Lembra do golaço do Reginaldo França contra o River/PI aos 49 minutos do segundo tempo? Apelidado pelo treinador Danilo Augusto como “Gol de Deus“, o lance, acontecido há exatos 18 anos, foi de uma beleza plástica indescritível. O jogo valia pelas oitavas de final da Série C do Campeonato Brasileiro de 2002. Depois de perder o primeiro confronto por 3×2 em Teresina, o Ferroviário precisava vencer por dois gols de diferença para obter a classificação. O time coral vencia por 1×0, gol de Danilo, e a decisão da vaga ia para os pênaltis, quando o árbitro Alberto Batista Carvalho anunciou cinco minutos de acréscimos. Praticamente no último lance da partida, realizada no PV diante de 2.624 pagantes, o Tubarão da Barra teve um escanteio a seu favor, cobrado por Arildo. Na sequência do lance, o ex-coral Jorge Luiz rebateu a bola pra fora da área e ela caiu nos pés de Reginaldo França, que marcou o tento da classificação. Após o golaço, os torcedores corais foram ao delírio e o jogo logo acabou. Naquele domingo, o time coral formou com Ivanoé, Aírton (Arildo), Marcos Aurélio (Cícero César), Puma e Helinho; Édio, Ricardo Baiano, Danilo e Reginaldo França; Serrinha (Gil Bala) e Guedinho. O time piauiense jogou com Jorge Luiz, Niel, Rauli, Venício e Buiú (Matoso); Jó, Garrinchinha, Esquerdinha (Rondineli) e Lira; Wágner e Mairan (Joniel). Na continuidade da competição, o Ferroviário enfrentou o Nacional de Manaus e foi eliminado nas quartas de final. Abaixo, o próprio Reginaldo França recorda aquele golaço sensacional em áudio especialmente gravado para o Almanaque do Ferrão, falando do lance propriamente dito e das curiosas orientações que recebeu do treinador e do diretor Emanuel Brasileiro na borda do campo antes do lance decisivo.
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RECORDE OS GOLEIROS DO FERRÃO NO INÍCIO DA TEMPORADA DE 1995
Resgatamos o vídeo acima para matar as saudades dos nossos goleiros na vitoriosa temporada de 1995. No início do ano, o arqueiro campeão Roberval, titular na conquista do campeonato cearense de 1994, ainda não havia renovado contrato e três goleiros disputavam a camisa de número 1 na Barra do Ceará, sob o comando do preparador Edmundo Silveira. Com a experiência de quem havia sido campeão como goleiro do próprio Ferroviário em 1979, Edmundo treinava nomes como Birigui e Miguel, ambos egressos da base coral, além do piauiense Jorge Luiz, que voltava de empréstimo ao Itapipoca/CE. Como era de se esperar, o alagoano Roberval renovou contrato e iniciou a temporada como titular, permanecendo assim até meados de setembro, quando Jorge Luiz passou a ser mais utilizado e acabou figurando na meta coral nos jogos mais decisivos da reta final do campeonato cearense, inclusive na grande decisão contra o Icasa, quando o Tubarão da Barra sagrou-se bicampeão estadual. No cômputo geral, Roberval jogou 30 partidas na campanha, Jorge Luiz foi utilizado em 18 jogos e Miguel entrou em duas partidas. Por sua vez, o jovem Birigui acabou não jogando nenhuma partida oficial em 1995, mas obteve uma sequência como titular do Ferroviário, mais maduro, na temporada de 2002. As imagens acima foram veiculadas pela TVC de Fortaleza com reportagem de André Beltrão.
RECORDISTA NO FUTEBOL CEARENSE VIVE AFASTADO DO MUNDO DA BOLA
Esse senhor estava semana passada numa oficina mecânica na Av. Rogaciano Leite, em Fortaleza. Papo animado, sempre simpático, porém completamente afastado do futebol. Sequer sabia que havia sido escolhido, há três anos, o goleiro da seleção coral de todos os tempos. Esse é Marcelino, que completou 69 anos de idade em janeiro passado. Continua sendo até hoje o goleiro do futebol cearense com maior número de minutos sem sofrer gols. No campeonato estadual de 1973, foram 1.295 minutos sem a bola entrar na meta do Ferroviário, a quarta melhor marca do Brasil em todos os tempos e entre as dez melhores do mundo. Ele já mereceu algumas citações aqui no blog, inclusive com a postagem de uma entrevista sua gravada pela direção de marketing coral em 2013. Marcelino não é muito afeito à Internet, mas ao ser avisado que existia conteúdo sobre ele no Almanaque do Ferrão, ele não titubeou: “Minha filha olha pra mim“, disse. Esse escreveu seu nome na história coral, não apenas pelo recorde que parece ser eterno, mas também pelas 170 partidas que entrou em campo com a camisa do Ferroviário, atrás apenas de Zé Dias e Jorge Luiz, os dois recordistas na posição em número de jogos.
VITÓRIA DO FERRÃO EM CIMA DO RIVER/PI DENTRO DE TERESINA
O Almanaque do Ferrão resgata mais um jogo do time coral contra o River do Piauí. O vídeo acima mostra os melhores momentos da excelente vitória do Tubarão da Barra, fora de casa, em setembro de 1996, jogando no Estádio Lindolfo Monteiro em Teresina. O único gol do jogo foi marcado pelo baiano Esquerdinha, que fazia naquele ano sua última temporada na Barra do Ceará. A partida foi válida pela Série C do Campeonato Brasileiro e teve a arbitragem de Marcelo Bispo Nunes. O Ferroviário permaneceu na terceira divisão nacional até 2008, ano em que foi rebaixado para a Série D.
Treinado por Danilo Augusto, tradicional jogador do Ferrão na década de 70, o time coral venceu com Jorge Luiz, Biriba, Batista, Alencar e Garcia (Chiquinho); Paulo Adriano, Cleuber, Wálter e Basílio; Cantareli (Paulinho Paiakan) e Esquerdinha. O River perdeu com Guará, Laércio, Silva, Gladstone e Osmarildo (Preto); Pinto, Rondineli, Zezé e Bertinho; Pereira e Mairan. O técnico adversário era o conhecido Gringo. Os goleiros Jorge Luiz e Guará são irmãos e se enfrentaram diversas vezes em suas carreiras. Guará inclusive foi goleiro do próprio Ferroviário em 1991, antes da chegada de Jorge Luiz, o segundo camisa de Nº 1 que mais vezes defendeu a metal coral na história.
TERREMOTO ATINGIU FORTALEZA DEPOIS DE TRIUNFAL VITÓRIA
O fato tenebroso completou 34 anos. Ferroviário e Ceará jogavam no Castelão. Era uma noite de quarta-feira qualquer. O campeonato estadual caminhava para o seu final no primeiro jogo da melhor de três. De especial, o goleiro Ado – reserva de Félix na Copa de 70 – entrava de saída pela primeira vez no arco coral. No mais, tudo levava a crer que seria um jogo normal.
O ótimo público parecia ser pequeno diante de um Castelão lindo e reformado. Guerreiros dentro de campo deram o sangue pelo Ferrão. O uruguaio Ramirez não corria tanto desde a carreira que deu no Rivelino no Maracanã, quando ainda era lembrado pela Celeste Olímpica. Paulo César era a esperança de gols e o menino Jacinto era o xodó da torcida. E o Bibi? Bem, o filho do Didi foi um capítulo à parte. Bibi só não fez chover naquela noite. Antes tivesse chovido.
O time de preto e branco pressionava. Ado pegava tudo. O lateral direito Jorge Luís, improvisado de zagueiro, deve ter feito a melhor exibição de sua carreira. O Ferrão mostrou personalidade e assustava o adversário. Após uma troca de passes, Bibi encheu o pé e fez um gol de placa. Vitória coral: 1×0. Bibi não fez chover, mas fez tremer. A maioria dos torcedores já estava em casa quando a terra resolveu comemorar a vitória do Tubarão. O que parecia ser impossível aconteceu: terremoto em Fortaleza! Há quem diga que são coisas que só acontecem com o Ferroviário. Mera intriga da oposição. São coisas que só o Ferroviário consegue fazer! E afinal de contas, a culpa foi do Bibi, que até um dia desses militava como treinador no mundo árabe.
O terremoto em Fortaleza era o fim do mundo para muitos. Famílias corriam para o meio da rua. Vizinhos que não se falavam até rezaram juntos. Quem viveu nunca vai esquecer aquela noite de terror. Quem é Ferrão nunca vai esquecer aquela noite de vitória. Ainda hoje, tantos anos depois, há sempre os que recordam o golaço de Bibi naquela noite triunfal de terror. Coisas que só o futebol propicia. Coisas que só o Ferroviário sabe fazer e estamos conversados.