RONALDINHO JOGOU NO FERRÃO E NO TREZE/PB: E AGORA COMO FICA?

Ronaldinho em 1987

Cria das categorias de base do Ferroviário Atlético Clube, o ex-ponta esquerda Ronaldinho estava com o coração um pouco dividido para a grande final da Série D do campeonato brasileiro de 2018. Como atleta, Francisco Ronaldo Rodrigues Sales atuou tanto pelo Ferrão quanto pelo Treze/PB. Como desportista, ele é amigo pessoal de Flávio Araújo e Marcelo Vilar, os dois treinadores envolvidos na grande decisão desse ano. Entretanto, Ronaldinho não fica em cima do muro. Basta escutar o áudio dessa postagem que ele fez questão de gravar exclusivamente para o Almanaque do Ferrão e teremos a resposta sobre qual o lado que Ronaldinho está na final da Série D. Em seu tempo na Barra do Ceará, o ex-atacante da base coral foi promovido para o profissional juntamente com uma turma de bons atletas, na qual o ponta direita Mardônio acabou tendo maior destaque nas formações principais do período. Entre 1986 e 1987, Ronaldinho entrou em campo 45 vezes pelo time principal do Ferrão, marcando 5 gols. Ele era o ponta esquerda do time cheio de jovens jogadores que foi vice-campeão do Torneio Otávio Pinto Guimarães, competição organizada para dar calendário a vários times nordestinos e que reuniu o Campinense/PB, Fortaleza, América/RN, Botafogo/PB e Alecrim/RN.

Foto de 1991

No início de 1988, o Ferrão mudou de diretoria e transformou o perfil de seu elenco para tentar ser campeão depois de 9 anos, passando a contratar jogadores mais experientes. Alguns jovens egressos da base foram emprestados e Ronaldinho seguiu para o 4 de Julho/PI, treinado na época pelo eterno ídolo coral Coca Cola. O sucesso de Ronaldinho no futebol piauiense foi grande e ele seguiu carreira sem nunca mais voltar a atuar pelo time profissional do Ferroviário. Na temporada de 1991, ele foi contratado pelo Treze/PB, que tinha Erandy Pereira Montenegro como treinador, o mesmo que o lançou no time principal do Ferrão cinco anos antes. Na equipe paraibana, Ronaldinho também deixou registrada sua passagem. Certa vez, atuando contra o Ceará em jogo válido pelo campeonato brasileiro, foi o autor dos gols que sacramentaram a vitória do Treze/PB em cima do alvinegro cearense. Na verdade, ninguém melhor que o próprio Ronaldinho para recordar sua passagem pelos dois finalistas da Série D desse ano, comentando um pouco sobre sua carreira e mandando um recado para a torcida coral, agora eternizado no Almanaque do Ferrão em forma do áudio abaixo. Aproveite!

O TÍTULO DE VICE DO TORNEIO OTÁVIO PINTO GUIMARÃES

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O vice-campeão do torneio chancelado pela CBF: Zé Alberto, Edson, Léo, Renato, Serginho e Carlos Alberto; Mardônio, Carlos Antônio, Cardosinho, Wiltinho e Ronaldinho

A foto acima foi tirada na final do Torneio Otávio Pinto Guimarães, competição que levou o nome do então presidente da CBF e que foi chancelada para dar movimentação a vários clubes nordestinos que ficaram – pasmem – 2 meses sem competições oficiais no final de 1986. Como se percebe, os tempos hoje são outros. Há clubes, como o próprio Ferroviário, que chegam a ficar 9 meses parados sem jogos oficiais e o fato é visto como ´normal` por grande parte do público. É apenas a morte lenda e gradual dos times mais tradicionais do país, obrigados a encarar um calendário extremamente excludente e criminoso.

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Cícero Ramalho no Potiguar antes de ser contratado

A penúria econômica em 86 não era tão diferente da situação atual, tanto é que o Ferroviário disputou a competição com a grande maioria do elenco formado nas bases. Mardônio, Ronaldinho, Carlos Alberto, Renato, Edson, Wiltinho, Júnior Lemos, Edilson, Luís Carlos, Adalberto, Álber, Rogério e Kléber eram todos recém promovidos ao time profissional, sem falar da presença de um jovem atacante oriundo do Potiguar de Mossoró, que disputou essa competição pelo Ferrão e depois rodou o mundo até voltar e ser campeão oito anos depois. Seu nome: Cicero Ramalho, que marcou sua primeira passagem na Barra do Ceará por não ter feito nenhum gol.

América/RN, Alecrim/RN, Ferroviário, Botafogo/PB, Fortaleza e Campinense/PB disputaram o torneio em jogos de ida e volta. A final foi genuinamente cearense e realizada já em 1987 por falta de datas no calendário da CBF. O Ferrão ficou com o vice-campeonato ao ser derrotado por 2×0 pelo Fortaleza, num jogo atípico onde o time coral lançou Zé Alberto e Cardosinho sem condições regulares de jogo, ciente que perderia os pontos mesmo que vencesse a partida. Coisas do futebol do passado, que era capaz de organizar competições no intuito de movimentar os clubes, mas que permitia dúvidas de natureza ética e jurídica junto ao público quanto à seriedade das disputas.

O GOL MAIS BONITO DO FANTÁSTICO: ILO DO FERROVIÁRIO

Domingo é dia de futebol. Bem, pelo menos isso foi o que ficou convencionado no futebol brasileiro do passado. Tudo bem que hoje tem jogo todo dia, mas o charme do futebol aos domingos ninguém tira. Domingo terminava com os ´Gols do Fantástico` e sempre havia a escolha do mais bonito da rodada em todo país na voz de Léo Batista. Em post do mês passado, falamos do golaço do atacante Ilo pelo Ferroviário, que foi escolhido o mais bonito do Fantástico, ele que era presença constante no programa com gols pelos clubes que passou. Como promessa é dívida, esta ele aí recuperado para deleite de seus fãs, familiares e curiosos de plantão.

Mais importante que a beleza plástica do lance foi a relevância do gol naquele momento, o da vitória diante do Fortaleza, adversário forte que dois meses depois sagrava-se campeão cearense. Vitória no Clássico das Cores com direito a golaço de Ilo, que estava há pouco menos de dois meses no clube. Era o dia 14/6/87. Triunfo de um Ferroviário que apostava nas bases e tinha no elenco jogadores como Laércio, Osmar, Ronaldinho, Mardônio, Renato, Narcélio, Adalberto, Kléber, entre outros, treinados pelo experiente Erandy Pereira Montenegro.

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Ilo Bonfante e seu filho na cozinha de casa

Mais importante que recuperar esse tipo de informação, o Almanaque do Ferrão tem a honra de servir de elo entre as várias pessoas que, direta ou indiretamente em diferentes momentos, participaram da história coral. Após ver o post do mês passado, o filho do jogador, Ilo Bonfante Júnior, diretamente do Rio Grande do Sul, informou ao blog que seu pai morreu jovem, aos 54 anos de idade, em 10/4/2010, vítima de um câncer na garganta. Então, que seja um momento para matar as saudades do atacante Ilo em ação no gramado do Castelão porque nem o tempo separa o que pai e filho constroem através do futebol.