VÍDEO RARO COM GOLS DE PARTIDA DECISIVA NO ESTADUAL DE 1985

O vídeo acima é mais uma raridade para o torcedor coral. Trata-se dos gols da grande vitória do Ferrão em cima do Fortaleza no primeiro jogo da decisão do 2º turno do Campeonato Cearense de 1985. Realizado exatamente num 8 de dezembro como hoje, o Tubarão fez 3×1 no placar com dois tentos do artilheiro Luizinho das Arábias e um gol do zagueiro Arimatéia. O time coral venceu naquele domingo com o futebol de Serginho, Vassil, Arimatéia, Nilo (Zé Luís) e Válter; Nélson, Doca (Foguinho), Arnaldo e Denô; Cardosinho e Luizinho das Arábias. Zé Mário era o técnico do Ferrão. Treinado pelo lendário Pepe, o Fortaleza perdeu com Salvino, João Carlos, Gilmar Furtado, Cláudio Marques e Agnaldo; Tadeu, Ribamar e Tangerina; Gilson, Maciel (Amilton Rocha) e Adílson Heleno. Dois dias depois, numa terça-feira à noite, as duas equipes jogaram novamente e o Ferroviário garantiu o título do turno com um empate em 0x0, em partida cujo áudio extraído da transmissão de emissoras de rádio já mereceu especial destaque aqui no blog. Em razão de imbróglios jurídicos que terminaram no STJD, a decisão do 2º turno ficou suspensa por alguns meses e acabou ocorrendo na exata semana da decisão do 3º turno, coincidentemente entre as mesmas equipes. Como o Ferrão já tinha faturado um turno e o Ceará havia vencido o 1º turno, o extra-campo pesou a favor do Fortaleza e nos dois novos jogos decisivos realizados na quinta-feira, dia 12, e no domingo, dia 15, a arbitragem deu um jeito de dar o 3º Turno ao Tricolor do Pici e colocá-lo no triangular final. A armação atuou no dia 12, quando um gol legítimo de Luizinho das Arábias foi inexplicavelmente anulado e deixou o placar novamente no 0x0, enquanto que no dia 15, um pênalti inexistente foi marcado para Adilson Heleno fazer 1×0 para o Fortaleza, que acabou campeão estadual no triangular decisivo. Aquele ano de 1985 ficou conhecido como o Campeonato Cearense mais escandalosamente roubado em todos os tempos!

ADEMIR PATRÍCIO RECORDA SUA PASSAGEM PELO FUTEBOL

Na semana passada, o podcast “Mano a Mano” no YouTube entrevistou o ex-jogador Ademir Patrício diretamente de Santa Catarina. Entre 1990 e 1991, ele atuou no Ferroviário no total de 54 partidas. Foram 15 gols com a camisa coral no período. No bate-papo com os irmãos Daniel Sylvio e David Barboza, Ademir Patrício recorda sua passagem pelo futebol brasileiro, e em especial, seu período no futebol cearense onde defendeu também Ceará, Fortaleza e Tiradentes. O catarinense recorda o trio de sucesso que fez com os atacantes Magno e Jorge Veras no Ferrão, além de destacar na memória uma vitória contra o Fortaleza em que ele marcou o primeiro gol do jogo. Ademir Patrício conta também sobre o difícil momento que foi encontrar o corpo do ex-goleador Luizinho das Arábias em maio de 1989, quando ambos atuavam pelo Remo/PA. A conversa com ex-jogador do futebol cearense durou cerca de 90 minutos e vale a pena ser conferida pelo torcedor coral.

ÓTIMO DOCUMENTÁRIO SOBRE O ÍDOLO LUIZINHO DAS ARÁBIAS

Luizinho das Arábias conseguiu o feito de ser ídolo em duas equipes rivais no futebol cearense. Primeiro, jogando pelo Fortaleza, em 1983, quando foi peça-chave para o título estadual conquistado em cima do próprio Ferroviário. Dois anos depois, foi o camisa 9 de um dos maiores times formados pelo Tubarão da Barra na história e marcou gols em cima do ex-clube. Foi o artilheiro máximo do Campeonato Cearense com 24 gols. Na temporada de 1986, foi vice-artilheiro do certame com 18 gols, mesmo saindo e voltando de um empréstimo para o XV de Jaú no meio da competição. Após o Estadual, voltou a defender pela última vez a camisa do Fortaleza no Campeonato Brasileiro de 1986. Se despediu do Ferrão em definitivo com uma nova passagem em 1988, quando disputou somente o 1º turno e eternizou seu nome na galeria dos jogadores campeões pelo Ferrão. O documentário acima é uma jóia rara, pois apresenta imagens praticamente inéditas do ex-jogador, inclusive registros dramáticos da cobertura jornalística de sua morte em Belém, em maio de 1989. O canal Tricolistas está de parabéns pela produção do material e, rivalidades à parte, faz por merecer a postagem aqui no blog, afinal, Luizinho das Arábias não foi ídolo somente do Fortaleza ou do Ferroviário, e sim, do futebol cearense como um todo.

LUIZINHO DAS ARÁBIAS VOLTA A TER A MELHOR MÉDIA DE GOLS

O ídolo coral Luizinho das Arábias continua brilhando na trajetória do Ferrão. Dois anos atrás, a sua marca de melhor média de gols na história coral havia sido derrubada pelo artilheiro Edson Cariús, destaque nas temporadas de 2018 e 2019. De regresso ao clube em meados de 2021, o artilheiro no título brasileiro de 2018 marcou menos gols que o esperado e sua média acabou diminuindo no parâmetro histórico, apontando atualmente um total de 78 jogos com a camisa coral e 51 gols, o que define uma média de 0,65 gols por jogo, inferior ao patamar de 0,75 alcançado em 2019. Falecido em 1989, Luizinho das Arábias fez 75 jogos e assinalou 54 gols, o que garantiu ao artilheiro carioca a marca de 0,72 gols por partida. Sim, a melhor da história. De volta ao topo. O futuro é incerto e obviamente Edson Cariús tem condições de reverter novamente o quadro caso continue no clube ou retorne em algum outro período. Até lá Luizinho das Arábias continuará reinando na história.

O DOMINGO QUE LUIZINHO E FOGUINHO ACABARAM COM O ICASA

O vídeo raro acima e a foto abaixo registram um momento glorioso do Ferroviário no Campeonato Cearense de 1985. Devidamente resgatados pelo Almanaque do Ferrão, ambos eternizam um grande momento coral naquele ano. Foi num 25 de agosto como hoje, um domingo à tarde, quando o time coral enfrentou o Icasa, no PV, em jogo válido pelo 2º turno do Estadual. Sob o comando do treinador Caiçara, o Tubarão da Barra massacrou o adversário com três gols do atacante Foguinho e dois gols do artilheiro Luizinho das Arábias. A onzena coral formou com Wálter, Laércio, Arimatéia, Léo (Joãozinho) e Edson; Doca, Alex e Arnaldo; Carlos Antônio (Cardosinho), Luizinho das Arábias e Foguinho. Treinado por Catolé, a equipe de Juazeiro do Norte perdeu com Jurandir, Brás, Gena, Zé Carlos e Evandro; Garrinchinha, Bodó e Nicássio; Haroldo (Amilton), Geraldino Saravá e Reginaldo Barbalha. O jogo teve Hílton Alcântara na arbitragem e contou com um público de 1.962 pagantes. A maior curiosidade do jogo aconteceu logo quando o Ferrão entrou em campo. O volante alagoano Alex e o ídolo Luizinho das Arábias rasparam totalmente o cabelo e atuaram com um novo visual, fato este destacado nos noticiários esportivos da época. Posteriormente, Alex foi jogar em Portugal e fixou residência por lá. Aos 63 anos de idade hoje em dia, ele é pai de dois filhos que também jogam futebol no país lusitano já que ambos têm dupla nacionalidade. Luizinho das Arábias faleceu em maio de 1989. Outro destaque da partida, o ponta Foguinho parece ter se desligado completamente do futebol. É provável que tenha se mudado para Luz, sua cidade natal em Minas Gerais. O blog agradece qualquer contribuição sobre o paradeiro do ex-craque coral.

Alex, Luizinho das Arábias, Cardosinho e Doca comemoram mais um gol do Ferrão contra o Icasa

REGISTRO DE UMA FORMAÇÃO DO FERRÃO NO ESTADUAL DE 1985

Ferroviário Atlético Clube no Estádio Romeirão em 1985 – Em pé: Laércio, Arimatéia, Walter, Nélson, Joãozinho e Léo; Agachados: Arnaldo, Nildo, Alex, Luizinho das Arábias e Adílton

O registro fotográfico acima foi feito no Estádio Romeirão, em Juazeiro do Norte, antes de um jogo válido pelo Campeonato Cearense de 1985, contra o Guarani. O Tubarão da Barra apresentava algumas caras recentemente contratadas para a competição, como o zagueiro Léo e o atacante Nildo, ambos oriundos do Remo/PA. Na defesa daquele jogo, o zagueiro manauara Joãozinho acabou jogando improvisado na lateral esquerda, já que o titular Clésio estava contundido. Ele tinha boa reputação em suas passagens pelo Fast/AM e pelo Nacional/AM em temporadas anteriores. O meio campista Alex, ex-Náutico/PE, era o pulmão da equipe. Infelizmente, terminou se contundido seriamente no joelho e precisou ser operado. O craque Adílton, já em final de carreira, era o toque de classe daquela onzena, que tinha na frente o artilheiro do campeonato, o implacável e ídolo histórico Luizinho das Arábias. No meio campo, o Ferrão contava ainda com o talento de Arnaldo, que fazia apenas a sua segunda apresentação oficial com a camisa coral. No banco desse time, os pontas Cardosinho e Foguinho. Ambos acabaram entrando no segundo tempo. O jovem Nildo, centroavante de origem, anos depois jogou muito bem com a camisa do Grêmio/RN e, na temporada de 1997, atuou pelo Ceará. Após o Estadual de 1985, o serelepe Arnaldo deixou o clube, mas voltou para ser campeão em 1988. O time do Ferroviário de 1985 era excelente e competitivo. Esse time terminou não sendo campeão, graças a erros decisivos da arbitragem cearense em jogos cruciais da competição contra Ceará e Fortaleza. Alguma novidade?

BELA RESENHA COM O BIÓGRAFO DE LUIZINHO DAS ARÁBIAS


Vale a pena conferir o material acima. Ele foi gravado originalmente para o programa “Futebolistas“, que vai ao ar pela Rádio Assunção AM 620, aos domingos, de 10h às 12h. O registro traz uma sequência de áudios gravados pelo escritor Jackeson Lacerda, diretamente do Rio de Janeiro. Recentemente, ele lançou a terceira edição de seu livro que relata a vida e a carreira de Luizinho das Arábias, ex-atacante do Ferrão nos anos 1980. No bate papo, o biógrafo do ex-jogador recorda o dia em que Luizinho atuou ao lado de Pelé, relata fatos maravilhosos do período em que o ex-atacante atuou na Arábia Saudita, seu retorno ao futebol brasileiro, sua relação de carinho e amizade com Castor de Andrade, bicheiro e patrono do Bangu/RJ, dentre outros fatos marcantes de Luizinho no futebol cearense e paraense. O áudio da entrevista é intercalada por fotografias que compõem a obra impressa de Jackeson Lacerda. Sem dúvida, uma pérola para os apaixonados por futebol que puderam acompanhar a trajetória desse grande artilheiro do futebol brasileiro.

FERROVIÁRIO: O PATINHO FEIO DO POBRE E VELHO FUTEBOL CEARENSE

O papo hoje é sobre treta! O Canal do Nicola no YouTube disse, nacionalmente, o que muita gente em terras alencarinas já tinha certeza. Gostem ou não, o Ferroviário é tratado como “Patinho Feio” do pobre e velho futebol cearense, em seus mais de cem anos de disputas. “É mania de perseguição“, dirão os simplistas em seus argumentos, invariavelmente, simplórios. Ocorre que contra fatos não há argumentos e inúmeros acontecimentos, por vezes deixados de lado, enfileiram uma alta dosagem de artimanhas e histórias mal contadas através do tempo. No mais recente episódio, o Ferrão acabou punido e perdeu o direito de mando de campo em sua própria cidade, simplesmente porque o Castelão, estádio público onde o Ferrão manda jogos desde 1974, está reservado apenas para jogos da dupla Ceará e Fortaleza. Tudo isso em plena disputa de um campeonato brasileiro de futebol, quando todas as instituições envolvidas, inclusive o Governo, deveriam trabalhar a favor da garantia dos interesses corais, como legítimo representante do Estado na competição. Assim, o importante choque de líderes contra o Santa Cruz/PE será no Domingão, no município de Horizonte. Entre omissões, mentiras e atos sórdidos verificados longe da grande mídia, mas relatados à boca miúda nas últimas semanas, o vídeo acima do jornalista Jorge Nicola dá o tom da mais nova treta em que o Ferrão acabou metido gratuitamente.

Chicão: testemunha ocular da história

É fácil recordar inúmeros absurdos afins ocorridos no passado, até porque alguns são impossíveis de esquecer, como o fato – até pitoresco – de um time inteiro ser preso na final do campeonato cearense de 1947, depois de estar sendo vergonhosamente roubado pela arbitragem. Talvez, o cúmulo dos cúmulos. Zé Limeira, eterno torcedor-símbolo do Ferrão, morreu contando detalhes de várias finais de campeonato em que o time coral acabou prejudicado contra Ceará e Fortaleza, terminando como vice-campeão. Estelita Aguirre, outro ferrenho torcedor já falecido, foi para o céu bradando nas arquibancadas, e no rádio, que a sigla da Federação Cearense de Futebol, conhecida como FCF, na verdade, deveria significar “Federação do Ceará e do Fortaleza“. Lembram? O saudoso Chicão, supervisor coral por quase três décadas, morreu relatando histórias dos bastidores que tramaram contra o tricampeonato estadual coral em 1996. “Se o Ferroviário for Tri, o futebol cearense se acaba“, dizia ter ouvido tal pérola nos corredores da FCF, saído da boca de um dirigente do alto escalão da mentora. Histórias e depoimentos que ficam para trás, caem no esquecimento ou simplesmente viram lendas urbanas do futebol alencarino.

Luizinho e o gol anulado

É muito comum pessoas nas arquibancadas com suas histórias e tretas testemunhadas. Mais de trinta anos depois, até hoje se fala do gol mal anulado de Luizinho das Arábias contra o Fortaleza, que garantiu o adversário no triangular final do campeonato de 1985. O melhor entre os três, o Ferrão, com um verdadeiro timaço, foi o prejudicado. O presidente Caetano Bayma está vivo até hoje pra contar, com riqueza de detalhes, essa história, num dos campeonatos mais escandalosamente surrupiados em todos os tempos. Já repararam que torcedores de Ceará e Fortaleza dificilmente recordam ou relatam terem perdido uma final de campeonato cearense por causa de um erro de arbitragem? Falam pontualmente de um jogo ou outro, principalmente em partidas de campeonato brasileiro, quando são tratados como “time pequeno”, mas quase nunca falam de uma final de Estadual. É fácil ser torcedor do Ceará e do Fortaleza em âmbito local quando reina a hipocrisia. Todos os esforços convergem em favor dos dois. Alguém duvida? Quando disputam uma final entre si, a primeira providência é anunciar logo um árbitro de outra região, fato quase nunca providenciado quando o adversário da final é o Ferroviário ou outra equipe qualquer. A história está aí para provar. Referidas práticas e acontecimentos fazem parte do futebol cearense e, o pior, nos acostumamos com isso.

Panfleto da torcida coral em 2006

E o que dizer do episódio quase esquecido de 1973, quando o futebol cearense ganhou definitivamente uma segunda vaga para o campeonato brasileiro, dominado pelos interesses da ditadura militar? Quem foi o indicado pela Federação? Apesar da retrospectiva coral em campo ser superior por conta do título estadual em 1970 e das campanhas de 1971 e 1972, e não obstante o Ferroviário ter ficado com a segunda vaga provisória criada na primeira edição da disputa nacional, em 1971, depois de vencer uma seletiva local, o agraciado político com a vaga definitiva, em 1973, foi o Fortaleza, para ira dos dirigentes corais da RFFSA que só faltaram esmurrar o presidente da Federação na ocasião. O lendário Ruy do Ceará está aí para contar e os arquivos dos jornais não o deixam mentir na hora de recordar os fatos. Decisões e favorecimentos que mudam o curso da história e engradecem ou enfraquecem seus atores diretamente envolvidos. O que falar da Copa João Havelange, em 2000, que catapultou gratuitamente o Fortaleza dos vexatórios caminhos da Série C para uma nova e charmosa segunda divisão, reunindo vários times que estavam na Série B? Acesso bom é o acesso fácil. E o episódio da Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2006? Mesmo como campeão da categoria Sub-20, o Ferrão foi alijado da vaga prevista em regulamento após uma série de “mal-entendidos” envolvendo a FCF, a Secretaria Estadual da Juventude e, claro, o beneficiado Fortaleza, que viajou pra capital paulista como representante do futebol cearense. Nariz de palhaço foi pouco. Mais recentemente, em 2008, o quase nunca lembrado Caso Piva, que evitaria o “rebaixamento” do Ferrão para a Série D do Brasileiro, devidamente arquivado e sepultado. Em 2016, o episódio nefasto de um campeonato cheio de WO´s, a maioria a favor da mesma equipe. Como esses fatos, existem dezenas de outros. O problema é que as pessoas se acostumaram a esquecer.

Clóvis Dias: bicampeão e deposto

Quando o Ferroviário engrossou o pescoço na metade dos anos 1990, articulando inclusive a criação da Copa do Nordeste, negociando jogadores para times importantes do país, fazendo caixa e disputando, pau a pau, os títulos estaduais com os preferidos da audiência, deixando muitas vezes o próprio Fortaleza comendo poeira em situações pra lá de vexaminosas, partiu de dentro da cúpula maior do futebol cearense, um movimento para derrubar politicamente a presidência coral, que preparava e idealizava o clube para as mudanças que a Lei Pelé, posteriormente, acabou exigindo de todos. Até hoje, o Ferroviário paga muito caro pela forma como o presidente quase tricampeão Clóvis Dias foi deposto. Foram mais de duas décadas perdidas a partir daquela sequência de episódios que vergonhosamente envolveu até registros policiais. Ninguém pode afirmar o que seria do futuro do clube se aquele trabalho tivesse tido continuidade, mas todo mundo sabe bem o que aconteceu depois daquela sequência de fatos tramada entre o alto escalão do futebol cearense e pessoas ligadas aos intestinos corais.

Presidente Vargas em missão de salvar vidas

Na prática, todo mundo diz que gosta do Ferrão. É muito fácil dizer. É o texto preferido dos políticos e dos politiqueiros. Não se trata de pessoas em particular, muito menos de instituições, sejam elas públicas ou privadas, mas quando alguém cala diante do extravio do lícito direito do clube em mandar seus jogos  no Castelão – e a omissão é um pecado que jamais merece ser esquecido -, pactua-se sordidamente com o ´mainstream` que alicerça e faz com que as coisas sejam como sempre foram, mantendo aquele velho modelo viciado, onde todos os interesses convergem para apenas dois clubes, que se retroalimentam, inclusive financeiramente, a partir de uma respeitável rivalidade, mas que estão pouco se lixando para a realidade de que a festa recebe outros convidados e estes têm também o direito de compartilhar o mesmo espaço, principalmente quando este é público e foi construído, também, com dinheiro do contribuinte coral. Com a ausência do PV, outra casa querida e histórica, reservado para a nobre missão de salvar vidas na pandemia de Covid-19, as instituições e as pessoas que fazem o futebol cearense jamais poderiam ter dado as costas para o Ferroviário e agir como, infelizmente, procederam, sobretudo diante do simples fato do clube precisar usar o  Castelão por – apenas e meros – 180 minutos mensais. É muito? Tamanha mesquinhez deveria encher de vergonha os responsáveis, inclusive no âmbito político do Estado, pois a omissão é a pior forma de covardia. Chega a ser engraçado saber que a referida treta ficará nos arquivos e na memória apenas como mais um item perdido na galeria de relatos afins que se avolumaram com o tempo. Mais um pra conta, pode registrar. E como tantos outros, jamais será esquecido.

LUIZINHO DAS ARÁBIAS E UM GOL DA VITÓRIA CONTRA O FORTALEZA

A temporada de 1985 foi de ouro para o centroavante Luizinho das Arábias. Ele foi o artilheiro do campeonato cearense com 24 gols e um dos maiores goleadores dos Estaduais pelo Brasil, empatado com o atacante Bill, do Atlético/GO, que marcou o mesmo número de tentos. Em julho daquele ano, o nosso ídolo enfrentou seu ex-clube, o Fortaleza, e decidiu a parada em favor do Tubarão da Barra por 1×0. Acima, você confere esse gol em vídeo resgatado pelo pesquisador Zidney Marinho. Foi o primeiro gol de Luizinho em cima do tradicional adversário, fato este que se repetiu outras quatro vezes naquele certame. Treinado por Caiçara, o Ferrão bateu o Leão com o futebol de Wálter, Laércio, Arimatéia, Léo e Clésio; Nélson, Alex e Adilton; Cardosinho (Foguinho), Luizinho das Arábias e Carlos Antônio. Já o Fortaleza, comandado pelo ex-lateral direito Louro, jogou com Salvino, João Carlos, Pedro Basílio, Perivaldo e Marcelo; Wilson, Jacinto e Buíque; Amilton Rocha (Ernílson), Celso e Ribamar (Batista). Naquele domingo de vitória coral, o jogo foi arbitrado por Leandro Serpa e marcou a estreia do zagueiro Léo, contratado pelo Ferrão junto ao Remo/PA. Sob a presidência do empresário Caetano Bayma, aquela formação coral foi um dos maiores elencos já montados em toda história do Ferroviário Atlético Clube, só não sendo campeã ao final da temporada em razão de uma sequência de erros de arbitragem.

EDSON CARIÚS ULTRAPASSOU MARCA DE LUIZINHO DAS ARÁBIAS

Edson Cariús comemorando um de seus 47 gols pelo Ferrão no click do fotógrafo Pedro Chaves

Depois de 63 jogos com a camisa do Ferroviário, o atacante Edson Cariús deixou o clube e foi jogar pelo CRB de Alagoas na Série B do campeonato brasileiro. No entanto, antes de arrumar as malas, pouca gente percebeu que o goleador coral havia conquistado mais uma marca histórica em sua passagem pela Barra do Ceará. Não bastasse ter sido campeão brasileiro e, ao mesmo tempo, artilheiro de uma divisão nacional com a camisa coral, algo absolutamente inédito na história do clube, Edson Cariús ultrapassou a histórica média de gols do também ídolo Luizinho das Arábias, alcançada nas três passagens do grande artilheiro do passado nas temporadas de 1985, 1986 e 1988, até então a maior da história coral com 0,72 gols por jogo. Cariús assinalou 47 gols em  uma única passagem que durou pouco mais de um ano, o que lhe garante uma média de 0,75 gols por partida. Sem dúvida, trata-se da quebra de um recorde histórico que durava mais de trinta anos e que consolida definitivamente Edson Cariús no rol dos maiores goleadores que já vestiram a camisa do Ferrão.