REGISTRO DA ONZENA QUE ENTROU EM CAMPO CONTRA TIME URUGUAIO

Ferroviário Atlético Clube em 1957 contra o Wanderers do Uruguai – Em pé: Macaco, Pacoti, Zé de Melo, Aldo e Fernando; Agachados: Renato, Macaúba, Eudócio, Manoelzinho, Jairo e Nozinho

O jogo histórico contra o Montevideo Wanderers mereceu uma postagem especial aqui no blog anos atrás. Diretamente do Arquivo Nirez, o registro de hoje mostra a onzena que começou a partida, formada por jogadores históricos do Ferrão, mas também por um atleta de outra equipe especialmente cedido para a ocasião, algo comum no futebol daquela época. Além dos recordistas Manoelzinho e Macaco, o maior em número de jogos e o maior em número de gols na história respectivamente, é possível vermos o eterno ídolo Pacoti, falecido no ano passado. Vemos também o implacável Zé de Melo, primeiro jogador da nossa história a vestir a camisa da seleção brasileira. Aldo, Fernando e Eudócio também são nomes lendários da história do Ferroviário. O goleiro Jairo na imagem pertencia ao Calouros do Ar e foi cedido ao Ferrão em algumas partidas amistosas naquela década. Nessa partida contra a equipe uruguaia, ele ganhou a vaga de Valdir, Juju e Sieta, arqueiros do elenco coral nas disputas do Campeonato Cearense de 1957. O amistoso contra o Wanderers terminou 0x0 e o Ferrão foi bastante elogiado pela atuação. Vivia-se o auge do chamado “Clube das Temporadas“, período em que o time coral sempre se dava bem nos jogos contra times importantes que excursionavam na cidade de Fortaleza.

NÃO SE ESQUEÇA DAQUELE JOGO CONTRA O BAHIA DE 60 ANOS ATRÁS

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Nozinho: melhor em campo

Durante toda década de 1950, o Ferroviário foi cognominado de ´Clube das Temporadas` porque sempre se dava bem em cima dos principais times brasileiros que excursionavam pelo estado, prática bem comum no contexto do futebol daquele período. Enquanto Ceará e Fortaleza geralmente perdiam seus jogos, o Ferrão vingava o futebol cearense com vitórias históricas. Há exatos 60 anos, mais precisamente no dia 2 de outubro de 1955, o Bahia/BA foi a vítima coral. Estamos falando do jogo 493 da nossa história, disputado no PV, palco naquele dia de uma das maiores apresentações do zagueiro Antônio Alves Marinho, o popular Nozinho, no auge de seus 388 jogos disputados com a camisa do Ferrão, entre 1947 e 1961. Dias antes, os baianos haviam batido os paraguaios do Cerro Portenõ e chegaram em Fortaleza cheios de favoritismo. Com um gol do ponta esquerda Fernando – outro lendário jogador que ultrapassou a marca de 300 jogos pelo clube – o Ferroviário fez 1×0 no placar e quebrou a castanha do tricolor baiano, uma vitória épica para sempre ser lembrada e contada para os mais jovens.

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Fernando: gol da vitória

Preste atenção na escalação coral naquela partida comandada pelo treinador João Damasceno: Maciel, Nozinho e Antônio Limoeiro; Rui Leite, Lolô e Manoelzinho; Nirtô (Geraldinho), Aldo, Zé de Melo, Macaco e Fernando, todos nomes consagrados na história do time erreveceano, como era chamado o representante da antiga Rede de Viação Cearense, a saudosa RVC. Já o Bahia do técnico Armando Simões perdeu com Joselias, Bacamarte e Juvenal; Rui (Marivaldo), Wilson e Florisvaldo (Chagas); Marito, Tonho, Ariosto (Sandoval), Ruivo e Benê (Nélson). O Bahia foi apenas mais um time a ser desbancado pelo Ferroviário naquele período. Times como Santa Cruz/PE, Fluminense/RJ, Paysandu/PA, Santos/SP, Sampaio Corrêa/MA, Olaria/RJ, Treze/PB, São Cristovão/RJ e até o uruguaio Wanderers, entre outros, conheceram bem a força do inesquecível ´Clube das Temporadas`, sem dúvida um período épico da história coral.

O DIA QUE O MONTEVIDEO WANDERERS VISITOU O FERRÃO

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Ferroviário e Montevideo Wanderers posam para foto história no Presidente Vargas

Já faz quase 60 anos que o Ferroviário recebeu a visita de uma das mais tradicionais equipes do futebol uruguaio. Em 14/7/57, o time coral ainda não era chamado de Tubarão da Barra e vivia sob a alcunha de ´clube das temporadas` por sempre prosperar contra times que excursionavam pelo nordeste. O jogo no acanhado PV contra o Montevideo Wanderers foi muito disputado, mas acabou mesmo no 0x0 apesar da atuação soberba das agremiações. Sem dúvida foi um amistoso que está até hoje na memória dos dirigentes e jogadores da época.

Era apenas o jogo de número 571 da história coral e olhe que já se vão 3492 no total até hoje. Sob o comando de Durval Cunha, conhecido treinador de equipes nordestinas nos anos 50, o Ferrão disputou o amistoso com Jairo, Manoelzinho (Lolô) e Nozinho; Renato, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Macaco, Aldo e Fernando, uma onzena quase inteira profundamente identificada com o clube em razão dos vários anos que a grande maioria desdes jogadores defenderam a camisa coral, algo raro de se ver no futebol moderno.

Escudo_Montevideo_Wanderers_FCO presidente do Wanderers chamava-se Luis Alberto Castagnola. Os bohemios, como são conhecidos no futebol sulamericano, jogaram contra o Ferroviário com o futebol de Enriquez, Sosa e Tejera; Aude (Vasquez), Barrios e Mendez; Rumbo, Andrada, Sanabraia (Baska), Moscarelli (Gimenez) e Rial. Numa época de pouca eficiência nas comunicações, os produtores do amistoso anunciaram o Montevideo Wanderers como vice-campeão do país, fato este noticiado equivocadamente por todos os jornais de Fortaleza. Na verdade, a dupla Nacional e Penãrol comandava o futebol uruguaio naquele período e os bohemios ocupavam um papel apenas coadjuvante. Na mais recente temporada uruguaia 2013/14, depois de quase 30 anos, o Wanderers figurou como grata surpresa entre os finalistas do campeonato, perdendo a final para o Danúbio e provando que no futebol não há sentença de morte definitiva, quem parece morto uma hora reaparece até mais forte.