REGISTRO DE UM FERROVIÁRIO QUE LUTOU CONTRA O REBAIXAMENTO

Ferroviário Atlético Clube em Abril do ano 2000 – Em pé: Gilberto, Santos, Cláudio, Erivan, Júnior e Borges; Agachados: Chiquinho, Rogério, João Paulo, Assis e Marcelo Rocha

O ano 2000 foi extremamente difícil para o Ferroviário. O registro fotográfico acima mostra uma das formações da equipe coral naquela temporada, quando o Tubarão da Barra fez uma péssima campanha e lutou, pela primeira vez na história, contra o rebaixamento estadual. O clube só se salvou na última partida do campeonato ao vencer o Crato por 1×0, gol de Borges, e contar com o empate em 2×2 entre Quixadá e Guarany de Sobral. A temporada do ano 2000 foi repleta de insucessos, crises, troca de presidentes e uma autêntica devastação na boa reputação construída nos áureos anos 1990. Na foto acima, vê-se que o treinador Newton Albuquerque teve que contar nas últimas rodadas com a participação de jovens da base coral, como o zagueiro Erivan, o lateral esquerdo Júnior e o atacante João Paulo. Ainda na imagem, é possível ver o volante Rogério, ex-Sport/PE, e o experiente goleiro Gilberto, que pela última vez vestia a camisa do Ferrão. Quem terminou jogando a competição no arco coral foram os jovens Wágner e Zenga, que foi titular no jogo contra o Crato no final de abril daquele ano. O elenco tinha ainda o zagueiro Cláudio, Marcelo Rocha, atacante que vestiu a camisa do Santa Cruz/PE, e os cearenses Chiquinho, Santos e Assis.

POR ONDE ANDA A CRIA CORAL NEGOCIADA COM O FC PORTO?

Ex-cria coral Josivan em foto recente no trabalho na cidade portuguesa de Mangualde em Portugal

No dia 5 de maio de 1999, o baixinho Josivan fez sua primeira partida pelo time profissional do Ferrão. Lançado pelo treinador Newton Albuquerque, ele atuou muito bem no empate de 3×3 contra o América/RN, em jogo válido pela Copa do Nordeste daquele ano. Dois dias depois, o atleta já era destaque nas páginas do jornal Diário do Nordeste. Foram apenas 15 jogos e 2 gols marcados nos três meses seguintes para Josivan ganhar a chance de atuar em Portugal. Observado pelo ex-zagueiro Celso Gavião, que trabalhava como olheiro da empresa “International Foot“, a jovem revelação coral foi emprestada ao famoso FC Porto, para jogar inicialmente na equipe B. Seu passe foi estipulado em 50 mil Reais em caso de opção de compra pelo time português, o que rapidamente aconteceu. Depois de duas boas temporadas na equipe aspirante do Porto, Josivan chegou a figurar na pré-temporada do elenco principal sob o comando do famoso treinador Fernando Santos. Mais de duas décadas depois, a cria coral continua morando no Velho Continente, mais precisamente na cidade de Mangualde, que fica situada na província de Beira Alta, no Distrito de Vizeu.

Matéria do Diário do Nordeste sobre Josivan apenas 2 dias depois de sua estreia no profissional

Josivan nunca se firmou no time principal do Porto, mas fez toda sua carreira em equipes menores do futebol lusitano, atuando nas mais diversas divisões nacionais. Entre 2006 e 2007, o atleta chegou a jogar no futebol do Vietnã. Em 2017, Josivan pendurou as chuteiras na equipe portuguesa do Aguiar da Beira, depois de sete temporadas consecutivas. Longe do futebol, ele se mudou para Vizeu e começou a trabalhar com pintura de veículos no centro de produção da Peugeot-Citroen, majoritariamente durante o período noturno, onde se orgulha de nunca ter faltado um dia de trabalho em mais de três anos de atividade laboral. No período da tarde, Josivan treina a equipe Sub-13 do Grupo Desportivo de Mangualde e observa novos talentos para empresários portugueses. Ele tem dois filhos que desejam seguir carreira no futebol e uma filha que está na faculdade. A família não deseja retornar nunca mais para Fortaleza em razão dos perigos relacionados à segurança pública. Ficarão sempre as memórias do início da carreira de Josivan, que ao deixar o Ferrão e chegar no Porto era visto como o “novo Rui Barros” e chegou a ganhar a alcunha de “Rato Atômico das Antas“, em alusão ao seu estilo driblador e envolvente.

RECORDAÇÕES DE MAIS UM GRANDE CONFRONTO CONTRA O FORTALEZA

O vídeo acima é mais um resgate do Almanaque do Ferrão e corresponde ao registro de um empate em 3×3 entre Ferroviário x Fortaleza no dia 23 de outubro de 1983. Há exatos 36 anos, os dois clubes protagonizavam mais um jogo eletrizante numa tarde de domingo no antigo Castelão, algo comum em se tratando do chamado ´Clássico das Cores` naquele período. O Ferrão sofreu um gol logo no início do jogo, mas chegou a fazer 3×1 no placar ainda no primeiro tempo, porém sofreu o empate nos cinco minutos finais em dois lances infelizes do goleiro Dário. Naquela temporada, o Fortaleza contratou um grupo de jogadores que é apontado pela sua própria torcida como o maior time da história do clube até hoje. O Ferrão tinha a dupla infernal Betinho e Jorge Veras, além de uma série de jogadores eficientes que rendiam bem em suas posições. Treinado por Newton Albuquerque, que era o irmão mais velho do próprio goleiro Dário e do então iniciante árbitro Dacildo Mourão, o Ferrão empatou com o futebol de Dário, Laércio, Israel, Nilo e Fraga; Doca, Edson e Betinho (Barga); Foguinho, Jorge Veras e Paulinho Lamparina (Zé Luís). O Fortaleza, do técnico Paulo Emílio, formou com Salvino, Caetano, Pedro Basílio, Gilmar Furtado (Tadeu) e Clésio; Serginho, Wescley e Marquinho; Edson (Geraldinho), Luizinho das Arábias e Edmar. Jorge Veras marcou dois gols para o Ferrão, com Foguinho completando o placar. Pelo Fortaleza, Marquinho fez também dois gols e o outro foi do meia Wescley. Leandro Serpa foi o árbitro do jogo, que teve um público de 9.562 pagantes. Jogo que o tempo não apaga!

O DOMINGO QUE O CRAQUE BETINHO ELIMINOU O CEARÁ DO CAMPEONATO

De um dezembro do presente para um domingo de dezembro do passado, mais precisamente o de 4 de dezembro de 1983, quando o Ferrão despachou o Ceará do campeonato cearense daquele ano com dois gols do craque eterno Betinho. Recuperamos acima o vídeo da TV Globo com os gols do jogo e por ele é possível perceber como o time coral era azeitado na reta final do certame de trinta e cinco anos atrás. Repare na escalação do jogo: Dário, Laércio, Israel, Nilo e Fraga (Luisinho); Doca, Edson, Paulinho Lamparina e Betinho; Chicão (Paulo César Cascavel) e Jorge Veras. O treinador coral era o já falecido Newton Albuquerque. Preste atenção agora na escala alvinegra, repleta de jogadores rodados em grandes times do futebol brasileiro: Paulo Goulart, João Carlos, Djalma, Eraldo e Everaldo; Alves, Vicente Cruz (Jacinto) e Aloísio Guerreiro; Katinha, Marciano e Zezé (Paulinho). O treinador era o pernambucano Lula, famoso ex-atacante do Internacional/RS e do Fluminense/RJ, que curiosamente era técnico do Ferroviário até três meses antes dessa partida histórica.

Betinho: craque

Também é curioso notar a presença de ex-corais na escalação do Ceará como os meias Vicente Cruz e o craque Jacinto, negociado com o Cruzeiro/MG dois anos antes. Djalma, Everaldo e Alves jogariam ainda no Ferroviário em temporadas seguintes. O goleiro Paulo Goulart e ponta esquerda Zezé tinha sido campeões pelo Fluminense/RJ no campeonato carioca de 1980, Katinha vinha do Vasco/RJ e Marciano era um veterano atacante perigosíssimo com passagem pelo Flamengo/RJ. O Ceará tinha ainda Aloísio Guerreiro, ex-Santos/SP, presente em um dos jogos corais mais memoráveis da história quatro anos antes. O placar desse jogo de 1983 só não foi mais dilatado porque o goleiro alvinegro estava num dia inspirado. Foi a partida 1.991 da história coral e contou com a presença de 13.207 pagantes. Luís Vieira Vila Nova apitou o jogo. Apenas nove dias depois, esse time do Ferroviário acabou ficando com o vice-campeonato estadual ao perder a final para o Fortaleza, que tinha um time considerado o melhor de todos em sua história já centenária. Tempo bom de um futebol cearense cheio de histórias gigantes e maravilhosas.

MATÉRIA DE TV COM A CHEGADA DE REFORÇOS EM OUTUBRO DE 1991

Lembra do volante Tinda? Ele até já mereceu destaque aqui no blog em postagem de agosto do ano passado. Agora, você pode vê-lo em vídeo durante sua primeira entrevista no Ferroviário Atlético Clube. Em outubro de 1991, há exatos 25 anos, Tinda era apresentado na Barra do Ceará juntamente com o meia Cássio, ex-jogador do CSA de Alagoas. Sob o comando do treinador Newton Albuquerque, irmão do ex-árbitro Dacildo Mourão e do ex-goleiro coral Dário, o Ferroviário tentava se ajeitar na reta final do Campeonato Cearense daquele ano. O Almanaque do Ferrão foi buscar em seus arquivos a matéria acima do repórter André Beltrão, veiculada na época pela TV Verdes Mares de Fortaleza. Cássio atuou em apenas 5 jogos e Tinda participou de 7 partidas naquela competição. Newton Albuquerque e Cássio já são falecidos. Tinda mora no Acre.

MEIO CAMPISTA QUE JOGOU EM 1991 É ATUALMENTE BANCÁRIO NO ACRE

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Meio campista Tinda atuou no Ferrão em 1991

Ele nasceu em Rio Branco, no Acre, e começou a vida futebolística na década de 80, atuando pelo dente de leite do Atlético Acreano, seu clube de coração. O primeiro título na carreira foi justamente vestindo a camisa azul celeste da equipe principal do Atlético Acreano, na temporada de 1987, quando foi campeão estadual. Na partida decisiva, apesar da pouco idade, chamou a responsabilidade para si e cobrou um penalidade máxima, marcando o gol de empate com o Juventus em 1×1, que garantiu o título máximo da competição. Estamos falando de Tinda, jogador de meio campo com boa visão de jogo, excelente arremate e vigor físico de impressionar os adversários, que foi campeão acreano pelos quatro grandes clubes da capital: Atlético Acreano (1987), Rio Branco FC (1992), AC Juventus (1996) e Independência (1998). Esse atleta bastante famoso em seu estado natal, que atualmente é funcionário do Banco do Brasil, jogou no Ferroviário no segundo semestre de 1991, porém sem muito destaque.

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Tinda, agachado, ao lado de Arnaldo e Paulinho

A indicação do jogador para o Tubarão da Barra partiu do centroavante Frank, que o conhecia depois de passagem pelo Rio Branco/AC. Tinda resolveu fazer as malas e aceitar o convite coral. A estreia do atleta acreano ocorreu no clássico contra o Fortaleza, dia 13 de outubro de 1991, no estádio Castelão, diante de 3.012 pagantes. Mesmo com a derrota para Leão, Tinda é sempre lembrado porque assinalou o gol solitário do time comandado pelo técnico Newton Albuquerque. Ao todo, vestiu a camisa do Ferrão em apenas 7 oportunidades. Segundo ele, não ficou no Ferrão para a temporada seguinte por força de um contrato de trabalho com o Rio Branco/AC, equipe pela qual disputaria o Campeonato Brasileiro da Série B. Com o fim da carreira, Tinda então resolveu se dedicar aos estudos. No ano de 2002, ele foi aprovado no concurso do Banco do Brasil, onde hoje desempenha a função de caixa na instituição bancária.