LEMBRANÇAS DO TIME QUE METEU 4×0 NO CEARÁ NO ESTADUAL DE 1947

Ferroviário Atlético Clube em 1947: Zé Dias, Decolher, Manuel de Ferro, Vicente Trajano, Caranguejo, Pipi, Benedito, Toinho II, Manoelzinho, Toinho I, Raimundinho e Baiano (treinador)

Esse belo retrato é a base do time do Ferroviário Atlético Clube que meteu 4×0 no Ceará no dia 6 de Julho de 1947, no PV. O jogo valeu pelo 1º turno do campeonato cearense daquele ano e está completando hoje mais uma aniversário daquela grande vitória. Os gols foram de Toinho I, Manoelzinho, Toinho II e Decolher. É possível identificar nomes emblemáticos da história coral, como Zé Dias, o goleiro que mais vezes defendeu a camisa coral em todos os tempos, com 197 partidas no currículo. Além dele, destaque também para a dupla de irmãos piauienses Manoelzinho e Raimundinho na mesma imagem. O primeiro é o recordista coral em número de jogos. Foram 403 partidas de Manoelzinho pelo Ferrão, enquanto Raimundinho atuou em apenas 40 jogos e depois regressou para o Piauí. O atacante Decolher, infelizmente, teve morte trágica nos anos 1950. O time era treinado por J.G. Andrade, o famoso Baiano. Essa equipe foi vice-campeã estadual de 1947 após um episódio lamentável, porém histórico, que culminou com a prisão de todos os jogadores corais na decisão contra o Fortaleza, fato que mereceu destaque em postagens anteriores aqui no blog.

RECORDISTA EM NÚMERO DE PARTIDAS ESTAMPA NOVO COPO

Zagueiro Manoelzinho estampa o copo da série Legendários do jogo contra o Imperatriz/MA

O zagueiro Manoelzinho é apontado como um dos maiores nomes da história do Ferroviário Atlético Clube. Desde que chegou ao Ferrão na temporada de 1946, acompanhado de seu irmão Raimundinho, ambos oriundos do Flamengo da cidade de Parnaíba, interior do Piauí, Manoel David Machado teve uma carreira longeva e vitoriosa no Ferroviário. Na ocasião, a indicação dos irmãos Manoelzinho e Raimundinho partiu do próprio presidente do Flamengo de Parnaíba, Antônio João de Araújo, que residia em Fortaleza e comentou sobre o potencial dos dois jovens para Valdemar Caracas. As portas da pensão de Dona Filó, no centro de Fortaleza, foram abertas para os dois jovens e eles puderam iniciar no Ferrão. Manoelzinho passou 16 anos. Foram 403 jogos com a camisa coral, o que o coloca na história como o recordista em número de partidas, fato este agora eternizado na coleção ´Legendários` do setor de marketing do Tubarão da Barra a partir da produção de uma série de copos colecionáveis, comercializados durante as partidas do time coral em Fortaleza, por ocasião das disputas da Série C do campeonato brasileiro de 2019. O copo de Manoelzinho estará abrilhantando o jogo do Ferrão contra o Imperatriz/MA que, por sua vez, se enfrentam pela primeira vez na história, no Estádio Presidente Vargas.

BODAS DE OURO DO ÚLTIMO CAMPEÃO CEARENSE INVICTO

Matéria na imprensa cearense no dia 28/07/1968 prognosticando o fim do jejum de 16 anos

O último campeão invicto! Assim é conhecido até hoje o elenco do Ferroviário de 1968, que conquistou o campeonato estadual daquele ano com ampla supremacia e entrou para história eterna do futebol alencarino. Nesse sábado, dia 28 de julho, celebra-se o 50° aniversário daquela brilhante conquista. Naquele período, a diretoria coral passara por uma renovação e a chegada de jovens engenheiros da RFFSA para comandar os destinos do clube enchera de esperança a torcida coral, que não comemorava um título há 16 anos, o que era até então o maior jejum do clube em termos de conquistas. Capitaneados pelo presidente Elzir Cabral, dirigentes como José Rêgo Filho, Ruy do Ceará, Cândido Pamplona e um grupo de abnegados corais quebravam o jejum e começavam a escrever uma nova história para o clube. O jogo decisivo foi contra o Fortaleza, que também brigava pelo título naquele domingo de 1968. João Carlos marcou para o Ferrão e Croinha anotou o seu para o Fortaleza. O empate de 1×1 garantiu a conquista coral. O treinador Ivonísio Mosca de Carvalho mandou à campo naquela tarde a seguinte formação: Cavalheiro, Wellington, Flodoaldo (Luiz Paes), Gomes e Barbosa; Edmar e Coca Cola; Mano, João Carlos, Paraíba e Raimundinho (Lucinho). Nas bodas de ouro daquela conquista, é bom não esquecermos de eternizar esses nomes na memória coral. Além dos que atuaram na partida decisiva, vale destacar a participação dos que atuaram em pelo menos uma partida na competição: Roberto Barra-Limpa, Jurandir, Douglas, Facó, Ademir, Sanêga e Edilson José.

Página esportiva do Correio do Ceará destacando o grande feito coral no campeonato de 1968

Desde que foram campeões, alguns atletas do grupo coral nunca mais se encontraram.  A vida deu rumo diferente para muitos na carreira futebolística, outros simplesmente abandonaram a profissão, porém sem nunca esquecer a união daquele grupo e a importância daquele momento. Em 2014, alguns remanescentes do elenco do Ferrão de 1968 se encontraram numa churrascaria em Fortaleza e a noite foi de recordações e muita emoção. O goleiro gaúcho Cavalheiro, por exemplo, não voltava a Fortaleza há quase quatro décadas e nunca mais havia tido qualquer tipo de contato com seus antigos companheiros. O volante Edmar, titular absoluto em toda a campanha coral, comentou sobre mais um aniversário daquela conquista na última vez que teve o privilégio de estar reunido com parte daquele grupo: “Foi uma festa memorável após a partida. Nunca vi nada igual. Era um grande time. Não perdemos pra ninguém. Nós jogávamos por música e tínhamos o suporte de uma diretoria cheia de gente jovem e de palavra. Tenho orgulho de fazer parte daquela geração“, disse. Do interior do Rio Grande do Sul, o goleiro Cavalheiro também mandou uma mensagem de aniversário referente à conquista: “1968 foi um ano emblemático em todo país pela conjuntura social e política que vivíamos no país. Conquistar um título naquele ano pelo Ferroviário, time de origem humilde e proletária, e ainda de forma invicta, foi um dos maiores feitos da carreira daqueles jogadores. O Ferrão está eternizado no meu coração“, comentou. Feliz bodas de ouro, torcedor coral! 1968 para sempre!

Campeões 1968 em 2014: Mano, Luiz Paes, Edmar, Barbosa, Cavalheiro e Raimundinho

CONQUISTA INVICTA DE 1968 DO FERROVIÁRIO COMPLETA 47 ANOS

Foto histórica do time campeão invicto estampada na revista de circulação nacional O Cruzeiro

O último campeão invicto! Assim é conhecido até hoje o time de 1968 do Ferroviário, que conquistou o campeonato cearense daquele ano com ampla supremacia e entrou para história do futebol alencarino depois de 16 anos sem títulos. Nesse dia 28 de julho, celebra-se o 47° aniversário daquela brilhante conquista. Na ocasião, a diretoria coral passara por uma renovação e a chegada de jovens engenheiros da Rffsa para comandar os destinos do clube enchera de esperança a torcida coral. Capitaneados pelo presidente Elzir Cabral, dirigentes como José Rego Filho, Ruy do Ceará, Cândido Pamplona, Célio Pamplona, Afrodísio Pamplona, Roderico Braga, além de um valoroso grupo de abnegados corais quebravam o jejum e começavam a escrever uma nova história para o clube. Nunca mais um clube local foi campeão cearense invicto.

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Anunciada a conquista

O jogo decisivo foi contra o Fortaleza disputado num PV dividido meio a meio entre as duas torcidas que brigavam pelo título. João Carlos marcou para o Ferrão e Croinha anotou o do tricolor. O empate de 1×1 garantiu a conquista coral. O treinador Ivonísio Mosca de Carvalho contou em campo naquela tarde com a seguinte formação: Cavalheiro, Wellington, Flodoaldo (Luiz Paes), Gomes e Barbosa; Edmar e Coca Cola; Mano, João Carlos, Paraíba e Raimundinho (Lucinho). O Fortaleza perdeu com Gilberto, William, Zé Paulo, Renato e Carneiro; Luciano Oliveira, Joãozinho e Ivan Frota (Fontoura); Croinha, Humaitá e Alísio. A conquista invicta veio no jogo de número 1.083 da história coral. O volante Edmar, titular absoluto em toda a campanha, comentou há cerca de dois anos sobre mais um aniversário daquela conquista: “Foi uma festa memorável após a partida. Nunca vi nada igual. Era um grande time. Não perdemos pra ninguém. Nós jogávamos por música e tínhamos o suporte de uma diretoria cheia de gente jovem e de palavra. Tenho orgulho de fazer parte daquela geração“, disse.

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Cavalheiro sobe com Humaitá na final

Do interior do Rio Grande do Sul, seu estado natal, o goleiro Cavalheiro também já comentou sobre a conquista em anos recentes: “1968 foi um ano emblemático em todo país pela conjuntura social e política que vivíamos no país. Conquistar um título naquele ano pelo Ferroviário, time de origem humilde e proletária, e ainda de forma invicta, foi um dos maiores feitos da carreira daqueles jogadores. O Ferrão está eternizado no meu coração“, comentou. Muitos dos campeões invictos passaram mais de quatro décadas sem voltarem a se encontrar. Há cerca de um ano, uma boa parcela do time titular esteve reunida em Fortaleza e o fato mereceu destaque numa atualização do Almanaque do Ferrão em outubro do ano passado. No início desse ano, um dos titulares presentes ao encontro do ano anterior, o atacante Raimundinho, faleceu e também foi homenageado no blog com uma postagem específica. Além dos jogadores destacados na partida final, nomes como os goleiros Douglas e Edílson José, além dos jogadores Facó, Ademir, Sanêga, Roberto Barra-Limpa e Jurandir escreveram seus nomes na galeria de eternos do Ferroviário com o título invicto.

HORA DO ADEUS PARA UM GRANDE CAMPEÃO INVICTO DE 1968

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Mano, Luiz Paes, Edmar, Barbosa, Cavalheiro e Raimundinho, que foi jogar no time de Deus

A notícia pegou seus ex-companheiros de surpresa. O ex-atacante Raimundinho faleceu essa semana. O velho coração não aguentou. Ele foi campeão cearense invicto vestindo a camisa do Ferroviário na histórica campanha de 1968, o ano que verdadeiramente nunca terminou para os heróis corais. Além do Tubarão da Barra, vestiu também a camisa do Calouros do Ar e atuou no futebol maranhense e baiano.

Em agosto do ano passado, Raimundinho era um dos mais felizes num improvisado reencontro de ex-jogadores do elenco de 68. Levou familiares para conhecer velhos amigos. Viveu um momento de real e intensa felicidade. Reencontro após 45 anos e, ao mesmo tempo, despedida por um desses caprichos da vida.

ferrao68O ex-goleiro Cavalheiro lamentou em rede social: “Foi reforçar nessa semana o eterno time vencedor de Deus. Por melhor que sejam as condições por lá, espero que não estejam precisando de um goleiro. Um grande e último abraço amigo Raimundinho“. Segundo dados do Almanaque do Ferrão, Raimundo Carvalho da Silva, o baixinho ponta-esquerda coral, atuou em 13 partidas e marcou 3 gols na histórica conquista de 1968.

CAMPEÕES INVICTOS DE 68 TÊM REENCONTRO INESPERADO

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Quando o interfone tocou no apartamento do ex-zagueiro Luiz Paes, ele jamais esperava a visita do passado naquela tarde de quinta-feira. Era agosto desse ano, dia 21. Pelo interfone, o porteiro anunciou o visitante: “É o Cavalheiro que está aqui embaixo”. Depois de 45 anos, dois ex-companheiros corais se reencontravam de forma emocionante e totalmente inesperada. Em meio ao forte abraço, Cavalheiro exclamava repetidas vezes: “meu zagueiro, meu zagueiro”.

Depois que foi embora do Ferroviário em 69, o gaúcho Cavalheiro nunca mais havia visto os campeões invictos do ano anterior. Em 2014, resolveu passear e reencontrar um pouco do seu passado. A passagem por Fortaleza foi breve, mas o suficiente para reencontrar 5 ex-atletas da sua época, graças ao ex-lateral Barbosa, que cuidou de ligar pra um e pra outro em caráter de urgência. No dia seguinte, o reencontro numa churrascaria de Fortaleza envolveu até familiares. Em meio a troca de presentes, mais abraços e fortes emoções.

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Mano, Luiz Paes, Edmar, Barbosa, Cavalheiro e Raimundinho juntos depois de tanto tempo

Todos receberam o Almanaque do Ferrão com o registro da história que cada um escreveu no clube. Na foto acima, da esquerda para direita: Mano, Luiz Paes, Edmar, Barbosa, Cavalheiro e Raimundinho. O tempo foi curto demais para reunir mais ex-companheiros. No dia seguinte, Cavalheiro foi embora, levando novamente a saudade. Ficou de não demorar mais tanto tempo pra voltar e reunir um número maior de amigos da próxima vez, aqueles que escreveram uma das mais belas páginas da história do Ferroviário, o título de campeão invicto de 1968, os colegas heróis, como bem registrou Barbosa por escrito na dedicatória que Cavalheiro jamais vai esquecer.