REGISTRO DA ONZENA QUE ENTROU EM CAMPO CONTRA TIME URUGUAIO

Ferroviário Atlético Clube em 1957 contra o Wanderers do Uruguai – Em pé: Macaco, Pacoti, Zé de Melo, Aldo e Fernando; Agachados: Renato, Macaúba, Eudócio, Manoelzinho, Jairo e Nozinho

O jogo histórico contra o Montevideo Wanderers mereceu uma postagem especial aqui no blog anos atrás. Diretamente do Arquivo Nirez, o registro de hoje mostra a onzena que começou a partida, formada por jogadores históricos do Ferrão, mas também por um atleta de outra equipe especialmente cedido para a ocasião, algo comum no futebol daquela época. Além dos recordistas Manoelzinho e Macaco, o maior em número de jogos e o maior em número de gols na história respectivamente, é possível vermos o eterno ídolo Pacoti, falecido no ano passado. Vemos também o implacável Zé de Melo, primeiro jogador da nossa história a vestir a camisa da seleção brasileira. Aldo, Fernando e Eudócio também são nomes lendários da história do Ferroviário. O goleiro Jairo na imagem pertencia ao Calouros do Ar e foi cedido ao Ferrão em algumas partidas amistosas naquela década. Nessa partida contra a equipe uruguaia, ele ganhou a vaga de Valdir, Juju e Sieta, arqueiros do elenco coral nas disputas do Campeonato Cearense de 1957. O amistoso contra o Wanderers terminou 0x0 e o Ferrão foi bastante elogiado pela atuação. Vivia-se o auge do chamado “Clube das Temporadas“, período em que o time coral sempre se dava bem nos jogos contra times importantes que excursionavam na cidade de Fortaleza.

O FERRÃO DE DOIS AMISTOSOS HISTÓRICOS CONTRA O SÃO PAULO

Ferroviário em janeiro de 1958 – Em pé: Antônio Limoeiro, Jaime, Nozinho, Manoelzinho, Macaúba e Eudócio; Agachados: Durval Cunha (Treinador), Macaco, Pacoti, Doca, Kitt e Zé de Melo

Em janeiro de 1958, o futebol cearense aguardava ansiosamente a excursão do São Paulo/SP por terras alencarinas. No dia 19 daquele mês, o tricolor paulista entrou em campo, no PV, para enfrentar o Ferroviário. A fotografia acima registra a equipe coral que começou a partida, diante de uma multidão presente nas arquibancadas do velho estádio. O ídolo Pacoti atuava pelo Sport/PE e foi cedido por empréstimo somente para esse grande confronto. A mesma coisa ocorreu com o atacante Doca, cedido pelo Usina Ceará. Treinado por Durval Cunha, o Ferroviário tinha nomes como o goleiro Jaime, ex-Botafogo/BA, os famosos Macaúba e Macaco, além do excelente Kitt. O time coral perdia por 2×1 e alcançou o empate no último minuto do jogo através de Pacoti. O craque Zé de Melo havia marcado o primeiro gol. Amaury e Gino assinalaram para a equipe paulista, treinada pelo húngaro Bela Gutman, e que formou com Paulo, De Sordi (Clélio) e Mauro; Sarará, Vitor e Ribeiro; Rubino, Amaury, Gino, Canhoteiro e Maurinho (Celso). O gol de empate no final do jogo motivou o São Paulo a pedir uma revanche e ela aconteceu quatro dias depois mediante grande expectativa na cidade. A nova partida reservaria momentos de violência, agressões, prisão e muito confusão no PV, mas isso é assunto para uma futura postagem.

SHOW DE BOLA E VITÓRIA MAIÚSCULA NA TEMPORADA DE 1957

Foto colorizada do time base do Ferroviário Atlético Clube no Campeonato Cearense de 1957

Foi num dia 15 de setembro como hoje, só que na temporada de 1957. Corria o 2º turno do Campeonato Cearense e o Ferroviário, comandado pelo treinador Durval Cunha, bateu o Fortaleza por 4×2 no PV. O time coral chegou a fazer 4×0 no placar com gols de Pacoti, Zé de Melo, Macaco e Fernando. Os quatro aparecem na foto acima, que ilustra bem a formação básica da equipe na competição. Zé de Melo, Macaco e Pacoti são os três primeiros agachados, enquanto Fernando é o quinto, todos da esquerda para a direita. A formação que derrotou o Fortaleza foi exatamente a da fotografia acima, com exceção do goleiro Gilvan e do jogador Kitt. Quem atuou na goleada de 4×2 foi o experiente Juju e o craque Aldo. A escala da equipe formou com Juju, Ferreira e Nozinho; Manoelzinho, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Aldo, Macaco e Fernando. Treinado por Mozart Gomes, pai dos futebolistas Mozart e Moésio Gomes, o Fortaleza perdeu com Aluísio, Gera e Zé Mário; Charuto, Sapenha e Aluisio III; Moésio, Nagibe, Ferreira, Zé Raimundo e Lucas. Ferreira e Lucas marcaram para o Tricolor do Pici. O jogo teve Pierre Neto na arbitragem e os jogadores Nozinho e Manoelzinho foram considerados os melhores em campo, juntamente com os autores dos gols. Bastante conhecido no futebol nordestino, o técnico Durval Cunha também aparece na imagem acima, no canto inferior direito. Três anos antes de chegar para o Ferroviário, mais precisamente em 1954, ele entrou para a história como o primeiro treinador a comandar do Fluminense de Feira de Santana numa partida profissional.

COLEÇÃO LEGENDÁRIOS ENCERROU COM O COPO DO GOLEADOR MACACO

Copo estampando o maior goleador da história do Ferroviário encerrou a coleção Legendários

Simplesmente o maior goleador em mais de 86 anos de história do Ferroviário Atlético Clube. Estamos falando de José Maria de Araújo, o famoso Macaco, atacante piauiense que por oito temporadas brilhou com a camisa coral. Foram nada mais, nada menos, do que 115 gols em 194 jogos e um total de 5 títulos com o Ferrão, entre eles o de campeão cearense em 1952. Ele era o ícone de artilharia de uma geração de enorme talento e fez parte do “Clube das Temporadas”, alcunha dada ao Ferrão por sempre ter sucesso diante de times que excursionavam pelo país. Macaco chegou a formar um trio com Fernando e Zé de Melo, exatamente o segundo e o terceiro entre os maiores goleadores corais. Manoelzinho e Pacoti, dois dos Legendários já homenageados na coleção de copos de 2019, foram outros de seus importantes companheiros. O copo com a estampa de Macaco selou o último número da coleção ´Legendários` comercializada em 2019 durante os jogos da Série C do campeonato brasileiro em Fortaleza. Com a eliminação coral na primeira fase da competição, a coleção de copos colecionáveis foi encerrada com nove números lançados como sucesso e vendas de até 10% a 13% do público presente nos estádios.

RETRATO HISTÓRICO DE QUANDO O FUTEBOL ANDAVA DE TREM

Jogadores elegantemente uniformizados após viagem de trem para o interior do Ceará em 1957

´Quando o Futebol Andava de Trem` é o nome do livro escrito há quase duas décadas por Ernani Buchmann, ex-presidente do Paraná Clube. Nele, o autor percorre todos os estados brasileiros mostrando a força do movimento da classe ferroviária na formação de vários times de futebol. Cria da Rede de Viação Cearense em 1933, o Ferroviário costumava viajar de trem para seus compromissos no interior e até em outros estados. Na foto acima de 1957, ano da criação da histórica Rede Ferroviária Federal (RFFSA), é possível observar nomes lendários da vitoriosa caminhada coral nos anos 1950 como os zagueiros Nozinho e Manoelzinho, o meia Aldo, um dos maiores craques cearenses em todos os tempos, o lendário centroavante Pacoti e o atacante Macaco, o maior goleador da história do Tubarão da Barra até os dias de hoje. Na imagem, vê-se os jogadores elegantemente uniformizados em mais uma viagem de trem para uma apresentação amistosa em alguma localidade do interior cearense. Belo retrato coral!

FOTO HISTÓRICA DE UM TIME QUE HUMILHOU O CAMPEÃO DE 1957

Ferroviário Atlético Clube em 1957 – Em pé: Manoelzinho, Macaúba, Eudócio, Ferreira, Nozinho e Gilvan; Agachados: Zé de Melo, Macaco, Pacoti, Kitt, Fernando e o treinador Durval Cunha

O retrato de hoje é bem antigo e foi tirado antes do início de uma partida amistosa entre Ferroviário e Ceará, marcada como entrega de faixas de campeão cearense de 1957 para a equipe alvinegra. O time coral não entrou pra brincadeira e fez 4×0 no placar, com gols dos eternos ídolos Pacoti, Zé de Melo e Macaco. O atacante Pacoti, que depois jogaria no Vasco/RJ e no Sporting de Portugal, marcou duas vezes. O jogo teve o maranhense Sandoval Ramos no apito e foi realizado no PV. Apesar de mostrar nomes consagrados na história coral como Manoelzinho, Macaúba, Nozinho, Kitt, Fernando e os autores dos gols, essa foto traz uma raridade: na meta coral, o goleiro Gilvan, ex-Gentilândia e Ceará. Isso aconteceu em apenas quatro oportunidades na carreira do ex-goleiro, que depois foi técnico do próprio Ferroviário em 1974. José Gilvan Lemos Dias também foi cronista esportivo e, na década de 1980, comentava jogos do futebol cearense, sempre exibidos na TVE, aos domingos à noite. Em 10 de julho de 2007, Gilvan faleceu em Fortaleza vítima de problemas cardíacos.

NÃO SE ESQUEÇA DAQUELE JOGO CONTRA O BAHIA DE 60 ANOS ATRÁS

nozinho

Nozinho: melhor em campo

Durante toda década de 1950, o Ferroviário foi cognominado de ´Clube das Temporadas` porque sempre se dava bem em cima dos principais times brasileiros que excursionavam pelo estado, prática bem comum no contexto do futebol daquele período. Enquanto Ceará e Fortaleza geralmente perdiam seus jogos, o Ferrão vingava o futebol cearense com vitórias históricas. Há exatos 60 anos, mais precisamente no dia 2 de outubro de 1955, o Bahia/BA foi a vítima coral. Estamos falando do jogo 493 da nossa história, disputado no PV, palco naquele dia de uma das maiores apresentações do zagueiro Antônio Alves Marinho, o popular Nozinho, no auge de seus 388 jogos disputados com a camisa do Ferrão, entre 1947 e 1961. Dias antes, os baianos haviam batido os paraguaios do Cerro Portenõ e chegaram em Fortaleza cheios de favoritismo. Com um gol do ponta esquerda Fernando – outro lendário jogador que ultrapassou a marca de 300 jogos pelo clube – o Ferroviário fez 1×0 no placar e quebrou a castanha do tricolor baiano, uma vitória épica para sempre ser lembrada e contada para os mais jovens.

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Fernando: gol da vitória

Preste atenção na escalação coral naquela partida comandada pelo treinador João Damasceno: Maciel, Nozinho e Antônio Limoeiro; Rui Leite, Lolô e Manoelzinho; Nirtô (Geraldinho), Aldo, Zé de Melo, Macaco e Fernando, todos nomes consagrados na história do time erreveceano, como era chamado o representante da antiga Rede de Viação Cearense, a saudosa RVC. Já o Bahia do técnico Armando Simões perdeu com Joselias, Bacamarte e Juvenal; Rui (Marivaldo), Wilson e Florisvaldo (Chagas); Marito, Tonho, Ariosto (Sandoval), Ruivo e Benê (Nélson). O Bahia foi apenas mais um time a ser desbancado pelo Ferroviário naquele período. Times como Santa Cruz/PE, Fluminense/RJ, Paysandu/PA, Santos/SP, Sampaio Corrêa/MA, Olaria/RJ, Treze/PB, São Cristovão/RJ e até o uruguaio Wanderers, entre outros, conheceram bem a força do inesquecível ´Clube das Temporadas`, sem dúvida um período épico da história coral.

A DESCOBERTA DO MAIOR GOLEADOR E RECORDISTA EM NÚMERO DE JOGOS

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Foto histórica do Ferroviário com Manoelzinho e Macaco perfilados na equipe formada em 1955

Um dos principais méritos do Almanaque do Ferrão foi a descoberta de informações desconhecidas na história do clube a partir do levantamento detalhado de todas as fichas técnicas de seus jogos oficiais e amistosos em oito décadas de existência. Até 2013, ano da publicação da pesquisa, era impossível afirmar, por exemplo, o recordista coral em número de jogos e o maior goleador do Tubarão da Barra em todos os tempos. Curiosamente, os dados mostraram que esses dois nomes jogaram na mesma formação coral durante boa parte dos anos 50 e aparecem na foto acima em uma das várias escalações do Ferroviário naquela década, mais precisamente em 1955.

O piauiense Manoelzinho (Manoel David Machado) defendeu as cores corais entre 1946 e 1962, o que lhe valeu a honra de atuar 403 partidas no período e ser o jogador que mais vezes vestiu a gloriosa camisa do Ferrão. Atuou em todas as posições da defesa e sempre foi um  nomes mais respeitados da trajetória coral, mesmo antes da descoberta de seu recorde. Outro nome a ser sempre reverenciado é o atacante Macaco (José Maria de Araújo), também piauiense, que jogou entre 1952 e 1959, assinalando 115 gols no período. Ambos na foto acima. Ambos para sempre na história. Os dados completos de todos os 1.956 jogadores da história coral você encontra na versão impressa do almanaque. Os dados dos principais recordistas você encontra aqui mesmo no blog.

UM TÍTULO IMPROVÁVEL ORIUNDO DA FORÇA PROLETÁRIA

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O antigo PV foi palco de um título improvável do Ferrão quando o Ceará era o franco favorito

A imagem que ilustra a postagem de hoje tem 62 anos e mostra a comemoração dos jogadores que conquistaram o título estadual de 1952, após uma emocionante sequência de 4 jogos contra o Ceará. É um momento na história do Ferroviário que jamais pode ser esquecido. Juju, Manoelzinho e Coimbra; Nozinho, Macaúba e Vicente Trajano; Nirtô, Augusto, Zé Maria, Fernando e Pipi foram os grandes heróis daquela primeira tarde de fevereiro de 53, um domingo memorável que jamais saiu da mente dos corais após a vitória na quarta partida consecutiva contra o alvinegro.

No dia 11/1/53, até os 41 minutos do segundo tempo, o Ceará comemorava o título cearense em cima do Ferroviário. Foi quando Macaúba marcou um gol e deu a vitória coral pelo placar de 2×1, forçando a realização de uma melhor de três com o alvinegro. Nos dois jogos seguintes, entre 18 e 25 de janeiro, uma vitória coral por 1×0, gol de Augusto, e um empate em 1×1, gol de Nirtô. Por ironia do destino, Nirtô e Augusto foram os goleadores no quarto jogo decisivo, vitória coral na semana seguinte, de virada, 2×1 e o terceiro titulo do Ferrão em sua história. Carnaval no PV, uma conquista quase que improvável para um time proletário e tecnicamente inferior ao adversário, uma vitória eterna como a foto acima.

Além dos jogadores que participaram da finalíssima em 01/2/53, não se pode deixar de lembrar nomes que participaram daquele feito durante toda a campanha, como Macaco, Três Orelhas, Zé da Marizinha, Zé Dias, Índio, Dudu, Edmir, Serejo e Vareta, os treinadores Popó e Babá, o presidente Porfírio Sampaio e seus diretores, entre eles o nome mais emblemático da história coral, Valdemar Caracas, presente em todos os momentos da agremiação que criou ao lado dos operários da antiga Rede de Viação Cearense, instituição que garantia o sustento formal de quase todos os jogadores do elenco nas mais diversas atividades profissionais, desde eletricistas a bombeiros.

O DIA QUE O MONTEVIDEO WANDERERS VISITOU O FERRÃO

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Ferroviário e Montevideo Wanderers posam para foto história no Presidente Vargas

Já faz quase 60 anos que o Ferroviário recebeu a visita de uma das mais tradicionais equipes do futebol uruguaio. Em 14/7/57, o time coral ainda não era chamado de Tubarão da Barra e vivia sob a alcunha de ´clube das temporadas` por sempre prosperar contra times que excursionavam pelo nordeste. O jogo no acanhado PV contra o Montevideo Wanderers foi muito disputado, mas acabou mesmo no 0x0 apesar da atuação soberba das agremiações. Sem dúvida foi um amistoso que está até hoje na memória dos dirigentes e jogadores da época.

Era apenas o jogo de número 571 da história coral e olhe que já se vão 3492 no total até hoje. Sob o comando de Durval Cunha, conhecido treinador de equipes nordestinas nos anos 50, o Ferrão disputou o amistoso com Jairo, Manoelzinho (Lolô) e Nozinho; Renato, Macaúba e Eudócio; Zé de Melo, Pacoti, Macaco, Aldo e Fernando, uma onzena quase inteira profundamente identificada com o clube em razão dos vários anos que a grande maioria desdes jogadores defenderam a camisa coral, algo raro de se ver no futebol moderno.

Escudo_Montevideo_Wanderers_FCO presidente do Wanderers chamava-se Luis Alberto Castagnola. Os bohemios, como são conhecidos no futebol sulamericano, jogaram contra o Ferroviário com o futebol de Enriquez, Sosa e Tejera; Aude (Vasquez), Barrios e Mendez; Rumbo, Andrada, Sanabraia (Baska), Moscarelli (Gimenez) e Rial. Numa época de pouca eficiência nas comunicações, os produtores do amistoso anunciaram o Montevideo Wanderers como vice-campeão do país, fato este noticiado equivocadamente por todos os jornais de Fortaleza. Na verdade, a dupla Nacional e Penãrol comandava o futebol uruguaio naquele período e os bohemios ocupavam um papel apenas coadjuvante. Na mais recente temporada uruguaia 2013/14, depois de quase 30 anos, o Wanderers figurou como grata surpresa entre os finalistas do campeonato, perdendo a final para o Danúbio e provando que no futebol não há sentença de morte definitiva, quem parece morto uma hora reaparece até mais forte.