POR ONDE ANDA A CRIA CORAL NEGOCIADA COM O FC PORTO?

Ex-cria coral Josivan em foto recente no trabalho na cidade portuguesa de Mangualde em Portugal

No dia 5 de maio de 1999, o baixinho Josivan fez sua primeira partida pelo time profissional do Ferrão. Lançado pelo treinador Newton Albuquerque, ele atuou muito bem no empate de 3×3 contra o América/RN, em jogo válido pela Copa do Nordeste daquele ano. Dois dias depois, o atleta já era destaque nas páginas do jornal Diário do Nordeste. Foram apenas 15 jogos e 2 gols marcados nos três meses seguintes para Josivan ganhar a chance de atuar em Portugal. Observado pelo ex-zagueiro Celso Gavião, que trabalhava como olheiro da empresa “International Foot“, a jovem revelação coral foi emprestada ao famoso FC Porto, para jogar inicialmente na equipe B. Seu passe foi estipulado em 50 mil Reais em caso de opção de compra pelo time português, o que rapidamente aconteceu. Depois de duas boas temporadas na equipe aspirante do Porto, Josivan chegou a figurar na pré-temporada do elenco principal sob o comando do famoso treinador Fernando Santos. Mais de duas décadas depois, a cria coral continua morando no Velho Continente, mais precisamente na cidade de Mangualde, que fica situada na província de Beira Alta, no Distrito de Vizeu.

Matéria do Diário do Nordeste sobre Josivan apenas 2 dias depois de sua estreia no profissional

Josivan nunca se firmou no time principal do Porto, mas fez toda sua carreira em equipes menores do futebol lusitano, atuando nas mais diversas divisões nacionais. Entre 2006 e 2007, o atleta chegou a jogar no futebol do Vietnã. Em 2017, Josivan pendurou as chuteiras na equipe portuguesa do Aguiar da Beira, depois de sete temporadas consecutivas. Longe do futebol, ele se mudou para Vizeu e começou a trabalhar com pintura de veículos no centro de produção da Peugeot-Citroen, majoritariamente durante o período noturno, onde se orgulha de nunca ter faltado um dia de trabalho em mais de três anos de atividade laboral. No período da tarde, Josivan treina a equipe Sub-13 do Grupo Desportivo de Mangualde e observa novos talentos para empresários portugueses. Ele tem dois filhos que desejam seguir carreira no futebol e uma filha que está na faculdade. A família não deseja retornar nunca mais para Fortaleza em razão dos perigos relacionados à segurança pública. Ficarão sempre as memórias do início da carreira de Josivan, que ao deixar o Ferrão e chegar no Porto era visto como o “novo Rui Barros” e chegou a ganhar a alcunha de “Rato Atômico das Antas“, em alusão ao seu estilo driblador e envolvente.

CELSO GAVIÃO E SUAS MEMÓRIAS NO FERROVIÁRIO E NO PORTO

O vídeo acima foi editado a partir de uma entrevista concedida pelo ex-zagueiro Celso Gavião à jornalista Denise Santiago. Veiculado no programa Jogo Certo da TV Diário, em 2018, o ex-atleta coral falou de algumas recordações vitoriosas no futebol, entre elas, o título estadual no Tubarão da Barra, em 1979, e o título mundial no Porto, de Portugal, em 1987. Quando perguntado sobre ter marcado o gol do título pelo Ferrão em cima do Ceará, Celso não titubeou: “foi o gol do título“. Na prática, é verdade que não foi, visto que o título só foi confirmado após uma vitória por 3×0 em cima do Fortaleza, na rodada seguinte. Porém, o gol do Gavião foi de uma importância tamanha que é comumente referido como o ´gol do título`, dado o contexto de uma vitória maiúscula, histórica e totalmente improvável em termos de prognósticos naquele momento. Referida curiosidade é, inclusive, relatava no texto intitulado “Petardo do Gavião e Milagres do Capacete“, no recém-lançado livro `Crônicas Corais´, em alusão às atuações individuais do zagueiro Celso e do goleiro Cícero Capacete naquele memorável jogo contra o alvinegro, em setembro de 1979. Fica a dica de leitura.

JARDEL É LEGENDÁRIO DO FERRÃO E LEGENDÁRIO DO FUTEBOL EUROPEU

Ex-atacante Mário Jardel estampa o oitavo copo da série ´Legendários` do Ferroviário em 2019

A direção de marketing do Ferrão anunciou o nome do ex-atacante Jardel como novo ´Legendário` na série de copos distribuídos nos jogos do clube na Série C nacional desse ano. Apesar de ter feitos poucas partidas com a camisa do nosso time profissional, o ex-centroavante é a cria das bases do estádio Elzir Cabral que mais sucesso alcançou no futebol mundial em todos os tempos, imortalizado na Europa por ter recebido duas vezes a ´Chuteira de Ouro`, troféu atribuído ao maior artilheiro da temporada no velho continente. No Ferrão, Jardel foi lançado no time profissional pelo treinador José Maria Paiva, no dia 25/8/1990, quando ainda não havia completado 17 anos de idade. No ano seguinte, após grande performance numa competição nacional de base, foi negociado com o Vasco/RJ e ganhou o mundo de forma espetacular depois de brilhar no Grêmio/RS, onde até hoje é lembrados por seu faro de artilheiro.

A série de copos colecionáveis do Ferroviário já chega a seu oitavo número e traz Mário Jardel

Dez anos atrás, antes de pendurar as chuteiras, Jardel voltou ao Ferroviário gerando muita empolgação na ocasião. De forma completamente inédita, a apresentação do filho pródigo aconteceu em rede de televisão para todo o Estado do Ceará, ao vivo, durante a transmissão pela TV Verdes Mares do jogo Icasa 3×4 Ferroviário, no dia 1° de fevereiro de 2009. Jardel vestiu a camisa coral no ar e anunciou seu retorno, convocando o torcedor coral para sua volta triunfal de helicóptero, três dias depois, no Elzir Cabral, num dos momentos mais emblemáticos do futebol cearense em todos os tempos. Cerca de um mês depois, após intensiva preparação física, em um Estádio Elzir Cabral completamente lotado, Jardel entrou aos 28 minutos do segundo tempo e voltou a vestir a camisa coral depois de 18 anos. Aos 37 minutos, após cruzamento da direita, a bola chegou no peito do centroavante, que tirou a marcação do zagueiro e, com uma facilidade impressionante, chutou por cobertura, marcando um golaço, naquele que foi o seu primeiro gol no profissional do Ferrão. A volta de Jardel ao time que o projetou teve repercussão mundial, principalmente em Portugal, onde foi ídolo das torcidas do Porto e do Sporting de Lisboa. Pra rememorar a grandeza daquele momento, o Almanaque do Ferrão reproduz abaixo o vídeo daquele belo gol e toda emoção do momento em matéria do Globo Esporte nacional no dia seguinte.

DA BARRA DO CEARÁ PARA O MUNDIAL INTERCLUBES NO JAPÃO

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Celso Gavião: zagueiro do Porto em 1987

Hoje cedo, o poderoso Barcelona conquistou mais uma vez o título do mundial interclubes no Japão. Você sabia que ex-corais já tiveram o privilégio de saborear essa mesma conquista desde 1960? Como não lembrar de início do lendário Celso Gavião, o maior zagueiro-artilheiro da história do Ferroviário? Depois de deixar o time coral no final de 1980, ele ganhou o mundo e estava na zaga do Porto, campeão mundial em 1987, na final contra o Penarol do Uruguai. Para conseguir o feito, o time português havia conquistado o título de campeão europeu com direito a gol decisivo de falta de Celso Gavião, contra o Dínamo de Kiev, na antiga União Soviética, no episódio que colocou aqueles jogadores na história como os ´heróis de Kiev`. Na grande final, vitória portuguesa em cima do poderoso Bayern de Munique por 2×1 em jogo disputado em Viena. Do Ferrão para o mundo!

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Clemer, Ediglê, Mossoró e Iarley

O atacante Jardel, em 1995, e o lateral/volante Nasa, em 1998, chegaram perto de repetir o feito de Celso Gavião, com Grêmio/RS e Vasco/RJ respectivamente. Infelizmente tiveram Ajax e Real Madrid pelo caminho e a conquista não foi possível. Por outro lado, Iarley, seis anos depois de deixar a Barra do Ceará, teve a felicidade de conquistar o mundo com a camisa do Boca Juniores da Argentina, em 2003, na final contra o Milan da Itália. Em 2006, ele repetiu a dose, dessa vez defendendo o Internacional/RS na finalíssima contra o Barcelona. E Iarley não estava só. Ele tinha no time campeão o goleiro Clemer, que jogou no Ferrão em 1993, e o zagueiro Ediglê, que havia atuado no time coral em 1997. De quebra, a presença no grupo do potiguar Márcio Mossoró, que não foi inscrito para o mundial interclubes no Japão, mas havia conquistado a Libertadores meses antes ao lado dos ex-corais, ele que passou pelo Sub-20 do Ferrão em 2001 sem nunca ter atuado pelo time profissional. Sete nomes e histórias de mundiais pra contar. Só mesmo no Ferrão.

MÁRIO JARDEL E CELSO GAVIÃO SE REENCONTRAM EM PARTIDA FESTIVA

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Ídolos corais em Fortaleza

Responda rápido: Celso Gavião e Jardel jogaram juntos no Ferroviário? Não? A foto ao lado foi tirada ontem em Fortaleza. Foi um jogo festivo que reuniu ex-atletas do futebol cearense, aproveitando a passagem de Jardel pelo estado do Ceará, ele que atualmente é deputado estadual no Rio Grande do Sul. Celso Gavião foi campeão cearense em 1979 pelo Ferrão. Jardel tinha apenas 6 anos na ocasião. Em comum, o fato de terem defendido o Vasco/RJ e o Porto. Mas se você acha que eles nunca jogaram juntos, se enganou redondamente. Ambos fizeram parte do elenco coral no finalzinho de 1990. Jardel, em início de carreira, entrou em 2 jogos naquele período. Celso Gavião, na reta final como jogador de futebol profissional, atuou em 6 partidas. Detalhe que o tempo pode tentar apagar, mas o Almanaque do Ferrão recorda pra você.