Imagem dos Arquivos Ferroviários Camocim Ribeiro com jogadores corais no carro dos bombeiros
O registro fotográfico acima foi tirado na manhã do dia 18 de setembro de 1988. Naquele domingo pela manhã, o Ferroviário Atlético Clube comemorou o título de campeão cearense daquele ano numa carreata pelas ruas da cidade. Boa parte do elenco coral subiu no carro do Corpo de Bombeiros e desfilou com o troféu pela capital cearense. Na imagem acima, é possível identificar o terceiro goleiro Júnior Lemos, segurando a taça e o polivalente Edson, sentado. Atrás, o goleiro reserva Osvaldo aparece de perfil. Posteriormente, outros jogadores subiram no carro, entre eles os ídolos Arnaldo, Mazinho Loyola e Marcelo Veiga. A comemoração coral durou o domingo inteiro, com direito a festa no Clube de Regatas da Barra do Ceará, ao meio-dia, e terminou com um amistoso de entrega de faixas, contra o Ceará, à tarde, no Estádio Presidente Vargas. O Tubarão da Barra bateu o alvinegro por 2×1, com gols de Wiltinho e Beto Andrade para o time coral, descontando Basílio para o Ceará. Dos atletas titulares no jogo decisivo contra o Fortaleza, os zagueiros Arimateia e Juarez, o goleiro Robinson e os meias Alves e Jacinto não atuaram no jogo festivo.
Juventude coral levanta o troféu de campeão cearense de juniores no Presidente Vargas
O Almanaque do Ferrão revirou o seu baú de vídeos e resgatou os detalhes da decisão do campeonato cearense de juniores de 1987, quando o Ferroviário enfrentou o Tiradentes numa ´melhor de três` e ficou com o título da competição com uma geração de bons jogadores, cujo expoente maior era um garoto franzino que viria a vestir a camisa de grandes clubes do futebol brasileiro na década de 90. Autor do gol do título na terceira partida decisiva contra o Tigre, o atacante Mazinho Loyola era o grande nome de um grupo que tinha jogadores como Júnior Lemos, Nílton, Eudes, Osmar e Lane, todos utilizados algumas vezes pela equipe profissional nas temporadas seguintes.
Alegria nos juniores começou no Torneio Início
Na verdade, o sucesso dos juniores em 1987 começou ainda no mês de fevereiro, no dia 22, quando o time coral conquistou o Torneio Início da categoria em jogos de portões abertos disputados no Estádio Carlos de Alencar Pinto. Depois de passar por Palmeiras (1×0), Fortaleza (3×0) e Tiradentes (4×0), o Ferroviário enfrentou o Santa Cruz na final e venceu por 3×0, na disputa de pênaltis, com Sérgio, Roberto Santos e Mazinho Loyola convertendo suas cobranças. Porém, a alegria maior para aquela geração viria 7 meses depois, em setembro, quando o time comandado por José Maria Paiva, ex-jogador do próprio Ferroviário na década de 70, conquistou o direito de disputar o título máximo contra o Tiradentes numa série de 3 partidas que despertou o interesse dos desportistas.
Mazinho Loyola: gol do título
No primeiro jogo das finais, no PV, Ferrão e Tiradentes empataram em 1×1. O Tigre saiu na frente e o ponta esquerda Joãozinho empatou para o time coral. Na segunda partida, uma semana depois, vitória coral por 3×0, com gols de Sérgio, Lane e Joãozinho, em jogo disputado no Elzir Cabral. No dia 27/9/87, no PV, na preliminar de Ceará x Rio Branco/ES pelo campeonato brasileiro, as duas equipes se enfrentaram na última partida decisiva. O Tubarão da Barra jogava pelo empate. O Tigre pressionou e parou nas boas defesas de Júnior Lemos. Aos 32 minutos do segundo tempo, a bola sobrou para Mazinho Loyola, que contou com a estrela que o acompanharia durante toda a carreira, e ele só empurrou para marcar o gol do título do Ferroviário, campeão cearense de juniores naquele domingo ensolarado.
O árbitro da finalíssima foi Gilson Albuquerque e o Ferrão venceu com Júnior Lemos, Roberto Santos, Ivonildo, Eudes e Nílton; Kico (Cícero Júnior), Osmar e Lane; Mazinho Loyola, Sérgio e Joãozinho (Jair). Além destes que jogaram o último jogo, o goleiro Edílson, os zagueiros Roberto Pereira e Célio Ricardo, o atacante Delei, entre outros, participaram daquela brilhante campanha. Treinado por José Cândido, o Tiradentes foi derrotado com Ari, Wellington, Aldemir, Júnior e Herbínio (Andrade); Simão, Carlos (Rodrigues) e Gildo; Branquinho, Marquinhos e Helton. Confira no vídeo abaixo uma raríssima compilação da ´melhor de três´ entre Ferroviário e Tiradentes em 1987. Vale a pena rever em ação jogadores que estavam apenas começando a carreira no Ferrão e que certamente nunca esqueceram aquela memorável conquista dos juniores corais.
Que tal recordar um jogo do Ferroviário disputado exatamente na data de hoje? Voltamos no túnel do tempo e vamos até 7 de abril de 1994, um ano mágico para o clube e por consequência para seus fiéis torcedores. Recuperamos as imagens de uma partida realizada naquela noite quando a máquina coral de fazer gols funcionou a pleno vapor. Foi um maravilhoso 6×0 contra o tradicional Calouros do Ar, com 2 gols do ídolo Acássio. Os outros tentos foram assinalados por Cícero Ramalho, Edinho, Nasa e Batistinha, que você pode conferir no vídeo acima.
Ainda treinado pelo carioca José Dultra, ex-zagueiro do Vasco/RJ e do Remo/PA, o Ferrão foi escalado com Dênis, Caetano (Edinho), Batista, Santos e Branco; Lima (Eron), Nasa, Acássio e Basílio; Batistinha e Cícero Ramalho. O Calouros tinha alguns jogadores que passaram pelo Ferroviário, inclusive contava com o comando técnico de Celso Gavião, um dos maiores zagueiros da história coral. Ele escalou o ´Tremendão da Aerolândia` com o futebol de Júnior Lemos, Zé Carlos, Márcio Gomes, Luciano e Paulo César; Feliciano, Idésio (Edmar) e Gilson; Nonato, Célio (Cafuringa) e Ronaldinho.
Após a extravagante vitória em cima do Calouros e de outros bons resultados, o Ferrão viveu dias complicados no campeonato pouco tempo depois. Numa partida contra o América, o Tubarão da Barra quebrava a bola e passou a ser vaiado pela exigente torcida coral. O gol do alívio veio dos pés do atacante Batistinha, que ao comemorar desferiu uma banana para os torcedores que vaiavam a equipe atrás da trave. O mundo quase veio abaixo por conta dessa atitude e gerou um dos raros momentos de desconforto entre time e torcida naquela brilhante temporada até hoje reverenciada.
Ferrão campeão de juniores em foto publicada nos jornais de Fortaleza em setembro/87
O alcance do Almanaque do Ferrão continua trazendo notícias gratificantes. Da cidade de Russas, o internauta Ricardo Torres manda notícias do goleiro da foto acima, num click histórico que registrou a volta olímpica dos campeões cearenses de juniores no ano de 1987. Trata-se de Júnior Lemos, uma das grandes promessas para o arco coral nos anos 80 e que chegou a atuar 6 vezes na equipe principal do Ferrão. Depois de encerrar a carreira no América de Russas, o ex-goleiro coral teve escolinha de futebol na cidade, fundou o ´Clube do Racha` e atualmente é proprietário da JL Fardamentos.
A final do campeonato cearense de juniores em 87 foi disputada contra o Tiradentes e Júnior Lemos fechou o gol no jogo decisivo realizado no PV, na preliminar de Ceará x Rio Branco/ES pelo Brasileirão daquele ano. O gol do título foi marcado pelo atacante Mazinho Loyola, que na temporada seguinte já se firmava como titular do time profissional do Tubarão da Barra. Brevemente, o Almanaque do Ferrão apresenta por aqui os melhores momentos em vídeo daquela memorável final de juniores já que dispomos dessa raridade em nossos arquivos. É só aguardar.
Em Russas: visita do ex-flamenguista Nunes
Júnior Lemos é pai de Marília, Maria Eduarda e Mateus. Mesmo atuando em outra área profissional, recorda sempre seus momentos de jogador de futebol no Ferroviário e lamenta a fama de ´cabeça-quente` que o impediu de ir mais longe no clube. Como um capricho do destino, Júnior foi parar em Russas por engano. Em 1996, o treinador Jorge Costa, ex-atleta do próprio Ferroviário nos anos 70, pediu a contratação de Júnior Cruz, cria das categorias de base do Ceará, mas o dirigente do América de Russas trouxe Júnior Lemos, que havia jogado as últimas temporadas no Calouros do Ar. E por lá, ele ficou. No ano passado, o ex-arqueiro coral recebeu o título de cidadão russano. Em foto recente com sua filha e esposa, Júnior Lemos recebe a visita de Nunes, famoso ex-atacante do Flamengo/RJ, em Russas. Como não poderia deixar de ser, o papo principal em questão foi futebol.
O vice-campeão do torneio chancelado pela CBF: Zé Alberto, Edson, Léo, Renato, Serginho e Carlos Alberto; Mardônio, Carlos Antônio, Cardosinho, Wiltinho e Ronaldinho
A foto acima foi tirada na final do Torneio Otávio Pinto Guimarães, competição que levou o nome do então presidente da CBF e que foi chancelada para dar movimentação a vários clubes nordestinos que ficaram – pasmem – 2 meses sem competições oficiais no final de 1986. Como se percebe, os tempos hoje são outros. Há clubes, como o próprio Ferroviário, que chegam a ficar 9 meses parados sem jogos oficiais e o fato é visto como ´normal` por grande parte do público. É apenas a morte lenda e gradual dos times mais tradicionais do país, obrigados a encarar um calendário extremamente excludente e criminoso.
Cícero Ramalho no Potiguar antes de ser contratado
A penúria econômica em 86 não era tão diferente da situação atual, tanto é que o Ferroviário disputou a competição com a grande maioria do elenco formado nas bases. Mardônio, Ronaldinho, Carlos Alberto, Renato, Edson, Wiltinho, Júnior Lemos, Edilson, Luís Carlos, Adalberto, Álber, Rogério e Kléber eram todos recém promovidos ao time profissional, sem falar da presença de um jovem atacante oriundo do Potiguar de Mossoró, que disputou essa competição pelo Ferrão e depois rodou o mundo até voltar e ser campeão oito anos depois. Seu nome: Cicero Ramalho, que marcou sua primeira passagem na Barra do Ceará por não ter feito nenhum gol.
América/RN, Alecrim/RN, Ferroviário, Botafogo/PB, Fortaleza e Campinense/PB disputaram o torneio em jogos de ida e volta. A final foi genuinamente cearense e realizada já em 1987 por falta de datas no calendário da CBF. O Ferrão ficou com o vice-campeonato ao ser derrotado por 2×0 pelo Fortaleza, num jogo atípico onde o time coral lançou Zé Alberto e Cardosinho sem condições regulares de jogo, ciente que perderia os pontos mesmo que vencesse a partida. Coisas do futebol do passado, que era capaz de organizar competições no intuito de movimentar os clubes, mas que permitia dúvidas de natureza ética e jurídica junto ao público quanto à seriedade das disputas.