DOS GRAMADOS DE FUTEBOL PARA A FACULDADE DE MEDICINA

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Atacante Damásio largou o futebol e hoje é estudante de medicina em Santa Cruz de la Sierra

Em julho de 2012, o Ferroviário realizava avaliações para formação completa de um novo elenco Sub-20. Três jogadores chegaram da cidade de Mossoró: o goleiro Fernando Paiva, o volante Serginho e o meia Mirandinha. Ex-companheiro dos três atletas no Baraúnas/RN, o atacante Damásio, de 19 anos, ficou sabendo dos testes e ligou para o clube, pedindo para participar. Por conta própria chegou na Barra do Ceará de manhã e à tarde já treinava. Além do Leão do Oeste mossoroense, trazia no currículo passagens na base do ABC/RN, Potiguar/RN e Palmeiras/SP. Treinou três dias e foi aprovado, conseguindo vaga no novo elenco que faria uma série de amistosos preparatórios para o campeonato cearense da categoria. Dono de um chute forte e faro de oportunismo, Damásio entrava sempre no jovem time coral, marcando gols nos amistosos e também na competição Sub-20,  quando foi um dos três principais artilheiros da equipe.

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Nos tempos do ABC/RN

Com a necessidade de trazer jogadores mais experientes para o campeonato profissional e devido a restrição de leitos nos alojamentos do clube, Damásio acertou seu retorno somente para março de 2013 quando iniciaria seu último ano como atleta da categoria Sub-20 e retomaria sua trajetória no Ferroviário. Foi quando o destino mudou seu rumo e o fez pensar no futuro. Preocupado com as incertezas do mundo do futebol brasileiro e seu calendário cruel para a grande maioria dos jogadores, Damásio teve que tomar uma decisão difícil. Abandonou o sonho de ser jogador de futebol e partiu para uma tarefa também bastante árdua: ser médico. Dois anos depois, hoje é estudante de medicina na conhecida Universidad De Aquino Bolivia, em Santa Cruz de la Sierra, o motor econômico da Bolívia com seus 1,8 milhão de habitantes.

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No Sub-15 do Palmeiras/SP

Tenho excelentes recordações como jogador e fiz grandes amizades. O futebol me ensinou a morar longe de casa desde jovem, o que ajuda hoje a suportar a distância de mais de 4 mil quilômetros de Mossoró nesse desafio que escolhi para minha vida. Quando me formar quero ajudar as pessoas com meu conhecimento na profissão“, disse Damásio em contato com o blog. Sobre o Ferroviário, Damásio completou: “fiz parte com muito orgulho de um grupo muito bacana, que realizou um trabalho sério, cheio de bons jogadores jovens. Foi um período muito bom na minha vida e guardarei sempre as melhores recordações do clube e respeito pelas pessoas que convivi lá dentro“, garantiu.

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Fernando e Damásio em 2012

O atacante Damásio foi vice-campeão cearense Sub-20 em sua passagem pelo Ferroviário, numa campanha de 10 jogos, sendo 7 vitórias, 1 derrota e 2 empates. Na final, 0x0 contra o Ceará, que jogava pelo empate para ficar com o título por ter feito um ponto a mais na fase classificatória, onde o Ferrão do técnico Gilson Maciel mandou no jogo e teve um gol lícito do atacante Luisinho anulado pelo árbitro César Magalhães. “Seria o gol do título, um absurdo o que a arbitragem fez naquela noite“, disse Damásio, que hoje curiosamente divide seus estudos na Bolívia com um ex-companheiro coral de 2012, o goleiro Fernando Paiva, que também abandonou o futebol e decidiu seguir a medicina.

SOBRE PRATAS DA CASA, TORRE DE BABEL E LIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA

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Em pé: Paulo Tavares,  Nonato Ayres,  Zé Antônio,  Vicente,  César,  Lúcio Sabiá,  Pedrinho, Arimatéia e Eldo; Agachados: Danilo, Oliveira, Chicó, Vanderley, Almir, Lula, Aucélio e Jeová

O Almanaque do Ferrão resgata hoje uma foto de 1975, ano que o Ferroviário viveu grave crise financeira e teve seu nome envolto a situações vexatórias como jogadores passando necessidades, crise política alarmante, oficiais de justiça recolhendo objetos na sede do clube para saldar dívidas trabalhistas, entre outras mazelas. Foi um período complicado que findou com a renúncia coletiva da diretoria presidida pelo então deputado estadual Aquiles Peres Mota. No segundo semestre da temporada, o elenco era formado basicamente por pratas da casa. Nomes como César, Almir, Lúcio Sabiá, a revelação da temporada Aucélio e Danilo Baratinha, mesclados com a experiência de Paulo Tavares, ex-Ceará, do goleiro Pedrinho e Eldo, remanescente do título de 1970.

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Manchete do jornal O Povo sobre a grave situação do Ferroviário Atlético Clube em 1975

Profundamente enraizada na cultura coral, a crise política parecia não ter fim. Torcida revoltada pela venda do zagueiro Cândido ao Fortaleza e Conselho Deliberativo a exigir prestação financeira de contas após renúncia coletiva: o Ferroviário e sua eterna vocação para Torre de Babel. A foto rara de hoje recorda um grupo de jogadores bravos que souberam ultrapassar os momentos de dificuldade e levaram o clube adiante. A chegada de uma nova diretoria para a temporada seguinte marcou o renascimento do Ferrão. Do click acima, Lúcio Sabiá e Arimatéia estavam no título estadual três anos depois. Trilharam o caminho da paciência e entraram para os anais da história em forma de redenção. Mesma história que guarda uma página para o grupo de 1975 acima, hoje homenageado, por trilhar firmemente o caminho da sobrevivência.

MATÉRIA DE TV DE 1997 SOBRE A QUEDA DO PRESIDENTE CLÓVIS DIAS

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Duas décadas de dificuldades na vida coral após a malfadada crise política de dezembro de 1997

Clóvis Dias foi o único presidente bicampeão na história do Ferroviário. Assumiu o clube em 1993 após uma humilhante derrota de 9×1 para o Ceará e, ainda na mesma temporada, levou um time desacreditado à final de um turno. Tendo tempo para trabalhar e reformular o Ferrão por completo, montou um time quase imbatível que conquistou com supremacia os títulos estaduais em 94 e 95. Por muito pouco não foi tricampeão no ano seguinte. Em 97, sua pior colocação nos quase cinco anos de presidência: um 3º lugar na tábua de classificação, atrás apenas de Ceará e Fortaleza. Na reta final daquele ano, um jogo de intrigas, interesses, fofocas, picuinhas e vaidades minaram definitivamente o solo coral e provocaram a queda de Clóvis Dias da presidência de forma traumática, sem sequer permiti-lo democraticamente concorrer à reeleição. Já são duas décadas sem títulos após aquele episódio marcado por muita confusão, boletins de ocorrência em delegacias, adulteração de ata, ações judiciais, liminares e um acordo político que deixou sequelas na vida do clube, elevando o tema ao patamar de um dos maiores tabus da história do Ferroviário até hoje.

O Almanaque do Ferrão resgata logo abaixo uma matéria da TV Jangadeiro explicando o malfadado acordo, que culminou com a saída de 10 jogadores da base coral para que Clóvis compensasse aportes pessoais e investimentos de terceiros, além da chegada de Carlos Alberto Mesquita para um mandato de dois anos na presidência. Não se pode afirmar que o clube manteria sua trajetória de sucesso com uma possível reeleição de Clóvis Dias naquela oportunidade. Talvez sim, talvez não. Conselheiros, por sua vez, alegaram intervir em defesa dos interesses do clube por temerem complicações patrimoniais. O fato é que após aquele lamentável episódio na vida do clube, Clóvis seguiu sua vida no futebol atuando com relativo sucesso como empresário de jogadores, mantendo negócios no Brasil e no exterior, enquanto o Ferroviário saiu do trilho e passou a padecer de momentos dolorosos. Sob nova direção em 98, um honroso vice-campeonato com mais da metade do elenco herdado da gestão anterior. Em 99, um vergonhoso 7º lugar na classificação final com o time lutando contra o rebaixamento em alguns momentos da competição, posição e situação recorrentes no caminho coral em várias temporadas seguintes, o que historicamente qualifica o episódio de dezembro de 1997 como um divisor de águas na caminhada coral, um grave golpe político na trajetória vitoriosa do Ferroviário nos anos 90 com consequências drásticas para o futuro do clube.

A MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL DO GOLEADOR CABINHO NO FERRÃO

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Cabinho em 1986 no Castelão

Ele chegou na última semana de março de 1986 com uma missão quase impossível: fazer a torcida coral esquecer o ídolo Luizinho das Arábias, que anunciara subitamente sua transferência para o XV de Jaú no futebol paulista. Estamos falando do atacante Cabinho, ídolo da torcida do Paysandu no futebol paraense, contratado a peso de ouro junto a Ponte Preta/SP. No Pará, ele havia sido artilheiro maior nos estaduais de 1982 e 1984 com 12 e 21 gols respectivamente. Chegou para o Ferrão com todas as credenciais de grande artilheiro, mas marcou apenas 1 gol no curto período que permaneceu no clube, realizando apenas 8 jogos com a gloriosa camisa coral.

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Cabinho em foto recente do G1

Aquiles Fernando Kupfer é o nome completo de Cabinho. Depois da rápida estada no Ferroviário, voltou para o seu ninho no Paysandu e foi novamente artilheiro, em 1987, com 24 gols. Chegou a jogar ainda na Portuguesa/SP depois de seu novo sucesso no futebol paraense. Defendeu também as camisas do Velo Clube/SP e da Desportiva/ES. Sempre será lembrado como goleador no futebol brasileiro, embora não tenha tido sorte no Ferroviário. Tentou a carreira de treinador depois que pendurou as chuteiras, mas desistiu. Hoje, aos 55 anos, administra um posto de gasolina situado às margens da BR-163 no Pará.

FERROVIÁRIO FEZ HOJE O JOGO DE NÚMERO 3.500 EM SUA HISTÓRIA

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Quando entrou em campo nesse domingo na cidade de Nova Russas, interior do Ceará, o Ferroviário fez o jogo de número 3.500 em sua história. O jogo valeu pela quinta rodada do campeonato cearense da segunda divisão e foi realizado no estádio Mouraozão. Foi a segunda partida coral naquela localidade contra o time do Nova Russas. A primeira foi numa partida amistosa em janeiro de 2012. O Almanaque do Ferrão recorda abaixo uma relação de jogos emblemáticos intercalados por 5 centenas de adversários ao longo da história coral:

Jogo 0001: 13/05/1934 – Ferroviário x Vai ou Racha – Amistoso – Passeio Público
Jogo 0500: 03/12/1955 – Ferroviário 0x6 Usina Ceará – Cearense – PV
Jogo 1000: 02/02/1967 – Ferroviário 1×0 Calouros – Taça Fortaleza – PV
Jogo 1500: 06/06/1976 – Ferroviário 0x1 Icasa – Cearense – Romeirão
Jogo 2000: 12/02/1984 – Ferroviário 0x3 ABC/RN – Brasileiro – Castelão
Jogo 2500: 31/10/1993 – Ferroviário 2×3 América/RN – Brasileiro – PV
Jogo 3000: 27/08/2002 – Ferroviário 2×0 Sel. Caucaia – Amistoso – Raimundo Rôla
Jogo 3500: 22/03/2015 – Ferroviário 4×2 Nova Russas – Cearense – Mouraozão

IMAGENS DE FERRÃO X RIVER/PI PELO CAMPEONATO BRASILEIRO DE 1989

O futebol é cíclico. Depois de anos esquecido nacionalmente e envolto à problemas políticos no Piauí, o tradicional River encerrou recentemente sua participação na Copa do Nordeste, um dos campeonatos mais rentáveis atualmente no futebol brasileiro. Por sua vez, o Ferroviário Atlético Clube pena na segunda divisão cearense e já amarga 20 anos sem títulos. O Almanaque do Ferrão resgata hoje as imagens de um confronto entre ambos, no dia 13/9/1989, quando o Tubarão da Barra marcou 3×0 em jogo válido pelo campeonato brasileiro da Série B daquele ano, mesma divisão que estavam Ceará e Fortaleza em âmbito nacional.

Foi o jogo de número 2.302 da história coral. Treinado pelo competente Lucídio Pontes, o Ferrão jogou com Osvaldo, Silmar, Arimatéia, Evilásio e Marcelo Veiga; Eudes, Alves e Dias Pereira; Mardônio, Luizinho e Paulinho. Essa partida marcou a estreia, com gol, do atacante Luizinho, um catarinense envolvido na negociação do meio campista Lira com o Avaí/SC. Marcelo Veiga e Mardônio marcaram os outros gols naquela noite. O River perdeu com China, Valdinar, Léo, Zezé e Didi; Luis Eduardo, Miolinho (Robson) e Paulinho Piauí; Hélio Rocha, Zé Augusto e Cacá. Deles, China e Léo já haviam defendido a camisa coral, e Paulinho Piauí chegaria para o Ferroviário dois anos depois. Direto do baú de imagens do Almanaque do Ferrão.

RETROSPECTIVA DE JOGOS NO DIA DO PADROEIRO DO TUBARÃO DA BARRA

saojoeNão é sabido ao certo quando São José passou a ser apontado como padroeiro do Ferroviário Atlético Clube. Presume-se que tenha sido entre as décadas de 70 e 80, passando a ganhar notório destaque quando o clube teve sua sede administrativa e alojamentos construídos e uma estátua do santo foi colocada no local para ´iluminar` os jogadores residentes ou em regime de concentração. Reza a fé do torcedor coral que o Ferrão é sempre abençoado quando atua na data de hoje, 19 de março, dia do seu padroeiro, feriado em todo o estado do Ceará. Confira abaixo a relação histórica das 21 partidas do Ferroviário disputadas ao longo das décadas exatamente nessa data.

1947 – Ferroviário 2×4 Santa Cruz/PE – Amistoso – Fortaleza/CE – PV
1950 – Ferroviário 0x1 Fortaleza – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1954 – Ferroviário 1×0 Fortaleza – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1971 – Ferroviário 2×1 Tiradentes – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1972 – Ferroviário 0x1 Maguari – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1977 – Ferroviário 0x0 Ceará – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – Castelão
1980 – Ferroviário 1×2 Mixto/MT – Campeonato Brasileiro – Fortaleza/CE – PV
1986 – Ferroviário 4×0 Guarany-J – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1987 – Ferroviário 2×0 Calouros – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1989 – Ferroviário 6×0 Guarany-J – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – Elzir Cabral
1990 – Ferroviário 1×0 Calouros – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1993 – Ferroviário 2×3 Ceará – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – Castelão
1996 – Ferroviário 2×2 Ceará – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
1997 – Ferroviário 3×2 América – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
2000 – Ferroviário 0x2 Itapipoca – Campeonato Cearense – Itapipoca/CE – Perilão
2002 – Ferroviário 0x0 Itapipoca – Amistoso – Itapipoca/CE – Perilão
2003 – Ferroviário 4×2 Itapipoca – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – Elzir Cabral
2004 – Ferroviário 1×1 Boa Viagem – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – PV
2006 – Ferroviário 1×2 Guarany-S – Campeonato Cearense – Sobral/CE – Junco
2008 – Ferroviário 3×2 Uniclinic – Campeonato Cearense – Fortaleza/CE – Elzir Cabral
2015 – Ferroviário 1 x2 Uniclinic – Campeonato Cearense Série B – Fortaleza/CE – PV

A DESCOBERTA DO MAIOR GOLEADOR E RECORDISTA EM NÚMERO DE JOGOS

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Foto histórica do Ferroviário com Manoelzinho e Macaco perfilados na equipe formada em 1955

Um dos principais méritos do Almanaque do Ferrão foi a descoberta de informações desconhecidas na história do clube a partir do levantamento detalhado de todas as fichas técnicas de seus jogos oficiais e amistosos em oito décadas de existência. Até 2013, ano da publicação da pesquisa, era impossível afirmar, por exemplo, o recordista coral em número de jogos e o maior goleador do Tubarão da Barra em todos os tempos. Curiosamente, os dados mostraram que esses dois nomes jogaram na mesma formação coral durante boa parte dos anos 50 e aparecem na foto acima em uma das várias escalações do Ferroviário naquela década, mais precisamente em 1955.

O piauiense Manoelzinho (Manoel David Machado) defendeu as cores corais entre 1946 e 1962, o que lhe valeu a honra de atuar 403 partidas no período e ser o jogador que mais vezes vestiu a gloriosa camisa do Ferrão. Atuou em todas as posições da defesa e sempre foi um  nomes mais respeitados da trajetória coral, mesmo antes da descoberta de seu recorde. Outro nome a ser sempre reverenciado é o atacante Macaco (José Maria de Araújo), também piauiense, que jogou entre 1952 e 1959, assinalando 115 gols no período. Ambos na foto acima. Ambos para sempre na história. Os dados completos de todos os 1.956 jogadores da história coral você encontra na versão impressa do almanaque. Os dados dos principais recordistas você encontra aqui mesmo no blog.

TRÊS GOLEIROS BRIGAVAM PELA CAMISA 1 DO FERROVIÁRIO EM 1990

O Almanaque do Ferrão volta no tempo e resgata uma matéria da TV Verdes Mares de janeiro de 1990. O time coral se preparava para as disputas do campeonato cearense sob a presidência de Vicente Monteiro. Três goleiros disputavam o posto de titular do Ferroviário: os experientes Carlinhos e Pedrinho, bem como o cearense Osvaldo, reserva no título coral estadual dois anos antes. A briga pela titularidade prometia e gerava uma expectativa positiva, bem diferente da campanha coral dentro de campo durante a competição, uma das mais pífias da história, quando conquistou apenas 6 vitórias no campeonato inteiro, sendo 3 delas em cima do fraco Calouros do Ar.

O goleiro Carlinhos foi contratado para o certame, mas não ficou muito tempo na Barra do Ceará após algumas falhas nos treinos e apenas 1 jogo oficial, exatamente o da estreia coral com derrota para o Tiradentes, no Elzir Cabral. Por sua vez, Pedrinho era remanescente da temporada anterior e trazia na bagagem titularidades no Botafogo/PB e Náutico/PE. Jogou 17 partidas pelo Ferrão. Já Osvaldo, que tinha passado pelo Ceará e pelo Calouros, foi o que mais atuou. Foram 41 jogos entre 1988 e 1991. Um detalhe curioso na época é a média de altura de 1,79 m dos três goleiros, uma estatura totalmente inaceitável para o mercado futebolístico nos dias de hoje. Confira a matéria e recorde esses três atletas que passaram pelo Tubarão da Barra.

MARCA HISTÓRICA DO GOLEIRO MARCELINO CHEGA AOS 42 ANOS

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Recordista Marcelino com sua tradicional camisa preta defendendo o arco coral em 1973

Ele chegou para o Ferroviário em dezembro de 1969 e foi campeão cearense no ano seguinte. Porém, o maior feito do carioca Marcelino, goleiro coral durante boa parte dos anos 70, não foi exatamente aquele título estadual no início da década. Ele estava reservado para a temporada de 1973 e teve grande repercussão nacional. Ao atingir o recorde de 1.295 minutos sem sofrer gols naquele ano, Marcelino é detentor até hoje da quarta melhor marca no Brasil e oitava no mundo inteiro. Já são 42 anos de hegemonia no estado do Ceará, algo que provavelmente nunca mais será alcançado por outro goleiro em terras alencarinas.

O recorde de Marcelino começou a se estabelecer em fevereiro de 73 e durou até junho daquele ano. Na longa lista de jogos sem sofrer gols, enfrentou Ceará, Fortaleza, Icasa, Quixadá, Calouros do Ar, Maguari, Guarani de Juazeiro, Guarany de Sobral, Tiradentes e América em 15 jogos oficiais que marcaram sua vida para sempre. Todo mundo queria ser o algoz do goleiro coral e coube a Ibsen, ex-companheiro de Marcelino no próprio Ferroviário, a autoria da façanha jogando com a camisa do Maguari. O recorde colocou o Tubarão da Barra no noticiário nacional dos jornais e da televisão, merecendo até destaque na revista Placar, a principal publicação sobre futebol até os dias de hoje.

O recorde de Marcelino provavelmente seria esquecido não fossem as pesquisas do Almanaque do Ferrão. Ele está registrado na página 500 e a ficha técnica dos jogos de invencibilidade estão apresentados entre as páginas 180 e 182 da publicação impressa lançada em 2013. Nesse mesmo ano, a direção de marketing do Ferroviário promoveu o reencontro virtual de Marcelino com a torcida coral ao produzir um vídeo de 18 minutos com o recordista coral, que há anos encontrava-se recluso em seu apartamento no bairro do Papicu. Reveja esse material abaixo e saiba um pouco mais sobre Marcelino.