AQUILO QUE VOCÊ NÃO SABIA SOBRE O EX-GOLEIRO MARQUINHOS

Bela homenagem recente do Rio Branco de Americana ao ídolo e ex-goleiro Marquinhos Sartori

O goleiro Marquinhos fez apenas um jogo com a camisa do Ferroviário. Chegou ao clube num momento financeiro muito difícil e tinha o Ceará como adversário em sua estreia. O ano era 1993 e a direção do Ferroviário havia montado um elenco com jogadores de qualidade duvidosa, alguns até experientes, mas em péssimo momento técnico. Marquinhos chegou com a fama de arqueiro rodado, que havia feito história no Rio Branco de Americana e recordista na posição em número de jogos. Em duas passagens, entre 1983 e 1985, e de 1990 a 1992, foram 127 jogos com a camisa do Rio Branco/SP. Na Barra do Ceará, Marquinhos deu azar. Sua única partida se deu exatamente no dia que o Ferroviário foi humilhado por 9×1 pelo Ceará, resultado desastroso que gerou a renúncia do presidente Edilson Sampaio, do diretor de futebol Walmir Araújo e do restante da diretoria ainda nos vestiários do Castelão. Marquinhos acabou não permanecendo no Tubarão da Barra em razão daquela debacle histórica, aliado ao fato de não ter feito uma atuação convincente que determinasse sua manutenção no elenco. Além dele, vários atletas foram dispensados pelo novo comando coral, capitaneado por Clóvis Dias. Marquinhos voltou para Americana e decidiu encerrar sua carreira. Posteriormente, virou treinador de goleiros do Rio Branco/SP e chegou a ser técnico da tradicional equipe paulista.

Familiares do ex-goleiro Marquinhos na cerimônia de inauguração do campo que leva seu nome

No dia 29 de novembro de 2012, aos 48 anos de idade, Marquinhos dirigia seu carro, à noite, pelo quilômetro 129 da Rodovia SP-304, em Americana, quando perdeu o controle do veículo e capotou. Foi socorrido ao Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, mas não resistiu aos ferimentos. Querido na cidade e bastante representativo na história do Rio Branco de Americana, o ex-goleiro Marcos Augusto Sartori foi homenageado, em julho de 2018, pela Secretaria de Esportes da cidade. O campo de futebol do Centro Cívico passou a levar o nome do goleiro que sempre honrou as cores do Rio Branco/SP. A viúva do ex-goleiro, sua mãe e uma irmã prestigiaram o evento. Há cerca de sete anos, o vídeo abaixo foi postado aqui no blog e recorda exatamente a véspera do jogo contra o Ceará em 1993. É possível ver o goleiro Marquinhos nas imagens do apronto para o Clássico. Após a derrota humilhante para o alvinegro, o Ferrão se recompôs, chegando a disputar uma final de turno ainda naquela competição. A base daquele trabalho de recomposição serviu para montar justamente a equipe que sagrou-se bicampeã estadual nos dois anos seguintes.

LULA PEREIRA: UM DOS NOMES MAIS IMPORTANTES DA NOSSA HISTÓRIA

Click do fotógrafo Thiago Gadelha na passagem de Lula Pereira pelo Ferroviário em 2016

Lula Pereira faleceu hoje aos 64 anos de idade. Após sofrer um AVC em agosto de 2019, o ex-técnico coral passou os últimos 18 meses de sua vida longe do futebol. Seu último trabalho no mundo da bola foi justamente no Ferroviário, como coordenador técnico, exercendo um papel preponderante para o soerguimento do clube, que encontrava-se alojado na segunda divisão do futebol cearense, na temporada de 2016. Foi a partir do trabalho da dupla Lula Pereira e Fernando Filho, treinador coral indicado pelo próprio Lula, que o Ferrão conseguiu a pontuação necessária para voltar novamente à elite cearense, mesmo encarando grave penúria estrutural. A primeira passagem de Lula Pereira pela Barra do Ceará também havia sido durante um momento de grande dificuldade. Foi em 1993, assumindo o comando técnico coral logo após uma derrota do Tubarão da Barra por 9×1 para o Ceará. Convidado pelo então presidente Clóvis Dias, Lulão abandonou a estabilidade de treinador das categorias de base do Ceará para assumir o desafio de resgatar a confiança do Ferroviário no campeonato. Em dois meses de trabalho, levou o Ferrão à final de um turno contra o próprio Ceará e formatou a base do elenco que ganharia dois estaduais seguidos em 1994 e 1995, uma das fases mais esplendorosas da nossa história. A partir daí, trilhou caminhos vitoriosos no futebol conquistando títulos pelo Brasil afora, chegando a treinar até o Flamengo/RJ. Lula Pereira esteve no Ferroviário em dois momentos muito difíceis da trajetória coral. Conseguiu êxito em ambos, tirando o clube do buraco e elevando-o a patamar comprovadamente superior, fato este, sem dúvida, que o qualifica como um dos nomes mais importantes da história do Ferrão. Descanse em paz, professor Lula Pereira. E obrigado por tudo.

DEFESA MILAGROSA DE CLEMER E GOL DE PÊNALTI NO ÚLTIMO MINUTO

O vídeo acima é um primor. Mostra o apronto coral para enfrentar o Ceará no campeonato cearense de 1993 sob o comando de Lula Pereira e, depois, os melhores momentos da vitória do Ferrão por 1×0, gol de Basílio, cobrando pênalti no último minuto da partida. Nunca é demais lembrar que, meses antes, o adversário bateu o time coral por 9×1 e o Tubarão da Barra teve que ser totalmente reconstruído dentro da competição com a chegada de Clóvis Dias como novo presidente. Destaque para uma defesa milagrosa do goleiro Clemer após arremate forte de Sérgio Alves, lance em que a torcida do Ceará gritou gol na hora do chute e foi obrigada a ver a bola nas mãos do arqueiro coral. Depois, o craque Acássio fez boa jogada pelo lado direito e sofreu o pênalti marcado pelo árbitro Dacildo Mourão. Basílio, ex-jogador do próprio Ceará, cobrou e fez o gol da vitória coral. Naquele domingo, o Ferrão jogou com Clemer, Itamar, Róbson, Batista e Branco; Reginaldo Souza (Paulo Adriano), Ronaldo Salviano, Acássio e Basílio; Batistinha e Márcio (Lima). O alvinegro, do falecido técnico Mário Juliato, perdeu com Ferreira, Jaime, Vitor Hugo, Biluca e Júnior Guimarães; Aírton (Júnior Piripiri), Mastrillo e Osmar; Ney (Mirandinha), Ronaldo e Sérgio Alves. A vitória foi ainda mais valorizada porque o Ferroviário estava com apenas dez jogadores após a expulsão do lateral Branco. Sete dos jogadores em campo nesse jogo estiveram no elenco histórico do bicampeonato estadual 1994/1995: Batista, Branco, Paulo Adriano, Acássio, Basílio, Lima e Batistinha. O goleiro Clemer foi o que alçou vôos mais altos, defendendo Remo/PA, Goiás/GO, Portuguesa/SP, Flamengo/RJ e Internacional/RS na sequência de sua vitoriosa carreira. As imagens são da TV Verdes Mares com reportagem de Victor Hannover e narração de Ivan Bezerra.

EM NOVEMBRO DE 1993, O FERRÃO EMPATAVA COM O CORINTHIANS/RN

Há 25 anos, o Ferroviário disputava a Série C do campeonato brasileiro e recebia o Corinthians de Caicó em seus domínios. No primeiro confronto entre ambos, empate em 0x0 no estádio Marizão no Rio Grande do Norte. No jogo da volta, no PV, outro empate em 1×1 no mês de novembro de 1993. O blog recuperou os melhores momentos em vídeo do jogo em Fortaleza e apresenta acima para o torcedor coral. O meia Basílio perdeu um pênalti no primeiro tempo. No segundo tempo, outro pênalti, dessa vez batido e convertido pelo artilheiro Batistinha. Infelizmente, o Corinthians/RN empatou no finalzinho daquela que foi a partida de número 2.504 da história coral. Treinado pelo falecido José Oliveira, ex-atacante coral da década de 1970, o Ferrão empatou com Guanair, Itamar, Airton, Santos e Johnson; Nasa, Cantareli e Basílio; Batistinha, Gaúcho (Silas) e Claudemir (Zelito). O time potiguar, do técnico Francisco Bezerra, jogou com Sérgio Maria, Baeca, Jailson, Erivan e Sabiá; Erivando, Concone (Nêgo) e Silvinho (Paulo Peixe); Lato, Oliveira e Neira. Um público de 1.083 pagantes foi ao jogo, que teve a arbitragem do piauiense Emílio Porto. Ferrão e Corinthians de Caicó só voltaram a se enfrentar uma única vez depois dessa partida. Foi em 2001, novamente no estádio Marizão, em amistoso que também terminou empatado em 0x0.

PRIMEIRA ENTREVISTA DO JOGADOR MARQUINHOS CAPIVARA NA BARRA

Recuperamos o vídeo com a primeira entrevista do ex-jogador Marquinhos Capivara, contratado pelo Ferroviário para as disputas do campeonato cearense de 1993. Depois de vestir a camisa do Ceará e do Fortaleza, a nova contratação enchia a torcida coral de esperança por ser um jogador experiente, inclusive com passagem pelo futebol da Bélgica. A frustração foi grande, embora tenha marcado um gol logo em sua estreia contra o Tiradentes. Ao todo, o velho Capivara fez apenas 8 partidas com a camisa coral naquela temporada, uma delas no fatídico e histórico 9×1 imposto pelo Ceará, logo na segunda rodada do Estadual. Marquinhos Capivara jogou mais cinco anos, defendendo novamente no futebol cearense o Ceará, Guarany de Sobral, Tiradentes e Calouros do Ar.  Fixou residência em Fortaleza, onde trabalha como treinador de categorias de base.

POR ONDE ANDA O ATACANTE CAREQUINHA CHAMADO ISAÍAS?

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Ferroviário Atlético Clube em março de 1993 – Em pé: Argeu, Evilásio, Jorge Luís, Róbson, Didi  e Paulo César; Agachados: Ronaldo Salviano, Sílvio, Isaías, Marquinhos Capivara e Batistinha

Isaías Ferreira da Silva pode não ter tido uma passagem longeva no Ferroviário, mas aquele atacante carequinha, contratado no início do campeonato cearense de 1993, certamente foi responsável por um lance memorável. De cabeça, ele marcou o gol da importante vitória coral em cima do Fortaleza, por 1×0, poucos dias depois do Tubarão da Barra ter sido humilhado pelo Ceará pelo placar de 9×1. Era a retomada do Ferrão na competição. Foi o jogo que marcou a estreia do goleiro Clemer e a participação efetiva do oportunista atacante pernambucano, oriundo na época do Auto Esporte/PB. Ainda que tenha ficado somente até o mês de abril naquela temporada, Isaías marcou 4 gols nas 9 partidas que defendeu a camisa coral. Transferiu-se para o futebol paulista em seguida e acabou indo atuar depois no futebol português. Lembra dele? Por onde anda Isaías?

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Foto recente do ex-jogador Isaías na Paraíba

Apesar de ter nascido em Recife, Isaías não voltou para sua terra natal quando pendurou as chuteiras. Fixou residência em João Pessoa, cidade que o acolheu como atleta, onde trabalha atualmente na EMLUR, a autarquia de limpeza urbana na capital paraibana. Formado em Educação Física, ele tem a intenção de voltar ao futebol brevemente e trabalhar como treinador ou montar uma escolinha. No tempo de jogador, Isaías vestiu a camisa de times importantes como o ABC/RN, Treze/PB, Santo André/SP e ASA/AL, porém foi no Auto Esporte paraibano que conseguiu a façanha de ser até hoje o maior artilheiro de sua história, além de goleador máximo no campeonato paraibano de 87, 90 e 92, quando também sagrou-se campeão estadual. Foram 14 clubes defendidos no futebol. No Nordeste, só não atuou no Piauí e no Maranhão. Foi uma carreira curta, principalmente em razão de ter atuado pela primeira vez como profissional aos 26 anos de idade, exatamente na temporada de 1986.

Certamente, lá na bonita João Pessoa, Isaías tem na memória aquele gol importante contra o Fortaleza marcado no estádio Castelão, templo maior do futebol cearense. No vídeo acima, o Almanaque do Ferrão refresca essa lembrança e homenageia o ex-atacante com os melhores momentos e uma entrevista depois daquela vitória no jogo 2.465 da nossa história, quando o jogador carequinha foi o responsável direto pelo triunfo coral e ofereceu aos torcedores do Ferroviário uma bela e animada noite de domingo.

LULA PEREIRA ESTÁ DE VOLTA AO FERROVIÁRIO 23 ANOS DEPOIS

Antes tarde do que nunca! Depois de 23 longos anos, Lula Pereira está de volta ao Ferroviário. Recorde no vídeo acima duas matérias com o então treinador do clube durante o campeonato cearense de 1993, ele que foi um dos principais responsáveis pelo processo de reestruturação do Tubarão da Barra naquela ocasião, culminando com o bicampeonato coral nos dois anos seguintes. O Ferrão deu a Lula a primeira grande oportunidade como técnico de futebol e foi o pontapé inicial de uma vitoriosa carreira que envolveu times como Figueirense/SC, Bahia/BA, Flamengo/RJ, América/MG, etc. Na semana passada, ele acertou seu retorno, dessa vez na função de coordenador técnico, e tem tudo para emprestar novamente sua competência na missão de reestruturar o clube e colocar seu nome novamente na história coral, ajudando-o a retornar para a primeira divisão do futebol cearense. Mas, você recorda a passagem de Lula Pereira em 1993?

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Lula Pereira apostou na própria carreira ao deixar o Ceará e treinar o Ferroviário em 1993

Em março de 1993, ele tinha apenas 36 anos de idade quando aceitou o desafio de abandonar as categorias de base do Ceará e assumir um abalado e desmoralizado Ferroviário, que vinha de um revés histórico de 9×1 sofrido contra o próprio time alvinegro. Lula indicou novos reforços e reformatou o elenco coral dentro da competição. Nomes desconhecidos como Acássio, Clemer, Itamar, Narcízio, Branco, Zedivan, Lima, Márcio, entre outros, passaram a ser contratados e, em três meses, o Ferrão já chegava na final do segundo turno do campeonato cearense. Até agosto daquele ano, foram 28 jogos comandando o Tubarão da Barra, sendo 12 vitórias, 7 empates e 9 derrotas. Lula Pereira não deu títulos ao clube, mas devolveu-lhe a competitividade e – o mais importante – a honra de time grande que disputava pau a pau com seus principais rivais. Deixou o clube após o Estadual e construiu uma carreira vitoriosa. Que o ano de 2016 possa contar com tudo de positivo que aconteceu em 1993, pois será importante para o Ferroviário e para o futebol cearense em geral. O elo de ligação entre esses dois longos períodos na história responde certamente pelo nome de Lula Pereira.

PRIMEIRA ENTREVISTA DO GOLEIRO CLEMER APÓS VITÓRIA CORAL

A maioria das pessoas só conheceu o goleiro Clemer quando ele foi vice-campeão brasileiro com a Portuguesa/SP em 1996 ou depois que chegou ao Flamengo/RJ no ano seguinte, onde foi sempre titular, saindo apenas para brilhar com a camisa do Internacional/RS por várias temporadas e conquistar o título mundial interclubes em 2006. O Almanaque do Ferrão recupera hoje o vídeo com a primeira entrevista do ex-arqueiro coral em sua passagem pelo Tubarão da Barra. Corria o ano de 1993 e Clemer permaneceu como titular absoluto em 23 partidas no total. A entrevista foi concedida no vestiário do Castelão no dia de sua estreia, logo após uma vitória em cima do Fortaleza em partida do campeonato cearense. Ainda no vídeo, é possível rever também o volante Ronaldo Salviano, um dos principais nomes do time coral na temporada. Vale lembrar que Clemer veio para o Ferroviário oriundo do Maranhão Atlético Clube e, na época de sua contratação, houve um membro da imprensa cearense que ironizou a chegada do atleta anunciando-o da seguinte forma: “Ferrim contrata goleiro com nome de bolacha“. O nome de Clemer foi escolhido por seu pai numa homenagem a outro goleiro, o lendário Ray Clemence, que fez história no Liverpool e na seleção inglesa. Logo após o campeonato, Clemer foi parar no Remo/PA e depois no Goiás/GO, duas escalas importantes em sua trajetória de sucesso. Para vergonha eterna do cronista que o ironizou.

O GOLEIRO QUE ENTROU PRA HISTÓRIA PELA PORTA ERRADA

Nem só de coisas boas vive esse blog. Alguns vexames serão sempre lembrados e não poderia ser diferente no Almanaque do Ferrão. A derrota fragorosa por 9×1 para o Ceará é uma das páginas tristes da história coral. Aconteceu em 14/2/1993, um fim de semana antes do carnaval, no jogo de número 2461 do Tubarão. Como há males que vêm para o bem, a vergonha alheia foi tanta que muita gente pediu o boné e o clube iniciou um processo de soerguimento que culminou com o bicampeonato 94/95. Hoje é dia de recordar a matéria do Globo Esporte na véspera do fatídico jogo. Os experientes Modali e Paulo César falavam em ´bom resultado` e ´grande apresentação`, como não poderia deixar de ser. Mas papo não ganha jogo.

É comum ouvir até hoje nas arquibancadas que o goleiro coral nessa partida era o Clemer. Ledo engano. O famoso arqueiro maranhense chegou para o Ferroviário somente depois do carnaval, justamente para ocupar a vaga deixada pelo glorioso Marquinhos, o estreante daquele domingo, que foi demitido depois dos 9×1 em sua única partida pelo time coral. No vídeo acima, Marquinhos pode ser visto em ação no treino apronto. Dizem as más línguas que até já havia se aposentado, virou treinador de goleiros, mas aceitou o convite do Ferrão para voltar aos campos naquela temporada. Pra entrar pra história. Pela porta errada.