LENDÁRIO EMBATE CONTRA A PONTE PRETA E CONSAGRAÇÃO DE SALVINO

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Foi num 2 de março como hoje. Em 1980. Treinado pelo cearense Aristóbulo Mesquita, ex-jogador do Flamengo/RJ, o Ferroviário enfrentou a Ponte Preta/SP dentro do seu estádio em Campinas e arrancou um empate com gosto de vitória, numa tarde que consagrou o goleiro Salvino, com pelo menos 6 defesas de pagar o ingresso dos 8.336 expectadores. O 0x0 no placar foi heróico diante de um adversário que naquela época tinha grandes jogadores, costumava figurar entre os finalistas do campeonato paulista e que fazia boa campanha naquela edição na elite do campeonato brasileiro. Foi apenas o jogo 1.740 da história coral e olhe que hoje já se vão quase 3.550 embates, razão pela qual o Almanaque do Ferrão resgata detalhes daquela partida que faz aniversário.

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Nilo: grande partida

Foi a primeira partida oficial do zagueiro Nilo, contratado junto ao Tiradentes/CE. Ele, que ficou vários anos no clube e chegou a 244 jogos com a camisa do Ferrão, atuou de forma primorosa. Teve também o zagueiro paid´égua Artur, ex-Ceará, improvisado de volante, e um centroavante chamado Hélio Sururu, que brilhou no futebol paraibano, mas que na Barra não foi lá essas coisas todas. No time de Campinas, treinado por Zé Duarte, o goleiro era Carlos, titular da seleção brasileira na Copa de 86, além dos craques Osvaldo e Marco Aurélio na meia cancha e do lateral Edson, que também chegou a vestir a camisa da seleção canarinha. Foi um jogo difícil, no qual o lateral Jorge Henrique foi um dos maiores nomes em campo, ao lado do arqueiro coral que definitivamente roubou a cena naquela tarde.

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Salvino com a camisa do Ferrão

A atuação espetacular de Salvino lhe valeu um bicho extra de 2 mil cruzeiros por parte do diretor Moacir Pereira Lima, além dos outros 3 mil cruzeiros pagos para cada jogador que participou daquele jogo inesquecível. O goleiro coral foi parabenizado até pela diretoria da Ponte Preta. Repare na formação do Ferroviário: Salvino, Jorge Henrique, Nilo, Celso Gavião e Ricardo Fogueira (Doca); Artur, Bibi e Jacinto (Hélio Sururu); Ari, Almir e Nilsinho. O adversário atuou com Carlos, Toninho Oliveira, Orlando Fumaça, Eugênio e Odirlei; Humberto, Marco Aurélio e Osvaldo; Parraga (Edson), Ademir e João Paulo. Giose do Couto apitou a partida no estádio Moisés Lucarelli, naquela que deve ter sido a maior apresentação de Salvino Damião Neto defendendo o futebol cearense, ele que vestiu ainda as camisas do Fortaleza, Ceará e Tiradentes. O ex-goleiro ficou no clube até o final de 1981 e conquistou dois vice-campeonatos estaduais pelo Ferrão, totalizando 111 jogos com a camisa  coral. Salvino trabalhou até ano passado como treinador de goleiros do Fortaleza. Atualmente, aos 60 anos de idade, ele passa por sérios problemas de saúde e conta com a torcida de todos os desportistas cearenses.

JOGARAM NOS ADVERSÁRIOS E ENCONTRARAM PORTAS ABERTAS

O vídeo acima apresenta o gol da vitória coral contra o Ceará na narração do competente Brenno Rebouças, semana passada, na estreia de ambos na Taça Fares Lopes, competição cearense que movimenta os clubes no segundo semestre. O tento foi marcado pelo atacante Rinaldo, 40 anos de idade, no melhor estilo da velocidade que o caracterizou há poucos anos como ídolo do Fortaleza em mais de 100 gols assinalados. Rinaldo é certamente o jogador de mais idade que passou por Ceará ou Fortaleza e que depois encontrou guarida no Ferroviário. Que brilhe na Barra como vários outros o fizeram. O Almanaque do Ferrão recorda os principais casos. São mais de 50 nomes. Alguns internautas sentirão saudades, outros podem até sentir dor de cabeça ao recordar certos atletas, mas vale a pena a confecção da lista abaixo.

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Artur do Carmo: zagueirão pai d´égua

Por ordem alfabética, recorde alguns jogadores que se destacaram no Ceará e que depois atuaram pelo Ferroviário em suas respectivas temporadas: Aírton (1993), Arlindo Maracanã (2011), Argeu (1993), Artur (1979), Daniel (1972), Djalma (1988), Erandy (1975), Erasmo (2000), Expedito Chibata (1965), Guilherme (1959), Ivanildo (2002), Jangada (1981), Januário (2003), Jéfferson (2006), João Carlos (1967), Jorge Costa (1974), Juju (1951), Luciano Oliveira (1974), Marcos do Boi (1967), Marquinhos Capivara (1993), Mastrillo (1998), Magela (1977), Paulo Tavares (1974), Ramon (1984), Roberval (1994), Samuel (1974), Sérgio Alves (2006), Wanks (1994), Wolney (1987), Zezinho (1970) e Zezinho Fumaça (1971).

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Laterais Paulo Maurício e Rôner

Do Fortaleza, ganharam destaque e depois passaram pelo Tubarão da Barra os seguintes nomes: Adílton (1985), Alexandre (1986), Birungueta (1971), Caetano (1989), Celso Gavião (1979), Cícero Capacete (1979), Da Silva (1988), Eliézer (1997), Facó (1967), França (1939), Geraldino Saravá (1980), Gilmar Furtado (1990), Haroldo (1981), Jombrega (1940), Jorge Pinheiro (1994), Louro (1969), Mano (1968), Maradona (2001), Mozart (1966), Lupercínio (1986), Luizinho das Arábias (1985), Nélson (1985), Paulo Maurício (1978), Rôner (1981), Sérgio Monte (1985), Solimar (1998) e Zé Félix (1939).

VÍDEO RARO DE VITÓRIA CORAL NO CAMPEONATO CEARENSE DE 1978

O vídeo mais antigo do Ferroviário no YouTube mereceu destaque do blog em postagem no mês de outubro do ano passado. Tratava-se do confronto contra o Ceará no dia 26 de novembro de 1978, vitória alvinegra pelo placar de 1×0. Para a surpresa de todos, no mês passado, caiu na rede outro vídeo exatamente do mesmo ano, novamente contra o Ceará, só que de uma partida realizada em 8 de outubro. Dessa vez, vitória coral por 2×1 e um show de imagens que mostram jogadores emblemáticos como Ricardo Fogueira, Jorge Bonga, Paulo César e Babá em ação com a camisa coral. A dica partiu do internauta Charles Garrido, um dos maiores entusiastas das atualizações do Almanaque do Ferrão, que entrou em contato por mensagem para avisar a boa nova.

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Presidente do Ferrão: Célio Pamplona

As imagens do vídeo não mostram a expulsão do zagueiro Lúcio Sabiá, que deixou o time coral com um homem a menos durante a maior parte do jogo. Também não mostram o pênalti claro do goleiro Procópio cometido em cima de Paulo César. Porém, mostram a reclamação contra a arbitragem e o destempero do dirigente alvinegro Antônio Góes, que na intempestividade de sua juventude, deu um soco no árbitro Leandro Serpa ao reclamar de uma expulsão claramente acertada após falta violenta em cima do ponta esquerda Babá. A agressão valeu a punição de um ano ao dirigente. Era o jogo 1.633 da história coral, assistido por 19.687 pagantes. O Ferrão, que já havia vencido o 1º turno, marchava célere para a conquista do returno, porém caiu na disputa de pênaltis na final contra o Fortaleza realizada três semanas depois, uma grande injustiça para o ótimo time montado pelo presidente Célio Pamplona, que tinha em sua diretoria nomes inesquecíveis como Ruy do Ceará, Elzir Cabral, José Rego Filho, Chateaubriand Arrais, Telmo Bessa e Mário Picanço.

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Experiente Gilberto: goleiro coral em 1978

Repare na excelente formação do Ferroviário, treinado pelo competente Lucídio Pontes: Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Ceará, do técnico Sebastião Leônidas, lendário ex-zagueiro do Botafogo/RJ, jogou com Procópio, Tércio, Pedro Basílio, Artur e Dodô; Edmar, Danilo (Júlio) e Erasmo; Jangada, Ivanir (Mickey) e Tiquinho. Na formação alvinegra, dois grandes atletas formados no próprio Ferroviário: Edmar e Danilo Baratinha. E ainda três nomes que vestiriam depois a camisa coral: Procópio, Artur e Jangada. Os gols do Ferrão foram do meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, e do ponta direita Marcos, ex-São Paulo/SP. Na meta coral, a tranquilidade do experiente Gilberto, que marcou época em Pernambuco como goleiro pentacampeão pelo Santa Cruz/PE e posteriormente como descobridor de Rogério Ceni enquanto treinador de goleiros do São Paulo/SP. Nomes de um grande time, que fez um grande campeonato, o que apenas confirma o dado de maior média de público da história do Ferroviário pertencer justamente ao grupo de dirigentes e jogadores que disputaram o campeonato cearense de 1978. Para sempre lembrados.

EX-TREINADOR DO FERROVIÁRIO FALECEU NA MADRUGADA DE HOJE

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Salvador em dois momentos: como zagueiro do Vila Nova/GO e treinador de futebol

Lamentável a morte repentina de Salvador Barbosa ocorrida no início do dia. O ex-técnico do Ferroviário deixa órfãos dezenas de garotos que treinavam diariamente sob seu comando no projeto social realizado no belíssimo Campo do América, no bairro do Meireles, em Fortaleza.

Nascido no Rio Grande do Sul, o ex-zagueiro Salvador chegou no futebol cearense em 1976 para defender o Fortaleza. No dia 12 de junho daquele ano, formou com o também já falecido Artur a dupla de zaga do tricolor que venceu por 4×2 o Ferroviário, em jogo válido pelo 2° turno do campeonato cearense. Foi a única vez que Salvador Barbosa enfrentou o Tubarão da Barra enquanto jogador de futebol.

Em 2005, Salvador foi treinador do Ferroviário na Série C do Campeonato Brasileiro e realizou boa campanha. O time coral caiu no mata-mata para o América/RN em duas partidas bastante equilibradas pela segunda fase da competição. Na Barra, foram apenas 10 jogos no comando coral, sendo 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas. Por um capricho do destino, Salvador Barbosa teve o privilégio de comandar seu próprio filho no Ferroviário, o também zagueiro Cléber Vinícius. Ambos deixaram o clube ao final do Brasileiro.