FORMAÇÃO RARA COM DOIS LATERAIS ESQUERDOS E FACÓ NO ANO DE 1968

Ferroviário Atlético Clube em fevereiro de 1968 – Em pé: Jurandir, Douglas, Gomes, Roberto Barra Limpa, Coca Cola e Barbosa; Agachados: Lucinho, João Carlos, Facó, Edmar e Paraíba

Mais um retrato histórico pouco comum do Ferrão. Foto tirada no dia 10 de fevereiro de 1968, no Estádio Elzir Cabral, antes de um amistoso preparatório contra o time amador da Tuna Luso de Fortaleza. O árbitro do jogo foi Daniel Barbosa, figura simpática que até hoje circula nos estádios cearenses em dias de futebol como membro de quadros móveis. Onde está a raridade da imagem? Ela mostra o time escalado com dois laterais esquerdos: Roberto Barra Limpa e Barbosa. Nesse jogo, Roberto atuou improvisado na lateral direita. O goleador Facó com a camisa do Ferrão em 1968 também é coisa rara, pois alguns dias depois ele foi marcar seus gols no Santa Cruz/PE, onde brilhou por duas temporadas. Na partida em questão, o time coral fez 7×1 no adversário, já esboçando praticamente a base da equipe que conquistou brilhantemente, cinco meses depois, o título estadual invicto daquela temporada. Até hoje no futebol cearense, nenhuma outra equipe repetiu tal feito. O goleiro Douglas Albuquerque virou depois dono de uma construtora e no bicampeonato estadual 1994/1995 foi uma figura importantíssima na função de diretor de futebol. Facó foi prefeito da cidade de Beberibe algumas vezes e sempre se destacou como grande desportista. Roberto Barra Limpa foi assassinado. Alguns dessa imagem já foram morar no andar de cima. Detalhe também para a bela camisa coral, utilizada com frequência no final da década de 1960 e início dos anos 1970.

RECEPÇÃO NO AEROPORTO EM 2018 REPETE CHEGADA DE URIEL EM 1969

Segundo a administração do Aeroporto Internacional Pinto Martins, cerca de 500 torcedores do Ferroviário estiveram presentes na noite do último dia 16 de fevereiro para recepcionar os jogadores corais que participaram do episódio histórico do ´Milagre da Ilha` em Recife no dia anterior. A matéria acima foi veiculada no Globo Esporte de Fortaleza e eterniza o momento, evidenciando ainda mais o perfil de uma torcida diferenciada, apaixonada e composta em sua essência por pessoas de todas as idades que constituem uma imensa família. O fato acontecido em 2018 remete à chegada do atacante Uriel, ídolo do Santa Cruz/PE, que foi anunciado como contratação bombástica para o Ferrão em maio de 1969. Na ocasião, uma multidão de pessoas foi ao antigo aeroporto de Fortaleza para recepcionar o novo reforço do Tubarão da Barra. Quase cinquenta anos depois, o fato se repete e a torcida coral mostra a sua força.

Uriel: multidão no aeroporto

Assim como ocorrido na última sexta feira, a chegada de Uriel em 1969 também aconteceu no período da noite, o que proporcionou maior comodidade de horário para os torcedores que trabalhavam durante o dia. O lateral pernambucano Roberto Barra Limpa, ex-rival de Uriel em Recife, também esteve presente no Pinto Martins para recepcionar o novo companheiro em nome do elenco do Ferroviário. Uriel fez 36 jogos pelo Ferrão e marcou 11 gols, permanecendo na Barra do Ceará até março de 1970. Logo em seu primeiro jogo oficial pelo time coral, num clássico contra o Ceará no PV, Uriel fez um gol e foi considerado o melhor em campo. Depois, caiu de produção e sua condição de titular chegou a ser questionada. Como o Ferrão não conseguiu o bicampeonato em 1969, ficou a sensação de frustração na passagem de Uriel pelo futebol cearense. Porém, poucos lembram que antes de rescindir seu contrato, ele participou da estreia coral no vitorioso campeonato estadual de 1970 e que, por esse motivo, está com justiça incluído no rol eterno dos jogadores que conquistaram títulos pelo Ferrão. Mas, voltemos a 2018 para conferir abaixo uma filmagem amadora da invasão da torcida coral ao aeroporto na semana passada, quando nomes como o goleiro Bruno Colaço, o atacante Mota e o meia Valdeci, entre outros, são reverenciados. Nunca é demais registrar esse momento, até porque ele levou simplesmente cinco décadas para voltar a acontecer e seria muito bom se pudesse se tornar frequente no cotidiano do clube.