Os famosos Tubarão da Barra e Papão da Curuzu jogam nesse domingo, em Fortaleza, pela Série C do campeonato brasileiro de 2020. Os dois têm muita história em suas respectivas praças, porém poucas vezes se enfrentaram no decorrer dos anos, ainda assim, somente em pelejas amistosas, em 1946, 1955 e a última em razão de uma excursão coral à Região Norte do país, na já distante temporada de 1971. Nesse terceiro encontro entre ambos, o Ferroviário se apresentava com a fama de fabulosa equipe, o `Timão` como era chamado na qualidade de campeão cearense do ano anterior, conquista esta sacramentada apenas cinco meses antes. Depois de disputar o chamado Torneio Amazonense, em Manaus, contra Rio Negro/AM, Rodoviário/AM e Nacional/AM, a delegação coral desceu até Belém e bateu o Remo/PA por 2×0 em seu primeiro amistoso na capital paraense. Na sequência, jogou contra o Paysandu. O amistoso foi disputado no estádio do Remo e terminou empatado em 1×1. O ponta esquerda Alísio marcou para o Ferrão e Benê empatou, aos 42 minutos finais, para o Papão da Curuzu. Estamos falando do dia 5 de Fevereiro de 1971. Treinado por Alexandre Nepomuceno, o time coral jogou com Holanda, Wellington, Esteves, Gomes e Eldo; Zé Maria Paiva (Simplício) e Coca Cola; Simão, Amilton Melo, Odacir (Facó) e Alísio (Nei). A equipe paraense formou com Arlindo, Paulo Tavares, Osmani, João Tavares e Carlinhos; Beto e Alfredinho; Edilson Freitas (Vila), Jorge Costa (Mário), Benê e Antônio Maria. Dessa formação, Paulo Tavares e Jorge Costa jogariam ainda no Ferroviário naquela década. Dois dias depois desse amistoso, Remo e Paysandu juntaram seus melhores jogadores num combinado, uma espécie de selecionado paraense, para finalmente tentar bater o Ferrão. Não conseguiram. Tentativa em vão, pois foi registrado mais um empate, dessa vez por 2×2, e assim encerrava-se a excelente performance coral no Norte do país.
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A LENDA CRIADA E A VERDADE SOBRE ´PERU, REDONDO E CACETÃO´
A dúvida que mais chega ao Almanaque do Ferrão é sobre a real existência do trio de jogadores corais ´Peru, Redondo e Cacetão` há muitos anos atrás. Chico Anysio, o mestre brasileiro do humor, nascido no Ceará, desde que mudou-se para o sudeste do país em busca da fama e do sucesso artístico, sempre falava em seus shows e gravações lançadas sobre esse pretenso trio do Ferroviário. Em 2008, no extinto programa ´Pontapé Inicial´ da ESPN Brasil, ele declarou: “Quando eu era adolescente, essa foi uma linha real de ataque, e muito famosa, do Ferroviário, que é o meu time no Ceará“. A partir dali, quase no fim de sua vida, o Brasil inteiro, que há décadas sabia da fama de ´Peru, Redondo e Cacetão`, tomou conhecimento que Chico Anysio torcia Ferroviário, algo inédito em termos de revelação pública até então. Mas, e ai? Existiu mesmo esse trio? Antes da resposta, escute abaixo a famosa piada contada pelo rei do humor nos anos 70.
A resposta é não. As mais de duas décadas de pesquisas que resultaram na publicação do Almanaque do Ferrão revelaram que “Peru, Redondo e Cacetão” nunca foram nomes que vestiram a camisa coral em toda a sua história. O próprio fundador do clube, Valdemar Caracas, revelou certa vez às pesquisas o seguinte: “Fazia parte da verve pitoresca no nosso conterrâneo Chico Anysio. Fundei o clube e lembro de todos os nomes mais curiosos da nossa equipe como Galo Duro, Munt, Zimba, Puxa Faca, Pepê, Pirão e até o Izaquiel, que um dia eu multei porque perdeu um pênalti“, disse. Apesar de nunca terem jogado no Ferroviário, esses nomes existiram como jogadores de outras equipes. Cacetão, por exemplo, foi um grande jogador no Paysandu/PA. De toda forma, o Ferrão agradece a simbologia que até hoje é contada nos stand-ups de comédia pelos seguidores de Chico Anysio. Este, gênio e eterno por natureza, viverá para sempre na memória nacional. Em 2012, pouco depois de sua morte, ganhou até música composta por Virgílio César, um autêntico torcedor do Ferrão. Escutem a música em sua homenagem e viva “Peru, Redondo e Cacetão” mesmo sem nunca terem existido.
A MISSÃO QUASE IMPOSSÍVEL DO GOLEADOR CABINHO NO FERRÃO
Ele chegou na última semana de março de 1986 com uma missão quase impossível: fazer a torcida coral esquecer o ídolo Luizinho das Arábias, que anunciara subitamente sua transferência para o XV de Jaú no futebol paulista. Estamos falando do atacante Cabinho, ídolo da torcida do Paysandu no futebol paraense, contratado a peso de ouro junto a Ponte Preta/SP. No Pará, ele havia sido artilheiro maior nos estaduais de 1982 e 1984 com 12 e 21 gols respectivamente. Chegou para o Ferrão com todas as credenciais de grande artilheiro, mas marcou apenas 1 gol no curto período que permaneceu no clube, realizando apenas 8 jogos com a gloriosa camisa coral.
Aquiles Fernando Kupfer é o nome completo de Cabinho. Depois da rápida estada no Ferroviário, voltou para o seu ninho no Paysandu e foi novamente artilheiro, em 1987, com 24 gols. Chegou a jogar ainda na Portuguesa/SP depois de seu novo sucesso no futebol paraense. Defendeu também as camisas do Velo Clube/SP e da Desportiva/ES. Sempre será lembrado como goleador no futebol brasileiro, embora não tenha tido sorte no Ferroviário. Tentou a carreira de treinador depois que pendurou as chuteiras, mas desistiu. Hoje, aos 55 anos, administra um posto de gasolina situado às margens da BR-163 no Pará.