Essa foto circulou as redes sociais nos últimos dias por conta da notícia de que o Ferroviário registrou oficialmente sua marca, além do atual escudo e também esse antigo brasão. Apesar de algumas publicações trazerem no passado essa mesma imagem se referindo ao elenco de 1941, o registro se trata verdadeiramente dos jogadores que defenderam o Ferroviário no campeonato cearense de 1940. Portanto, foi no Estadual daquele ano que o clube utilizou o escudo com uma roda de ferro e barras de trilho, simbolizando uma asa. Referido escudo foi utilizado de forma semelhante por outros times de origem ferroviária naquela década, não representando nenhum tipo de criação exclusiva do Ferroviário para aquela temporada. Ele é, inclusive, muito parecido com o símbolo interno presente no escudo do Moto Clube/MA, fundado três anos antes. A imagem da camisa com esse símbolo é nítida e, entre os jogadores, é fácil perceber o craque Zuza, ex-Great Western/PE, que ficou no Ferroviário até o encerramento do campeonato cearense de 1940, que se deu somente no início de 1941. Especificamente em 1941, ele disputou o certame local pelo Ceará. O artilheiro Jombrega é outro que não ficou no time coral para o Estadual daquele ano. Aliás, 1941 é exatamente o ano em que Valdemar Caracas mandou buscar os uniformes do São Paulo/SP diretamente da capital paulista e inaugurou a identidade visual que o Ferroviário mantém até hoje nas cores, no escudo e também muitas vezes no uniforme ao longo dos anos. Essa referência completará 80 anos em 2021 e desperta até hoje curiosidades, dúvidas e paixões. Há quem defenda radicalizar e criar um estilo próprio. Tem que ter muita coragem pra romper com a tradição de oito décadas de uma homenagem proposital promovida pelo principal fundador do clube.
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MEMÓRIAS DA PRIMEIRA EXCURSÃO DO FERROVIÁRIO POR AÍ AFORA
Responda rápido: qual estado brasileiro recebeu o Ferroviário em sua primeira temporada fora de terras cearenses? Errou quem imaginou que fossem os vizinhos Piaui ou Rio Grande do Norte. Saiba que foi no distante estado do Amazonas, na cidade de Manaus, que o Ferrão atuou fora de seus domínios pela primeira vez em sua história. Era outubro de 1940 e o time coral aproveitou uma folga na tabela do campeonato cearense para excursionar por três semanas na região norte do país. Foram cinco jogos disputados no Parque Amazonense, o primeiro palco do futebol da capital do Amazonas, contra Fast/AM, União/AM, Rio Negro/AM, Olímpico/AM e Nacional/AM. Tempos em que o Ferroviário era chamado de ´Esquadrão Colosso` e tinha em suas linhas jogadores lendários como Capotinho, Zé Félix, Popó, Zuza, Pepê, Chinês, Jombrega e Mário Negrin.
Logo no primeiro jogo da excursão, o Ferroviário foi derrotado para o Fast por 5×2. Foi apenas o jogo de número 84 da história coral. Em seguida, o Ferrão venceu o União, que era o líder do campeonato amazonense naquele período, pelo placar de 3×1. Depois veio o Rio Negro, que venceu o esquadrão coral por 3×2, com um gol de pênalti no final da partida, disputada debaixo de um temporal que caia em Manaus naquela tarde. O quarto confronto foi contra o tradicional Olímpico, contando com grande apresentação de Jombrega e Mário Negrin, e mais uma vitória coral por 3×1. Posteriormente, veio a despedida do Ferrão em terras manauaras contra o Nacional e uma grande vitória conquistada por 3×2, o que valeu a Taça Cidade de Manaus para o ´Esquadrão Colosso` de Fortaleza. O Ferroviário voltou a Manaus algumas outras vezes, porém sem nunca mais atuar no Parque Amazonense, que por sua vez foi perdendo a importância no cenário local com a construção de outros estádios, apesar de ficar a apenas 1km do centro da cidade. Apesar de não sediar jogos oficiais desde 1976, há poucos mais de três anos o campo ainda existia no mesmo local, até ser completamente desativado e liberado para construção. Ficaram as lembranças de um futebol quase que totalmente amador, mas que apresentou para a história os primeiros grandes nomes da trajetória coral.
FERRÃO É NOTA 10 PELA SEGUNDA VEZ EM SUA GLORIOSA HISTÓRIA
Não poderia ter sido mais empolgante a estreia do Ferroviário na segunda divisão do campeonato cearense no último domingo. O time coral massacrou o Campo Grande, de Juazeiro do Norte, pelo placar de 10×0. Foi apenas a segunda vez na história que o Ferrão marcou exatamente 10 gols numa partida oficial. A primeira aconteceu no longínquo ano de 1942, contra o extinto Penarol/CE, em jogo válido pelo 1º turno do campeonato cearense daquele ano, que terminou com um 10×1 no placar. Agora, 74 anos depois, foi a vez de Paulista, Rodrigo Pio, Valdeci e companhia entrarem pra história. Vale a pena conferir o vídeo acima com os gols da avalanche coral, devidamente eternizados para a posteridade como mais um resultado expressivo ao longo da trajetória do clube.
Vale lembrar que outro placar avassalador verificado numa partida oficial aconteceu em 1943 e coincidentemente contou com 10 gols de diferença, contra o também extinto Fluminense/CE, na goleada coral por 11×1, válida pelo campeonato cearense. Eram os tempos de um Ferrão que tinha Mário Negrin, Marinho, Benedito, Caranguejo, Chiquinho, Chinês, etc. O ala esquerdo Benedito, no alto de seus 203 jogos com a camisa coral, participou tanto da goleada de 1942, quanto da histórica vitória anotada no ano seguinte. Além dele, o ala direito Marinho e os meias Chinês e Chiquinho também estavam presentes nos dois jogos. Cabe ainda destacar que placares como 10×0, 11×0, 12×0, 13×3 e até 14×0 já foram mais de uma dezena de vezes verificados em amistosos realizados pelo Ferroviário.