O FERROVIÁRIO DAS VACAS MAGRAS NA REINAUGURAÇÃO DO JUNCO

Ferroviário em setembro de 1999 na reinauguração do estádio em Sobral – Em pé: Luiz Carlos, Daniel, Tico, Júnior, Carlos Antônio e Miguel. Agachados: Miro, Guedinho, Paulo Rubens, Assis e Luciano

Talvez os jogadores acima sejam desconhecidos da grande maioria da torcida coral. É o time do Ferroviário Atlético Clube em setembro de 1999, formado basicamente por jogadores cearenses egressos de equipes menores, reforçado por algumas crias da base. Essa formação atuou na reinauguração do Estádio do Junco, em Sobral, num amistoso contra o Ceará, vencido pela equipe alvinegra por 2×0. Era uma época de vacas magras marcada pela renúncia do presidente Carlos Mesquita e a chegada de um novo grupo de dirigentes, capitaneados por Carlos Alberto Mota, que terminou eleito presidente três meses depois. Essa equipe disputou o Torneio da Movimentação e perdeu a final para o Tiradentes/CE. No ano seguinte, a vida coral se complicou ainda mais com vários meses de salários atrasados, entra e sai de atletas, ameaça de rebaixamento e até um lamentável episódio de suicídio do diretor de futebol do clube. Na imagem acima, o goleiro Miguel esteve presente no elenco da equipe bicampeã estadual em 1994 e 1995. Talvez ele seja o nome mais conhecido da torcida coral na imagem, ao lado de Guedinho, que virou uma espécie de xodó dos torcedores até a temporada de 2003 e, ironicamente, numas das fases mais tenebrosas da nossa história, conseguiu o feito de assinalar 68 gols e marcar seu nome como o nono maior artilheiro da trajetória do clube. Repare também na camisa dos jogadores. O velho retrato mostra a gloriosa camisa do Ferroviário estampando dois números de telefones. Era o Tele-Ferrão, uma campanha em parceria com a Teleceará, antiga companhia telefônica do estado, que disponibilizava números para o torcedor colaborar com doações voluntárias a partir de módicos 3 Reais por cada ligação.

VÍDEO COM OS GOLS DE UM EMPATE COM O CEARÁ NO ESTADUAL DE 1980

Eis mais um vídeo de um jogo do passado eternizado aqui no Almanaque do Ferrão. Trata-se de um empate do Ferroviário contra o Ceará, justamente num dia 21 de setembro como hoje, em partida válida pelo 2º turno do Campeonato Cearense de 1980. O alvinegro já havia conquistado o turno e o jogo foi mero cumprimento de tabela, levando ao Castelão um público diminuto de apenas 6.040 pagantes. Perceba as redes amarelas utilizadas nas traves do Castelão no início dos anos 1980. Os gols do Ferrão foram marcados por Serginho e Osni, ambos oriundos do futebol carioca, mais precisamente do Flamengo e do Fluminense, respectivamente. O Ceará marcou com Ademir e Bezerra, de pênalti, assinalado nos acréscimos da partida após uma lambança da defensiva coral quando o Ferroviário tinha apenas nove jogadores em campo, já que Osni e Clodivaldo foram expulsos pelos árbitro Luís Vieira Vila Nova. Treinado pelo experiente Lanzoninho, o Tubarão da Barra empatou com o futebol de Salvino, Nonato Ayres, Jorge Luís, Celso Gavião e Luís Augusto; Zé Maria, Nilsinho (Jeová) e Jacinto (Clodivaldo); Osni, Serginho e Babá. Por sua vez, o Ceará jogou com Luís Antônio, João Carlos (Valdemir), Lula, Antônio Carlos e Bezerra; Nicássio, Ademir e Zé Eduardo; Ivanir, Gilson (Nei) e Jorge Luís Cocota. Ceará e Ferroviário se enfrentaram outras vezes naquela edição do Estadual com jogos memoráveis, como o famoso Jogo do Terremoto e a própria final do campeonato, que acabou ficando nas mãos do alvinegro com um gol na prorrogação.

FERRÃO VOLTA AO VELHO ESTÁDIO DA COLINA 50 ANOS DEPOIS

Ferrão jogou no velho Estádio da Colina em seis oportunidades entre os anos de 1967 e 1971

Quando o Ferroviário entrar em campo no Estádio da Colina no próximo domingo, em Manaus, voltará a pisar no velho palco do futebol amazonense depois de 50 anos! Entre 1967 e 1971, o time coral realizou seis jogos contra equipes como o Rio Negro/AM, São Raimundo/AM, Nacional/AM e a extinta Rodoviária/AM exatamente naquela praça esportiva. Antes desse período, os ocasionais jogos do Ferrão em Manaus aconteceram no bucólico Parque Amazonense e, a partir de 1979, passaram a ocorrer no demolido Vivaldo Lima, que deu lugar à moderna Arena da Amazônia para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Quando o Tubarão da Barra atuou no Estádio da Colina pela última vez, em janeiro de 1971, contra o tradicional Naça Machão, em partida válida pelo Torneio Amazonense, a denominação oficial do estádio chamava-se Gilberto Mestrinho, passando a ser conhecido com seu nome atual, Estádio Ismael Benigno, somente a partir de 1977, em homenagem ao ex-presidente do São Raimundo/AM, falecido três anos antes. No gramado do velho Estádio da Colina já pisaram nomes como Garricha e Pelé. Os corais Coca Cola, Simplício, Facó, Zé Maria Paiva, entre outros, também desfilaram sua categoria por lá. Agora, cinco décadas depois, chegou a vez de Edson Cariús, Vitão, Wesley Dias, Diego Viana e companhia mostrarem serviço num dos estádios mais tradicionais do futebol brasileiro, dessa vez contra o Manaus/AM em mais um jogo da Série C nacional.

SHOW DE BOLA E VITÓRIA MAIÚSCULA NA TEMPORADA DE 1957

Foto colorizada do time base do Ferroviário Atlético Clube no Campeonato Cearense de 1957

Foi num dia 15 de setembro como hoje, só que na temporada de 1957. Corria o 2º turno do Campeonato Cearense e o Ferroviário, comandado pelo treinador Durval Cunha, bateu o Fortaleza por 4×2 no PV. O time coral chegou a fazer 4×0 no placar com gols de Pacoti, Zé de Melo, Macaco e Fernando. Os quatro aparecem na foto acima, que ilustra bem a formação básica da equipe na competição. Zé de Melo, Macaco e Pacoti são os três primeiros agachados, enquanto Fernando é o quinto, todos da esquerda para a direita. A formação que derrotou o Fortaleza foi exatamente a da fotografia acima, com exceção do goleiro Gilvan e do jogador Kitt. Quem atuou na goleada de 4×2 foi o experiente Juju e o craque Aldo. A escala da equipe formou com Juju, Ferreira e Nozinho; Manoelzinho, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Aldo, Macaco e Fernando. Treinado por Mozart Gomes, pai dos futebolistas Mozart e Moésio Gomes, o Fortaleza perdeu com Aluísio, Gera e Zé Mário; Charuto, Sapenha e Aluisio III; Moésio, Nagibe, Ferreira, Zé Raimundo e Lucas. Ferreira e Lucas marcaram para o Tricolor do Pici. O jogo teve Pierre Neto na arbitragem e os jogadores Nozinho e Manoelzinho foram considerados os melhores em campo, juntamente com os autores dos gols. Bastante conhecido no futebol nordestino, o técnico Durval Cunha também aparece na imagem acima, no canto inferior direito. Três anos antes de chegar para o Ferroviário, mais precisamente em 1954, ele entrou para a história como o primeiro treinador a comandar do Fluminense de Feira de Santana numa partida profissional.

UMA VITÓRIA APERTADA DO FERRÃO NO ANO DO BICAMPEONATO

O vídeo acima é uma raridade da extinta TV Manchete de Fortaleza e estaria fadado ao desaparecimento não fosse o resgate das imagens por parte do Almanaque do Ferrão. Trata-se de uma vitória coral em cima do Tiradentes no ano do bicampeonato estadual, mais precisamente no dia 1º de abril, em jogo realizado no Estádio Elzir Cabral. Diante de um público de apenas 880 pagantes, o Tubarão da Barra venceu por 3×2, gols de Piti, Acássio e João Marcelo. Jacinto e Assis marcaram para o Tigre, que ainda chutou um pênalti na trave quando o jogo estava 0x0. A partida fez parte do 1º turno do Estadual, que seria brilhantemente conquistado pelo Ferrão oito meses depois. Treinado por Ramon Ramos, a máquina coral formou com Roberval, Biriba, Santos, Batista e João Marcelo; Alencar, Ricardo Lima, Paulo Adriano e Acássio; Hilton (Esquerdinha) e Piti. Por sua vez, o Tiradentes perdeu com Fábio, Valderi, Abílio, Toni e Helinho (César Loiola); Assis, Alex e Marcelo (Wanks); Alonso, Jacinto e Gilson. Mesmo com uma boa campanha, o Ferroviário não conquistou aquele turno, que ficou na mão do Icasa, justamente o grande adversário coral na finalíssima do Campeonato Cearense, que aconteceu em dezembro de 1995. Ao todo, o Tubarão da Barra realizou 47 jogos para conquistar o inédito bicampeonato, bem diferente dos Estaduais atualmente quando, por exemplo, o Fortaleza realizou menos de 10 jogos para conquistar o título cearense. Outra época, outros tempos do futebol.

EXPERIENTE GILBERTO ESTREIA EM CLÁSSICO DAS CORES EM 1978

Goleiro Gilberto fez sua estreia no arco coral na vitória de 2×1 em cima do Fortaleza em 1978

Foi num 3 de setembro como hoje que o experiente goleiro Gilberto fez sua estreia no arco coral. Corria o 1º turno do Campeonato Cearense de 1978 e ele foi contratado para dar segurança à defensiva do Tubarão da Barra, já que os jovens Paulinho, Edmundo e Giordano não haviam se firmado nos primeiros jogos da competição. Nascido em Getulina, interior de São Paulo, o arqueiro passou por times importantes como São Paulo/SP, América/MG, Santa Cruz/PE e Sport/PE antes de desembarcar na Barra do Ceará, aos 35 anos de idade. Foi peça importante na equipe que fez uma excelente campanha no Estadual e que tinha nomes como Lúcio Sabiá, Doca, Jacinto, Ricardo Fogueira e Paulo César, que serviram justamente de base para a equipe campeã cearense em 1979. Enquanto esteve no Ferrão, Gilberto teve o estrategista Lucídio Pontes como treinador, justamente na temporada que registra a maior média de público nos jogos do Ferroviário em toda a história.

Chamada de uma matéria na Revista do Esporte sobre Gilberto no São Paulo em 6 de julho de 1963

Naquele Clássico das Cores disputado no primeiro domingo de setembro, o Ferrão formou com Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Cândido; Jodecir (Ricardo Fogueira), Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos, Paulo César e Babá. O meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, também estreou nesse jogo, à exemplo do lateral Ricardo Fogueira. Ambos iniciaram o jogo no banco. O Fortaleza, do técnico interino Wilson Couto, perdeu com Lulinha, Roner, Celso Gavião, Otávio Souto e Jair; Joel Maneca, Bibi e Lucinho (Batista); Haroldo (Iê), Geraldino Saravá e Dudé. Depois que pendurou as luvas, Gilberto voltou para a capital paulista e trabalhou várias décadas no São Paulo. Durante o período que atuou como preparador de goleiros da base, foi o responsável por revelar Rogério Ceni, que viria a ser um dos goleiros mais emblemáticos do mundo. Gilberto trabalhou também como administrador do CT do tricolor paulista no bairro da Barra Funda. Abaixo, vamos recordar esse vídeo raríssimo com os gols do jogo que marcou a estreia de Gilberto com a camisa de número 1 do Ferrão. Jacinto e Doca marcaram para o Tubarão da Barra e acabaram com o Leão.

TIME JÚNIOR DO FERROVIÁRIO NO CAMPEONATO CEARENSE DE 1986

Base do Ferroviário Atlético Clube em 1986 – Em pé: Nilton, Edilson, Roberto Santos, Kico, Eudes, Fernandes e Nani; Agachados: Mudo (massagista), Nilsinho, Lane, Cícero Junior e Antônio Marcos

Eis mais uma bela foto de jogadores que tomaram parte das categorias de base do Ferrão. O registro fotográfico acima é de 1986 e apresenta alguns nomes que chegaram a atuar na equipe profissional nas temporadas seguintes. Vestindo um uniforme confeccionado pela Craque Sports, essa onzena coral tem no arco o goleiro Edilson, titular do time principal em boa parte dos jogos do Torneio Otávio Pinto Guimarães, que foi realizado naquele ano e teve a participação de equipes como Fortaleza, Botafogo/PB e América/RN. Tecnicamente falando, os dois principais destaques dessa equipe eram o meia Lane e o atacante Cícero Junior. Embora considerado craque na verdadeira acepção da palavra, o primeiro teve apenas 8 oportunidades no time profissional. Por sua vez, o jovem Cícero Júnior esteve em campo em 12 partidas e mostrava muita qualidade com a perna canhota. Ele era filho do ex-zagueiro Cícero, famoso jogador do futebol cearense, que defendeu o próprio Ferroviário no início dos anos 1960. Na imagem, nota-se também o lateral esquerdo Nílton, que chegou a figurar em escalações do time profissional em 27 oportunidades entre 1986 e 1991. Além dos três jogadores citados, nomes como Roberto Santos, Kico e Eudes figuraram entre os campeões juniores no ano seguinte, numa formação emblemática que tinha o futuro ídolo Mazinho Loyola apenas em início de carreira. Destaque também para o local do jogo: o velho Castelão, simplesmente a melhor praça esportiva do Estado, numa época onde as categorias de base jogavam o ano inteiro e se apresentavam nas preliminares das equipes profissionais, algo absurdamente e lamentavelmente impensável para os padrões modernos do futebol de hoje em dia.