primeira vez no arco coral. No mais, tudo levava a crer que seria um jogo normal.

O ótimo público parecia ser pequeno diante de um Castelão lindo e reformado. Guerreiros dentro de campo deram o sangue pelo Ferrão. O uruguaio Ramirez não corria tanto desde a carreira que deu no Rivelino no Maracanã, quando ainda era lembrado pela Celeste Olímpica. Paulo César era a esperança de gols e o menino Jacinto era o xodó da torcida. E o Bibi? Bem, o filho do Didi foi um capítulo à parte. Bibi só não fez chover naquela noite. Antes tivesse chovido.

O time de preto e branco pressionava. Ado pegava tudo. O lateral direito Jorge Luís, improvisado de zagueiro, deve ter feito a melhor exibição de sua carreira.  O Ferrão mostrou personalidade e assustava o adversário. Após uma troca de passes, Bibi encheu o pé e fez um gol de placa. Vitória coral: 1×0. Bibi não fez chover, mas fez tremer. A maioria dos torcedores já estava em casa quando a terra resolveu comemorar a vitória do Tubarão. O que parecia ser impossível aconteceu: terremoto em Fortaleza! Há quem diga que são coisas que só acontecem com o Ferroviário. Mera intriga da oposição. São coisas que só o Ferroviário consegue fazer! E afinal de contas, a culpa foi do Bibi, que até um dia desses militava como treinador no mundo árabe.

O terremoto em Fortaleza era o fim do mundo para muitos. Famílias corriam para o meio da rua. Vizinhos que não se falavam até rezaram juntos. Quem viveu nunca vai esquecer aquela noite de terror. Quem é Ferrão nunca vai esquecer aquela noite de vitória. Ainda hoje, tantos anos depois, há sempre os que recordam o golaço de Bibi naquela noite triunfal de terror. Coisas que só o futebol propicia. Coisas que só o Ferroviário sabe fazer e estamos conversados.

O DIA QUE O MONTEVIDEO WANDERERS VISITOU O FERRÃO

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Ferroviário e Montevideo Wanderers posam para foto história no Presidente Vargas

Já faz quase 60 anos que o Ferroviário recebeu a visita de uma das mais tradicionais equipes do futebol uruguaio. Em 14/7/57, o time coral ainda não era chamado de Tubarão da Barra e vivia sob a alcunha de ´clube das temporadas` por sempre prosperar contra times que excursionavam pelo nordeste. O jogo no acanhado PV contra o Montevideo Wanderers foi muito disputado, mas acabou mesmo no 0x0 apesar da atuação soberba das agremiações. Sem dúvida foi um amistoso que está até hoje na memória dos dirigentes e jogadores da época.

Era apenas o jogo de número 571 da história coral e olhe que já se vão 3492 no total até hoje. Sob o comando de Durval Cunha, conhecido treinador de equipes nordestinas nos anos 50, o Ferrão disputou o amistoso com Jairo, Manoelzinho (Lolô) e Nozinho; Renato, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Macaco, Aldo e Fernando, uma onzena quase inteira profundamente identificada com o clube em razão dos vários anos que a grande maioria desdes jogadores defenderam a camisa coral, algo raro de se ver no futebol moderno.

Escudo_Montevideo_Wanderers_FCO presidente do Wanderers chamava-se Luis Alberto Castagnola. Os bohemios, como são conhecidos no futebol sulamericano, jogaram contra o Ferroviário com o futebol de Enriquez, Sosa e Tejera; Aude (Vasquez), Barrios e Mendez; Rumbo, Andrada, Sanabraia (Baska), Moscarelli (Gimenez) e Rial. Numa época de pouca eficiência nas comunicações, os produtores do amistoso anunciaram o Montevideo Wanderers como vice-campeão do país, fato este noticiado equivocadamente por todos os jornais de Fortaleza. Na verdade, a dupla Nacional e Penãrol comandava o futebol uruguaio naquele período e os bohemios ocupavam um papel apenas coadjuvante. Na mais recente temporada uruguaia 2013/14, depois de quase 30 anos, o Wanderers figurou como grata surpresa entre os finalistas do campeonato, perdendo a final para o Danúbio e provando que no futebol não há sentença de morte definitiva, quem parece morto uma hora reaparece até mais forte.

FERIADO DA REPÚBLICA TEM CARA DE 7×2 CONTRA O BAHIA

A goleada do Ferroviário em cima do Bahia por 7×2 naquele 15/11/2006 foi talvez uma das cinco vitórias mais consagradoras do percurso coral que já dura 81 anos. Foi um jogo memorável diante de um público pagante de 4434 torcedores, muito bom para os padrões históricos do clube. Era o octagonal final da Série C e 4 equipes conquistariam o acesso para a segunda divisão nacional. Sérgio Alves e Fernandinho só não fizeram chover naquele feriado da república. Por alguns dias, acreditou-se que o Ferroviário conquistaria o acesso tamanha a empolgação gerada pelo humilhante placar.

Apesar de não ter um elenco de muitas opções, a onzena principal tinha sempre uma força coletiva muito forte e contava com alguns jogadores de nível diferenciado, tanto é que parte deles vestiu depois as camisas de clubes mais badalados como Santa Cruz, Cruzeiro, Fluminense e São Paulo. A prova das poucas opções no elenco mostram o ótimo volante Marcelo Mendes improvisado na zaga ao lado do jovem Carlinhos, que sequer era titular. Nemézio e Tiago Gasparetto, este em grande forma, jogaram a maioria das partidas da Série C.

O fato é que o jogo 3186 da gloriosa história do Ferrão é aquele tipo de evento que daqui a 50 anos os torcedores presentes continuarão dizendo: “eu estava lá“. É o tipo de vitória que pai conta pro filho e jamais o futebol cearense esquecerá. Foi um troco na mesma moeda dado ao tricolor baiano, que em 1939 havia enfiado 7×3 no Ferrão. Em meio a tantas crises financeiras e técnicas nos últimos 17 anos, desde a saída do presidente bicampeão Clóvis Dias, os 7×2 contra o Bahia em 2006 representaram um verdadeiro oásis no deserto da caminhada coral, uma grande exceção à regra, junto com uma bela campanha no campeonato brasileiro que poderia ter mudado todos os fracassos que se sucederam depois, caso o acesso tivesse sido concretizado.

Uma olhadinha no Almanaque do Ferrão e vemos que os corais formaram com Jéfferson, Marcos Pimentel, Carlinhos, Marcelo Mendes e Júnior Cearense; Glaydstone (Robinho), Dedé e Everton (Diego); Stênio, Sérgio Alves (Claudeci) e Fernandinho. O Bahia foi humilhado para sempre com Darci, Luciano Baiano, Pereira, Laerte (Rodrigão) e Peris; Salvino (Charles), Leandro Leite, Rodriguinho e André Pastor; Ednei (Isac) e Sorato. Os gols corais foram de Sérgio Alves (3), Júnior Cearense, Everton, Fernandinho e Marcos Pimentel. O ex-vascaíno Sorato e Luciano Baiano descontaram para o adversário. Vale a pena recordar os gols do Ferrão no vídeo abaixo cheio de bom humor.

GOLEADA CORAL CONTRA O AMÉRICA COM SHOW DO ÍDOLO LUIZINHO

Hoje comemora-se o aniversário de nascimento de Luizinho das Arábias, um dos maiores goleadores do Tubarão da Barra. Conforme prometido na semana passada, o Almanaque do Ferrão traz hoje imagens raras de uma vitória do time coral por 5×1 pelo campeonato cearense de 1988, partida na qual o aniversariante do dia marcou 3 gols contra o América e brilhou com grande apresentação. Os outros gols foram assinalados pelo ponta esquerda Beto Andrade, cearense de Morada Nova, e pelo meia pernambucano Denô. Ao final dos melhores momentos, confira também uma saudosa entrevista de vestiário do grande artilheiro.

Se vivo fosse, Luizinho completaria hoje 57 anos de idade. Depois de brilhar pelo Ferrão em 85 e 86, o goleador coral voltou ao clube em fevereiro de 88, mas disputou apenas 7 partidas durante o 1° turno da competição e foi liberado para atuar no Pará, onde faleceu no ano seguinte. No dia seguinte ao anúncio de sua morte, houve um clássico contra o Ceará no PV e a torcida do Ferroviário gritou o nome de seu ídolo a plenos pulmões durante o ´minuto de silêncio` dado pelo árbitro Luis Vieira Vila Nova. Luizinho para sempre.

Esse post é dedicado especialmente a Jackson Sala, biógrafo de Luizinho das Arábias, e a Vânia Duarte dos Santos, irmã do eterno artilheiro coral. Ambos moram no Rio de Janeiro.

FINAL DA COPA DO BRASIL REMETE A GOL DE JACINTO PELO CRUZEIRO

Atlético e Cruzeiro fazem uma autêntica final mineira na Copa do Brasil hoje à noite. A cobertura da mídia recai nos últimos dias exatamente nesse grande jogo. Nas resenhas esportivas, o que mais se ouve é a lembrança de grandes partidas entre ambos, confrontos que estabeleceram uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. Em entrevista ao canal ESPN Brasil, o ex-cruzeirense Nelinho, lateral da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978, foi enfático: “lembro de um jogo memorável em que o Jacinto, um cearense que o Cruzeiro contratou, fez um golaço e deu a vitória pro nosso time“. Isso mesmo, Jacinto, cria do Ferrão, em ação pelo time alvianil em 1981, mais precisamente no dia 11 de outubro, segundo o Almanaque do Cruzeiro, de Henrique Ribeiro, numa vitória histórica contra o Atlético Mineiro até hoje lembrada.

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Imagem da página 294 da primeira edição do Almanaque do Cruzeiro lançado em 2007

Jacinto foi um dos jogadores mais talentosos surgidos na Barra. Ele foi lançado no time profissional pela primeira vez em 1976 pelo treinador Lucídio Pontes. Foram ao todo 283 partidas com a camisa do Ferroviário, fato este que o credencia como o décimo jogador que mais vezes vestiu o manto coral entre quase 2 mil atletas que tiveram essa honra. Depois de ser campeão cearense em 79 e fazer dois bons campeonatos nacionais, em 80 e 81, a cria coral chamou atenção do Cruzeiro e teve seu passe comprado pela equipe mineira, que além de dinheiro, cedeu o ponta esquerda Paulinho como parte da negociação. Depois de rodar em outras equipes, Jacinto voltou ao Ferrão em 88 e foi novamente campeão, fazendo seu último jogo no Tubarão da Barra no final de 90.

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Jacinto em seus dias de glória pelo Ferrão

A passagem de Jacinto pelo Cruzeiro foi marcada por esse gol até hoje lembrado em Minas Gerais, como bem recordou o ex-companheiro Nelinho, cujo reserva eventual, o lateral Carioca, titular na vitória contra o Atlético entre os vários suplentes em campo, chegou a vestir a camisa do Ferroviário dois anos depois. Na equipe mineira, Jacinto teve a sorte de trabalhar com o lendário Didi, o homem da folha seca que brilhou na seleção brasileira, pai de Bibi, ex-companheiro de Jacinto no próprio Ferroviário. São apenas algumas das várias curiosidades que fazem o futebol, razão pela qual dificilmente o ex-jogador cearense deixará de torcer por seu ex-clube mineiro nas finais da Copa do Brasil que começam a partir de hoje.