FORMAÇÃO CORAL NO INÍCIO DO CAMPEONATO CEARENSE DE 1970

Ferroviário Atlético Clube em março de 1970 no Presidente Vargas – Em pé: Breno, Luiz Paes, Simplício, Marcelino, Gomes e Louro; Agachados: Mano, Paulo Velozo, Facó, Edmar e Zé Luiz

O registro acima mostra a onzena do Tubarão da Barra ainda no terceiro jogo da inesquecível campanha do Estadual de 1970. Depois de um empate na estreia com o Quixadá, fora de casa, em 0x0, e uma goleada em cima do América por 4×1, o Ferroviário recebia o Guarany de Sobral no PV. Mesmo com o apoio de 4.655 pagantes, o time coral não passou de um empate em 1×1 no placar. Edmilson abriu o escore para o time sobralense e o craque Coca Cola, que saiu do banco em substituição à Simplício, empatou o jogo. No decorrer da competição, que só foi encerrada do mês de outubro com o título coral, alguns jogadores importantes foram sendo agregados ao elenco, como o craque Amilton Melo, o atacante Alísio e o goleiro Aloísio Linhares. O Ferrão teve três treinadores na temporada: Fernando Cônsul, Alexandre Nepomuceno e o ex-atleta coral Vicente Trajano, que comandou a equipe interinamente em uma partida contra o Calouros do Ar. A inesquecível campanha coral teve 23 jogos ao todo e o zagueiro Gomes foi o único que atuou em todas as partidas. Entre os goleiros, o lendário Marcelino jogou 10 partidas e o já consagrado Aloísio Linhares esteve presente em 12 jogos. O jovem Neném defendeu o arco coral em um jogo daquela campanha. Na imagem, destaque também para os atacantes Facó e Zé Luiz, além do lateral Louro, cria do Fortaleza, que retornava ao futebol cearense depois de uma passagem pelo Corinthians/SP.

FOTO RARA DO FERROVIÁRIO NO INÍCIO DA TEMPORADA DE 1970

Ferroviário Atlético Clube no campeonato cearense de 1970 – Em pé: Breno, Luiz Paes, Simplício, Marcelino, Gomes e Louro; Agachados: Mano, Paulo Velozo, Facó, Edmar e Zé Luiz

Eis uma foto rara do Ferroviário Atlético Clube no início da temporada de 1970. Aquele grande esquadrão coral, até hoje lembrado como uma das melhores formações da história do futebol cearense, ainda estava em fase de formação durante o mês de fevereiro, quando a foto foi produzida antes de uma partida contra o Guarany de Sobral no PV. Oito meses depois, com nada menos que seis alterações na onzena principal e um novo treinador, o Tubarão da Barra sagrava-se campeão cearense daquele ano. Alexandre Nepomuceno substituiu Fernando Cônsul no comando técnico no decorrer da competição. Em relação ao time que jogou a finalíssima contra o mesmo Guarany, entraram Esteves, Hamilton Ayres, Aloísio Linhares, Coca Cola, Amilton Melo e Alísio no lugar de Breno, Luiz Paes, Marcelino, Mano, Facó e Zé Luiz respectivamente. Muita vezes lembramos só da formação campeã, mas é sempre bom recordar todos aqueles que participaram daquela gloriosa campanha. A foto acima é um excelente exemplo disso.

DOIS VELHOS AMIGOS DE BREVE PASSAGEM PELA BARRA DO CEARÁ

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Janos Tratay nos anos 70

Janos Tratay nasceu na cidade de Vszprèm, na Hungria, em 1922. As sequelas físicas da II Guerra Mundial o acompanharam por toda vida. Resolveu militar no futebol quando veio para o Brasil. Em 1960, foi técnico do Ceará e passou a ser conhecido na terra de José de Alencar, mas mantinha uma enorme afeição pela Paraíba, estado onde fixara residência. Foi lá que conheceu o atacante Zé Luiz, que brilhava no Campinense/PB. Iniciaram uma amizade fraternal que perdurou até o fim da vida do húngaro. Ambos tiveram seus momentos no Ferroviário e por essa razão destacamos o vídeo acima, gravado em 2007, com o intuito de recordar o nome daqueles que são raramente lembrados, ignorados pelo tempo e pela memória curta dos torcedores. O diálogo acima entre Janos Tratay e Zé Luiz merece ser assistido. Em meio a recordações pessoais de ambos que agradam a qualquer fã de futebol, o nome do Ferroviário sequer é citado, mas há de se registrar que ambos tiveram parcela de colaboração na história coral e merecem destaque no Almanaque do Ferrão.

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Zé Luiz no Ferroviário

Zé Luiz era um atacante de 29 anos quando foi contratado pelo time coral no início de 1970. Fez sua estreia exatamente no primeiro jogo interestadual realizado no Estádio Elzir Cabral, no dia 17 de janeiro, contra o Alecrim/RN. Iniciou o campeonato cearense como titular, mas depois perdeu espaço. Seu nome está com justiça entre os grandes campeões estaduais daquele ano com a camisa coral. Chegou a jogar também na Portuguesa de Desportos/SP. Depois, longe da bola, tornou-se jornalista e político. Como jornalista, teve programas na TV Borborema de Campina Grande e na TV Correio de João Pessoa. Foi vereador de Campina Grande, Deputado Estadual e Deputado Federal pela Paraíba e, de 2005 a 2012, o vice-prefeito da cidade de Campina Grande. Pouca gente sabe que o Ferroviário teve um ex-jogador de carreira política tão ilustre. Por sua vez, Janos Tratay foi contratado na gestão do presidente José Rego Filho, em 1972, como diretor de futebol. Teve uma passagem atribulada com atritos dentro do próprio elenco coral, tendo que apaziguar ânimos de jogadores como Amilton Melo, Luizinho Peito de Aço, Simplício e Marcelino, que andaram se estranhando entre si. Não bastasse o clima hostil entre os jogadores, Tratay andou ainda em rota de colisão com o técnico paranaense Borba Filho, que deixou o clube durante o campeonato cearense. A passagem de Janos Tratay pelo Ferroviário durou somente aquela temporada e ele voltou para a Paraíba, onde continuou trabalhando com destaque até em campeonatos nacionais enquanto teve saúde. Faleceu em 2011, aos 89 anos, na cidade de João Pessoa, vítima de um aneurisma. O vídeo acima foi uma de suas últimas aparições na televisão paraibana e mostra a amizade de dois velhos amigos de breve passagem pela Barra do Ceará.