FOTO DO FERROVIÁRIO EM 1975 NO ESTÁDIO MUNICIPAL DE QUIXADÁ

Ferroviário Atlético Clube em agosto de 1975 – Em pé: Paulo Tavares, Vicente, Lúcio Sabiá, Pedrinho, Arimateia e Eldo; Agachados: Danilo, Oliveira, Lula, Aucélio e Jeová

Eis o Ferroviário perfilado para um amistoso contra o Quixadá em 1975. A partida foi no estádio municipal da cidade, denominado à época de Luciano Queiroz. Aliás, deve ser no mundo inteiro o estádio que mais mudou de nome ao longo das décadas. Perceba na foto a presença do bigodudo fisicultor Wilson Couto, que também foi técnico do Ferrão. Ainda, nomes como o lateral direito Paulo Tavares, ex-Ceará, o saudoso Oliveira, que posteriormente transformou-se em supervisor e também treinador coral, além de nomes importantes da base do clube como Danilo Baratinha, Aucélio e Jeová. Nota-se também a presença do potiguar Lula, artilheiro do campeonato cearense daquele ano, bem como do veterano lateral esquerdo Eldo, remanescente da equipe campeã estadual de 1970. O Quixadá venceu o amistoso por 1×0. Ferrão vivia uma gravíssima crise financeira.

GOL 6.000 DA HISTÓRIA CORAL SAIU HÁ 6 ANOS NO ESTÁDIO DOMINGÃO

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Eliélton marcou o gol 6.000 da história

Nesse 19 de Julho faz 6 anos que o pernambucano Eliélton marcou o gol de número 6.000 da história do Ferroviário. Foi exatamente num domingo como hoje, no Estádio Domingão, diante de um público pífio de 456 pessoas que se aventuraram a ir até o município de Horizonte acompanhar o Tubarão da Barra. O adversário foi o Flamengo/PI pela disputa da Série D do campeonato brasileiro. O Ferrão fez 3×0 no placar e foi justamente o segundo gol do jogo que levou a marca emblemática. Mais que isso, o gol de Eliélton foi sensacional, histórico não apenas pela relevância numérica na história, mas sobretudo pela beleza plástica. Foi exatamente o “gol que Pelé não marcou” contra a Tchecoslováquia na Copa do México em 1970. O gol que Pelé não conseguiu marcar, outros jogadores do futebol mundial conseguiram. O meia Eliélton, do Ferrão, foi um deles. Coisas do futebol que não têm explicação.

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Ex-volante da década de 70: Aucélio

Acompanhe o vídeo com a matéria da vitória coral contra o Flamengo piauiense. Além do gol antológico de Eliélton, também pode se recordar os gols dos atacantes Wescley e Cristiano. Era a primeira vitória coral na competição após derrotas nos dois primeiros jogos. Treinado por Gilmar Silva, o Ferroviário atuou com Jéfferson, Ivan, Cícero César, Lúcio e Victor Cearense (Marcelo); Válter, Eliélton, Clébson e Diogo Oliveira (Diego); Cristiano (Júnior Cearense) e Wescley. Por sua vez, o Flamengo do Piauí perdeu com Beto, Niel, Marcelão (Maranhão), Laércio e Binha; Alessandro, Célio (Marcelo Sá), Luciano e Bruno Potiguar (Tote); Roni e Michel. O técnico flamenguista era o gaúcho Paulo Moroni. Nas arquibancadas do Domingão, três ex-jogadores corais chamaram a atenção entre os poucos torcedores presentes: o lateral esquerdo Vila Nova, o volante Aucélio e o lateral esquerdo Marcelo Veiga, destaques nas décadas de 70 e 80. Confira o vídeo abaixo e relembre o golaço de Eliélton, o gol 6.000 da história do Ferroviário.

SOBRE PRATAS DA CASA, TORRE DE BABEL E LIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA

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Em pé: Paulo Tavares,  Nonato Ayres,  Zé Antônio,  Vicente,  César,  Lúcio Sabiá,  Pedrinho, Arimatéia e Eldo; Agachados: Danilo, Oliveira, Chicó, Vanderley, Almir, Lula, Aucélio e Jeová

O Almanaque do Ferrão resgata hoje uma foto de 1975, ano que o Ferroviário viveu grave crise financeira e teve seu nome envolto a situações vexatórias como jogadores passando necessidades, crise política alarmante, oficiais de justiça recolhendo objetos na sede do clube para saldar dívidas trabalhistas, entre outras mazelas. Foi um período complicado que findou com a renúncia coletiva da diretoria presidida pelo então deputado estadual Aquiles Peres Mota. No segundo semestre da temporada, o elenco era formado basicamente por pratas da casa. Nomes como César, Almir, Lúcio Sabiá, a revelação da temporada Aucélio e Danilo Baratinha, mesclados com a experiência de Paulo Tavares, ex-Ceará, do goleiro Pedrinho e Eldo, remanescente do título de 1970.

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Manchete do jornal O Povo sobre a grave situação do Ferroviário Atlético Clube em 1975

Profundamente enraizada na cultura coral, a crise política parecia não ter fim. Torcida revoltada pela venda do zagueiro Cândido ao Fortaleza e Conselho Deliberativo a exigir prestação financeira de contas após renúncia coletiva: o Ferroviário e sua eterna vocação para Torre de Babel. A foto rara de hoje recorda um grupo de jogadores bravos que souberam ultrapassar os momentos de dificuldade e levaram o clube adiante. A chegada de uma nova diretoria para a temporada seguinte marcou o renascimento do Ferrão. Do click acima, Lúcio Sabiá e Arimatéia estavam no título estadual três anos depois. Trilharam o caminho da paciência e entraram para os anais da história em forma de redenção. Mesma história que guarda uma página para o grupo de 1975 acima, hoje homenageado, por trilhar firmemente o caminho da sobrevivência.