DINAMITE JOGOU 2 VEZES E NUNCA MARCOU GOL CONTRA O FERRÃO

Ídolo Dinamite enfrentou o Ferrão em duas partidas, mas não marcou gols em cima do Ferrão

O futebol brasileiro perdeu no início dessa semana um de seus maiores goleadores. Depois de uma árdua batalha contra o câncer, Roberto Dinamite, eterno ídolo do Vasco da Gama, partiu para o plano superior. Durante grande parte dos anos 1970 e 1980, Roberto dividiu com Zico, do Flamengo/RJ, o protagonismo entre os grandes craques do país. Diferente de seu amigo e antigo rival nos gramados, Dinamite enfrentou o Ferroviário Atlético Clube em apenas duas oportunidades, ambas na mesma temporada. O Vasco/RJ levou a melhor nos dois jogos, mas o camisa 10 vascaíno não marcou gols em cima do Ferrão. Referidas partidas já tiveram o vídeo de seus gols publicados aqui no blog. A primeira foi um jogo bastante polêmico, em janeiro de 1983, no Castelão e a segunda, exatamente no jogo da volta em São Januário, pouco mais de um mês depois, a equipe carioca venceu sem muita dificuldade. As fichas técnicas das duas partidas também foram devidamente publicadas nas respectivas postagens. Vale a pena revê-las. Que Roberto Dinamite descanse em paz!

MAIS UM ANIVERSÁRIO DO POLÊMICO JOGO CONTRA O VASCO

Ferroviário Atlético Clube naquele 23/01/1983 – Em pé: Augusto, Laércio, Luisinho, Zé Carlos e Hélio Show; Agachados: Paulo César Cascavel, Betinho, Ednardo, Edson e Jorge Veras

Um jogo bastante polêmico na história coral completa mais um aniversário nesse 23 de janeiro. Naquele domingo de 1983, o Ferroviário fazia sua estreia na Taça de Ouro, a versão equivalente à atual Série A do campeonato brasileiro. O adversário era o tradicional Vasco da Gama, campeão carioca da temporada anterior. Pouco mais de quatorze mil pagantes foram ao Castelão e presenciaram cenas exóticas do árbitro Roberto Nunes Morgado. Completamente transtornado dentro de campo, ele distribuiu vários cartões amarelos em jogadas normais, expulsando ainda Betinho e Doca, e deixando os corais inferiorizados numericamente. Não bastasse enervar os jogadores do Ferrão com atitudes transloucadas nas quatro linhas, o juiz ainda apitou boa parte do jogo correndo apenas na linha lateral, sendo estrepitosamente vaiado pelos torcedores. Num dos momentos mais cômicos daquele domingo, para não dizer trágico ao mesmo tempo, o árbitro deu cartão vermelho até para o policiais que foram obrigados a entrar em campo para acalmar os ânimos. Pouco tempo antes, o árbitro havia sido diagnosticado com transtornos psicológicos. Em 1989, Roberto Nunes Morgado morreu de Aids. Os acontecimentos no Castelão são até hoje lembrados.

Acima, você confere o vídeo raro com os dois gols do jogo. O primeiro foi marcado pelo volante Dudu, que nove anos depois vestiu a camisa do próprio Ferroviário já em final de carreira. O lateral esquerdo Pedrinho fechou o placar com um belo tento. Treinado por Wilson Couto, o Tubarão da Barra formou naquela tarde/noite com o futebol de Hélio Show, Laércio, Nilo, Zé Carlos e Luisinho; Augusto, Edson e Betinho; Ednardo (Doca), Paulo César Cascavel e Jorge Veras. O Vasco da Gama jogou com Acácio, Galvão, Orlando Fumaça, Celso Gavião e Pedrinho; Dudu, Serginho e Roberto Dinamite; Pedrinho Gaúcho (Elói), Ernani e Almir (Marco Antônio). O técnico era Antônio Lopes. Como se vê na escalação, o quarto zagueiro Celso Gavião, campeão cearense pelo Ferrão em 1979, atuava na equipe carioca. Na transmissão do polêmico jogo pela Rádio Verdes Mares de Fortaleza, o lendário narrador Gomes Farias, cunhou uma frase memorável para relatar, aos ouvintes, os rompantes tresloucados do árbitro: “o torcedor cearense que veio ao Gigante da Boa Vista para ver o Roberto Dinamite está vendo outro Roberto, está vendo o árbitro Roberto Nunes Morgado“. 

GOL HISTÓRICO DO FERROVIÁRIO NO MARACANÃ COMPLETA ANIVERSÁRIO

Aconteceu numa quarta à noite, exatamente num dia 12 de março como hoje. Só que no ano de 1980. O Ferroviário já tinha enfrentado o Flamengo/RJ três vezes anteriormente, mas nunca tinha ido ao Rio de Janeiro. O adversário carioca ainda não era Campeão do Mundo, mas já tinha montado o melhor elenco de sua história. O Ferrão fazia boa campanha no campeonato brasileiro, bem mais integrado e nacionalizado que o formato atual de disputa. Foi um jogo histórico apesar da derrota coral, televisionado para todo o estado do Ceará através da TV Verdes Mares. O barbudo Almir foi o terceiro jogador de um time cearense a marcar um gol no lendário Maracanã. Antes dele, apenas Gildo e Geraldino Saravá haviam alcançado essa façanha. O Flamengo venceu por 2×1, com dois gols do ídolo Zico. No lance mais polêmico, o árbitro Hélio Corso interpretou como pênalti uma boa que bateu na mão do zagueiro Nilo. Jogo duro, resultado apertado.

Almir e Aristóbulo no Rio de Janeiro

Treinado pelo cearense Aristóbulo Mesquita, que fez sua carreira como atleta no próprio Flamengo/RJ nos anos 50, o Ferroviário formou com Salvino, Jorge Luís, Nilo, Celso Gavião e Ricardo Fogueira; Doca, Bibi e Nilsinho (Hélio Sururu); Ari (Haroldo), Almir e Babá. Já o time carioca, do saudoso técnico Cláudio Coutinho, venceu com Raul, Toninho, Rondinelli, Marinho e Júnior; Carpegiani, Adílio e Zico; Reinaldo, Tita (Andrade) e Carlos Henrique. Há alguns anos, essa memorável partida do Ferroviário virou até crônica intitulada ‘Dias de Glória no Maraca´, publicada numa das dez edições da Expresso Coral, revista oficial do Ferrão distribuída nas bancas de revistas entre janeiro de 2008 e abril de 2010. Pouco tempo depois, em razão das maravilhas que só a Internet propicia, o vídeo com os gols do jogo caiu no YouTube e merece o devido destaque acima em nosso blog. De quebra, acompanhe ainda entrevistas com os jogadores do Flamengo/RJ após a partida, comentando sobre a contratação do ídolo vascaíno Roberto Dinamite, que estava no Barcelona da Espanha, o que acabou não ocorrendo.