CRAQUE BETINHO VIVE EM RECIFE E LUTA CONTRA O ALZHEIMER

Aos 74 anos de idade, o eterno craque Betinho posou para foto de Jota Júnior na semana passada

Houve um tempo em que todo time no Brasil tinha um craque no meio campo. No Ferroviário entre 1982 e 1984, quem distribuía as cartas no gramado era Betinho. Ele já foi tema de algumas postagens aqui no blog, inclusive com gols importantes contra Ceará e Fortaleza. Foram 83 jogos e 27 gols marcados no período, dos quais 14 deles foram assinalados em clássicos. Antes de fazer sua fama na Barra do Ceará, o capixaba Roberto Fontana Madeira acumulava boas passagens no Botafogo/RJ e nos três grandes clubes de Pernambuco, de onde chegou em agosto de 1982 para o Ferrão. Betinho fixou residência em Recife depois do futebol. Há cinco anos, começou a apresentar lapsos de memória e foi diagnosticado com Alzheimer em seu segundo estágio, num total de quatro níveis de evolução. Na semana passada, já vivenciando o último estágio da doença, Betinho foi homenageado por ocasião dos 50 anos do estádio do Santa Cruz/PE, onde brilhou nos anos 1970 e marcou o primeiro gol daquela praça esportiva. A foto acima foi um registro dessa singela homenagem. Betinho foi ídolo no Ferroviário. É doloroso saber que muito provavelmente a doença já tenha deletado isso de sua memória. Mas a torcida do Ferrão jamais esquecerá o quanto Betinho era craque, um nome eterno na nossa história.

DAQUELES NOMES QUE SERÃO SEMPRE ETERNOS: CÉSAR MORAES

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Treinador César Moraes em 1979

Foi-se o Guri. Faleceu na última quinta-feira, dia 24 de setembro, um dos treinadores mais carismáticos e vitoriosos da história do Ferroviário Atlético Clube. O futebol cearense deu adeus a César Moraes, escolhido em campanha recente como o técnico do time dos sonhos coral. Ele vinha afastado há vários anos do cenário esportivo em razão da Doença de Alzheimer, que o levou aos 83 anos de idade. Foram 90 jogos na direção do Tubarão da Barra em 7 passagens verificadas nos anos de 1972, 1976, 1979, 1988, 1994, 1997 e 1999. Os títulos estaduais de 79 e 94 escreveram definitivamente o nome de César Moraes na galeria dos inesquecíveis do time coral. Além disso, dirigiu o clube em 5 partidas na campanha vitoriosa do título cearense de 88. Antes de se tornar treinador, foi um meia esquerda diferenciado e defendeu o Ceará, Vitória/BA, Novo Hamburgo/RS, Pelotas/RS, Noroeste/SP, América/RJ e Portuguesa/RJ. No dia de sua partida, o site do Ferrão prestou uma última homenagem ao lendário treinador, que também conquistou títulos cearenses pelo Fortaleza.

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César Moraes no Ferroviário em 1997

A primeira partida do Guri como técnico coral foi no dia 21/6/1972, contra o Calouros do Ar, num empate em 1×1 pelo campeonato cearense. A última ocorreu em 4/7/1999, contra o Fortaleza, que venceu o jogo por 3×2. Ao todo, foram 46 vitórias, 23 empates e 21 derrotas na história. Quando conquistou seu primeiro título estadual pelo Ferrão, César Moraes assumiu a equipe a menos de 40 dias da grande final. Logo em seguida, outro titulo foi conquistado num quadrangular realizado, na cidade de Porto Velho, com times de Rondônia. As conquistas de 79 abriram portas em sua carreira e nos anos seguintes também foi campeão trabalhando no futebol paraense. Em 88, o treinador era o sonho de consumo da direção coral e foi contratado na reta final do 2º turno, porém a perda do título para o Tiradentes foi determinante para sua saída. Seis anos depois, César Moraes voltou a Barra do Ceará no último trimestre do campeonato cearense e comandou uma verdadeira máquina de jogar futebol, imprimindo um esquema ousado no 4-3-3 quando a maioria dos times brasileiros atuava no 4-4-2, marcando uma época de glórias na história coral.

César Moraes foi um técnico vitorioso. Simpático e afável, era um sujeito de boa conversa que falava a linguagem boleira dos jogadores em razão de sua ampla experiência no futebol. Foi o tipo de profissional que deixa saudade, daquelas figuras raras de um futebol antigo que não existe mais. Como homenagem final, o Almanaque do Ferrão resgata abaixo uma entrevista do treinador concedida à extinta TV Manchete, minutos após a conquista do título de 1994, o último grande momento de sua brilhante carreira. São necessários apenas 38 segundos para mostrar um pouco do carisma de César Moraes e eterniza-lo como uma verdadeira lenda. Descanse em paz, Guri.