FERRÃO VOLTA AO VELHO ESTÁDIO DA COLINA 50 ANOS DEPOIS

Ferrão jogou no velho Estádio da Colina em seis oportunidades entre os anos de 1967 e 1971

Quando o Ferroviário entrar em campo no Estádio da Colina no próximo domingo, em Manaus, voltará a pisar no velho palco do futebol amazonense depois de 50 anos! Entre 1967 e 1971, o time coral realizou seis jogos contra equipes como o Rio Negro/AM, São Raimundo/AM, Nacional/AM e a extinta Rodoviária/AM exatamente naquela praça esportiva. Antes desse período, os ocasionais jogos do Ferrão em Manaus aconteceram no bucólico Parque Amazonense e, a partir de 1979, passaram a ocorrer no demolido Vivaldo Lima, que deu lugar à moderna Arena da Amazônia para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Quando o Tubarão da Barra atuou no Estádio da Colina pela última vez, em janeiro de 1971, contra o tradicional Naça Machão, em partida válida pelo Torneio Amazonense, a denominação oficial do estádio chamava-se Gilberto Mestrinho, passando a ser conhecido com seu nome atual, Estádio Ismael Benigno, somente a partir de 1977, em homenagem ao ex-presidente do São Raimundo/AM, falecido três anos antes. No gramado do velho Estádio da Colina já pisaram nomes como Garricha e Pelé. Os corais Coca Cola, Simplício, Facó, Zé Maria Paiva, entre outros, também desfilaram sua categoria por lá. Agora, cinco décadas depois, chegou a vez de Edson Cariús, Vitão, Wesley Dias, Diego Viana e companhia mostrarem serviço num dos estádios mais tradicionais do futebol brasileiro, dessa vez contra o Manaus/AM em mais um jogo da Série C nacional.

FERRÃO E PAYSANDU SE ENFRENTAM PELA QUARTA VEZ NA HISTÓRIA

Holanda: goleiro contra o Paysandu em 1971

Os famosos Tubarão da Barra e Papão da Curuzu jogam nesse domingo, em Fortaleza, pela Série C do campeonato brasileiro de 2020. Os dois têm muita história em suas respectivas praças, porém poucas vezes se enfrentaram no decorrer dos anos, ainda assim, somente em pelejas amistosas, em 1946, 1955 e a última em razão de uma excursão coral à Região Norte do país, na já distante temporada de 1971. Nesse terceiro encontro entre ambos, o Ferroviário se apresentava com a fama de fabulosa equipe, o `Timão` como era chamado na qualidade de campeão cearense do ano anterior, conquista esta sacramentada apenas cinco meses antes. Depois de disputar o chamado Torneio Amazonense, em Manaus, contra Rio Negro/AM, Rodoviário/AM e Nacional/AM, a delegação coral desceu até Belém e bateu o Remo/PA por 2×0 em seu primeiro amistoso na capital paraense. Na sequência, jogou contra o Paysandu. O amistoso foi disputado no estádio do Remo e terminou empatado em 1×1. O ponta esquerda Alísio marcou para o Ferrão e Benê empatou, aos 42 minutos finais, para o Papão da Curuzu. Estamos falando do dia 5 de Fevereiro de 1971. Treinado por Alexandre Nepomuceno, o time coral jogou com Holanda, Wellington, Esteves, Gomes e Eldo; Zé Maria Paiva (Simplício) e Coca Cola; Simão, Amilton Melo, Odacir (Facó) e Alísio (Nei). A equipe paraense formou com Arlindo, Paulo Tavares, Osmani, João Tavares e Carlinhos; Beto e Alfredinho; Edilson Freitas (Vila), Jorge Costa (Mário), Benê e Antônio Maria. Dessa formação, Paulo Tavares e Jorge Costa jogariam ainda no Ferroviário naquela década. Dois dias depois desse amistoso, Remo e Paysandu juntaram seus melhores jogadores num combinado, uma espécie de selecionado paraense, para finalmente tentar bater o Ferrão. Não conseguiram. Tentativa em vão, pois foi registrado mais um empate, dessa vez por 2×2, e assim encerrava-se a excelente performance coral no Norte do país.

FOTOGRAFIA DE 1971 REGISTROU TRÊS JOGADORES COM BREVE PASSAGEM

Ferroviário Atlético Clube em 1971 – Em pé: Esteves, Marcelino, Ivan Limeira, Hamilton Ayres, Eldo e Zé Maria Paiva; Agachados: Zezinho Fumaça, Odacir, Simplício, Amilton Melo e Alísio

A fotografia acima foi tirada no campeonato cearense de 1971 antes de um clássico contra o Ceará no PV. Nela, é possível identificar alguns atletas que tiveram curta passagem na Barra do Ceará e que só atuaram naquela temporada. Estamos falando do zagueiro Ivan Limeira, irmão do eterno e folclórico torcedor coral Zé Limeira, do atacante Zezinho Fumaça, ex-Ceará, além do atacante Odacir, que chegou com fama de goleador oriundo do Flamengo do Piauí e marcou 14 gols em 22 jogos em sua trajetória no Tubarão da Barra. A presença desses três ex-jogadores na mesma imagem, ao lado de nomes históricos como Eldo, Marcelino, Simplício e Amilton Melo, entre outros, fazem desse retrato algo simplesmente raro e digno de menção.

PELA TERCEIRA VEZ NA HISTÓRIA, UMA ÁRBITRA NA VIDA DO FERRÃO

Léa Campos: primazia no futebol

Na noite de ontem, o Ferroviário fez sua segunda partida pela Copa do Nordeste de 2018 e um fato não passou desapercebido aqui no Almanaque do Ferrão. Pela terceira vez na história, uma mulher apitou um jogo do Ferroviário Atlético Clube. A pernambucana Déborah Cecília comandou a partida contra o Vitória/BA, em Salvador, de forma segura e mostrou as credenciais que justificam sua presença no quadro da Fifa. Porém, mais de quatro décadas antes, uma árbitra apitou um jogo do Ferrão pela primeira vez na vida do clube. Foi em 03/11/1971, quando Ferroviário e Fortaleza decidiram fazer um amistoso e convidaram uma mulher para o apito como a grande novidade do jogo. Numa época de extremo preconceito contra o sexo feminino, que vergonhosamente perdura até os dias de hoje em algumas áreas do futebol e da vida, a mineira Léa Campos era conhecida como a primeira árbitra na história do futebol brasileiro. No Clássico das Cores em questão, ela foi acusada como a principal responsável pela pancadaria em campo durante o amistoso, que terminou 0x0 no PV. Era o jogo 1.270 da história coral. Somente em 2009, no jogo de número 3.272, no dia 11 de março, uma outra mulher voltou a apitar um jogo do Ferrão. Foi a cearense Eveliny Almeida, irmã do também árbitro Almeida Filho, que arbitrou a vitória do Ferrão por 2×0 em cima do Quixadá no Elzir Cabral, no confronto que ficou marcado por ser a reestreia em campo do atacante Jardel em sua volta a Barra do Ceará, que inclusive marcou um golaço. Em resumo, são mais de oito décadas de vida e apenas três mulheres apitaram jogos do Tubarão da Barra até a data de hoje. Vale ressaltar também como curiosidade, que um amistoso do Ferrão, em janeiro de 2011, contra a Seleção de Beberibe, teve no apito o transexual Valério Gama.

WIKIPÉDIA CREDITA TÍTULO QUE SIMPLESMENTE NUNCA OCORREU

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Print da tela do Wikipedia que erroneamente fala de uma pseudo Taça Nordeste em 1971

A inteligência coletiva tem seus riscos. É só procurar dados sobre os mais diversos temas na Wikipédia e encontraremos algumas inconsistências que acabam passando como verdade. É o caso do pseudo vice-campeonato do Nordeste, em 1971, creditado ao Ferrão. Na realidade, essa competição sequer existiu. Curioso é que o “campeão” Itabaiana/SE pleiteia junto à CBF a oficialização do título. Coisa pra inglês ver.

1971 foi o ano do primeiro campeonato nacional integrado organizado pela antiga CBD, que tinha em suas hostes gente ligada a Arena, partido político que dava sustentação à ditadura militar. Dono da maior torcida, o Ceará foi o indicado pela Federação como o único representante cearense na nova competição. Uma espécie de segunda divisão regionalizada, a Série B, foi criada com times separados basicamente em três grandes regiões: nordeste, norte e sul/sudeste, obedecendo o contexto de nacionalização que o governo militar exigia do futebol.

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Lucídio Pontes e Borba Filho recebem o grupo de jogadores do Ferroviário na temporada de 1971

Após enfrentar Calouros, Fortaleza e Guarany de Sobral numa seletiva, o Ferrão ganhou o direito de disputar a Série B do campeonato nacional. Pelo regulamento da competição, somente o primeiro lugar pegaria o representante da região norte num mata-mata. O Itabaiana/SE conseguiu esse direito. O Ferrão ficou em 2° lugar. Por muito pouco o time coral não passou para o confronto eliminatório com o Remo/PA, classificado na região norte. Num jogo em Aracaju que o Ferrão teve um gol lícito anulado e Coca-Cola ainda perdeu um pênalti, o Itabaiana segurou o empate em 1×1 e seguiu adiante.

Depois de passar pelo Itabaiana/SE, o Remo/PA enfrentou o vencedor da chave do sul/sudeste, o Villa Nova/MG, sendo o clube mineiro o primeiro campeão da Série B do campeonato brasileiro. Sob o comando do treinador Borba Filho e do então fisicultor Lucídio Pontes (ambos em pé na foto acima), o Ferrão terminou em 6° lugar no cômputo geral, em meio a 23 equipes, o que não deixa de ser uma boa colocação em se tratando da estreia coral na competição que até hoje é a mais importante do calendário brasileiro.