A ÚLTIMA VEZ QUE FERROVIÁRIO E AMÉRICA JOGARAM NA 1ª DIVISÃO

Faz tempo e pouca gente lembra. O América, campeão cearense de 1966, há muitos anos deixou de frequentar a primeira divisão do futebol alencarino. A última vez que o Ferrão nela enfrentou a tradicional equipe da Av. Dom Manuel foi em 10/06/1997 e você pode conferir acima os gols da partida em mais um raro resgate do Almanaque do Ferrão com imagens da TV Verdes Mares. Depois desse confronto, os dois só jogaram 7 vezes até a presente data, sendo quatro amistosos, uma partida válida pela Taça Fares Lopes de 2013 e dois jogos pela segunda divisão cearense na fatídica temporada de 2015, quando o time coral terminou vergonhosamente na sexta colocação geral e o América foi um dos rebaixados. Nessa partida de 1997, último ano do vitorioso presidente Clóvis Dias à frente das rédeas corais, o Tubarão da Barra era treinado pelo carismático César Moraes e formou com o futebol de Naílton, Biriba, Aldo, Dedé e Branco; Dino (Basílio), Paulo Adriano, Eliézer e Otávio (Marcelo); Nílton e Silvas (Wellington). O América  foi goleado com Parreira, Expedito, Marcelo, Roberto e Cleiton; Carneiro, João Climarques e Luciano Melado (Miúdo); Amaral (Júnior), Batista e Daírton (Messias). Um diminuto público de apenas 344 pagantes viu a última partida entre ambos na primeira divisão cearense. O meia Eliézer, ex-Fortaleza, anotou dois gols, enquanto Otávio e Nílton completaram o placar. Batista descontou para o América em jogo arbitrado por Márcio Torres no Estádio Presidente Vargas. Antes do fim daquele mês, César Moraes deixava o comando técnico coral e era substituído pelo catarinense Luiz Carlos Cruz, que pela primeira vez trabalhava no futebol cearense.

MAIS UMA GOLEADA IMPIEDOSA CONTRA O FORTALEZA NOS ANOS 1990

Todo mundo lembra da supremacia coral em cima do Fortaleza na maior parte dos anos 1990. O famoso ´carimbo` de 3×0, 4×0 e 5×0 se repetiu algumas vezes a favor do time coral no período. Considerando os 44 jogos oficiais e amistosos entre 1993 e 1999, o Ferrão assinalou a expressiva marca de 31 gols de saldo contabilizados a partir de 92 marcados e 61 tomados, uma margem consideravelmente folgada, fruto das inúmeras goleadas impostas pelo Tubarão da Barra naquele momento do futebol cearense. Acima, você confere o vídeo de um famoso 4×0 contra o Fortaleza na temporada de 1998. Com gols de Bertoldo, Paulo Adriano, Rômulo e Marquinhos Pernambuco, o Ferrão arrasou o adversário no dia 15 de março daquele ano em jogo válido pelo campeonato cearense. Treinado pelo falecido Argeu dos Santos, o Ferrão se impôs com o futebol de Jorge Luiz, Chiquinho (Alex), Aldemir, Santos e Bertoldo; Solimar, Cantareli (Saulo), Paulo Adriano e Marcelo (Marquinhos); Rômulo e Marquinhos Pernambuco. O técnico Sérgio Lopes escalou o Fortaleza com o futebol de Eduardo, Valdo (Júnior Pipoca), César, Fabiano e Quinho (Da Silva); Pires, Oldair, Pastor e Macula; Barbosa (Válter) e Márcio. As imagens da goleada coral são da TVC e você ainda confere os elogios do apresentador Lima Júnior ao técnico coral. Três meses depois, o time coral ficou com o vice campeonato estadual de 1998 ao perder a final para um Ceará recheado de jogadores contratados e inscritos somente para a decisão do campeonato, num dos episódios mais vexatórios do futebol alencarino  devidamente garantido pelo regulamento da competição.

UM CLÁSSICO MEMORÁVEL CONTRA O CEARÁ NO CAMPEONATO DE 1980

O vídeo acima é uma autêntica raridade. São os gols, sem áudio, da vitória do Ferroviário contra o Ceará por 3×2 no campeonato cearense de 1980. O time coral abriu o marcador com o experiente ponta esquerda Marco Antônio, sofreu o empate com Gilson, passou novamente à frente no marcador com um gol contra da zaga alvinegra e, depois, o lateral direito João Carlos empatou para o Ceará. Tudo isso no primeiro tempo. Quando o jogo parecia que ia ficar no 2×2, o craque Jacinto, em grande fase, estufou as redes amarelas do Castelão e desempatou para o Ferrão na etapa final numa vitória muito comemorada naquele domingo, dia 26 de outubro. Treinado pelo experiente Lanzoninho, o Ferrão venceu com Salvino, Ramirez, Lúcio Sabiá, Celso Gavião e Jorge Henrique; Zé Maria (Jeová), Jacinto e Bibi; Osni (Sousa), Paulo César e Marco Antônio. O Ceará, do treinador Caiçara, perdeu com Dalmir, João Carlos, Pedro Basílio, Antônio Carlos e Bezerra; Nicássio (Nei), Ademir e Sidney; Getúlio, Gilson e Jorge Luís Cocota. A partida válida pela 1ª volta do 3º turno foi apitada por Joaquim Gregório e teve 4.843 pagantes. Até o final do ano, as duas equipes se enfrentaram outras vezes, sempre com grande emoção. Em novembro, o Ferrão derrotou novamente o alvinegro na partida que ficou conhecida como o ´jogo do terremoto` e, em dezembro, após um empate no tempo normal, o Ceará bateu o Ferrão com um gol na prorrogação e sagrou-se campeão. O Tubarão da Barra foi o vice.

AGAMENON DA FROTA LEITÃO, DINDÔ, DJALMA LINHARES E JORGE VERAS

A temporada de 1992 foi muito boa para o ídolo coral Jorge Veras. Foi nessa época que ele entrou para a galeria dos legendários do Ferroviário, já que pela primeira vez na história, o clube teve um artilheiro principal em uma das divisões do campeonato brasileiro. A matéria acima ilustra parte daquele momento. Nela, é possível ver a cobertura da TV Verdes Mares na semana que antecedeu a estreia coral na competição, com imagens do saudoso Agamenon da Frota Leitão, diretor jurídico na ocasião, assim como do técnico Djalma Linhares e do atacante Dindô, além de Jorge Veras, que já veterano, voltava a defender a camisa da equipe que o consagrou no futebol cearense entre os anos de 1982 e 1984. A estreia coral foi contra o Auto Esporte/PB, no Elzir Cabral, vitória por 1×0 e, em seguida, as imagens mostram alguns gols da derrota coral por 4×2, em Alagoas, para o CRB. Dois jogos e três gols de Jorge Veras, que assinalou 9 tentos na Série C nacional daquele ano. Vale a pena reparar bem nas imagens. Nelas, o também ídolo Coca Cola aparece, sem camisa, como auxiliar técnico do clube, no exato momento da fala de Agamenon da Frota Leitão.

ENTREVISTAS E DOIS JOGOS DECISIVOS CONTRA O CEARÁ EM 1994

O vídeo acima traz dois jogos decisivos contra o Ceará realizados no intervalo de uma semana na reta final do campeonato cearense de 1994. No dia 27 de novembro, vitória coral por 2×0 em cima do alvinegro e título do 3º turno para o time coral, com gols de Ricardo Lima e Batistinha, este último eternizado na narração lendária de Vilar Marques, sempre lembrada pela torcida do Ferrão. Após os melhores momentos do jogo, confira no vídeo uma entrevista com o volante Lima na TV Verdes Mares, além da cobertura da extinta TV Manchete, com os comentários de Sérgio Redes e entrevistas com o lateral esquerdo Branco, Lima novamente e o treinador César Moraes. O material apresenta também os comentários de Wilton Bezerra na TVC, emissora afiliada à TV Cultura no Ceará. Por fim, os melhores momentos do jogo do dia 4 de dezembro, onde os dois times empataram em 0x0 e o Ferrão conquistou o título de campeão cearense, já abordado aqui no blog com áudios raros da época em postagem anterior. Destaque também para uma defesa sensacional do goleiro Roberval após cobrança de falta do alvinegro, no segundo tempo do jogo, quando só a vitória interessava para o Ceará, além de uma carraca de gols perdidos pelo ataque coral. Recordar é viver. Deleite-se acima com dois grandes jogos envolvendo a Máquina Coral, como ficou conhecido o time que foi bicampeão estadual em 1994 e 1995.

GRANDE VITÓRIA DO FERRÃO EM CIMA DO LEÃO NO ESTADUAL DE 1981

Os gols acima aconteceram há quase 40 anos. Foi no dia 8 de novembro de 1981, quando Ferroviário e Fortaleza jogaram pelo campeonato cearense no Castelão. O ponta direita Jangada, recentemente falecido, e o ponta esquerda Babá marcaram os gols do Ferrão. Essa vitória foi muito comemorada pois sacramentou a vaga do time coral no campeonato brasileiro do ano seguinte, já que a derrota tirou as chances do Fortaleza de conquistar a vaga para a competição nacional. O goleiro Salvino, atuando pelo Tubarão da Barra, foi o grande nome do jogo. De curioso, Moésio Gomes e Lucídio Pontes, dois renomados treinadores do futebol cearense, em lados opostos. Identificado com o Fortaleza, Moésio era o técnico coral nesse jogo, enquanto que Lucídio, de profunda identificação com o Ferroviário, treinava o Leão na ocasião. Confira as escalações: o Ferrão alinhou com Salvino, Jorge Henrique, Paulo César Piauí, Nilo (Paulo Maurício) e Roner; Doca, Meinha e Sima. Jangada, Roberto Cearense (Paulo César Cascavel) e Babá. Já o Fortaleza perdeu com Washington, Alexandre, Lineu, Luiz César e Clésio; Nélson, Jadir e Brás (Chinesinho); Izone (Viegas), Evilásio e Dudé. O jogo foi válido pelo hexagonal decisivo do 3º turno e teve Luís Vieira Vila Nova no apito, diante de 3.467 pagantes. No vídeo acima, destaque para o golaço de Babá, de falta, em cima do goleiro Washington, que cinco anos depois jogaria no Ceará. No Ferrão, o meia Sima, o maior craque da história do futebol piauiense, vestia a camisa de número 10 do Tubarão da Barra.

FERROVIÁRIO JOGOU PELA PRIMEIRA VEZ NO MARACANÃ HÁ 40 ANOS

Treinador Aristóbulo Mesquita prepara o elenco para o jogo no Rio de Janeiro contra o Flamengo

Aconteceu numa quarta à noite, exatamente num 12 de março como hoje. Só que no ano de 1980, portanto há exatos 40 anos. O Ferroviário já tinha enfrentado o Flamengo/RJ três vezes anteriormente, mas nunca tinha jogado na cidade do Rio de Janeiro. O adversário carioca ainda não era campeão mundial, mas já havia montado o melhor elenco de sua história sob o comando do falecido Cláudio Coutinho. O Ferrão fazia boa campanha no campeonato brasileiro. Foi um jogo histórico apesar da derrota coral, televisionado para todo o estado do Ceará através da TV Verdes Mares. O goleador Almir foi o terceiro jogador de um time cearense a marcar um gol no lendário Maracanã. Antes dele, apenas Gildo e Geraldino Saravá haviam alcançado essa façanha. O Flamengo venceu por 2×1, com dois gols do ídolo Zico. No lance mais polêmico, o árbitro Hélio Corso marcou pênalti uma bola que bateu na mão do zagueiro Nilo. Treinado pelo cearense Aristóbulo Mesquita, o Ferroviário formou com SalvinoJorge Luís, Nilo, Celso Gavião e Ricardo Fogueira; Doca, Bibi e Nilsinho (Hélio Sururu); Ari (Haroldo), Almir e Babá. Já o time carioca venceu com Raul, Toninho, Rondinelli, Marinho e Júnior; Carpegiani, Adílio e Zico; Reinaldo, Tita (Andrade) e Carlos Henrique. Há alguns anos, essa memorável partida do Ferroviário virou até crônica intitulada ‘Dias de Glória no Maraca´, publicada numa das dez edições da Expresso Coral, revista oficial do Ferrão distribuída nas bancas de revistas entre janeiro de 2008 e abril de 2010. Depois desse jogo histórico contra o Flamengo de Zico, cujo os três gols do jogo você confere no vídeo abaixo, o Ferrão chegou a jogar apenas mais duas vezes no Maracanã, uma contra o próprio Flamengo em 1982 e a outra contra o Botafogo/RJ, em 1983. Curiosamente, coube ao próprio Almir marcar o gol do Tubarão da Barra na partida de 1983, se tornando até hoje o único jogador do clube a assinalar gols naquele que era o maior estádio do mundo. No jogo de 1982, sem Almir em campo, nenhum gol foi marcado pelo Tubarão da Barra.

UM CLÁSSICO DAS CORES ANTOLÓGICO PRA NUNCA ESQUECER

Clássico das Cores antológico do campeonato cearense de 1978 terminou em disputa de pênaltis

Houve um tempo em que o campeonato cearense arrebatava multidões. Disputado em apenas quatro meses – algo muito semelhante com o tempo de duração dos estaduais hoje em dia – o certame alencarino de 1978 foi um sucesso de bilheteria. Não à toa, aquela temporada registra até hoje a maior média de público da história coral. O futebol local vivia uma época de ouro e clássico era sempre disputado no melhor estádio disponível. Ferrão e Fortaleza protagonizaram, no Castelão, a final do 2º turno do Estadual de 1978 e 30.407 pagantes compareceram ao jogo naquela tarde/noite de 29 de outubro. A partida foi arbitrada pelo carioca Luís Carlos Félix. Depois de um 0x0 nos noventa minutos, as duas equipes disputaram mais trinta minutos de prorrogação e o placar eletrônico do Castelão teimou em não se movimentar. Pelo regulamento da competição, a decisão foi para o pênaltis e o Clássico das Cores, ou o “Ferrofort“, como era também chamado na ocasião, escrevia nas páginas da história um de seus momentos mais antológicos. O Fortaleza levou a melhor vencendo por 5×4 e comemorou com muita emoção. O Tubarão da Barra, que já tinha vencido o 1º turno, lamentou o desfecho da grande final do returno e seguiu em frente na competição. O Ceará ganhou o último turno e as três equipes foram para o ´Super Turno`, ficando o alvinegro com o histórico tetracampeonato estadual, aquele do gol do Tiquinho.

Veterano goleiro Gilberto, ex-Santa Cruz/PE, foi o goleiro coral naquela disputa de pênaltis

Toda vez que um Clássico das Cores se realiza, como o de hoje pelo campeonato estadual de 2020, os comandantes do futebol cearense deveriam lembrar dos grandes jogos na história e organizar a competição com mais atrativos e menos aberrações. Mas isso aí é outro assunto. Vale mais o registro histórico de um clássico inesquecível para quem estava no Castelão naquele domingo de 1978, como o Prof. Valdinar Custódio, falecido já há muito tempo, mas que sempre comentava sobre essa derrota dolorosa em suas memórias orais durante saudosos bate papos na roda de jovens amigos de seus filhos, entre eles, este blogueiro, sempre presente e atento a tudo que ele contava. Talvez, lá no céu, ele já tenha perdoado o lateral Ricardo Fogueira por perder a segunda cobrança. Treinado por Lucídio Pontes, o Ferrão jogou com Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O tricolor, do técnico Moacyr Menezes, ganhou com Lulinha, Pepeta, Chevrolet, Celso Gavião e Dudé; Otávio Souto, Lucinho (Batista) e Bibi; Haroldo (Delmo), Geraldino e Da Costa. O Ferrão iniciou os penais com Jorge Bonga. Ricardo Fogueira perdeu a segunda cobrança e, em seguida, Doca, Babá e Paulo Maurício converteram suas finalizações. O Fortaleza acertou todos os chutes na seguinte ordem: Bibi, Da Costa, Delmo, Dudé e Celso Gavião. Por ironia do destino, o zagueiro Celso, três meses depois, foi contratado pelo Ferrão e tornou-se um dos grandes ídolos da história coral. Reviva  aquele momento mágico na memória dos Clássicos das Cores escutando o áudio abaixo. Resgatamos a histórica transmissão dos gols na disputa de pênaltis na voz de Gomes Farias, Bezerra de Menezes e Edvaldo Pereira, durante a transmissão da Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Um registro antológico de um clássico antológico.

NUM 2 DE MARÇO COMO HOJE, FERRÃO APRESENTAVA CAVALHEIRO

Cavalheiro com Joseoly Moreira

Foi no dia 2 de março de 1968. Há 52 anos, o Ferroviário Atlético Clube apresentava no Elzir Cabral, ainda em estágio de construção, o seu novo goleiro para a temporada estadual. Tratava-se de Cavalheiro, ex-arqueiro do Internacional/RS e do Vasco da Gama/RJ, que vinha de uma passagem internacional pelo tradicional Deportivo Lara da Venezuela. Indicado pelo diretor Joseoly Moreira, que o trouxe do Rio de Janeiro, e chancelado pelo ídolo Pacoti, que o conhecia das categorias de base da equipe carioca, o novo guarda-valas do clube estreou num amistoso contra a equipe do Sonda, campeã da segunda divisão cearense. Treinado por Ivonísio Mosca de Carvalho, o Ferrão atuou naquela tarde com o futebol de Edilson José (Cavalheiro), Capturas, Jurandir, Gomes e Barbosa; Coca Cola (João Carlos) e Edmar; Paraíba (Lucinho), Mano, Ademir e Raimundinho. O Sonda jogou com Martini, Cabeleira, Dedé, Azul e Pedro; Luizinho (Zé Maria) e Zé Nilton; Edilson, Eliézer, Adão e Louro. O jogo foi 1×1. O pernambucano Ademir marcou o gol coral. Louro empatou para o Sonda. Aquele grupo coral sagrou-se, ao final da competição, o grande campeão cearense invicto. Cavalheiro reside atualmente no Rio Grande do Sul. Há seis anos, esteve em Fortaleza depois de muitas décadas e reencontrou alguns de seus ex-companheiros numa noite de muita emoção.