VÍDEO COM LENDAS DA HISTÓRIA CORAL: ZÉ DIAS E MACAÚBA

O vídeo acima é de um valor histórico inestimável. Ele foi gravado décadas atrás e pertence ao acervo do pesquisador Aderbal Nogueira, que encontrou e filmou depoimentos de ex-jogadores do Ferroviário ligados à história do desenvolvimento da ´Estrada de Ferro` no estado do Ceará. Depois de editar um conteúdo especial sobre o ex-defensor Manoelzinho, recordista coral em número de jogos, o pesquisador divulgou no YouTube um novo material em vídeo, trazendo o depoimento do ex-goleiro Zé Dias e do ex-defensor Macaúba, dois grandiosos nomes da história coral que atuaram entre as décadas de 1940 e 1960, ambos já falecidos. Zé Dias é até hoje o goleiro que mais vezes defendeu o Ferroviário. Foram 197 partidas e 9 títulos conquistados entre 1944 e 1957. Por sua vez, Macaúba participou de 275 jogos entre 1950 e 1961, marcando 3 gols e conquistando 10 títulos pelo Ferrão. Vale a pena conferir o vídeo e recordar as lembranças futebolísticas desses antigos atletas, que além de defenderem as cores corais nos gramados cearenses, ainda dividiam o tempo com suas atividades profissionais rotineiras na Rede de Viação Cearense, a saudosa RVC. 

VITÓRIA LENDÁRIA EM CIMA DO FLUMINENSE EM 1º DE JANEIRO

Registro do jornal O Povo considerando como brilhante a vitória coral em cima do Fluminense

Exatamente no primeiro dia de 1949, o Ferroviário conseguiu uma vitória lendária em cima do Fluminense/RJ. Em mais um aniversário daquele jogo memorável, vale a pena recordar alguns detalhes que cercaram a retumbante vitória coral. O tricolor carioca excursionava pelas regiões norte e nordeste, vindo de goleadas em cima de Ceará e Fortaleza, por 5×1 e 5×0 respectivamente. Em 1º de Janeiro do novo ano, muitos torcedores foram ao PV esperando mais um massacre do Pó de Arroz, que tinha nomes consagrados nacionalmente em sua formação. Apesar da pressão do time carioca no primeiro tempo, aos 28 minutos, Manuel de Ferro abre o placar para o Ferrão. No intervalo do jogo, quando a notícia que o Ferroviário estava batendo o Fluminense se espalhou, muitas pessoas saíram de suas casas, nas redondezas do estádio, para tentar acompanhar a etapa final. Tinha gente até de pijamas! Aos 22 minutos, Zuzinha, que acabara de entrar em campo, recebeu passe primoroso e anotou o segundo gol, para delírio de quem estava no Presidente Vargas. Depois, o lendário goleiro Zé Dias se encarregou de fazer três ou quatro defesas difíceis e garantiu a vitória histórica naquele sábado. Pedro Morais Sobrinho apitou a partida. Treinado por Babá, o Ferrão jogou com Zé Dias, Nozinho e Manoelzinho; Benedito, Vicente Trajano e Arrupiado; Toinho II (Zuzinha), Manuel de Ferro, Decolher, Purunga e Pipi. Desfalcado do goleiro titular Castilho, o Fluminense perdeu com Zé Paulo, Píndaro e Hélvio; Pé de Valsa (Mário), Índio (Simões) e Bigode; Santo Cristo (109), Rubinho, Ivson, Emílio e Rodrigues. O treinador era o uruguaio Ondino Vieira. O Ferroviário ainda reclamou um pênalti não marcado pelo árbitro e Vicente Trajano foi escolhido o melhor jogador da partida. Para sempre nos anais do futebol cearense!

LEMBRANÇAS DO TIME QUE METEU 4×0 NO CEARÁ NO ESTADUAL DE 1947

Ferroviário Atlético Clube em 1947: Zé Dias, Decolher, Manuel de Ferro, Vicente Trajano, Caranguejo, Pipi, Benedito, Toinho II, Manoelzinho, Toinho I, Raimundinho e Baiano (treinador)

Esse belo retrato é a base do time do Ferroviário Atlético Clube que meteu 4×0 no Ceará no dia 6 de Julho de 1947, no PV. O jogo valeu pelo 1º turno do campeonato cearense daquele ano e está completando hoje mais uma aniversário daquela grande vitória. Os gols foram de Toinho I, Manoelzinho, Toinho II e Decolher. É possível identificar nomes emblemáticos da história coral, como Zé Dias, o goleiro que mais vezes defendeu a camisa coral em todos os tempos, com 197 partidas no currículo. Além dele, destaque também para a dupla de irmãos piauienses Manoelzinho e Raimundinho na mesma imagem. O primeiro é o recordista coral em número de jogos. Foram 403 partidas de Manoelzinho pelo Ferrão, enquanto Raimundinho atuou em apenas 40 jogos e depois regressou para o Piauí. O atacante Decolher, infelizmente, teve morte trágica nos anos 1950. O time era treinado por J.G. Andrade, o famoso Baiano. Essa equipe foi vice-campeã estadual de 1947 após um episódio lamentável, porém histórico, que culminou com a prisão de todos os jogadores corais na decisão contra o Fortaleza, fato que mereceu destaque em postagens anteriores aqui no blog.

RECORDISTA NO FUTEBOL CEARENSE VIVE AFASTADO DO MUNDO DA BOLA

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Ex-goleiro coral Marcelino escreveu seu nome na história do futebol cearense em 1973

Esse senhor estava semana passada numa oficina mecânica na Av. Rogaciano Leite, em Fortaleza. Papo animado, sempre simpático, porém completamente afastado do futebol. Sequer sabia que havia sido escolhido, há três anos, o goleiro da seleção coral de todos os tempos. Esse é Marcelino, que completou 69 anos de idade em janeiro passado. Continua sendo até hoje o goleiro do futebol cearense com maior número de minutos sem sofrer gols. No campeonato estadual de 1973, foram 1.295 minutos sem a bola entrar na meta do Ferroviário, a quarta melhor marca do Brasil em todos os tempos e entre as dez melhores do mundo. Ele já mereceu algumas citações aqui no blog, inclusive com a postagem de uma entrevista sua gravada pela direção de marketing coral em 2013. Marcelino não é muito afeito à Internet, mas ao ser avisado que existia conteúdo sobre ele no Almanaque do Ferrão, ele não titubeou: “Minha filha olha pra mim“, disse. Esse escreveu seu nome na história coral, não apenas pelo recorde que parece ser eterno, mas também pelas 170 partidas que entrou em campo com a camisa do Ferroviário, atrás apenas de Zé Dias e Jorge Luiz, os dois recordistas na posição em número de jogos.

HOMENAGEM A ROGER E AOS GOLEIROS DA HISTÓRIA CORAL

Semana passada, o goleiro Roger fez grandes defesas na vitória do Ferrão por 1×0 em cima do Crato, no PV. O jogo foi válido por mais uma rodada da segunda divisão cearense. A grande atuação de Roger mereceu um vídeo particular no canal oficial do clube no Youtube. Ele teve seu nome ovacionado pela torcida coral ao final do jogo. Formado nas categorias de base do Corinthians/SP e com boas passagens no futebol do Mato Grosso do Sul, Roger é o 195º goleiro da história de 83 anos do Ferroviário. Hoje, no dia do goleiro, o Almanaque do Ferrão homenageia o atual arqueiro coral, lembrando outros nomes que defenderam o clube, uns com muito sucesso, outros nem tanto.

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Alexandre Pavão em 2004

Que tal começar com Alexandre Pavão? O ex-goleiro do Figueirense/SC chegou em 2004 para o Tubarão da Barra. Fez apenas um jogo, tomou 4 gols, todos eles decorrentes de suas falhas em campo. Ficou tão constrangido com a atuação que pediu pra ir embora no dia seguinte. Por outro lado, como não lembrar de Marcelino, goleiro coral em 170 partidas entre 1969 e 1976, dono da maior marca de um arqueiro até hoje no futebol cearense, com seus 1.295 minutos sem sofrer gols, no ano de 1973. Dia de recordar ainda os lendários Ado e Wendell, consagrados no futebol brasileiro, assim como Clemer, que tiveram a oportunidade de vestir a gloriosa camisa do Ferroviário Atlético Clube.

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Fernando Lira: reserva em 1982

Dia do goleiro também é uma boa oportunidade para lembrar de nomes que não fizeram tanto sucesso, de passagem apagada, que faz os torcedores sequer lembrarem que jogaram no clube. Um exemplo é o Fernando Lira, ex-Sport/PE, reserva de Hélio Show no campeonato cearense de 1982. Foram apenas 3 jogos com a camisa coral. E Osvaldo, Carlinhos e Pedrinho, os três que brigaram pela titularidade no estadual de 1990? Certa vez, o Almanaque do Ferrão até resgatou um vídeo com os três. Lembra? Jorge Hipólito, nos anos 70, foi outro goleiro que também mereceu postagem especial no blog. Houve também o experiente Duílio, ex-Ríver/PI, que atuou em apenas 4 partidas em 1984.

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Walter: titular em 1987

Nesse dia do goleiro, daria até pra fazer uma crônica com todos os 195 ´guarda-valas´ corais, porém é preferível não adotar nenhum critério para mencionar os nomes dessa postagem. A intenção é citá-los apenas de forma aleatória, homenageando todos eles, os campeões, titulares ou não: Alderi, Zé Dias, Gumercindo, Juju, Cavalheiro, Douglas, Edilson José, Aloísio Linhares, Paulinho, Cícero Capacete, Giordano, Edmundo, Serginho, Robinson, Roberval, Miguel, Luís Sérgio, Dênis e Jorge Luiz; os quase nunca lembrados: Jorge Carioca, em 1992, Renato, em 1977, Zenga, em 2000, o indefectível Satanaz, em 1947, Banana, em 1991, Guanair, em 1993, Célio, em 2011, entre tantos outros. Podemos ainda citar Walter, ex-Tiradentes/CE, reserva entre 1985 e 1986, porém titular com grande atuações em 1987. No título estadual do ano seguinte, foi ele quem jogou as primeiras partidas. Enfim, o blog citou apenas alguns nomes entre os 195 goleiros que atuaram nos mais de 3.500 jogos da história coral. Sintam-se todos lembrados e homenageados. Feliz dia do goleiro!

PRIMEIRO TÍTULO ESTADUAL DO FERRÃO COMPLETA 70 ANOS

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Uma das formações do Ferroviário no início de 1946: Valdemar Caracas, Caranguejo, Babá, Alderi, Benedito, Chinês e Dandoca. Agachados: Olívio, Aracati, Charutinho, Almeida e Pipi.

O título foi o de campeão cearense de 1945, mas a conquista veio em 1946, exatamente num 17 de fevereiro como hoje. Há 70 anos, o Ferroviário Atlético Clube conquistava seu primeiro campeonato estadual e grafava seu nome na galeria dos grandes times do futebol alencarino. Sob o comando do próprio fundador Valdemar Caracas, que exercia na ocasião a função de treinador da equipe, o legítimo representante da classe ferroviária do estado do Ceará batia, de virada, o poderoso Maguari por 3×1, com gols de Pipi, Toinho II e Charutinho, conquistando um resultado histórico e enchendo de alegria uma grande legião de torcedores que acompanhava a agremiação coral. O jogo foi disputado num acanhado estádio Presidente Vargas e teve o lendário árbitro Rolinha no apito.

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Os jornais da cidade de Fortaleza estampavam: Ferroviário campeão cearense de 1945

A competição teve apenas 9 jogos para o Ferroviário, um deles vencido por WO contra o Fortaleza. Nas outras 8 partidas disputadas em campo, o Almanaque do Ferrão registrou a seguinte participação de cada atleta: Zé Dias (7 jogos), Gumercindo (1), Caranguejo (8), Benedito (8), João Bombeiro (5), Chinês (8), Dandoca (8), Toinho II (8), Aracati (8), Charutinho (8), Duó (4), Almeida (4), Pipi (8) e Osvaldo (3). Na foto mais famosa do título, nota-se a ausência do goleiro titular Zé Dias e também de seu reserva imediado Gumercindo. Quem aparece é o jovem Alderi, que apesar de não ter participado de nenhuma partida oficial no certame, fixou-se como titular por um período logo após a conquista. O defensor Babá e o atacante Olívio também saíram na foto com o troféu, mesmo sem terem disputado jogos oficiais no campeonato. Na final contra o Maguari, no jogo de número 194 de toda a trajetória coral, o Ferrão formou com Zé Dias, Caranguejo e Benedito; Dandoca, Chinês e Osvaldo; Toinho II, Aracati, Charutinho, Almeida e Pipi. O Maguari jogou com Rai, Valdemar e Popó; Roberto, Otávio e Stênio; Gerson, Dudu, Jombrega, Henrique e Deefeito. Partida histórica para sempre ser lembrada!

REVISTA DE CIRCULAÇÃO NACIONAL VAI FALAR DA PRISÃO DO FERRÃO

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Jogadores e polícia saindo do gramado do Presidente Vargas: Ferroviário preso em 1948

Ainda é segredo o nome da revista, mas já se sabe que em breve o Ferroviário Atlético Clube vai merecer destaque em uma das publicações mais importantes da Editora Abril e não estamos falando da Placar. A matéria será assinada por um grande colunista da revista e estampará uma foto raríssima na história do clube: o momento da prisão de todo time coral em 22/2/48, no Estádio Presidente Vargas, exatamente no jogo final do campeonato cearense de 1947. A imagem acima foi cedida para a publicação nacional diretamente do acervo do Almanaque do Ferrão. Aguardem.

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Zé Dias: o goleiro no xilindró

A prisão de todos os jogadores do Ferroviário em 1948 é até hoje lembrada no futebol cearense e marcou a história do clube como uma prova indelével das artimanhas extra-campo que terminaram afetando os resultados esportivos dentro das quatro linhas ao longo das décadas. Na ocasião, o Ferrão vencia o Fortaleza por 3×1 e garantia o título. O árbitro Edson Oliveira passou a promover uma sucessão de equívocos, expulsou jogador, transformou tiro de meta em escanteio, validou gol irregular e o adversário chegou aos 3×3 em questão de minutos. Os corais se revoltaram e saíram de campo, recebendo voz de prisão ainda no estádio, sendo os jogadores submetidos a caminharem a pé, em fila indiana, até o xilindró mais próximo, que ficava no centro da cidade.

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Dois presos: Manoelzinho e Benedito

Sob o comando do técnico Baiano, o Ferroviário foi ´assaltado` e preso naquela tarde com o futebol de Zé Dias, Manoelzinho e Expedito; Benedito, Vicente Trajano e Raimundinho; Néo, Manuel de Ferro, Decolher, Ruivo e Pipi. Como o jogo não prosseguiu, o Fortaleza foi declarado campeão com Juju, Zé Sérgio e Stênio; Natal, Torres e Arrupiado; Jombrega, Paulinho, França, Pipiu e Piolho. Os gols foram de Decolher, Manuel de Ferro, Néo, França, Jombrega e Torres. Era apenas o jogo de número 241 na história coral, cujo imbróglio que o envolveu certamente será bem retratado na publicação que chegará às bancas de todo país. Avisaremos aqui.