VALDEMAR CARACAS E SUA ETERNA RELAÇÃO COM O FERROVIÁRIO

Recorte de jornal cearense na temporada de 1977 anunciando a visita de Valdemar Caracas ao Ferrão

Essa semana completou nove anos do falecimento de Valdemar Cabral Caracas, o grande articulador da fundação do Ferroviário Atlético Clube. Ele já foi motivo de várias postagens aqui no blog, inclusive quando o assunto foi um documentário produzido especialmente em sua homenagem por uma torcedora do Ferroviário. Hoje, recordamos acima um recorte de jornal do ano de 1977, quando a visita de Caracas ao clube rendeu até matéria especial. Historicamente, o registro é relevante pois marcou o regresso do velho Caracol às hostes corais depois de um período de afastamento. Ele havia se mantido à distância do cotidiano do clube depois que os famosos “Engenheiros da RFFSA” deixaram temporariamente a gestão de futebol da agremiação, sendo ela entregue à personagens da política cearense e a nomes pouco identificados com o Ferroviário, fato este que quase provocou a falência do clube em meados dos anos 1970. A matéria cita o tradicional processo de autodestruição provocado pela existência de alas políticas nos clubes de futebol. E o Ferroviário conhece bem o efeito danoso desse tipo de acontecimento. Felizmente na ocasião, o clube reencontrou o seu caminho a partir daquele período e passou a fazer boas campanhas a partir do revezamento de uma turma boa de dirigentes, que contou inclusive com o retorno do pessoal da RFFSA. O presidente Chateaubriand Arrais, citado na matéria, integrou várias diretorias até a vitoriosa gestão do bicampeonato estadual 1994/1995, se afastando definitivamente do futebol depois do golpe político que culminou com a saída do então presidente Clóvis Dias. Por sua vez, Valdemar Caracas também acabou se afastando com o tempo, mas acompanhou as notícias do clube que fundou até o último dia de sua vida.

A RÁPIDA INCURSÃO DO CRAQUE AMILTON MELO PELA MÚSICA

Que ele foi um grande craque de bola, todo mundo sabe! Mas você tinha conhecimento ou lembrava que Amilton Melo teve uma rápida incursão pelo mundo da música? Foi no ano de 1990 que ele lançou o disco ´Forregue´, aproveitando um período da indústria musical que abria cada vez mais espaço global para ritmos como o forró e a lambada. Acima, eis a prova dessa raridade! Nesse mesmo ano, Amilton Melo decidiu voltar ao futebol profissional, depois de um hiato de mais de dez anos, defendendo o Calouros do Ar, já aos 40 anos de idade. No início da sua carreira, depois de retornar do Fluminense/RJ de Telê Santana, o craque fez história no Ferroviário, conquistando o título estadual de 1970 e formando uma dupla implacável com o pernambucano Paulo Velozo. O sucesso do atleta na Barra do Ceará foi tamanho, que Amilton Melo teve certa vez seu contrato renovado em plena Praça da Estação, defronte à sede da RFFSA, em meio a uma multidão de torcedores corais e com ampla cobertura radiofônica dos principais programas esportivos no fim de tarde. Depois, jogou ainda no Atlético/MG, novamente com Telê Santana, brilhando também no Fortaleza e no Ceará, onde encerrou a carreira precocemente, aos 29 anos de idade, por desejo próprio. Amilton Melo faleceu em 1997, porém deixou muitas lembranças no futebol, além de uma autobiografia e, como se vê, um disco de música popular.

JOGO ENTRE HOMÔNIMOS NOS 100 ANOS DAS ESTRADAS DE FERRO

Facó: gol na Ilha do Retiro em 1970

Há exatos 50 anos, no dia 17 de novembro de 1970, o Ferroviário foi até Recife enfrentar o seu homônimo pernambucano pela primeira vez na história. Era um amistoso comemorativo alusivo ao centenário de fixação das “estradas de ferro” no território brasileiro. O jogo foi organizado pela RFFSA e aconteceu na Ilha do Retiro, estádio de propriedade do Sport/PE. Abelardo Machado apitou a partida, que terminou empatada em 2×2. Alísio e Facó marcaram para o Ferrão, enquanto Fernando Camutanga fez os dois gols da equipe de Pernambuco. Dirigido pelo treinador Alexandre Nepomuceno, o Tubarão da Barra formou nesse jogo festivo com o futebol de Aloísio Linhares, Esteves, Luiz Paes, Gomes e Eldo; Coca Cola, Edmar e Simplício (Dema); Amilton Melo, Paulo Velozo (Facó) e Alísio. O Ferroviário/PE jogou com Holanda, Paulo Alves, Luís, Clóvis e Dito; Zé Carlos e Mário; Agapito, Tico, Fernando Camutanga e Vavá. Depois desse amistoso, as duas equipes se enfrentaram mais três vezes na década de 1970, sendo dois jogos oficiais pelo campeonato brasileiro e outro amistoso. Além do Ferroviário pernambucano, o Ferrão enfrentou as seguintes equipes de origem ferroviária ao longo da história: o Ferroviário de Sobral, Ferroviário/PI, Ferroviário/MA, Ferroviário/RN e Ferroviário/RO.

RETRATO HISTÓRICO DE QUANDO O FUTEBOL ANDAVA DE TREM

Jogadores elegantemente uniformizados após viagem de trem para o interior do Ceará em 1957

´Quando o Futebol Andava de Trem` é o nome do livro escrito há quase duas décadas por Ernani Buchmann, ex-presidente do Paraná Clube. Nele, o autor percorre todos os estados brasileiros mostrando a força do movimento da classe ferroviária na formação de vários times de futebol. Cria da Rede de Viação Cearense em 1933, o Ferroviário costumava viajar de trem para seus compromissos no interior e até em outros estados. Na foto acima de 1957, ano da criação da histórica Rede Ferroviária Federal (RFFSA), é possível observar nomes lendários da vitoriosa caminhada coral nos anos 1950 como os zagueiros Nozinho e Manoelzinho, o meia Aldo, um dos maiores craques cearenses em todos os tempos, o lendário centroavante Pacoti e o atacante Macaco, o maior goleador da história do Tubarão da Barra até os dias de hoje. Na imagem, vê-se os jogadores elegantemente uniformizados em mais uma viagem de trem para uma apresentação amistosa em alguma localidade do interior cearense. Belo retrato coral!

TRÊS TÍTULOS INESQUECÍVEIS DENTRO DA MESMA PISCINA

Ruy do Ceará e José Rego Filho: três títulos estaduais históricos dentro da piscina

Apesar das fortes chuvas que caem há 4 dias em Fortaleza, o Almanaque do Ferrão publica uma foto bastante sugestiva para um domingo como hoje. Recentemente, dois dos maiores nomes da história coral curtiram um dia de sol no Náutico Atlético Cearense. Dentro da piscina, nada menos que 3 títulos estaduais conquistados diretamente para o Ferroviário. Um na função de presidente, o outro como diretor de futebol, uma dobradinha inesquecível para os torcedores e imprensa cearense: José Rego Filho e Ruy do Ceará, respectivamente. Os dois se conheceram ainda no colegial, fizeram juntos a faculdade de engenharia em Recife, foram vizinhos na vila dos engenheiros da RFFSA, gloriosa instituição federal da qual cada um foi superintendente em épocas distintas. No Ferroviário, conquistaram o título cearense invicto em 1968, depois de um tenebroso jejum de 16 anos, além do supercampeonato de 1970 e o improvável estadual de 1979. Em 1988, faziam parte do conselho deliberativo na época de mais um título cearense. Nomes eternos em qualquer página que tenha a missão de narrar a história coral.

NUM 21 DE JUNHO COMO HOJE: 7 ANOS DA MORTE DE ELZIR CABRAL

Elzir Cabral 10Há exatos 7 anos, num sábado, morria Elzir de Alencar Araripe Cabral, grande dirigente da extinta Rede Ferroviária Federal e ex-presidente do Ferroviário, um dos nomes mais importantes da história do clube e responsável direto pela realização do sonho coral, em meados da década de 60, de possuir um estádio próprio, que merecidamente levou seu nome e até hoje é orgulho para os torcedores do Ferrão. Em seu período na presidência, Elzir Cabral liderou com maestria a maior geração de dirigentes que passaram pelo clube em todos os tempos, com nomes como José Rêgo Filho, Ruy do Ceará e os irmãos Pamplona. Elzir Cabral eterno.