Mais uma raridade para você abrindo o nosso baú de fim de ano! O vídeo acima é uma entrevista raríssima do dirigente Vicente Monteiro, concedida no dia 9 de novembro de 1989, nos estúdios da TV Educativa de Fortaleza. Prestes a assumir a presidência coral, ele conversou com o apresentador Sebastião Belmino sobre seus planos para o Ferroviário. O material tem quase 9 minutos de duração. Nele, o mandatário coral comenta sobre a formação da nova diretoria, a chegada do novo reforço Júnior Piripiri, a negociação do artilheiro Cacau para a Ferroviária de Araraquara, entre outros assuntos. Ao final da entrevista, Vicente Monteiro convoca o eterno baluarte Valdemar Caracas para acompanhar um amistoso do Ferrão, no dia seguinte, na cidade de Santa Quitéria, contra o selecionado local. Naquela sexta-feira, no calor do sertão, o Ferrão ganhou o jogo por 4×0. Na sequência do mês, a direção coral inaugurou os refletores do estádio Elzir Cabral com a presença de Ricardo Teixeira, presidente da CBF. Trinta dias depois, Vicente Augusto Monteiro, que ficou consagrado como um dos maiores dirigentes da nossa história, foi empossado como presidente, cargo que ocupou somente durante seis meses, se licenciando e sendo substituído por Múcio Roberto.
Resgatamos mais um vídeo raro em nossos arquivos, motivados pela vitória do Ferroviário em cima do Treze/PB, dentro de Campina Grande, no último domingo. A vitória por 3×0 frente ao Galo da Borborema foi apenas a segunda na história verificada dentro da bela cidade paraibana. A primeira ocorreu no já distante ano de 1992, no domingo de páscoa, dia 19 de abril, e as imagens acima apresentam os melhores momentos daquele jogo, válido também pela Série C do campeonato brasileiro. A disputa ocorreu no estádio Presidente Vargas e o Ferrão era treinado pelo ex-zagueiro Djalma Linhares, que utilizou a seguinte formação: Joel, Caetano, Evilásio, Hermes e Roberto; Ednardo, Júnior Piripiri e Gilson; Cantareli (Jó), Jorge Veras (Aloísio) e Arnaldo. Treinado por Zé Lima, o Treze jogou com Luciano, Airton, Lima, John e Humberto; Porto, Warison e Beto; Betinho, Tobi e Washington. O público foi de apenas 771 pagantes e o árbitro potiguar Charles Elliot, mal colocado, marcou um pênalti inexistente para o Ferroviário, convertido pelo ídolo Jorge Veras. O lateral direito Caetano marcou o gol da virada coral, após pela assistência do meia Júnior Piripiri. Warison fez o gol do Treze. Favor não confundir na escalação o ponta esquerda Arnaldo, ex-Tiradentes/PI, com o meia Arnaldo que foi campeão cearense pelo Ferroviário em 1988. Naquela temporada de 1992, pela primeira vez na história, o Ferroviário fez o artilheiro maior de uma competição nacional. Jorge Veras foi o artilheiro da Série C com 9 jogos, fato este só repetido por Edson Cariús, que marcou 11 gols na Série D de 2018 e ainda sagrou-se campeão brasileiro pelo Ferrão.
Ferroviário e Treze/PB sempre fizeram jogos duros entre si. Na imensa maioria das vezes, um vencia o outro pela diferença de um ou dois gols e placares como 1×0, 2×0 e 2×1 se tornaram comum entre ambos. Entretanto, duas únicas vezes o Tubarão da Barra e o Galo da Borborema fizeram jogos com oito gols na partida, o número máximo já atingido em campo pelos dois adversários. A primeira vez ocorreu em 25/03/1956 em Fortaleza. O jogo foi válido pela Taça Paulo Sarasate, um quadrangular que reunia ainda Fortaleza e Ceará, que ficou com o título. A partida entre Ferroviário e Treze foi disputada debaixo de forte chuva, o que afastou bastante o público daquele que foi apenas o jogo de número 513 da história coral. Com 3 gols de Fernando e um de Zé de Melo para o Ferroviário, e Marinho, Josias e dois gols de Mário II marcando para o time paraibano, o placar de 4×4 evidenciou dois times com muita vontade de ganhar. Treinado por Babá, o Ferrão alinhou com Zé Dias (Adir), Lolô e Antônio Limeiro; Manoelzinho (Rui Leite), Macaúba e Eudócio; Kitt, Zé de Melo, Pacoti (Macaco) e Fernando. Já o Treze jogou com Harry Carrey (Cícero), Geliz e Urai; Marinho, Filgueiras e Milton (Lamparina); Mário II, Mário I, Josias, Ruivo e Renê (Pitota). Depois desse jogo de oito gols, somente 36 anos depois tivemos um Ferroviário x Treze repetindo o número de tentos nos 90 minutos.
Júnior Piripiri: 1 gol
Em 01/04/1992, Ferrão e Treze estavam na Série C do campeonato brasileiro na mesma chave de CRB/AL, Auto Esporte/PB e Vitória de Santo Antão/PE. Naquela noite contra o time paraibano, novamente no PV, o time coral aplicou 5×3 no Galo da Borborema com 4 tentos de Jorge Veras e um de Júnior Piripiri. John, Dário e Tobi marcaram para o Treze. A partida foi a de número 2.423 da nossa história e contou com um público diminuto de apenas 483 pagantes. O jogo foi duro e o placar chegou a ficar 2×1, 3×2 e 4×3 para o time coral, que só marcou seu quinto gol no apagar das luzes. Treinado por Djalma Linhares, ex-zagueiro coral no título cearense de 1988, o Ferrão venceu com Joel, Caetano, Aldo, Evilásio e Paulo Adriano; Fernando, Gilson (Jó) e Júnior Piripiri; Cantareli, Aloísio e Jorge Veras. O Treze, do técnico Zé Lima, perdeu com Ednaldo, Porto, Lima (Aírton), Railson e Lelo; Dário, Warison e John; Betinho, Tobi e Beto (Humberto). Vasculhamos os arquivos do Almanaque do Ferrão e achamos o vídeo com os cinco gols do time coral naquele 5×3 de 1992. Vale a pena você se deliciar com os gols e principalmente com a agilidade do ídolo eterno Jorge Veras na hora de mandar a bola para o fundo do gol adversário. É só conferir abaixo.
Se você acha que a situação do futebol brasileiro é um problema social recente com o desemprego em massa de centenas de equipes e milhares de jogadores, assista o vídeo acima. O problema não é tão recente assim. Conforme a matéria da TV Verdes Mares, em 1992, vários médios e pequenos clubes do país realizaram contratações para a então Série B do campeonato brasileiro, mas a data de início da competição foi diversas vezes adiada pela CBF. Foram dois meses de espera, um prejuízo para as equipes que tiveram que arcar salários e demais custos inerentes a um elenco de jogadores. Comparado aos 8 ou 9 meses que hoje muitos clubes vivenciam de inatividade por temporada, aqueles 2 meses parecem nada. Confira a situação da época na matéria com o treinador Djalma Linhares e os atletas Júnior Piripiri, Toninho Barrote e Jorge Veras, já veterano, que reclamava da falta de condições no clube por não ter chuteiras para treinar. Coisas de um passado não tão distante se comparado à falência atual da maioria dos times no Brasil.
Ex-zagueiro do Ferroviário Atlético Clube em matéria nacional do Globo Esporte
Um ex-jogador do Ferroviário foi destaque ontem na versão nacional do Globo Esporte. A matéria do noticiário esportivo nada tinha a ver com sua passagem pelo time coral ou até mesmo com o futebol do Brasil. Tratava sobre o futebol da Finlândia – isso mesmo – e alguns brasileiros relacionados com o futebol daquele país foram destaque, entre eles, Marco Antônio Manso, ex-zagueiro do Tubarão da Barra no início dos anos 90.
Segundo o Almanaque do Ferrão, foram apenas dois jogos com a camisa do time principal. Em 07/4/91, Manso entrou no lugar do meia Júnior Piripiri e estreou entre os profissionais na derrota por 1×0 para o Auto Esporte/PI, dentro do Elzir Cabral, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Um mês depois, o treinador Djalma Linhares o colocou durante um amistoso contra o Maria Clara no lugar do experiente zagueiro Valdecy. E só. O promissor Manso não teve mais oportunidades e seguiu para o futebol paulista para ganhar o mundo.
Em matéria do portal Tribuna do Ceará em 2013, Manso recordou sua saída do Ferroviário. Após treinar a semana inteira como titular para uma partida contra o Guarany de Sobral, pelo Campeonato Cearense, foi informado no vestiário que ficaria no banco a pedido da diretoria. “Verdade ou não, aceitei e assisti ao jogo do banco mesmo. Mas, como sabia do potencial que eu tinha, não poderia aceitar aquele tratamento e na semana seguinte fui embora para São Paulo”, contou.
Manso chegou a Finlândia em 1998 depois de atuar na Arábia Saudita e Ilha de Malta. Foram 10 anos como jogador do MYPA, o que valeu depois o convite para atuar como diretor executivo do clube, função que exerce até hoje após concluir vários cursos, inclusive uma graduação em Administração. Ano passado, o ex-zagueiro coral esteve no Brasil visitando as categorias de base do Fluminense/RJ, parceiro da equipe finlandesa. Manso é mais um que bebeu a água da Barra do Ceará e ganhou o mundo, fruto do seu esforço, competência e dedicação.