O MAIOR ROUBO DA HISTÓRIA DO FUTEBOL EM TODOS OS TEMPOS

Adilson Bahia cobra o pênalti e o assistente há poucos metros do lance disse que a bola não entrou

O treinador Francisco Diá declarou: “Estou no futebol há 25 anos e nunca tinha visto um gol de pênalti anulado. A arbitragem de hoje deveria sair aqui do estádio de camburão“. A revolta do técnico coral realça a ira dos torcedores sentida ontem no jogo contra o América/MG pela Copa do Brasil. Após empatar em 1×1 no tempo normal, com um gol do atacante Augusto marcado nos acréscimos do 2º tempo, o Ferrão foi para a disputa de pênaltis com seu adversário. O Coelho mineiro começou convertendo sua primeira cobrança. O centroavante Adilson Bahia efetuou a primeira batida coral e, após se chocar com o travessão, a bola quicou dentro do gol de forma clara e cristalina. O assistente Miguel Cataneo Ribeiro da Costa e o árbitro Vinícius Gonçalves Dias Araújo, ambos da Federação Paulista de Futebol, disseram que a bola não entrou. A sequência de penais prosseguiu e o time mineiro terminou vencendo por 3×2, quando o placar correto seria 3×3, o que obrigaria a batida de pênaltis alternados até se conhecer o vencedor do jogo. O erro custou ao caixa coral a entrada de, no mínimo, 1 milhão e 700 mil Reais. Quem vai arcar com o prejuízo do Ferrão? Lances semelhantes já aconteceram várias vezes no futebol, inclusive em jogos importantes de Copa do Mundo, porém acontecimento assim em cobrança de pênaltis é algo inédito no futebol brasileiro. É o caso de afirmar que testemunhamos simplesmente o maior roubo da história do futebol em todos os tempos.

UM CLÁSSICO DAS CORES ANTOLÓGICO PRA NUNCA ESQUECER

Clássico das Cores antológico do campeonato cearense de 1978 terminou em disputa de pênaltis

Houve um tempo em que o campeonato cearense arrebatava multidões. Disputado em apenas quatro meses – algo muito semelhante com o tempo de duração dos estaduais hoje em dia – o certame alencarino de 1978 foi um sucesso de bilheteria. Não à toa, aquela temporada registra até hoje a maior média de público da história coral. O futebol local vivia uma época de ouro e clássico era sempre disputado no melhor estádio disponível. Ferrão e Fortaleza protagonizaram, no Castelão, a final do 2º turno do Estadual de 1978 e 30.407 pagantes compareceram ao jogo naquela tarde/noite de 29 de outubro. A partida foi arbitrada pelo carioca Luís Carlos Félix. Depois de um 0x0 nos noventa minutos, as duas equipes disputaram mais trinta minutos de prorrogação e o placar eletrônico do Castelão teimou em não se movimentar. Pelo regulamento da competição, a decisão foi para o pênaltis e o Clássico das Cores, ou o “Ferrofort“, como era também chamado na ocasião, escrevia nas páginas da história um de seus momentos mais antológicos. O Fortaleza levou a melhor vencendo por 5×4 e comemorou com muita emoção. O Tubarão da Barra, que já tinha vencido o 1º turno, lamentou o desfecho da grande final do returno e seguiu em frente na competição. O Ceará ganhou o último turno e as três equipes foram para o ´Super Turno`, ficando o alvinegro com o histórico tetracampeonato estadual, aquele do gol do Tiquinho.

Veterano goleiro Gilberto, ex-Santa Cruz/PE, foi o goleiro coral naquela disputa de pênaltis

Toda vez que um Clássico das Cores se realiza, como o de hoje pelo campeonato estadual de 2020, os comandantes do futebol cearense deveriam lembrar dos grandes jogos na história e organizar a competição com mais atrativos e menos aberrações. Mas isso aí é outro assunto. Vale mais o registro histórico de um clássico inesquecível para quem estava no Castelão naquele domingo de 1978, como o Prof. Valdinar Custódio, falecido já há muito tempo, mas que sempre comentava sobre essa derrota dolorosa em suas memórias orais durante saudosos bate papos na roda de jovens amigos de seus filhos, entre eles, este blogueiro, sempre presente e atento a tudo que ele contava. Talvez, lá no céu, ele já tenha perdoado o lateral Ricardo Fogueira por perder a segunda cobrança. Treinado por Lucídio Pontes, o Ferrão jogou com Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O tricolor, do técnico Moacyr Menezes, ganhou com Lulinha, Pepeta, Chevrolet, Celso Gavião e Dudé; Otávio Souto, Lucinho (Batista) e Bibi; Haroldo (Delmo), Geraldino e Da Costa. O Ferrão iniciou os penais com Jorge Bonga. Ricardo Fogueira perdeu a segunda cobrança e, em seguida, Doca, Babá e Paulo Maurício converteram suas finalizações. O Fortaleza acertou todos os chutes na seguinte ordem: Bibi, Da Costa, Delmo, Dudé e Celso Gavião. Por ironia do destino, o zagueiro Celso, três meses depois, foi contratado pelo Ferrão e tornou-se um dos grandes ídolos da história coral. Reviva  aquele momento mágico na memória dos Clássicos das Cores escutando o áudio abaixo. Resgatamos a histórica transmissão dos gols na disputa de pênaltis na voz de Gomes Farias, Bezerra de Menezes e Edvaldo Pereira, durante a transmissão da Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Um registro antológico de um clássico antológico.

FALECEU O EX-PONTA DIREITA JANGADA DA TEMPORADA DE 1981

Jangada no Ferroviário em 1981

Luis Carlos Alves Oliveira faleceu essa semana. Aos 69 anos de idade, vítima de uma AVC, o ex-ponta direita, conhecido como Jangada, partiu do plano terrestre. Gáucho, nascido na cidade de Canoas, ele saiu da base do Internacional/RS e jogou no Pelotas, América de Natal, Sport de Recife e nos três principais times da Paraíba. Atuou também com destaque no Ceará, de onde chegou para o Ferroviário no início da temporada de 1981. Na Barra do Ceará, foram 57 jogos e 18 gols marcados entre partidas oficiais e amistosas. Atuou numa equipe forte que tinha nomes como Sima, maior craque da história do futebol piauiense, Roberto Cearense, Meinha, Salvino, Ramirez, entre outros. Certa vez, aqui no blog, registramos uma fotografia de um pênalti perdido por Jangada contra o Atlético Mineiro no Brasileiro de 1981. No dia 28 de janeiro daquele ano, marcou dois gols contra o Fluminense/RJ numa vitória histórica por 4×1 diante do campeão carioca. Na ocasião, o recém saído das bases corais, Roberto Cearense anotou os outros dois tentos. É com as imagens desses dois gols de Jangada no Castelão, o segundo e o terceiro contra o tricolor carioca, que o Almanaque do Ferrão homenageia o ex-ponta direita do Ferroviário. Que sua alma possa descansar em paz.

ÁUDIO RARO PARA LEMBRAR DOIS DOS DESTAQUES DO FERRÃO EM 1974

Anúncio na imprensa da chegada dos ex-alvinegros Jorge Costa e Samuel para o Ferrão em 1974

Na temporada de 1974, o Ferroviário tinha um político na presidência. O deputado estadual Aquiles Peres Mota era ligado à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), partido político que dava sustentação à ditadura militar no Brasil. Apesar de grave crise financeira, o time coral acertou a contratação de dois jogadores consagrados no Ceará em temporadas anteriores: o meia Samuel e o atacante Jorge Costa. Mesmo diante das muitas dificuldades econômicas e estruturais, os dois fizeram relativo sucesso no Tubarão da Barra. Resgatamos abaixo o áudio com o gol da vitória do Ferrão contra o Maguari pelo campeonato cearense daquele ano. A narração é de Gomes Farias e o repórter volante é o ex-árbitro José Tosta, que trabalhavam na Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Treinado pelo ex-goleiro Gilvan Dias, o Ferrão venceu com Marcelino, Perivaldo, Joel Copacabana, Cândido e Grilo; Luciano Oliveira (Edilson Lopes) e Oliveira; Marcos (Lula), Jeová, Jorge Costa e Gaspar. Samuel estava contundido nesse jogo e não enfrentou o Maguari, comandado pelo técnico Zé Gerardo, e que formou com Jorge Hipólito, Reizinho, Hamilton Ayres, Alvy e Valdecir; Zezinho e Nilsinho; Chico Alves (Adão), Dedé (Simplício), Facó e Zequinha. Perceba nomes corais históricos como Hamilton Ayres, Facó e Simplício atuando pelo adversário. O jogo foi no Castelão e teve um público de 2095 pagantes. Jorge Costa fez 29 jogos e marcou 15 gols pelo Ferrão. Samuel, por sua vez, atuou em 18 jogos e marcou 7 tentos. Jorge voltou para o Ceará na temporada seguinte e depois ainda atuou no Fortaleza. Samuel foi para o ABC/RN na temporada seguinte e teve sucesso, até que um belo dia deixou uma carta e se mandou de Natal para nunca mais jogar futebol, mas isso ai é uma outra história que um dia contaremos por aqui. Abaixo, o gol de Jorge Costa, de pênalti, contra o Maguari em 1974, com a camisa do Ferrão. Certamente, uma raridade.

O REGISTRO DO CHUTE QUE FEZ A BOLA EXPLODIR NO TRAVESSÃO

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O goleiro atleticano Celso torceu e deu certo: o chute de Jangada explodiu no travessão

Inauguramos hoje uma nova seção no blog intitulada ´Retratos`, um espaço mais preocupado em simplesmente expor o lado visual da história coral do que propriamente explicá-la com palavras. Será uma imagem nova, sempre que possível, antiga ou não. Por hoje, essa de 1981, do jogo Ferroviário 1×1 Atlético/MG, no Castelão. A vitória coral viria não fosse o pênalti chutado por Jangada no travessão do goleiro mineiro. O técnico Lucídio Pontes ficou uma arara, pois o volante Baltazar era o cobrador oficial. Eis a foto!