O FERRÃO DE DOIS AMISTOSOS HISTÓRICOS CONTRA O SÃO PAULO

Ferroviário em janeiro de 1958 – Em pé: Antônio Limoeiro, Jaime, Nozinho, Manoelzinho, Macaúba e Eudócio; Agachados: Durval Cunha (Treinador), Macaco, Pacoti, Doca, Kitt e Zé de Melo

Em janeiro de 1958, o futebol cearense aguardava ansiosamente a excursão do São Paulo/SP por terras alencarinas. No dia 19 daquele mês, o tricolor paulista entrou em campo, no PV, para enfrentar o Ferroviário. A fotografia acima registra a equipe coral que começou a partida, diante de uma multidão presente nas arquibancadas do velho estádio. O ídolo Pacoti atuava pelo Sport/PE e foi cedido por empréstimo somente para esse grande confronto. A mesma coisa ocorreu com o atacante Doca, cedido pelo Usina Ceará. Treinado por Durval Cunha, o Ferroviário tinha nomes como o goleiro Jaime, ex-Botafogo/BA, os famosos Macaúba e Macaco, além do excelente Kitt. O time coral perdia por 2×1 e alcançou o empate no último minuto do jogo através de Pacoti. O craque Zé de Melo havia marcado o primeiro gol. Amaury e Gino assinalaram para a equipe paulista, treinada pelo húngaro Bela Gutman, e que formou com Paulo, De Sordi (Clélio) e Mauro; Sarará, Vitor e Ribeiro; Rubino, Amaury, Gino, Canhoteiro e Maurinho (Celso). O gol de empate no final do jogo motivou o São Paulo a pedir uma revanche e ela aconteceu quatro dias depois mediante grande expectativa na cidade. A nova partida reservaria momentos de violência, agressões, prisão e muito confusão no PV, mas isso é assunto para uma futura postagem.

ANIVERSÁRIO DE UMA VIRADA SENSACIONAL E HISTÓRICA EM 1946

Charutinho: 2 gols no jogo

Um resultado histórico na trajetória do Ferroviário completa hoje aniversário. No dia 30 de junho de 1946, em jogo válido pelo 2º turno do campeonato cearense daquele ano, o time coral perdia para o Luso por 1×0, gol de Dudu, até os 32 minutos do segundo tempo. Nos treze minutos finais, o Ferrão marcou simplesmente cinco gols, selando uma virada e uma goleada sensacional, que rendeu muitos abraços entre os torcedores e comemorações no estádio Presidente Vargas. Foram dois gols do centroavante Charutinho, que trabalhava paralelamente como alfaiate, além de tentos de Benedito, Toinho I e Almeida. O árbitro daquele jogo foi Rolinha, pai do futuro jogador coral Kitt e avô do médico Sérgio Rôla, que atualmente ocupa cargo importante no Conselho Deliberativo do Ferroviário. Treinado pelo lendário Valdemar Caracas, o time erreveceano formou com Zé Dias, Caranguejo e Manoelzinho; Benedito, Dandoca e Babá; Toinho I, Chinês, Charutinho, Almeida e Pipi. Como se vê, nota-se a presença nessa formação de muitos nomes lendários em nossa história. O Luso, equipe já extinta do futebol cearense, jogou com Rai, Zé Milton e Motor; Rolinha, Enéas e Azevedo; Gerson, Dudu, Zecapinto, Purunga e Zuzinha. Naquela temporada, o Ferroviário Atlético Clube defendia o título, pois era o campeão cearense de 1945, primeira conquista relevante na gloriosa trajetória coral no futebol cearense. 

DR. KITT PARA SEMPRE NA MEMÓRIA DO FERROVIÁRIO ATLÉTICO CLUBE

Dr. Kitt, aos 72 anos de idade, em entrevista para a revista oficial Expresso Coral no ano de 2008

Infelizmente, o fim de semana trouxe uma notícia nada boa. O querido Cristiano Válter de Moraes Rôla, ou carinhosamente ´Doutor Kitt`, faleceu em Fortaleza. O ex-atacante do Ferroviário Atlético Clube entre as temporadas de 1956 e 1965 partiu para outro plano e assistirá agora do céu aos jogos do seu ex-clube. Após pendurar as chuteiras, Kitt seguiu uma belíssima carreira na medicina e chegou a ser médico do próprio Ferroviário em algumas oportunidades. No ano de 2008, ele foi o entrevistado na seção ´Craque do Passado` na segunda edição da então revista oficial do clube, intitulada de ´Expresso Coral`. Apesar de nunca ter conquistado o título de campeão estadual, participou de momentos muito importantes para história do clube, como por exemplo quando assinalou o primeiro gol na inauguração do gramado na Barra do Ceará numa partida de veteranos. Em seus últimos anos de vida, o ex-jogador coral continuou exercendo a profissão de médico, além de ser também um premiado pecuarista.

Dr. Kitt sobe de cabeça e assinala mais um importante gol para o Ferroviário na década de 1960

Doutor Kitt era filho de um grande desportista, o famoso Rolinha, um dos árbitros mais conhecidos da história do futebol cearense, além de ser também irmão do Doutor Bill, ex-jogador do Ceará, dentista e aficionado por Futebol de Mesa. O amor pelo futebol também foi passado de pai para filho na geração seguinte e o filho do ex-atacante coral, o também médico Sérgio Rôla, aderiu à paixão de torcer pelo Ferroviário, se notabilizando como atuante conselheiro e uma pessoa que nunca negou apoio ao clube, especialmente nos momentos mais difíceis de sua história recente. Além de defender as cores do Tubarão da Barra. Dr. Kitt vestiu a camisa do Calouros do Ar e do Sport/PE. No Ferrão, foram 197 jogos e 42 gols marcados. Descanse em paz.

FOTO HISTÓRICA DE UM TIME QUE HUMILHOU O CAMPEÃO DE 1957

Ferroviário Atlético Clube em 1957 – Em pé: Manoelzinho, Macaúba, Eudócio, Ferreira, Nozinho e Gilvan; Agachados: Zé de Melo, Macaco, Pacoti, Kitt, Fernando e o treinador Durval Cunha

O retrato de hoje é bem antigo e foi tirado antes do início de uma partida amistosa entre Ferroviário e Ceará, marcada como entrega de faixas de campeão cearense de 1957 para a equipe alvinegra. O time coral não entrou pra brincadeira e fez 4×0 no placar, com gols dos eternos ídolos Pacoti, Zé de Melo e Macaco. O atacante Pacoti, que depois jogaria no Vasco/RJ e no Sporting de Portugal, marcou duas vezes. O jogo teve o maranhense Sandoval Ramos no apito e foi realizado no PV. Apesar de mostrar nomes consagrados na história coral como Manoelzinho, Macaúba, Nozinho, Kitt, Fernando e os autores dos gols, essa foto traz uma raridade: na meta coral, o goleiro Gilvan, ex-Gentilândia e Ceará. Isso aconteceu em apenas quatro oportunidades na carreira do ex-goleiro, que depois foi técnico do próprio Ferroviário em 1974. José Gilvan Lemos Dias também foi cronista esportivo e, na década de 1980, comentava jogos do futebol cearense, sempre exibidos na TVE, aos domingos à noite. Em 10 de julho de 2007, Gilvan faleceu em Fortaleza vítima de problemas cardíacos.

REGISTRO DO DR. KITT RECEBENDO O LAUREADO TROFÉU BELFORT DUARTE

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Kitt recebendo o prêmio Belfort Duarte das mãos do árbitro Raimundo da Cunha Rôla

Em mais uma publicação da categoria ´Retratos`, o Almanaque do Ferrão presta uma justa homenagem ao famoso Dr. Kitt, ex-atacante do Ferroviário Atlético Clube entre 1956 e 1965, que abraçou uma belíssima carreira na medicina após pendurar as chuteiras. Na foto, ele recebe o Troféu Belfort Duarte das mãos do famoso árbitro Rolinha. A premiação era concedida no futebol brasileiro para jogadores que tivessem em suas carreiras uma longa sequência de jogos oficiais sem sofrer expulsões. Click mais que histórico.

JOGADORES LENDÁRIOS EM RESGATE DE FOTO TIRADA HÁ 54 ANOS

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Formação do Ferroviário que derrotou o Usina Ceará por 4×2 no dia 28 de maio de 1961

Resgatamos hoje uma foto histórica com mais de 50 anos de existência, de 28 de maio de 1961, no PV, tirada antes de uma partida do Ferroviário Atlético Clube contra o Usina Ceará. Nela, vê-se jogadores lendários do clube como Aldo, Damasceno, Garrincha, Edilson Araújo e Wellington, além do atacante Kitt, que se formou em odontologia depois que pendurou as chuteiras. Naquela temporada, o clube já amargava um jejum de 9 anos sem conquistar o título de campeão cearense e tinha Isidoro Pessoa na presidência coral. Detalhe para o padrão diferente do uniforme do Ferrão, com as tradicionais listras colocadas apenas na manga das camisas, a presença do goleiro paraibano Augusto, ex-Náutico/PE, que defendeu o clube em apenas 37 partidas, e o anúncio da loja de material esportivo `O Crack` com a escalação do time. Diretamente dos alfarrábios do Almanaque do Ferrão.

O DIA QUE O MONTEVIDEO WANDERERS VISITOU O FERRÃO

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Ferroviário e Montevideo Wanderers posam para foto história no Presidente Vargas

Já faz quase 60 anos que o Ferroviário recebeu a visita de uma das mais tradicionais equipes do futebol uruguaio. Em 14/7/57, o time coral ainda não era chamado de Tubarão da Barra e vivia sob a alcunha de ´clube das temporadas` por sempre prosperar contra times que excursionavam pelo nordeste. O jogo no acanhado PV contra o Montevideo Wanderers foi muito disputado, mas acabou mesmo no 0x0 apesar da atuação soberba das agremiações. Sem dúvida foi um amistoso que está até hoje na memória dos dirigentes e jogadores da época.

Era apenas o jogo de número 571 da história coral e olhe que já se vão 3492 no total até hoje. Sob o comando de Durval Cunha, conhecido treinador de equipes nordestinas nos anos 50, o Ferrão disputou o amistoso com Jairo, Manoelzinho (Lolô) e Nozinho; Renato, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Macaco, Aldo e Fernando, uma onzena quase inteira profundamente identificada com o clube em razão dos vários anos que a grande maioria desdes jogadores defenderam a camisa coral, algo raro de se ver no futebol moderno.

Escudo_Montevideo_Wanderers_FCO presidente do Wanderers chamava-se Luis Alberto Castagnola. Os bohemios, como são conhecidos no futebol sulamericano, jogaram contra o Ferroviário com o futebol de Enriquez, Sosa e Tejera; Aude (Vasquez), Barrios e Mendez; Rumbo, Andrada, Sanabraia (Baska), Moscarelli (Gimenez) e Rial. Numa época de pouca eficiência nas comunicações, os produtores do amistoso anunciaram o Montevideo Wanderers como vice-campeão do país, fato este noticiado equivocadamente por todos os jornais de Fortaleza. Na verdade, a dupla Nacional e Penãrol comandava o futebol uruguaio naquele período e os bohemios ocupavam um papel apenas coadjuvante. Na mais recente temporada uruguaia 2013/14, depois de quase 30 anos, o Wanderers figurou como grata surpresa entre os finalistas do campeonato, perdendo a final para o Danúbio e provando que no futebol não há sentença de morte definitiva, quem parece morto uma hora reaparece até mais forte.