PRESENTE DE NATAL: O GOL DE CELSO GAVIÃO CONTRA O CEARÁ EM 1979

Talvez esse seja o gol mais celebrado da história do Ferroviário. Certamente é um dos mais comentados até hoje nas arquibancadas por todos que têm na memória aquela noite de quarta-feira, dia 12 de setembro de 1979. Por 40 anos, o gol antológico de Celso Gavião pôde apenas ser imaginado por quem nunca o vira e, quando muito, recordado vagamente por cerca de 30 mil pessoas que estavam no Castelão ou por quem conseguiu conferir as imagens, no dia seguinte, no programa Globo Esporte na televisão. Depois daqueles dias em 1979, nunca mais esse lance foi destacado. Um incêndio nos arquivos da TV Verdes Mares, no início dos anos 1980, aniquilou grande parte do acervo da década anterior e a fita de vídeo com o gol de Celso Gavião virou pó. O jogo que até hoje é também lembrado pelas defesas milagrosas do goleiro Cícero, nunca saiu da memória dos torcedores que acompanharam aquela vitória improvável, tamanha a superioridade técnica do Ceará. Acima, a raridade da imagem do gol antológico de Celso Gavião vem ainda recheada com a briga, logo nos primeiros minutos da contenda, que tirou o ponta direita Jangada e o lateral esquerdo Ricardo Fogueira do resto da partida, expulsos pelo árbitro Leandro Serpa, além da imagem sempre simpática do saudoso locutor Luciano do Valle, apresentador do Globo Esporte naquele período. Quer saber como esse vídeo foi resgatado pelo blog? Trata-se de uma longa história para ocupar agora esse espaço, fruto também de um longo tempo de investidas interestaduais, a maioria sempre fracassada, porém uma delas culminou com a sorte de encontrarmos ocasionalmente um jornalista, funcionário da Globo e – a maior das coincidências – filho de uma ex-goleador do Ferroviário, que gentilmente se propôs a pesquisar os arquivos do Globo Esporte em busca dessa raridade. Agora, no dia de Natal, eis o nosso presente para um geração apaixonada de corais que pode finalmente relembrar aquele gol memorável de Celso Gavião. Feliz Natal!

A VITÓRIA DO FERROVIÁRIO NO DIA QUE O HOMEM CHEGOU À LUA

O sendo de humor da Ferroada Coral recordou os cinquenta anos da chegada do homem à lua

Hoje é dia de aproveitar a arte acima da Ferroada Coral para recordar um jogo oficial do Ferroviário Atlético Clube disputado exatamente no mesmo dia em que o homem chegou à lua através da famosa missão americana Apollo 11. Naquele domingo, o compromisso coral foi contra o Guarany de Sobral e, dentre os presentes ao estádio do Junco, a imensa maioria só falava da grande novidade para a história da humanidade. A partida, que terminou ficando em segundo plano, valeu pelo 3º turno do campeonato cearense de 1969 e está completando exatamente 50 anos na presente data. Com gols de Edmar e Fernando Cônsul, o Tubarão da Barra fez 2×0 no Cacique do Vale sob o apito do árbitro Leandro Serpa. Treinado por Luis Veras, o Ferrão venceu com George, Ribeiro, Luiz Paes, Gomes e Roberto Barra-Limpa; Coca Cola (Mano), Simão e Edmar; Paraíba, Alcy e Fernando Cônsul (Léo). Já o time sobralense, treinado por Raimundo França, perdeu com o futebol de Pinto, Rodrigues, Pelado, Zé Quinto e Cabo Dulce; Dajuana, Loril e Moisés; Nagibe, Cabeção (Gilberto) e Garrinchinha (Ércio). Muita gente da torcida coral foi até a cidade de Sobral prestigiar a partida. Levaram até a bateria da escola de samba ´Ispaia a Brasa` para animar a viagem de trem até Sobral. Como bem disse a Ferroada Coral em sua arte do humor, tratou-se de uma pequena vitória para o time e uma conquista gigante para o clube. Por que não?

A NOITE MÁGICA DAS DEFESAS MILAGROSAS DE CÍCERO CAPACETE

Cicero Capacete em 12/09/1979: uma das maiores atuações de um goleiro no futebol cearense

Todo torcedor do Ferroviário já ouviu falar da noite histórica que um ex-goleiro coral pegou até pensamento no Castelão e garantiu a vitória do Tubarão da Barra, por 1×0, em cima do Ceará. Foi em 12 de setembro de 1979. Portanto, aquele jogo memorável acaba de completar mais um aniversário. Foi exatamente aquela vitória mágica que abriu as portas para o Tubarão da Barra conquistar mais um título estadual, apenas quatro dias depois, ao vencer por 3×0 o Fortaleza, seu conhecido freguês na temporada. Mas por que foi uma vitória mágica? Porque foi algo totalmente improvável em razão do rolo compressor que era o time alvinegro em busca de um inédito pentacampeonato. Diante de 30.801 expectadores, Jangada e Ricardo Fogueira foram expulsos logo no início do jogo. Aos 29 minutos, gol de Celso Gavião para o Ferrão. A partir daí, o Ceará impôs um massacre dentro de campo e o time coral heroicamente suportou a pressão. Vitória épica com a consagração de vários heróis na nossa história, principalmente o goleiro Cícero.

O troféu do Grande Lance Antarctica até hoje guardado pelo ex-goleiro Cícero em sua residência

Antes do grande jogo contra o Ceará, espalhou-se um boato de que Cícero estaria “na gaveta” de dirigentes alvinegros. A diretoria coral entrou em parafuso. A leviandade se espalhou rapidamente como todas as mazelas que circundam o sub-mundo do futebol cearense. Houve quem sugerisse a exclusão do goleiro da meta coral. Cícero Capacete foi a campo e deu a resposta com defesas consagradoras e milagrosas. As bolas que ele não defendeu ou iam pra fora ou batiam na trave. Numa delas, a bola chocou-se no travessão e voltou para os braços do goleiro coral. No lance mais sensacional da partida, Cícero defendeu uma cabeçada à queima roupa do atacante Ivanir, o que lhe valeu o famoso troféu com o pinguim do ´Grande Lance Antarctica`, uma das principais honrarias patrocinadas pelas famosa cervejaria destinadas aos jogadores de futebol nas décadas de 70 e 80. Cícero Capacete guarda até hoje seu troféu em sua residência em Fortaleza.

Manchete do Caderno 2 do Jornal O Povo documentando os detalhes de uma vitória histórica

Quem esteve presente no Castelão naquela noite de quarta-feira lembra da intensa alegria e comemoração dos jogadores corais com o apito final do árbitro Leandro Serpa. Quase que por encanto, o título cearense – que não vinha desde 1970 – estava quase nas mãos do Ferroviário. Num dos momentos mais marcantes, Cícero Capacete agradece a Deus caminhando de joelhos de uma área a outra do gramado, tendo lado a lado a companhia do lateral esquerdo Ricardo Fogueira, também de joelhos, e de vários outros curiosos que acompanhavam aquela cena histórica. A vitória histórica do Ferrão veio do futebol de Cícero Capacete, Jorge Luís, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Celso Gavião, Jeová (Doca) e Terto; Raulino (Dedé), Paulo César e Babá. O Ceará foi derrotado com Dalmir, Tércio, Pedro Basílio, Darci (Geraldino Saravá) e Bezerra (Beto); Edmar, Artur e Aloísio Guerreiro; Jangada, Ivanir e Tiquinho. A importância desse jogo na história coral é tamanha que muitas vezes o gol de Celso Gavião é usualmente citado como o ´gol do título` de 1979. Na verdade, não foi. Mas é como se fosse por razões óbvias. Aconteceu no jogo 1.709 da história coral. Improvável, eterno, mágico e para sempre lembrado.

NARRAÇÃO DOS GOLS DO FERRÃO NO 4X3 CONTRA O CEARÁ HÁ 30 ANOS

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Wendell: técnico coral no 4×3

O acervo do Almanaque do Ferrão resgata mais uma raridade exatamente de 30 anos atrás. Disponibilizamos abaixo o áudio dos 4 gols do time coral na vitória surpreendente em cima do Ceará, por 4×3, em 27 de julho de 1986, na reta final do campeonato cearense. Oportunidade para ouvir a narração de Vilar Marques e Júlio Sales na equipe esportiva da extinta Rádio Uirapuru de Fortaleza. De quebra, a participação sensata em um dos lances do eterno craque coral Amilton Melo, que integrou por vários anos a imprensa cearense como comentarista depois que pendurou as chuteiras. Chance também para ouvir lances maravilhosos saídos dos autores dos gols Jaiminho, Luizinho das Arábias, Denô, Edinho e ainda um desabafo de felicidade no vestiário coral por parte do famoso ex-goleiro Wendell, que veio para ser o camisa Nº 1 do Ferroviário Atlético Clube no campeonato cearense, mas acabou como treinador da equipe nos últimos jogos.

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Experiente Edinho fez seu gol

A vitória foi totalmente surpreendente porque o Ferrão não aspirava mais chances na competição. Duas semanas depois, o Ceará sagrava-se campeão estadual com uma das maiores formações de sua história, formada por nomes como Rubens Feijão, Petróleo, Everaldo, entre outros. Foi o jogo 2.130 da história coral, que teve Leandro Serpa na arbitragem e o Ferroviário formando com o futebol de Serginho, Alexandre, Nilo, Léo e Vassil (Edson); Zé Alberto, Alex, Denô (Lupercínio) e Jaiminho; Edinho e Luizinho das Arábias. Preste atenção na escalação do Ceará: Salvino, Everaldo, Djalma, Argeu e Milton Lima (Bezerra); Serginho, Lira e Rubens Feijão; Amilton Rocha, Petróleo (Gerson Sodré) e Bebeto. Desses, Everaldo, Djalma, Argeu, Lira, Amilton Rocha e Bebeto jogaram no Ferrão em temporadas seguintes. Escute e volte 30 anos no tempo.

VÍDEO RARO DE VITÓRIA CORAL NO CAMPEONATO CEARENSE DE 1978

O vídeo mais antigo do Ferroviário no YouTube mereceu destaque do blog em postagem no mês de outubro do ano passado. Tratava-se do confronto contra o Ceará no dia 26 de novembro de 1978, vitória alvinegra pelo placar de 1×0. Para a surpresa de todos, no mês passado, caiu na rede outro vídeo exatamente do mesmo ano, novamente contra o Ceará, só que de uma partida realizada em 8 de outubro. Dessa vez, vitória coral por 2×1 e um show de imagens que mostram jogadores emblemáticos como Ricardo Fogueira, Jorge Bonga, Paulo César e Babá em ação com a camisa coral. A dica partiu do internauta Charles Garrido, um dos maiores entusiastas das atualizações do Almanaque do Ferrão, que entrou em contato por mensagem para avisar a boa nova.

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Presidente do Ferrão: Célio Pamplona

As imagens do vídeo não mostram a expulsão do zagueiro Lúcio Sabiá, que deixou o time coral com um homem a menos durante a maior parte do jogo. Também não mostram o pênalti claro do goleiro Procópio cometido em cima de Paulo César. Porém, mostram a reclamação contra a arbitragem e o destempero do dirigente alvinegro Antônio Góes, que na intempestividade de sua juventude, deu um soco no árbitro Leandro Serpa ao reclamar de uma expulsão claramente acertada após falta violenta em cima do ponta esquerda Babá. A agressão valeu a punição de um ano ao dirigente. Era o jogo 1.633 da história coral, assistido por 19.687 pagantes. O Ferrão, que já havia vencido o 1º turno, marchava célere para a conquista do returno, porém caiu na disputa de pênaltis na final contra o Fortaleza realizada três semanas depois, uma grande injustiça para o ótimo time montado pelo presidente Célio Pamplona, que tinha em sua diretoria nomes inesquecíveis como Ruy do Ceará, Elzir Cabral, José Rego Filho, Chateaubriand Arrais, Telmo Bessa e Mário Picanço.

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Experiente Gilberto: goleiro coral em 1978

Repare na excelente formação do Ferroviário, treinado pelo competente Lucídio Pontes: Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Ceará, do técnico Sebastião Leônidas, lendário ex-zagueiro do Botafogo/RJ, jogou com Procópio, Tércio, Pedro Basílio, Artur e Dodô; Edmar, Danilo (Júlio) e Erasmo; Jangada, Ivanir (Mickey) e Tiquinho. Na formação alvinegra, dois grandes atletas formados no próprio Ferroviário: Edmar e Danilo Baratinha. E ainda três nomes que vestiriam depois a camisa coral: Procópio, Artur e Jangada. Os gols do Ferrão foram do meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, e do ponta direita Marcos, ex-São Paulo/SP. Na meta coral, a tranquilidade do experiente Gilberto, que marcou época em Pernambuco como goleiro pentacampeão pelo Santa Cruz/PE e posteriormente como descobridor de Rogério Ceni enquanto treinador de goleiros do São Paulo/SP. Nomes de um grande time, que fez um grande campeonato, o que apenas confirma o dado de maior média de público da história do Ferroviário pertencer justamente ao grupo de dirigentes e jogadores que disputaram o campeonato cearense de 1978. Para sempre lembrados.