GOLS DE UMA GRANDE VITÓRIA DO FERROVIÁRIO EM CIMA DO CEARÁ

Artilheiro Paulo César marca o primeiro gol do jogo contra o Ceará aos 7 minutos do 1º tempo

A imagem acima é mais um gol de Paulo César no campeonato cearense de 1979. Foi marcado na goleada de 4×2 em cima do Ceará, no dia 10 de junho daquele ano. Os 19.414 pagantes testemunharam, no Castelão, uma atuação de gala do Ferrão contra o time que era o tetracampeão estadual. O treinador Urubatão Calvo Nunes promovia a estreia oficial do goleiro Cícero Capacete, do lateral Jorge Luís e do atacante Raulino, que marcou logo dois gols em seu primeiro jogo. O baixinho Babá anotou o outro tento coral no jogo. Coube a Aloísio Guerreiro e Geraldino Saravá marcarem para o alvinegro, que era treinado por Moésio Gomes. Repare na bela escalação coral naquele domingo: Cícero, Jorge Luís, Lúcio Sabiá, Celso Gavião e Ricardo Fogueira; Jeová, Jacinto (Dedé) e Nilsinho (Terto); Raulino, Paulo César e Babá. O Ceará perdeu com Sérgio Gomes, Tércio, Pedro Basílio, Artur e Bezerra; Serginho e Erasmo (Jangada); Ivanir, Aloísio Guerreiro, Geraldino e Tiquinho. Aquele 4×2 deu muita moral ao Ferrão, que conquistou o 2º turno duas semanas depois. Raulino, estreante e autor de dois gols no jogo, foi também peça fundamental no título estadual daquele ano. Mês passado, completou dez anos de sua morte, na cidade de Manaus, em decorrência de problemas cardíacos. Com a narração de Gomes Farias, além da participação do ex-árbitro Gilberto Ferreira e dos setoristas Luiz Antônio e Itamar Monteiro, você confere abaixo o resgate histórico em sete minutos de áudio com os seis gols daquela memorável partida transmitida pela Rádio Verdes Mares de Fortaleza.

VITORIOSO TREINADOR DO FERRÃO EM ENTREVISTA NA DÉCADA DE 90

O Ferroviário Atlético Clube deve boa parte do título de campeão cearense de 1979 ao carioca Urubatão Calvo Nunes. Foi ele quem armou o time coral no meio do certame e o levou à conquista do 2º turno, carimbando o passaporte para as finais do Estadual. Posteriormente, entrou em rota de colisão com a direção e foi substituído pelo iluminado César Moraes. Mas quem foi Urubatão Nunes? Pouco se fala dele e os mais jovens têm poucas referências sobre o perfil desse grande profissional. Sequer sabem que foi ele um dos primeiros a ser apresentado em grande estilo, de helicóptero, no futebol cearense. Dono de uma célebre frase na qual afirma que “a história não lembra dos covardes“, Urubatão levou para o Tubarão da Barra toda experiência de quem cresceu no Santos ao lado de Pelé. O Almanaque do Ferrão resgata acima uma entrevista na TV Cultura com o ex-técnico, já nos anos 90, para mostrar as novas gerações um pouco da personalidade forte de um dos maiores nomes do futebol brasileiro que passaram pela Barra do Ceará.

URUBATÃO CALVO NUNES: A HISTÓRIA NÃO LEMBRA DOS COVARDES

Imagem005

Três nomes na história do Ferroviário: Urubatão Nunes, Chateaubriand Arrais e Ruy do Ceará

Urubatão Calvo Nunes foi bicampeão paulista pelo Santos em 1955 e 1956 como jogador de meio campo. Jogou ao lado de nomes como Pelé, Pepe, Dorval, Coutinho e outros tantos, inclusive na seleção brasileira. Após a aposentadoria como atleta, virou treinador com passagens pelo América/SP, Fortaleza e o próprio Santos em 1977. Chegou para o Ferroviário em 1979 após irregular campanha do time coral no 1º turno do campeonato cearense. Foi apresentado para a torcida no feriado de 1º de maio, com um festival na Barra que recebeu um bom público no amistoso contra os funcionários da cervejaria Antarctica. Desceu de helicóptero no gramado como estrela. Estreou no 2º turno uma semana depois contra o América, uma vitória de virada graças a dois gols do meia Jacinto. Sob o comando de Urubatão, o Ferrão humilhou o Guarany de Sobral (5×2), o Ceará (4×2) e o Fortaleza (5×0). Venceu o turno e colocou o time coral na final.

fac7999

Sob o comando de Urubatão: 5×0 no Fortaleza

O Almanaque do Ferrão resgata acima uma foto histórica: Urubatão Nunes ao lado de Chateaubriand Arrais e Ruy do Ceará, dois ilustres representantes da melhor safra de dirigentes da história do clube. Em Fortaleza, o técnico coral residia no apartamento 611 do decadente Edifício Jaqueline, no bairro nobre do Meireles. De personalidade forte, entregou o cargo após uma derrota para o Ceará no 3º turno. Depois que alguns dirigentes tentaram demovê-lo da idéia e convencê-lo a ficar, entrou em cena a perspicácia do diretor de futebol Ruy do Ceará: “De jeito nenhum, agora quem não quer sou eu“. Ruy contratou o treinador César Moraes, que 40 dias depois sagrou-se campeão cearense. Urubatão não saiu na foto, mas jamais se pode esquecer sua importância nos 23 jogos que comandou o time naquele campeonato.

Urubatão voltou ao futebol alencarino em 1986 como treinador da seleção cearense, que se preparava para o retorno do campeonato brasileiro de seleções, competição esta que acabou nunca sendo realizada em razão da conhecida desorganização que imperou na CBF durante os anos 80. Morreu em 2010 depois de lutar bravamente contra um tumor no cérebro e outro no pulmão. Uma de suas frases mais conhecidas está registrada nos anais do futebol brasileiro e reproduz bem a personalidade que o caracterizou enquanto ser humano e profissional do futebol: “A história não fala dos covardes“. Não fala mesmo. Se não merecesse, Urubatão não estaria há mais de 30 anos na história do Ferroviário.