Ponta Direita Marcos é o primeiro jogador agachado da esquerda para a direita no timaço de 1978
Em meados de 1978, a diretoria coral preparava a formação de um grande time para as disputas do Campeonato Cearense daquele ano. Oriundo do São Paulo/SP, onde foi campeão brasileiro na temporada anterior, o Ferroviário anunciou a contratação do ponta direita carioca Marcos. Conhecido no futebol catarinense como Marcos Cavalo, o atleta Marco Antônio da Silva Vaz fez 25 jogos e marcou 11 gols com a camisa coral em 1978, um deles foi contra o Ceará, de cabeça, no Castelão. Sua estreia aconteceu no dia 22 de Julho contra o Calouros do Ar, num amistoso de apresentação no PV. A temporada de 1978, onde Marcos atuava como titular no ataque coral, contempla até hoje a melhor média de público do Ferrão em todos os tempos. Quando chegou na Barra do Ceará, o atacante ostentava a condição de ídolo do Figueirense/SC, onde brilhou em campanhas memoráveis. Marcos jogou também no Grêmio/RS e no Coritiba/PR, entre outros clubes. No final do ano passado, Marcos Cavalo não resistiu ao câncer que o atormentou nos últimos meses de vida e faleceu, em Florianópolis, aos 73 anos de idade. Que Deus o tenha em bom lugar. Abaixo, podemos ter uma breve noção da carreira do ex-ponta direita coral numa entrevista em vídeo concedida, em 2017, ao repórter Polidoro Júnior, especialista em futebol catarinense. No bate-papo, Marcos recorda inclusive um fato pitoresco sobre seu apelido “Cavalo” ocorrido na cidade de Juazeiro do Norte quando defendia o Ferrão.
No dia de hoje comemora-se o centenário do América, tradicional equipe cearense que há anos encontra-se largada na 3ª divisão do futebol cearense. Comemora-se também mais um aniversário do estádio Castelão, inaugurado no final de 1973. Curiosamente, a primeira partida do Ferroviário Atlético Clube naquela praça esportiva ocorreu contra o Diabo Rubro, que possuía uma bela sede social na Av. Dom Manuel. Esse jogo ocorreu no dia 13 de janeiro de 1974 e foi válido pela Taça Cidade de Fortaleza. Foi a preliminar de Ceará 0x2 Tiradentes/PI pelo campeonato brasileiro. Luís Vieira Vila Nova apitou o jogo do Ferrão, que tinha Becão como treinador. Ele que foi bastante identificado com o próprio América durante sua carreira de técnico. Naquela estreia no Castelão, o time coral formou com Marcelino, Assis, Lúcio Sabiá, Danilo Baratinha e Eldo; Simplício e Edilson Lopes; Sousa, Dudé, Oliveira e Marcos. Já o América jogou com Edilson José, Luiz, Lauro, Zem e Genilson; Alírio e Lúcio; Otávio, Italo, Ivo e Heitor (Cláudio). O jogo terminou empatado em 1×1. O atacante Marcos, cria da base coral, marcou o primeiro gol do Ferrão no Gigante da Boa Vista. Depois, Cláudio empatou para o América, que teve um jogador expulso e jogou com apenas 10 peças em campo desde os 5 minutos do 1º tempo. O Tiradentes foi o campeão da Taça Cidade de Fortaleza. O Ferrão estava prestes a viver um dos momentos mais difíceis de sua história com crises financeiras, penhoras e renúncia de dirigentes. Infelizmente, “fechar as portas” era assunto comum naquele difícil período.
O vídeo acima merece ser assistido várias vezes. É mais uma raridade do campeonato cearense de 1978, uma das maiores edições da centenária competição em todos os tempos, que apareceu recentemente na Internet. O aviso veio do pesquisador potiguar Zidney Marinho, que publicou a raridade em seu canal no YouTube. As imagens mostram os gols de um clássico contra o Ceará, válido pela triangular decisivo do certame. O jogo foi realizado no dia 10 de dezembro daquele ano, um domingo, e foi considerado a melhor partida do campeonato até então. O Ferrão merecia melhor sorte e no final, o 2×2 acabou sendo considerado injusto. O famoso árbitro Arnaldo César Coelho deixou de marcar um pênalti claro de Darci em cima de Luizinho. Os gols foram de Marcos e Jorge Bonga para o Tubarão da Barra, e Tiquinho, duas vezes, marcou para o Ceará. Abaixo, uma bela foto, colorida artificialmente, mostra a base coral naquele ano, praticamente a mesma onzena que atuou no jogo do vídeo em destaque.
Time base do Ferroviário em 1978 – Em pé: Gilberto, Lúcio Sabiá, Arimatéia, Jodecir, Paulo Maurício e Ricardo Fogueira; Agachados: Marcos, Jacinto, Paulo César, Doca e Babá
Treinado pelo estrategista Lucídio Pontes, o Ferrão empatou com Gilberto, Jorge Henrique, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Paulo Maurício, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Ceará de Moésio Gomes jogou com Sérgio Gomes, Júlio, Artur, Darci e Dodô; Edmar, Amilton Melo e Danilo Baratinha (Serginho); Jangada, Ivanir e Tiquinho. Repare na escala alvinegra, um meio campo de extrema qualidade, com os três atletas formados no próprio Ferroviário e, eternamente, considerados como ídolos corais. O público no Castelão foi de 19.359 pagantes. Como já foi dito no blog anteriormente, a temporada de 1978 representa até hoje a melhor média de público da história do Ferroviário. Da equipe coral, o experiente Gilberto foi treinador de goleiros de Rogério Ceni no São Paulo/SP, a dupla de zaga Lúcio Sabiá e Arimatéia já é falecida e Paulo César mora no Equador há décadas.
O vídeo mais antigo do Ferroviário no YouTube mereceu destaque do blog em postagem no mês de outubro do ano passado. Tratava-se do confronto contra o Ceará no dia 26 de novembro de 1978, vitória alvinegra pelo placar de 1×0. Para a surpresa de todos, no mês passado, caiu na rede outro vídeo exatamente do mesmo ano, novamente contra o Ceará, só que de uma partida realizada em 8 de outubro. Dessa vez, vitória coral por 2×1 e um show de imagens que mostram jogadores emblemáticos como Ricardo Fogueira, Jorge Bonga, Paulo César e Babá em ação com a camisa coral. A dica partiu do internauta Charles Garrido, um dos maiores entusiastas das atualizações do Almanaque do Ferrão, que entrou em contato por mensagem para avisar a boa nova.
Presidente do Ferrão: Célio Pamplona
As imagens do vídeo não mostram a expulsão do zagueiro Lúcio Sabiá, que deixou o time coral com um homem a menos durante a maior parte do jogo. Também não mostram o pênalti claro do goleiro Procópio cometido em cima de Paulo César. Porém, mostram a reclamação contra a arbitragem e o destempero do dirigente alvinegro Antônio Góes, que na intempestividade de sua juventude, deu um soco no árbitro Leandro Serpa ao reclamar de uma expulsão claramente acertada após falta violenta em cima do ponta esquerda Babá. A agressão valeu a punição de um ano ao dirigente. Era o jogo 1.633 da história coral, assistido por 19.687 pagantes. O Ferrão, que já havia vencido o 1º turno, marchava célere para a conquista do returno, porém caiu na disputa de pênaltis na final contra o Fortaleza realizada três semanas depois, uma grande injustiça para o ótimo time montado pelo presidente Célio Pamplona, que tinha em sua diretoria nomes inesquecíveis como Ruy do Ceará, Elzir Cabral, José Rego Filho, Chateaubriand Arrais, Telmo Bessa e Mário Picanço.
Experiente Gilberto: goleiro coral em 1978
Repare na excelente formação do Ferroviário, treinado pelo competente Lucídio Pontes: Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Ceará, do técnico Sebastião Leônidas, lendário ex-zagueiro do Botafogo/RJ, jogou com Procópio, Tércio, Pedro Basílio, Artur e Dodô; Edmar, Danilo (Júlio) e Erasmo; Jangada, Ivanir (Mickey) e Tiquinho. Na formação alvinegra, dois grandes atletas formados no próprio Ferroviário: Edmar e Danilo Baratinha. E ainda três nomes que vestiriam depois a camisa coral: Procópio, Artur e Jangada. Os gols do Ferrão foram do meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, e do ponta direita Marcos, ex-São Paulo/SP. Na meta coral, a tranquilidade do experiente Gilberto, que marcou época em Pernambuco como goleiro pentacampeão pelo Santa Cruz/PE e posteriormente como descobridor de Rogério Ceni enquanto treinador de goleiros do São Paulo/SP. Nomes de um grande time, que fez um grande campeonato, o que apenas confirma o dado de maior média de público da história do Ferroviário pertencer justamente ao grupo de dirigentes e jogadores que disputaram o campeonato cearense de 1978. Para sempre lembrados.