FOTO RARÍSSIMA: O JUVENIL DO FERRÃO NA TEMPORADA DE 1977

Equipe Sub-15 do Ferroviário A. C. durante as disputas do Campeonato Cearense de 1977 – Em pé: Laércio, Helder, Gilvan, Dedé, Sales e Maurício. Agachados: Gabriel, Assis, Osmar, Nena e Bosco

A fotografia acima é de 1977 e merece demais a postagem. Eis a equipe juvenil do Ferroviário nas disputas do Campeonato Cearense da categoria, o que seria hoje equivalente ao Sub-15. Nela, podemos ver o lateral direito Laércio com apenas 13 anos de idade. Ele foi o jogador mais jovem a vestir a camisa da equipe principal do Tubarão da Barra. O grande fato ocorreu em julho de 1978, quando Laércio, com apenas 14 anos, 5 meses e 3 dias de idade, entrou num amistoso contra o Calouros do Ar, no PV, lançado pelo treinador Lucídio Pontes, em substituição ao lateral Ayala. Menos de um mês depois, Laércio já disputava uma partida oficial pelo time profissional, dessa vez contra o Guarany de Sobral, também no PV, entrando no lugar do lateral direito Jorge Henrique. O protagonismo do atleta, justamente no ano do nascimento da primeira bebê de proveta no mundo, levou o narrador Júlio Sales a apelidá-lo de “provetinha” ou “bebê de proveta” na verve das narrações esportivas. Laércio passou 10 anos figurando nas escalações corais, totalizando 244 jogos e 4 gols marcados pelo Ferrão. Em 1984, ele foi emprestado ao Flamengo/RJ e retornou no ano seguinte para figurar numa das melhores equipes que o Ferroviário já formou em todos os tempos. No início de 1989, após sagrar-se campeão cearense no ano anterior, Laércio foi envolvido numa troca com o lateral direito Caetano e foi jogar no Fortaleza. A negociação envolveu também a ida do lateral esquerdo Edson para o Pici. Da equipe Sub-15 de 1977, o zagueiro Dedé, o lateral esquerdo Maurício, o atacante Bosco e o meia Osmar figuraram também em alguns jogos da equipe principal no decorrer das temporadas. Dedé foi o que acabou tendo mais oportunidades no início dos anos 1980.

TRÊS LATERAIS ESQUERDOS PARTIRAM DURANTE A PANDEMIA

Três jogadores que vestiram o Nº 6 partiram

Nos últimos três meses, três ex-laterais esquerdos do Ferroviário Atlético Clube foram vítimas da Covid-19 e faleceram. Em dezembro último, o ídolo Marcelo Veiga partiu para o plano superior, deixando o legado de uma brilhante performance no título estadual de 1988 e 79 jogos com a camisa coral. Na semana passada, foi a vez de Ayala, um dos laterais esquerdos do Ferroviário na inesquecível campanha do título estadual de 1979. Cria da base coral, ele deixou a marca de 42 jogos pela equipe profissional. Nessa semana, o ex-lateral esquerdo Naldo aumentou a lista dos mais de 300 mil brasileiros vitimados pela pandemia. Ele disputou 46 jogos pelo Ferrão no início dos anos 1990. Três jogadores que deram sua contribuição para o soerguimento do Tubarão da Barra nos gramados em três décadas diferentes. Três vítimas de uma pandemia descontrolada no Brasil. Muito a lembrar, porém muito mais a lamentar. Nossos sentimentos às famílias enlutadas.

FOTO DA BASE CORAL EM 1977 COM DOIS GRANDES NOMES DA HISTÓRIA

Ferroviário campeão juvenil em 1977 – Em pé: Raimundinho, Samuel, Eriverton, Wellington, Pinto, Ayala, Assis e Nojosa. Agachados: Haroldo, Jacinto, Mirandinha, Garrincha e Carlos

O feito do time juvenil do Ferroviário em 1977 já mereceu postagem especial aqui no blog. Eis mais um registro de uma fotografia histórica de uma das formações daquela equipe que sagrou-se campeã cearense. Dos nomes acima, entre os jogadores em pé, o volante Pinto e o lateral Ayala foram os que mais atuaram pelo time profissional do Tubarão da Barra. Ayala atuou em 42 jogos entre 1977 e 1979. Pinto jogou 14 vezes entre 1976 e 1977, depois seguiu carreira por vários anos atuando pelo América/CE. O lateral Raimundinho, o goleiro Eriverton e o zagueiro Wellington foram também utilizados em alguns amistosos corais. Dos agachados, o ponta direita Haroldo, uma grande promessa da época, jogou 22 partidas entre 1977 e 1980. Os meio campistas Carlos e Garrincha também foram aproveitados no time principal na segunda metade da década de 1970, porém Mirandinha e Jacinto foram os dois principais nomes dessa equipe. Mirandinha ganhou o mundo e já mereceu algumas postagens por aqui. Fez apenas 18 jogos, mas obteve a boa marca de 13 gols com a camisa coral. Por sua vez, Jacinto atuou em 283 jogos e marcou 57 tentos pelo time principal do Ferrão. O meio campista Jacinto, de habilidade técnica refinada, conquistou cinco títulos na Barra do Ceará, entre eles os Estaduais de 1979 e 1988. Nomes lendários da nossa história.

QUANDO O TIME JÚNIOR DO FERRÃO GANHOU O ESTADUAL DE 1977

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Juniores do Ferroviário entram em campo no inacabado Castelão com Mirandinha de camisa 9

O atacante Mirandinha foi o primeiro jogador brasileiro a jogar no futebol da Inglaterra. Depois de uma ótima passagem pelo Palmeiras/SP, o cearense nascido Francisco Ernandi Lima da Silva foi defender o Newcastle, em 1987. Dez anos antes, ele foi campeão estadual nos juniores do Ferroviário, que tinha Nojosa como treinador. A foto acima é um registro da entrada do jovem time coral no inacabado Castelão, numa época que os juniores esfriavam o sol na preliminar dos jogos profissionais. Esse time venceu o Ceará na grande final da categoria por 3×2, no PV, no dia 6/10/1977, com o gol do título saindo dos pés do lateral Jorge Henrique, aos 44 minutos do 2º tempo, batendo um pênalti cometido em cima exatamente de Mirandinha, escolhido o melhor jogador da partida.

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Jorge Henrique

O campeão dos juniores de 1977 atuou na decisão com Eriverton, Jorge Henrique, Wellington, Zé Carlos e Raimundinho; Pinto (Ayala) e Garrincha; Haroldo, Jacinto, Mirandinha e Ricardo (Manoelzinho). O primeiro gol coral também foi marcado, de pênalti, por Jorge Henrique, e Mirandinha assinalou o segundo gol. O Ceará perdeu a final com Dalmir, Erilson, Júnior (Antero), Marcelo Vilar e Serejo; Tico e Neto; Océlio (Júnior II), Pedrinho, Adailton e Alexandre. Os gols do alvinegro foram de Alexandre e Tico, também através de uma penalidade máxima.

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Presidente campeão com Blanchard Girão

Da formação coral, além do próprio Mirandinha, que desde o ano anterior já era aproveitado no time profissional, o lateral Jorge Henrique, o zagueiro Zé Carlos, o volante Pinto, o lateral Ayala, o meia Jacinto e o atacante Haroldo foram várias vezes aproveitados na equipe de cima, sendo que Jorge Henrique e Jacinto ultrapassaram a marca de mais de 200 partidas no time profissional do Ferrão, conquistando títulos importantes, inclusive. Pelo lado alvinegro, o zagueiro Marcelo Vilar tornou-se técnico no final dos anos 80 e chegou a treinar o Palmeiras/SP em 2006. Ele foi treinador do Ferroviário no ano de 1999. O presidente coral, em seu segundo ano de mandato, era Chateaubriand Arrais, que recebeu os cumprimentos do jornalista Blanchard Girão, diretor do jornal do Povo na ocasião, durante a festa de entrega de faixas dos campeões cearenses da categoria.