DEU PRA TI, BAIXO ASTRAL, VOU PRA PORTO ALEGRE, TCHAU

Ferroviário Atlético Clube enfrenta o Grêmio/RS pela primeira vez em seus 90 anos de história

Prestes a completar 90 anos de história, o Ferroviário terá adversário inédito na segunda fase da Copa do Brasil 2023. Depois de passar pelo também inédito Resende/RJ por 2×1, o Tubarão da Barra se qualificou para ir até Porto Alegre enfrentar o Grêmio/RS. Embora nunca tenham jogado um contra o outro, Ferroviário e Grêmio mantém vínculos esportivos por conta de quatro atacantes que empreenderam vôo no time coral e brilharam no futebol brasileiro vestindo a camisa gremista: Jorge Veras, nos anos 1980, Jardel e Nildo na década seguinte, e Fernandinho, mais recentemente. Os quatro são os maiores expoentes desse intercâmbio de profissionais que envolve ainda o lateral direito Silmar, campeão pelo Ferrão, em 1988, depois de jogar pelo tricolor gaúcho, e também o hoje treinador Gilson Maciel, que trabalhou na Barra do Ceará, entre 2012 e 2013, e que é até hoje o segundo maior artilheiro do Grêmio na Copa do Brasil, em sua passagem como atleta nos anos 1990. Além deles, nomes como Fernando Genro, Foguinho e Fernando Júnior são alguns exemplos que começaram no Grêmio/RS e depois passaram pelo Ferroviário, assim como o volante Leanderson, capitão coral no título brasileiro de 2018. O jogo contra o Grêmio será a terceira apresentação coral na cidade de Porto Alegre. Antes, o Ferrão enfrentou o Internacional/RS em 1980 e o São José/RS em 2018, ambos válidos pelo Campeonato Brasileiro. Como diz o sucesso da dupla gaúcha Kleiton & Kledir, “deu pra ti, baixo astral, vou pra Porto Alegre, tchau“.

COMPLETOU UMA DÉCADA SEM VALDEMAR CABRAL CARACAS

O vídeo acima recorda a noite que o Ferroviário jogou pela primeira vez em sua história sem a atenção de seu fundador. Há 10 anos, o Tubarão da Barra entrava em campo no PV para mais um compromisso do Campeonato Cearense de 2013 e homenageava a memória de Valdemar Caracas, falecido apenas dois dias antes. Apesar de uma década de distância, o tempo transformou a saudade em sorriso e quando a família coral lembra de Valdemar Caracas, parece que nada mudou. É como se ele estivesse ainda na sua cadeira de balanço a desferir críticas implacáveis e palavras ferinas contra os adversários, mas nunca sem perder a doçura de uma figura essencialmente simpática e amável. O jogo destacado no vídeo da TV O Povo foi contra o Tiradentes, numa vitória por 3×2, com 2 gols do artilheiro Giancarlo e 1 gol do meio campista Foguinho, que atualmente se destaca no futebol japonês. Treinado pelo gaúcho Gilson Maciel, o time coral venceu a partida com Fernando Júnior, Everton, Lima, Cleylton e Tinga; Vagno Pereira, Leandro Sobral (Márcio), Foguinho e Kleyton (Maico Motta); Ted Love (Luisinho) e Giancarlo. O Tiradentes perdeu com Fábio Lima, Marcos Vinícius, Henrique, Rafael e Rômulo; Pedro Bambu (Manoelzinho), Elton, João Neto e Ailton (Vaninho); Gabriel e Dico (Ribinha). O treinador do Tigre era o saudoso Argeu dos Santos. O árbitro foi Cleuton Lima e o público foi de 1.675 pessoas. Na ocasião, a diretoria coral cunhou uma frase que marcou a despedida ao velho Caracol: “Quem cria uma paixão vive para sempre no coração“.

FERRÃO RESGATA JOVEM PROMESSA DA BASE PARA O PROFISSIONAL

Sub-20 do Ferroviário Atlético Clube em 26/04/2014 – Em pé: Rodrigo, Tiago Caucaia, Everton, Alasson, Lucas Mota, Douglas, Diego Viana, Felipe, Henrique, Túlio e Max Férrer; Agachados: Adilton, Márcio, Romário, Renê, Nael, Jardel, Bruno, Carlos Eduardo, Michel e Valdeci

Renê está de volta. O Ferroviário anunciou ontem a chegada do ex-meio campista do Floresta. Apesar de bastante identificado com o time da Vila Manoel Sátiro, o jogador teve boa parte de sua formação como atleta na Barra do Ceará e muita gente desconhece o fato. Durante dois anos, entre 2012 e 2014, Renê era destaque nas equipes Sub-17 e Sub-20 do Ferrão. Tudo começou em setembro de 2012, quando Ferroviário e Floresta se encontraram pelo Campeonato Cearense Sub-20, no CT que hoje pertence ao Ceará, em Itaitinga. O Floresta foi o único time que conseguiu derrotar o Ferrão naquela competição, numa tarde em que Renê, atuando pelo adversário, esbanjou talento e foi decisivo na inesperada derrota coral. A grande atuação do garoto de apenas 16 anos incompletos, chamou a atenção do treinador Gilson Maciel, que solicitou sua contratação. Dois dias depois, Renê se apresentou ao Ferroviário para ser integrado à categoria Sub-17 e continuar seu processo de formação no futebol, numa categoria de base bem gerida e recheada de bons valores como os laterais Everton e Lucas Mota, o meia Diego Viana, o zagueiro Cleylton, o meia Adilton, o volante Márcio, o atacante Damásio, o meia Valdeci, o zagueiro Túlio e o goleiro Eduardo, irmão do famoso goleiro Cássio, do Corinthians/SP.

Meio campista Renê, de chuteira laranja, após mais uma sessão de treinos na Barra do Ceará

Na Barra do Ceará, Renê viveu bons momentos, notadamente na temporada de 2013, quando mesmo com idade Sub-17, chegou a figurar em vários jogos do Estadual Sub-20. Com a permissão da legislação da época, investidores chegaram a aportar dinheiro no clube, tendo como contrapartida a garantia de um percentual dos direitos econômicos do atleta. Porém, o barco coral ficou à deriva a partir de 2014, quando aconteceu o rebaixamento da equipe profissional no Campeonato Cearense e uma grave crise política e financeira se estabeleceu no clube, acarretando em mais de quatro meses de salários atrasados, uma debandada geral dos principais atletas e prejuízo para os investidores. O Ferroviário acabou perdendo Renê exatamente para seu antigo clube. Desiludido com o ambiente na Barra, o atleta preferiu retornar para um novo Floresta, que passava por reestruturação e se preparava para integrar o futebol profissional. Atuando no time principal do Floresta entre 2017 e o começo desse ano, Renê fez quase 100 jogos e marcou 20 gols. Que 2022 possa ser um grande reencontro entre Renê e Ferroviário Atlético Clube.

TÉCNICO CAMPEÃO OLÍMPICO FOI SONDADO PARA TREINAR O FERRÃO

André Jardine foi convidado para ser treinador do Ferroviário Atlético Clube no final de 2013

André Jardine, treinador da Seleção Brasileira Sub-23, comemorou a medalha de ouro nas Olímpiadas de Tóquio no último final de semana, quando a Canarinho bateu a Espanha por 2×1 na final. Você sabia que ele quase foi treinador do Ferroviário no início da carreira? Depois de ter os gaúchos Gilson Maciel e Julinho Camargo no comando técnico durante a temporada de 2013, a direção coral procurava um novo comandante para a continuidade do projeto no ano seguinte. Dentro de uma lista inicial que continha nomes emergentes como Play Freitas e Tarcísio Pugliese, além do experiente Luiz Carlos Cruz, o nome de André Jardine foi o primeiro a ser contatado pois pressupunha aderência ao perfil técnico dos antecessores no cargo. Ele era treinador das categorias de base do Internacional/RS e demonstrou interesse no projeto coral, mas as negociações não evoluíram em razão de questões particulares do treinador que o impediam de mudar para Fortaleza naquele momento. Os outros três nomes sequer foram ouvidos já que rapidamente fechou-se questão por uma solução caseira com a contratação do também emergente Washington Luiz, então campeão da Taça Fares Lopes pelo Barbalha. Quando a bola rolou, Washington foi demitido na segunda semana da competição. Para seu lugar chegou Arnaldo Lira e o Ferroviário acelerou seu caminho para o rebaixamento estadual pela primeira vez em sua história. Na contramão da involução vivida pelo Ferroviário naquele instante, André Jardine firmou-se numa trilha evolutiva que envolveu passagens pelo Grêmio/RS e pelo São Paulo/SP, até chegar à Seleção Brasileira Sub-23 nas três últimas temporadas.

EX-ZAGUEIRO CLEYLTON JOGA A SÉRIE B PELA PONTE PRETA

Ex-zagueiro do Ferroviário joga atualmente a Série B do Campeonato Brasileiro pela Ponte Preta

Aos 28 anos de idade, o zagueiro Cleylton está vestindo a camisa da Ponte Preta. Ele foi um dos destaques do Ferroviário na década passada, após ter sido aprovado numa série de avaliações realizadas na Barra do Ceará, em julho de 2012. Na última vez que o Ferrão disputou uma final nas categorias de base, ele era o zagueiro central da equipe treinada pelo gaúcho Gilson Maciel. O bom rendimento do jogador foi mantido durante a temporada da equipe profissional em 2013, quando foi titular absoluto da onzena coral no Campeonato Cearense, chegando a marcar gols pelo Tubarão da Barra. Na véspera do Natal daquele ano, Cleylton foi negociado para um investidor por 100 mil Reais, divididos em quatro parcelas mensais. O atleta foi vinculado federativamente ao Grêmio/RS e posteriormente emprestado para equipes menores do interior gaúcho, até ser negociado para o Belenenses de Portugal e depois para o mundo árabe. De volta ao Brasil, o ex-zagueiro coral joga pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. Cleylton é irmão de Clemílson, que foi volante do próprio Ferrão nos anos 2000.

RECORDE A ÚLTIMA ALEGRIA CORAL NUM SÁBADO DE CARNAVAL

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A realização de jogos de futebol tem cada vez mais se familiarizado com o sábado de carnaval

É carnaval! E o sábado momino tornou-se um data tradicional para a prática do futebol. Ano passado, listamos algumas vezes que o Ferroviário jogou em pleno sábado de carnaval, mas hoje um jogo específico merece destaque. Vamos até o sábado de carnaval de 2013, dia 09 de fevereiro, para resgatar um trabalho profissional em vídeo muito bacana especialmente produzido com o intuito de registrar um momento bom no cotidiano do clube, que passava por mais uma das inúmeras tentativas de soerguimento implementadas – pelo menos – nos últimos 10 anos. Diante de um bom público presente no PV, o Ferrão fez 1×0 em cima do Guarani de Juazeiro, gol de Cleylton, e assumia a liderança do campeonato cearense. A torcida coral passou o carnaval em festa!

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Em 2013, a torcida coral compareceu em bom número no PV exatamente no sábado de carnaval

Foi o jogo 3.430 da história do Ferroviário, que venceu o Guarani utilizando a base do Sub-20 do ano anterior, com o futebol de Fernando Júnior, Everton, Valdo, Cleylton e Tinga; Vagno Pereira, Foguinho, Sami (Lima) e Henrique (Luisinho); Ted (Chico) e Giancarlo. O treinador era o gaúcho Gilson Maciel. Já o adversário, treinado por Pedro Manta, formou com Fábio, Nem, Jéferson, Marcelo Mineiro e Toninho; Guídio (Ramon), Anderson, Gustavo e Netinho (Ivanzinho); Niel e Moré (Paulão). Aquele carnaval foi o último momento de plenitude vivido pelo Ferrão. Torcedores, orgulhosamente vestidos com a camisa coral, foram vistos com frequência nos mais diversos recantos do estado durante o período momino. Infelizmente, antes mesmo do final daquele ano, todo trabalho profissional de reestruturação construído tijolo a tijolo começou a ser implodido dentro da própria estrutura interna do clube. O resto da história, a gente já sabe. Curiosamente, em mais um sábado de carnaval, o Ferrão voltou a jogar hoje, dessa vez longe dos holofotes. Foi até a cidade de Horizonte para disputar um simples amistoso e saiu derrotado na partida 3.537 de sua trajetória. Então é melhor ficar com a lembrança do carnaval de 2013 eternizada no vídeo abaixo, lançado pelo setor de marketing do clube na ocasião.

A ÚLTIMA VEZ DO FERRÃO NUMA FINAL DAS CATEGORIAS DE BASE

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Vice-campeão cearense Sub-20 de 2012- Em pé: William Mardoch, Samuel Guerra, Del, Murillo, Cleylton, Marcelo, Everton, Lima, Lucas, Fernando Abade, Anderson Borges e Caíque; Agachados: Fábio, Neto, Adilton, Bruno, Damásio, Romário, Cléo, Léo, Márcio, Luisinho e Maico Motta.

O tempo tem sido implacável com o Ferroviário. Há muitos anos o clube não chega nas finais das principais competições estaduais de categorias de base. Uma das únicas exceções ocorreu exatamente há 3 anos, infelizmente a última vez, quando o time coral disputou o título do Sub-20 contra o poderio financeiro e estrutural do Ceará. O placar de 0x0 garantiu o título ao alvinegro, que jogava pelo empate por ter somado 1 ponto a mais na fase classificatória. Foi um duro golpe na meninada coral, que ainda viu um gol lícito do atacante Luisinho ser anulado pelo árbitro César Magalhães, após cobrança de escanteio do lateral direito Everton. Vários garotos foram às lágrimas após o jogo.

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Gilson Maciel: o treinador

Apesar do gosto amargo, o vice-campeonato dava a certeza do caminho certo a partir da profissionalização do setor de futebol, fundamentada na captação financeira oriunda de negociações legalmente garantidas de parte dos direitos econômicos de atletas junto à potenciais investidores e apoiadores, algo até então inédito na história do clube. Seria a aposta no futuro promissor da reestruturação de um Ferroviário que já vinha há 17 anos sem resultados expressivos, e que pouco a pouco sucumbia em importância na revelação de atletas. Dentro de campo, o treinador Gilson Maciel, um ex-goleador de destaque do Grêmio/RS e do Tigres do México, entre outras equipes, ministrava treinamentos de alto nível baseados em periodização tática, a mesma metodologia que consagrou o trabalho do português José Mourinho, um dos principais técnicos da história do futebol. Os críticos de plantão, invariavelmente leigos no assunto, desconheciam por completo a metodologia técnico-tática dos treinamentos do Sub-20 coral, que seria implementada em todas as categorias de base do clube com o passar do tempo.

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Capitão Foguinho e os árbitros

Antes da finalíssima contra o Ceará, a meninada coral pegou o Fortaleza na semifinal. Estranhamente, a Federação Cearense de Futebol colocou o jogo na preliminar de um partida do Leão pela Série C do campeonato brasileiro, algo inédito até então na competição. Diante de um PV lotado para o jogo principal, os jovens valores corais encararam o adversário e sua torcida de igual pra igual. O Ferrão ainda teve um gol anulado – este corretamente – assinalado pelo ala esquerdo Maico Motta, em impedimento. Diante da necessidade de levantar a auto-estima do clube com a chegada numa final depois de tanto tempo, a direção de futebol conquistou algo raro para as categorias de bases do clube dentro do quase sempre combalido e delicado contexto coral, uma premiação de 10 mil reais para os jogadores despacharem o Fortaleza. A captação ocorreu na véspera da partida junto a um dos investidores do projeto e a notícia, dada ainda na concentração, motivou mais ainda a garotada do Ferrão, que conquistou o direito de ir à final com o 0x0 no placar. Depois, todo o grupo foi levado para uma justa e merecida comemoração no restaurante do ex-jogador coral Solimar, um dos principais entusiastas do projeto. Em meio à euforia, uma tristeza, o capitão Foguinho tomara o terceiro cartão amarelo num lance à beira do gramado e ficaria de fora da grande final.

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Final: zagueiro Marcelo e goleiro Murillo ao fundo

Na decisão contra o Ceará, o Ferrão entrou em campo com Maico Motta como capitão e escalado com Murillo, Everton, Cleylton, Marcelo e Maico Motta; Márcio (Bruno), Lima, Fernando Abade (Léo) e Cléo; Luisinho e Romário (Damásio). Treinado pelo ex-coral Sérgio Alves, o Ceará foi campeão com Gian, Reginaldo (Matheus), Dener, Potiguar e Fábio; Dassayev, Ernesto, Diego e Luiz Henrique (Bruno Rafael); Beberibe (Gabriel) e Sanchez. Mais 10 mil reais foram colocados como gratificação pelo título, uma repetição do aporte oriundo do mesmo investidor da semifinal. O gol não saiu e o único que foi feito foi anulado. O título não veio. O elenco vice-campeão Sub-20 de 2012 serviu de base para o time profissional que disputou o campeonato cearense do ano seguinte. Em reestruturação financeira, o Ferroviário tinha a menor folha de pagamento entre os participantes, apenas 35 mil reais, algo inimaginável para os parâmetros competitivos do futebol moderno. Dentro de campo, o time coral terminou a primeira fase em 2º lugar, com uma vitória a menos que o Horizonte, que contava com verba pública de prefeitura e uma folha 5 vezes superior. Por muito pouco, a garotada do Ferrão não conquistou uma vaga para voltar a disputar uma Copa do Brasil nove anos depois.

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Taça de vice na mão de Luisinho, Lima e Romário

Com o passar do tempo, o trabalho de gestão profissional do clube foi sofrendo boicotes e a viciada cultura organizacional e política, que minaram o time coral nas últimas duas décadas, voltou a fazer seus estragos. O projeto sucumbiu, gerando prejuízos financeiros e pessoais para investidores e profissionais que dele participaram. A velha imundice do futebol falou mais alto com a clássica estratégia de boatarias e fofocas, apesar dos mais de 200 mil reais de terceiros investidos no clube em 18 meses de trabalho. O Ferrão seguiu sua vida, de forma trôpega até então, mas a bravura daquela geração vice-campeã em 2012 deixou laços de amizade e respeito entre seus participantes. O gol anulado de Luisinho, artilheiro coral no certame com 7 gols, nunca saiu da cabeça de ninguém. Poderia ter sido um título para aqueles jovens, mas a arbitragem não permitiu. Três anos depois, o Almanaque do Ferrão resgata um raro vídeo daquele lance e apresenta abaixo em caráter exclusivo. E que o exemplo daquela geração possa ser seguido nas atuais categorias de base do clube.

DOS GRAMADOS DE FUTEBOL PARA A FACULDADE DE MEDICINA

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Atacante Damásio largou o futebol e hoje é estudante de medicina em Santa Cruz de la Sierra

Em julho de 2012, o Ferroviário realizava avaliações para formação completa de um novo elenco Sub-20. Três jogadores chegaram da cidade de Mossoró: o goleiro Fernando Paiva, o volante Serginho e o meia Mirandinha. Ex-companheiro dos três atletas no Baraúnas/RN, o atacante Damásio, de 19 anos, ficou sabendo dos testes e ligou para o clube, pedindo para participar. Por conta própria chegou na Barra do Ceará de manhã e à tarde já treinava. Além do Leão do Oeste mossoroense, trazia no currículo passagens na base do ABC/RN, Potiguar/RN e Palmeiras/SP. Treinou três dias e foi aprovado, conseguindo vaga no novo elenco que faria uma série de amistosos preparatórios para o campeonato cearense da categoria. Dono de um chute forte e faro de oportunismo, Damásio entrava sempre no jovem time coral, marcando gols nos amistosos e também na competição Sub-20,  quando foi um dos três principais artilheiros da equipe.

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Nos tempos do ABC/RN

Com a necessidade de trazer jogadores mais experientes para o campeonato profissional e devido a restrição de leitos nos alojamentos do clube, Damásio acertou seu retorno somente para março de 2013 quando iniciaria seu último ano como atleta da categoria Sub-20 e retomaria sua trajetória no Ferroviário. Foi quando o destino mudou seu rumo e o fez pensar no futuro. Preocupado com as incertezas do mundo do futebol brasileiro e seu calendário cruel para a grande maioria dos jogadores, Damásio teve que tomar uma decisão difícil. Abandonou o sonho de ser jogador de futebol e partiu para uma tarefa também bastante árdua: ser médico. Dois anos depois, hoje é estudante de medicina na conhecida Universidad De Aquino Bolivia, em Santa Cruz de la Sierra, o motor econômico da Bolívia com seus 1,8 milhão de habitantes.

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No Sub-15 do Palmeiras/SP

Tenho excelentes recordações como jogador e fiz grandes amizades. O futebol me ensinou a morar longe de casa desde jovem, o que ajuda hoje a suportar a distância de mais de 4 mil quilômetros de Mossoró nesse desafio que escolhi para minha vida. Quando me formar quero ajudar as pessoas com meu conhecimento na profissão“, disse Damásio em contato com o blog. Sobre o Ferroviário, Damásio completou: “fiz parte com muito orgulho de um grupo muito bacana, que realizou um trabalho sério, cheio de bons jogadores jovens. Foi um período muito bom na minha vida e guardarei sempre as melhores recordações do clube e respeito pelas pessoas que convivi lá dentro“, garantiu.

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Fernando e Damásio em 2012

O atacante Damásio foi vice-campeão cearense Sub-20 em sua passagem pelo Ferroviário, numa campanha de 10 jogos, sendo 7 vitórias, 1 derrota e 2 empates. Na final, 0x0 contra o Ceará, que jogava pelo empate para ficar com o título por ter feito um ponto a mais na fase classificatória, onde o Ferrão do técnico Gilson Maciel mandou no jogo e teve um gol lícito do atacante Luisinho anulado pelo árbitro César Magalhães. “Seria o gol do título, um absurdo o que a arbitragem fez naquela noite“, disse Damásio, que hoje curiosamente divide seus estudos na Bolívia com um ex-companheiro coral de 2012, o goleiro Fernando Paiva, que também abandonou o futebol e decidiu seguir a medicina.

EX-TÉCNICO DO FERROVIÁRIO É LÍDER NO CAMPEONATO GAÚCHO

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Gilson Maciel comanda hoje o São José, atual líder do campeonato gaúcho de futebol

Uma campanha irretocável até o momento. É assim a participação do São José, um dos times mais tradicionais de Porto Alegre, na atual disputa do Gauchão 2015. O time é treinado pelo competente Gilson Maciel, que dirigiu o Ferroviário em 35 partidas entre julho de 2012 e março de 2013. Ontem, o time do ´Zequinha`, como é carinhosamente chamado no sul, venceu o Brasil de Pelotas, que há um ano não perdia em seus próprios domínios, e assumiu a ponta da tabela. Há poucos dias, em pleno Beira Rio, Gilson Maciel e seus comandados fizeram calar a torcida do Internacional após um eletrizante 4×4. Trata-se de um profissional diferenciado em relação ao meio, tão cheio de ´boleiros` e adeptos de práticas invariavelmente amadoras.

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Gilson Maciel como treinador do Ferrão

Gilson chegou para o Ferrão com uma boa vivência no futebol. Foi artilheiro da Copa do Brasil de 1993 pelo Grêmio, ídolo no Brasil de Pelotas, atuou também no futebol mexicano e já havia realizado boas campanhas como auxiliar técnico em diferentes equipes trabalhando ao lado de Sérgio Ramirez, ex-lateral do próprio Ferroviário entre 1980 e 1981. No período que permaneceu na Barra do Ceará, Gilson Maciel conquistou o respeito de todos pela sua postura séria e profissional, indo além de suas obrigações como técnico, adquirindo inclusive algumas vezes equipamentos de trabalho para a comissão técnica que foram doados ao clube após sua saída. Sob o seu comando, o Ferroviário, com uma média de idade de 21 anos, por muito pouco não conquistou uma vaga para a Copa do Brasil de 2014. Trabalhando há quase 9 meses no São José, o ex-técnico coral espera agora galgar merecido espaço no contexto nacional.