FOTO RARA COM ALEXANDRE PAVÃO E EDINHO NA FORMAÇÃO CORAL

Foto do Ferroviário antes de uma partida contra o Limoeiro pelo Campeonato Cearense de 2004

A fotografia acima traz dois jogadores que só atuaram uma única vez com a camisa do Ferroviário. Nesse dia, em 28 de fevereiro de 2004, o time coral fazia a estreia do goleiro Alexandre Pavão e do zagueiro Edinho. Ambos tiveram atuação desastrosa e só realizaram esse jogo pelo Ferrão, que foi goleado pelo Limoeiro por 4×1 no PV. Acima, perfilados em pé, da esquerda para a direita temos os seguintes jogadores: Anderson, Edinho, Alexandre Pavão, Junior Cearense e Damião. Por sua vez, agachados, vemos Marcelo, Édio, Andrezinho, Glaydstone, Stênio e Maurício Pantera. O treinador dessa equipe era o ex-goleiro Jorge Pinheiro, que vestiu a camisa do próprio Ferroviário nos anos 1990. O pernambucano Maurício Pantera acabou sendo o artilheiro do Campeonato Cearense daquele ano com 12 gols, apesar de ter ficado fora dos jogos por um mês, em razão de uma atrapalhada e mal sucedida transferência para o futebol russo. Atualmente, Maurício Pantera reside em Recife, atua como porteiro em condomínios residenciais e é torcedor do Santa Cruz/PE.

ÁUDIO COM GOL DE LUIS SOARES NA SÉRIE D DO BRASILEIRO DE 2018

Essa semana completou dois anos da famosa decisão por pênaltis contra o Campinense/PB, que selou o acesso do Ferrão para a Série C do campeonato brasileiro. Para celebrar esse momento, o Almanaque do Ferrão eterniza agora um dos gols daquela brilhante campanha, em jogo disputado ainda na primeira fase da competição. No dia 28 de abril de 2018, o time coral recebeu o 4 de Julho do Piauí, no PV, e amargou mais um empate na competição, o segundo consecutivo naquele início de certame. No entanto, vale o registro em áudio do belo gol do atacante Luís Soares, que abriu o placar. Posteriormente, o atacante Ted, ex-jogador do próprio Ferrão, decretou o empate final. Veja a escalação coral e compare-a com o time que, pouco mais de três meses depois, sagrou-se brilhantemente campeão nacional. Ainda treinado por Maurílio Silva, o Ferrão formou com Léo, Lucas Mendes, Luís Fernando, André Lima e Marcelo Bispo (Vitinho); Mazinho, Leanderson, Janeudo (Róbson Simplício) e Esquerdinha; Luis Soares (Juninho Quixadá) e Edson Cariús. O time piauiense, treinado pelo ex-goleiro coral Jorge Pinheiro, atuou com Fábio Lima, Barata, Índio, Gilmar Bahia e Diguinho; Célio, Edinaldo (Dudu), Paulinho Mossoró (João Pedro) e Ted; Fabinho e Cleitinho (Chapinha). O baiano Reinaldo Silva de Santana apitou a partida, que teve 1.249 pagantes naquela tarde de sábado. Nesse jogo, o meia Janeudo perdeu um pênalti e o lateral direito Lucas Mendes foi expulso de campo. Abaixo, você recorda a narração de Kaio César e a participação de Dênis Medeiros na cobertura da Rádio Verdes Mares.

DE ONDE VIERAM AS COBRAS QUE PICARAM O FERROVIÁRIO?

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Talvez nem o torcedor de memória mais pródiga lembre de onde surgiram as cobras que acabaram de picar o Ferroviário na segunda divisão do campeonato cearense e que, pelo visto, continuam agindo nos bastidores da briga jurídica que virou a competição. Estamos falando de Horizonte e Alto Santo, duas equipes que foram diretamente beneficiadas pelo festival de WO´s ocorrido no certame, cujas pontuações terminaram minimamente superiores aos 43 pontos do Ferrão, conquistados com vitórias e empates verdadeiramente dentro de campo. Não reclame da sua falta de lembrança, mas as referidas cobras foram criadas dentro da própria Vila Olímpica Elzir Cabral. Lembra?

Destaque Léo Jaime no Horizonte

Voltemos a 29 de junho de 2004. Fundado apenas 3 meses antes, o Horizonte Futebol Clube se preparava para disputar pela primeira vez a terceira divisão do futebol cearense e tomava de 6×0 em um jogo amistoso contra o Ferroviário, que por sua vez iria disputar a Série C do campeonato brasileiro. No comando técnico do Horizonte estava Jorge Pinheiro, ex-goleiro coral, que havia sido treinador do próprio Ferrão no início daquela temporada. Sob as bençãos do então presidente Paulo Wágner, o Horizonte tomou emprestado vários jogadores da base coral, inclusive alguns profissionais após a desclassificação do clube no certame nacional, entre eles o zagueiro Cícero César, o atacante Stênio e o meia Júnior Cearense, pra citar apenas os mais famosos. Todo ano, o fato voltava a se repetir com uma leva de jogadores corais emprestados ao Horizonte. Foi assim que a equipe galgou o acesso da terceira para a segunda divisão já em 2005 e fez sua estreia na divisão de elite em janeiro de 2008. Foram menos de quatro anos de um progresso invejável, que contou com injeção financeira preponderante por parte da prefeitura da cidade e tecnicamente baseou-se no empréstimo de jogadores, em sua maioria do elenco do Ferroviário. Foi assim que nomes como o goleiro Jéfferson, o atacante Léo Jaime, o zagueiro Carlinhos, entre outros, subiram a equipe horizontina. No segundo semestre de 2009, com um ano de mandato ainda a cumprir, porém em rota de colisão política que ocasionou a saída coletiva de 8 diretores, o presidente Paulo Wágner renuncia ao cargo e assume a presidência de outra equipe local: o próprio Horizonte, onde permanece até hoje.

Valdemar Caracas entre o Terra e Mar coral

Lembremos também que no segundo semestre de 2007, todo elenco do Ferroviário foi emprestado para que o Terra e Mar, tradicional equipe amadora do futebol alencarino, disputasse a terceira divisão cearense. Seria uma maneira inteligente de movimentar o elenco coral, diziam na época. Até o estádio Elzir Cabral foi cedido para os treinos e jogos oficiais do Terra e Mar. Da equipe do belo bairro do Mucuripe, só as camisas. Foi na época que o Ferroviário virou Terra e Mar que aconteceu um dos fatos mais surreais da história coral. Nos festejos do centenário do fundador Valdemar Caracas, comemorados em vida e com a inauguração de um busto na sede, os jogadores do Ferrão posaram pra fotos vestidos com  a gloriosa camisa coral, entre eles o volante Guto, o meia Jack Chan e os laterais Wescley Lagoa e Teles. Em seguida, desceram as escadas e colocaram o uniforme do Terra e Mar para mais um compromisso pela terceira divisão daquele ano. Visivelmente incomodado com a situação, o ex-diretor Ruy do Ceará, um dos maiores nomes da nossa história, bradou ao microfone: “Dizem que recordar é viver duas vezes. Não é. No nosso caso, recordar é morrer de saudade“. E foi aplaudido de pé pelos presentes. Felizmente – repare na vergonha dessa afirmação – o Terra e Mar não se transformou numa cobra a nos picar. Mostrando a habilidade gerencial do comando coral, o time sucumbiu na competição com derrotas seguidas e foi precocemente eliminado em um campeonato de nível técnico que simplesmente beirou ao ridículo.

Polozzi: técnico do Ferrão/Alto Santo

O modelo de 2007 era a grande solução e foi replicado no ano seguinte, porém com uma novidade que causou frisson internamente: o acordo para apoio econômico vindo da prefeitura de uma cidade que acabara de criar uma nova equipe. Sem calendário e rebaixado para a Série D do campeonato brasileiro, fruto de um desastroso primeiro turno no Estadual de 2008, a solução veio rapidamente com a promessa financeira para todo elenco coral representar o Alto Santo Esporte Clube, uma ideia pactuada entre o então prefeito Adelmo Aquino e o presidente Paulo Wágner, que acabara de reassumir a presidência, após menos de um ano de gestão de seu sucessor Francisco Neto, que renunciara alegando problemas médicos. O treinador? Ninguém menos que Fernando Polozzi, ex-zagueiro da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1978 na Argentina, com o retrospecto da boa campanha no comando do Ferrão durante o segundo turno do Estadual. Mais uma vez, toda estrutura coral foi cedida como barriga de aluguel: funcionários, instalações, comissão técnica e todos os jogadores emprestados. O time do Alto Santo mandava seus jogos longe de casa, dentro do próprio estádio Elzir Cabral. Em ação pela nova equipe, o goleiro Jéfferson, o volante Alberto, o atacante Danúbio, o zagueiro Nemézio, os meias Guto e Leonardo, e uma jovem promessa coral que depois jogou em grandes clubes do país: Siloé. Oito anos depois, talvez ninguém lembre da incompetência coral, travestida de Alto Santo, que fez com que a equipe não conseguisse o acesso para a segunda divisão em mais uma edição de nível técnico horroroso, porém estava criada mais uma cobra dentro da própria Barra do Ceará.

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… a cobra que picou o criador.

Em linhas gerais, foi assim uma parte dos fatos que fizeram com que o Ferroviário se apequenasse no cenário nordestino na última década, e que hoje seja vergonhosamente picado pelas próprias cobras que ajudou a criar. A marca ´Ferroviário´ foi esquecida repetidas vezes para dar lugar a projetos e parcerias descabidas com nomes menores como Horizonte, Terra e Mar e Alto Santo. Perdeu-se calendário e esqueceu-se de brigar por ele. Uma coisa é certa, nunca se viu um torcedor do Ferroviário no estádio torcendo pelo próprio clube travestido pelo uniforme destas equipes, porque no futebol quem ama não muda de time, simples assim.  A temporada de 2016 será decidida nos tribunais, como o blog já destacou. Ironicamente, criador e criaturas entram em conflito num jogo de interesses que, em nenhum momento da segunda divisão, foi limpo. O futuro é incerto e o destino do Ferroviário e das cobras que ajudou a criar está, lamentavelmente, nas mãos do Tribunal de Justiça Desportiva. Dele, espera-se uma única coisa: justiça. E que a Federação Cearense de Futebol se manifeste em favor da lisura da sua própria competição, porque tá feio pra todo mundo.

JOGARAM NOS ADVERSÁRIOS E ENCONTRARAM PORTAS ABERTAS

O vídeo acima apresenta o gol da vitória coral contra o Ceará na narração do competente Brenno Rebouças, semana passada, na estreia de ambos na Taça Fares Lopes, competição cearense que movimenta os clubes no segundo semestre. O tento foi marcado pelo atacante Rinaldo, 40 anos de idade, no melhor estilo da velocidade que o caracterizou há poucos anos como ídolo do Fortaleza em mais de 100 gols assinalados. Rinaldo é certamente o jogador de mais idade que passou por Ceará ou Fortaleza e que depois encontrou guarida no Ferroviário. Que brilhe na Barra como vários outros o fizeram. O Almanaque do Ferrão recorda os principais casos. São mais de 50 nomes. Alguns internautas sentirão saudades, outros podem até sentir dor de cabeça ao recordar certos atletas, mas vale a pena a confecção da lista abaixo.

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Artur do Carmo: zagueirão pai d´égua

Por ordem alfabética, recorde alguns jogadores que se destacaram no Ceará e que depois atuaram pelo Ferroviário em suas respectivas temporadas: Aírton (1993), Arlindo Maracanã (2011), Argeu (1993), Artur (1979), Daniel (1972), Djalma (1988), Erandy (1975), Erasmo (2000), Expedito Chibata (1965), Guilherme (1959), Ivanildo (2002), Jangada (1981), Januário (2003), Jéfferson (2006), João Carlos (1967), Jorge Costa (1974), Juju (1951), Luciano Oliveira (1974), Marcos do Boi (1967), Marquinhos Capivara (1993), Mastrillo (1998), Magela (1977), Paulo Tavares (1974), Ramon (1984), Roberval (1994), Samuel (1974), Sérgio Alves (2006), Wanks (1994), Wolney (1987), Zezinho (1970) e Zezinho Fumaça (1971).

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Laterais Paulo Maurício e Rôner

Do Fortaleza, ganharam destaque e depois passaram pelo Tubarão da Barra os seguintes nomes: Adílton (1985), Alexandre (1986), Birungueta (1971), Caetano (1989), Celso Gavião (1979), Cícero Capacete (1979), Da Silva (1988), Eliézer (1997), Facó (1967), França (1939), Geraldino Saravá (1980), Gilmar Furtado (1990), Haroldo (1981), Jombrega (1940), Jorge Pinheiro (1994), Louro (1969), Mano (1968), Maradona (2001), Mozart (1966), Lupercínio (1986), Luizinho das Arábias (1985), Nélson (1985), Paulo Maurício (1978), Rôner (1981), Sérgio Monte (1985), Solimar (1998) e Zé Félix (1939).

CLÁSSICO DAS CORES DE 1999: UM DIVISOR DE ÁGUAS NA VIDA CORAL

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Cantareli entre dois jovens torcedores

O Almanaque do Ferrão mergulha no tempo e vai até 4 de julho de 1999. Há exatamente 16 anos, o time coral enfrentava o Fortaleza e fazia sua última partida pelo campeonato cearense daquela temporada. A derrota por 3×2, com todos os gols saindo num primeiro tempo eletrizante, desclassificava o Tubarão da Barra e o fazia terminar a competição numa incômoda 7ª colocação, inaugurando uma trajetória de insucessos que a partir da temporada seguinte seria marcada por sucessivas campanhas onde o Ferroviário passou a brigar mais vezes contra o rebaixamento do que propriamente por posições na parte de cima da tabela, além de ficar 8 longos anos sem derrotar o Fortaleza. Os melhores momentos dessa partida emblemática, um verdadeiro divisor de águas na trajetória do clube, podem ser conferidos no vídeo acima. De positivo, a bela atuação do meia Cantareli, que em uma de suas melhores performances com a camisa coral, marcou 2 gols. Claudinho, Clayton Maranhense e Clodoaldo fizeram os gols do adversário.

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Atacante carioca Bira

Treinado pelo experiente César Moraes, o Ferrão tinha um time com jogadores rodados no futebol nordestino e até internacional, como era o caso do atacante carioca Bira, ex-jogador do Botafogo de Ribeirão Preto e do Atlético Mineiro, com passagens também pelo futebol português, o que não foi suficiente para uma boa campanha no estadual de 1999. Na derrota de 16 anos atrás, o famoso Guri escalou o time coral com Jorge Pinheiro, Dino, Cláudio, Aldemir e Ivan; Vado, Rutênio, Cantareli e Adriano Cearense (Júnior); Pedrinho (Josivan) e Bira (Lau). José Galli Neto, técnico do Fortaleza, comandou seu time com o futebol de Carlos Alberto, Róbson, Horácio, Paulão e Reginaldo; Pires, Anderson (Beto), Clayton Maranhense (Rélber) e Clodoaldo; Eron e Claudinho (João Paulo). Foi o jogo 2.837 da história coral. A arbitragem foi de Dacildo Mourão e o lateral direito carequinha Ivan, improvisado na esquerda, ex-jogador do Moto Clube/MA, foi expulso de campo após falta violenta. Há 16 anos.