ÁUDIO RARO COM GOLEADA CORAL E VOZ DO GOLEADOR PAULO CÉSAR

Eis mais uma raridade em áudio para posteridade aqui no blog. Na narração de Júlio Sales, pela Rádio Verdes Mares, o Ferrão meteu 5×0 no Fortaleza e conquistou o título do 2º turno do Campeonato Cearense de 1979. Em um dos gols, o repórter de campo coloca o microfone na boca do artilheiro Paulo César e capta a voz do ídolo coral, definida pelo experiente narrador como a “voz romântica” do futebol cearense. Ainda na cobertura radiofônica, o ex-árbitro Gilberto Ferreira fala o seu bordão “bota no centro que a bola foi dentro“. É possível ouvir ainda a voz dos setoristas Luiz Antônio e Bezerra de Menezes, além do comentarista José Santana. O nome do saudoso Blanchard Girão também é citado no áudio acima. Além de Paulo César, os gols do Tubarão da Barra foram marcados pelo zagueiro Celso Gavião e pelo atacante Raulino. O ídolo Paulo César reside no Equador desde os anos 1980 e Celso Gavião, apesar de paulista, fixou residência em Fortaleza após pendurar as chuteiras. Por sua vez, o amazonense Raulino faleceu em 2010, aos 55 anos de idade, vítima de problemas cardíacos. Ao final daquela temporada, o Ferrão conquistou brilhantemente o título estadual de 1979 e tirou o sonhado pentacampeonato do Ceará. Essa postagem é dedicada a José Rego Filho e Ruy do Ceará, que comandaram aquela conquista em termos diretivos e que atualmente enfrentam problemas de saúde.

INAUGURAÇÃO DA PRAÇA EM FRENTE AO ELZIR CABRAL EM 1991

As imagens acima recuperadas em vídeo são de grande raridade. Elas mostram a noite de inauguração da praça pública localizada em frente ao Estádio Elzir Cabral, no bairro da Barra do Ceará. O novo espaço foi uma obra da gestão do então prefeito Juraci Magalhães e a cerimônia teve a cobertura da TV Verdes Mares de Fortaleza. O evento aconteceu no final do mês de outubro de 1991, antes de um jogo do Ferroviário contra o Quixadá pelo campeonato cearense. O novo logradouro foi batizado de Praça Marcelo Queiroz, em homenagem ao filho do ex-presidente José Lima de Queiroz, que aparece concedendo entrevista na matéria acima. Marcelo Queiroz foi um árduo torcedor coral. Ele teve destaque como integrante da diretoria mirim campeã estadual em 1979, que correspondia a um projeto de formação e renovação de futuros dirigentes, organizado e levado à prática na gestão do ex-presidente José Rego Filho. Infelizmente, Marcelo Queiroz faleceu muito jovem e não conseguiu realizar o sonho de ser presidente do Ferroviário. Entretanto, sua presença no cotidiano coral foi eternizada com a existência de uma estátua na praça em frente ao Estádio Elzir Cabral.

POR ONDE ANDA A MARAVILHA NEGRA DO TÍTULO CEARENSE DE 1970?

Ex-atacante do Ferroviário no título cearense de 1970 em foto recente no portão de sua casa

Ele compôs ao lado do craque Amilton Melo uma das duplas mais famosas da história do futebol cearense. Juntos, ladeados por um time cheio de excelentes jogadores, fizeram lances e jogadas que infernizaram as defesas adversárias, marcando para sempre as páginas da história coral na notadamente na brilhante conquista do campeonato cearense de 1970. Estamos falando do ex-atacante Paulo Velozo, a maravilha negra da Barra do Ceará, como muitos o chamavam. O Almanaque do Ferrão localizou o ex-jogador em Recife, onde voltou a residir há cerca de cinco anos, depois de décadas morando em Portugal e em São Paulo. Paulo Velozo mandou três áudios para o blog. Vamos deixar que inicialmente ele mesmo exponha suas memórias do tempo que passou pela Barra do Ceará, citando nomes de ex-companheiros e falando sobre o início de sua carreira no futebol. Escute o primeiro trecho abaixo.

Paulo Velozo nasceu em 30 de Julho de 1947, na cidade de Pesqueira, no interior de Pernambuco. Cria do Santa Cruz/PE, um dos adversários do Ferroviário na Série C nacional na atual temporada, certamente seu coração ficará dividido já a partir do próximo domingo, quando as duas equipes se enfrentam, em Fortaleza, pela primeira vez na competição. Quando o Ferrão for jogar em Recife, contra o Náutico/PE ou contra o próprio Santa Cruz/PE, o ex-centroavante coral espera estar presente para matar as saudades do time que soube honrar a camisa no futebol cearense. Abaixo, Paulo Velozo recorda uma passagem com o ex-companheiro Amilton Melo, a quem ele particularmente considerava ´fora de série`. Desde que deixou o clube na temporada de 1971 rumo a Portugal, Paulo Velozo nunca mais retornou à cidade de Fortaleza e nem viu pessoalmente o Ferroviário em campo. Confira seu depoimento na segunda parte do áudio que ele gravou especialmente para o Almanaque do Ferrão.

Hoje em dia, Paulo Velozo é aposentado por tempo de contribuição. Ele trabalhou durante 23 anos no Esporte Clube Pinheiros, na capital paulista, depois que parou de jogar futebol em meados dos anos 1980. No Pinheiros, apesar do seu interesse inicial de trabalhar com o futebol, foi alocado no departamento de serviços gerais, onde chegou a posição de chefe do setor com o passar dos anos. Em termos particulares, o ex-atacante coral tem uma prole invejável. São três filhos legítimos e cinco adotivos em sua família. Atualmente divorciado, ele mora com um filho de 11 anos de idade na casa que pertenceu a seus pais. Evangélico, Paulo Velozo frequenta a Igreja Verbo no bairro do Ipsep em Recife. No último trecho do áudio gravado por ele, Paulo recorda nomes importantes da famosa onzena do Ferroviário que fez fama em sua época.

Após gravar suas três mensagens em áudio, a eterna maravilha negra Paulo Velozo ainda enviou uma outra mensagem de texto, pedindo para a matéria não deixar de enaltecer dois nomes inesquecíveis para ele: José Rego Filho e Ruy do Ceará, dois dos principais dirigentes do período em que vestiu o manto coral. Pedido feito, pedido atendido. Abaixo, pra finalizar, uma fotografia tirada na época com um quarteto coral que deixou lembranças eternas na história do Ferroviário Atlético Clube.

Diretamente do álbum de fotografias e memória de Paulo Velozo: Amilton Melo, ele, Mano e Alisio

MAIS UM ESTADUAL E O FERROVIÁRIO DE 1968 SEGUE O ÚLTIMO INVICTO

Expresso Coral sobre o título de 1968

Hoje, o Fortaleza fez 2×0 no Ceará no primeiro jogo da final do campeonato cearense de 2019. O alvinegro seguia invicto na competição e havia sério risco de finalmente vermos quebrada a hegemonia do Ferroviário campeão cearense de 1968, reconhecido há 51 anos no futebol alencarino como o ´último invicto`. Nesse quesito, as chances do Ceará nesse ano aumentaram ainda mais porque ele, e o Fortaleza, só entraram na disputa do Estadual após os jogos de oito clubes pelo primeiro turno, fruto de um calendário nacional mais desorganizado do que nunca e que acaba desnivelando o princípio da equidade entre as equipes que disputam a mesma competição, algo tão básico e extremamente necessário para a justiça nos resultados esportivos. Onze anos atrás, a então revista oficial do clube, a Expresso Coral, trazia em suas páginas uma ampla revisão sobre o último título invicto do futebol cearense. Pelo visto, a já rara edição da publicação continua mais atual do que nunca. Além disso, Ruy do Ceará e José Rego Filho, lendários dirigentes corais naquela memorável façanha, vão poder continuar tomando banho de piscina tranquilamente. Merecidamente.

Ruy e José Rego: a tranquilidade de quem só observa os adversários tentarem, tentarem, tentarem

MOMENTO DE CRISE QUE ORIGINOU A CONQUISTA DE UM TÍTULO ESTADUAL

Jornal O Povo destacava saída de Célio Pamplona da presidência do Ferroviário em 1979

O Jornal O Povo recordou na semana passada uma matéria de 1979 destacando uma crise interna no Ferroviário que culminou com a saída do presidente Célio Pamplona. O clube vinha de uma boa campanha na temporada anterior, quando quase chegou a vencer um turno, perdendo-o apenas numa memorável disputa de pênaltis com o Fortaleza. Ressalta-se ainda que 1978 é até hoje a temporada que registra a maior média de público nos 85 anos de história do Ferrão. A média foi de 3.974 pagantes por jogo. Por motivos diversos, o presidente Célio Pamplona não permaneceu para 1979 e José Rego Filho assumiu a presidência numa diretoria formada por Ruy do Ceará, Chateaubriand Arrais, entre outros. O resto da história todo mundo sabe. Em setembro daquele ano, o Ferroviário sagrou-se campeão estadual depois de nove anos.

PRESENTE ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO: VIDA E OBRA DE VALDEMAR CARACAS

Hoje é aniversário do Ferroviário Atlético Clube. São 84 anos desde sua fundação por parte dos operários da antiga Rede de Viação Cearense, a famosa RVC. O Almanaque do Ferrão presenteia a torcida coral com um documentário inédito sobre o fundador do clube, o inesquecível Valdemar Caracas, falecido em 2013. O material de 29 minutos foi produzido um ano após a sua morte pela jornalista Dayanne Feitosa e agora chega à Internet através do nosso blog. Caracas e Ferroviário, duas lindas histórias que se confundem com a história do próprio estado do Ceará. O documentário intitulado “Nos trilhos da história: vida e obra de Valdemar Cabral Caracas” conta com o depoimento de nomes como o amigo Antônio Carlos, o ex-cronista esportivo Cid Carvalho, o ex-presidente José Rego Filho e também deste blogueiro. Assista abaixo e feliz aniversário!

RUY DO CEARÁ COMPLETOU 80 ANOS DE IDADE NA SEMANA PASSADA

Dr. Ruy: um dos maiores do futebol cearense

Ele é certamente um dos três maiores dirigentes da história do futebol cearense. Na semana passada, Ruy do Ceará, ex-diretor de futebol do Ferroviário Atlético Clube, completou 80 anos de vida. Infelizmente, poucos veículos de comunicação renderam-lhe homenagens. Lúcido e de uma memória invejável, Dr. Ruy participou ao vivo no último domingo de um programa esportivo da Rádio Assunção de Fortaleza, apresentado pelo radialista Paulo Santiago e que antecede à transmissão do jogo de futebol principal da rodada. Como não poderia deixar de ser, Ruy do Ceará recordou os bons momentos de sua trajetória no Ferroviário como os títulos estaduais de 1968, 1970 e 1979, bem como do seu trabalho de construção do patrimônio coral até hoje existente, além de evidenciar nomes de sua geração como Elzir Cabral, José Rego Filho e Chateaubriand Arrais. Foram cerca de 40 minutos de boas narrativas sobre o cotidiano coral de sua época. Disse ainda que costuma ir aos jogos mais importantes com os filhos e citou o clássico Ferroviário x Fortaleza como o tipo de jogo que ele gosta de estar presente. Poucas horas depois, o Ferrão fez 2×0 em cima do Fortaleza para alegria do aniversariante. Dr. Ruy é um dos nomes eternos do Ferrão.

TÍTULO INESQUECÍVEL DE 1970 COMPLETA MAIS UM ANIVERSÁRIO

Notícia na capa do Jornal O Povo anunciava o título do Ferroviário de campeão cearense em 1970

Parece que foi ontem. Amilton Melo deixou o atacante Paulo Velozo na cara do gol. Edmar e Coca Cola deitaram e rolaram. Simplício mandou um jogador do Ceará para a enfermaria com uma bolada no estômago. Quem mandou ficar na barreira? A potência de seu chute, todos já conheciam. Saudades do Esteves, do Eldo, do Mano e do Alísio. Já faz 46 anos da memorável conquista do Estadual de 1970, quando, obviamente, Ceará e Fortaleza jamais poderiam pensar em ganhar um campeonato no ano do centenário de instalação do eterno e querido transporte ferroviário no estado. Quanta ousadia seria. Até o Guarany de Sobral se meteu a besta e deu no que deu. Perdeu o jogo final por 3×1 naquele 7 de outubro como hoje, gols de Alísio, duas vezes, e Amilton Melo, diante de 13.028 pagantes no PV. Era apenas o jogo 1.203 da história do Tubarão da Barra.

Lance do Ferroviário no Estadual de 1970

Hamilton Ayres e Gomes sustentavam a defesa. Luiz Paes era o reserva imediato, só para se ter uma ideia do potencial do elenco coral. Virou professor e dos bons. Até o atacante Facó, que depois virou prefeito de Beberibe, andou esperando uma chance que nunca veio na onzena principal. Azar teve o goleiro Marcelino que deixou de sair na foto do time campeão por conta da intransigência dos dirigentes da Portuguesa/RJ. Chamaram-no antes do fim para ver o Corcovado. Aloísio Linhares veio e bateu o retrato. Coitado do Fortaleza, o freguês principal. Tinha até crediário. Apanhava a prestação e sequer chegou a marcar um único gol no Ferrão no campeonato inteiro. Cliente bom é assim. América e Tiradentes conheceram a fúria do ataque coral. O Calouros do Ar quis dificultar as coisas, mas não deu nem pro começo. Adeus Quixadá. Esse foi com Deus. Nas finais da competição, o urubu alvinegro bateu asas e voou. O Cacique do Vale sonhou alto demais e levou uma paulada. Não deu pra ninguém. Quem fez a festa foi a torcida coral, que invadiu o gramado do PV numa demonstração antológica de sua força. Alguém achou a cueca do Louro? Levaram tudo. Mas um título não se vence somente com onze jogadores. Ele é conquistado com a força de seus dirigentes. Agradeçam, portanto, a José Rego Filho e Ruy do Ceará, os grandes comandantes daquela jornada. Também ao inesquecível Elzir Cabral, que mesmo morando em Recife, era a alma daquela direção. Agradeçam a todos que compunham aquela diretoria invejável, como já cantava Zezé do Vale.

TRÊS TÍTULOS INESQUECÍVEIS DENTRO DA MESMA PISCINA

Ruy do Ceará e José Rego Filho: três títulos estaduais históricos dentro da piscina

Apesar das fortes chuvas que caem há 4 dias em Fortaleza, o Almanaque do Ferrão publica uma foto bastante sugestiva para um domingo como hoje. Recentemente, dois dos maiores nomes da história coral curtiram um dia de sol no Náutico Atlético Cearense. Dentro da piscina, nada menos que 3 títulos estaduais conquistados diretamente para o Ferroviário. Um na função de presidente, o outro como diretor de futebol, uma dobradinha inesquecível para os torcedores e imprensa cearense: José Rego Filho e Ruy do Ceará, respectivamente. Os dois se conheceram ainda no colegial, fizeram juntos a faculdade de engenharia em Recife, foram vizinhos na vila dos engenheiros da RFFSA, gloriosa instituição federal da qual cada um foi superintendente em épocas distintas. No Ferroviário, conquistaram o título cearense invicto em 1968, depois de um tenebroso jejum de 16 anos, além do supercampeonato de 1970 e o improvável estadual de 1979. Em 1988, faziam parte do conselho deliberativo na época de mais um título cearense. Nomes eternos em qualquer página que tenha a missão de narrar a história coral.

DIRETORIA CORAL CONCLAMAVA A PRESENÇA DA TORCIDA EM 1968

Ninguém duvida que o Ferroviário tem a terceira maior torcida no futebol cearense, mas a lembrança de que um dia esta mesma torcida já foi maior que a do Fortaleza é sempre recorrente. O Almanaque do Ferrão faz um recorte no tempo e vai até 1968, ano em que os dirigentes corais ainda tentavam neutralizar o crescimento vertiginoso da torcida do adversário, que realmente havia ultrapassado a do Tubarão da Barra em anos anteriores. Curioso ver que, naquela época, a direção coral já não andava muito satisfeita com o comparecimento de seus torcedores, razão pela qual não ser muito inteligente repetir a velha ladainha nos dias atuais. É chover no molhado, como dizem os mais antigos. Vale a pena a leitura da matéria abaixo retirada do extinto Correio do Ceará. Vale mais ainda recordar José Rego Filho, um dos maiores dirigentes da nossa linda história. O próprio exemplo de 1968 pode ser seguido atualmente. Não adianta reclamar da própria torcida, ela comparecerá quando achar que deve prestigiar, quando o clube fizer por merecer com atuações competitivas e chances de conquista. Naquele ano, apesar das reclamações durante o campeonato, a torcida decidiu dar o ar da graça na reta final e viu um título estadual inesquecível depois de 16 anos. É que a gente só lembra das coisas boas.

fac 01322