CAMISA COM LISTRAS NA DIAGONAL VOLTAM A SER USADAS APÓS 37 ANOS

Zagueiro Afonso e a camisa de 2018

Depois de apresentar um modelo dourado e outro laranja na época da segunda divisão cearense, o Ferrão voltou a inovar em relação a seu uniforme de jogo. Dessa vez, a novidade não está relacionada com a terceira camisa, mas sim com a primeira. Depois de 37 anos, o Tubarão da Barra volta a utilizar o padrão branco com listras corais na diagonal. Diferente do modelo utilizado pela última vez na temporada de 1981, a camisa atual simplifica, moderniza e apresenta apenas uma listra vermelha e outra preta na diagonal. Pra variar, houve quem gostou, mas também quem odiou, porém ninguém pode negar a óbvia referência histórica da nova camisa coral.

Ponta Paulinho em 1981

A camisa com listras diagonais foi utilizada muitas vezes no Campeonato Cearense de 1978, conforme já mostrado aqui no Almanaque do Ferrão através do resgate inédito do vídeo de um gol do ex-lateral Ricardo Fogueira, contra o Fortaleza, além da postagem sobre o deputados estaduais eleitos naquele ano. Depois, esse modelo passou a ser utilizado algumas vezes nas temporadas seguintes, revezando com o padrão  branco de listras horizontais e com o uniforme coral de listras verticais. Em 1981, o Ferroviário disputou suas últimas partidas com a camisa de listras diagonais, numa época em que o clube contava com nomes como o goleiro Procópio, o zagueiro Darci Munique, o craque piauiense Sima, o centroavante Roberto Cearense e o ponta esquerda Paulinho, ex-Cruzeiro/MG, cedido ao Ferrão como parte da negociação da compra do cearense Jacinto por parte do time mineiro. Portanto, ao inovar em 2018 com uma adaptação nova para aquele modelo antigo, o Ferroviário faz uma conexão histórica com seu próprio passado.

NÃO FALTAVA DEPUTADO ESTADUAL COM A CAMISA DO FERROVIÁRIO

Ilustres Deputados Estaduais na Assembleia Legislativa do Ceará com a camisa do Ferroviário

O retrato acima foi tirado em dezembro de 1978. Nele, estão alguns Deputados Estaduais eleitos em 15 de novembro daquele ano para a legislatura entre 1979 e 1982. Ao todo, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará recebeu 22 representantes da ARENA e 11 do MDB, os dois únicos partidos brasileiros na ocasião. Na imagem acima, alguns Deputados resolveram posar com os modelos da camisa coral naquela temporada. Com a bola na mão e com camisa de goleiro, vê-se Aquiles Peres Mota, ex-presidente do Tubarão da Barra. Ao seu lado, as Deputadas Douvina de Castro e Maria Luiza Fontenele, que sete anos depois elegeu-se Prefeita de Fortaleza. O Almanaque do Ferrão reconheceu mais alguns na imagem, a saber: Airton Maia Nogueira, Etevaldo Nogueira Lima – também ex-presidente do Ferrão, Júlio Rego e Ubiratan Aguiar, além do Deputado Paulino Rocha, comentarista da Rádio Verdes Mares, que faleceu poucos meses depois. Em tempo: na temporada de 2018, depois de 37 anos, o Ferroviário voltará a usar uma camisa com listras diagonais.

FAMÍLIA ACHAVA QUE ARTILHEIRO CORAL ESTIVESSE MORTO

Paulo César em foto da família

Em setembro desse ano, o Almanaque do Ferrão publicou uma matéria sobre o paradeiro de Paulo César, grande artilheiro coral entre o final da década de 70 e começo dos anos 80. Ele foi o goleador máximo do campeonato cearense de 1979, conquistado brilhantemente pelo Tubarão da Barra. Após sua passagem pelo futebol alencarino, Paulo César foi jogar profissionalmente no Equador e por lá fixou residência, perdendo posteriormente o contato com sua família que reside em Pernambuco. Após a publicação do blog, os familiares do ex-goleador coral entraram em contato informando a grande repercussão da postagem dentro do núcleo familiar. A sensação de alívio foi a mais evidenciada entre eles. Devido aos quase trinta anos sem mensagens de Paulo César, seus irmãos achavam que ele já havia falecido. A surpresa de vê-lo no vídeo publicado em nosso blog, com imagens do ano passado no Equador, encheu o coração de seus irmãos de alegria. Agora, eles querem achar Paulo César e matar a saudade.

Irmãos do ex-artilheiro Paulo César em Pernambuco: Maria de Fátima, Severino e Maria Leda

O último contato de Paulo César com Maria Leda Pires Dino, sua irmã, ocorreu durante as Olimpíadas de Seul, em 1988. A comunicação entre ambos sempre se dava por carta, independente do local que Paulo César estivesse jogando. Nesse longo período sem contato, o ex-artilheiro coral sequer pôde ser informado do falecimento da mãe, que tentou muitas vezes buscar informações do filho, além da morte de seu irmão chamado Josivaldo Pires Dino. Agora, quase três décadas depois e diante da surpreendente notícia de que Paulo César está vivo, Maria Leda e os irmãos Maria de Fátima e Severino, desejam retomar o contato para matar as saudades do querido irmão de uma vez por todas. Um outro irmão dele, que mora em São Paulo, também está ansioso por isso. A família já procurou, através do Facebook, o próprio Barcelona de Guayaquil, clube que homenageou Paulo César em 2016, buscando obter mais informações sobre o paradeiro do atleta no Equador. Esperamos que o ex-goleador coral seja encontrado pela família e certamente o fato merecerá o devido destaque aqui no blog. Enquanto isso não acontece, reveja abaixo um vídeo raríssimo com dois gols do goleador Paulo César em partida válida pelo campeonato cearense de 1978.

GOL DE RICARDO FOGUEIRA NO JÁ DISTANTE ESTADUAL DE 1978

Já faz quase 40 anos do vídeo acima, porém o Almanaque do Ferrão conseguiu recuperar mais um material raríssimo do campeonato cearense de 1978. Foi exatamente num domingo, também dia 20 de novembro como hoje. Empate entre Ferroviário e Fortaleza pelo 3º turno do Estadual daquela temporada. O Tubarão da Barra perdia por 1×0, mas conseguiu o empate no minuto final, num chute de fora da área do lateral esquerdo Ricardo Fogueira. Foi a partida 1.644 da história coral, que teve Monteiro da Silva na arbitragem. Confira a escalação do Ferrão: Gilberto, Paulo  Maurício, Júlio, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Jorge Bonga e Jacinto (Jorge Henrique); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Fortaleza jogou com Lulinha, Pepeta, Chevrolet, Celso Gavião e Dudé; Joel  Maneca, Bibi (Batista) e Lucinho; Haroldo (Netinho), Geraldino Saravá e Da Costa. Foi o duelo dos treinadores Lucídio Pontes contra Moacyr Menezes. Um mês depois, o Ceará conquistaria o tetracampeonato num dos certames mais equilibrados em toda história do futebol alencarino. Destaque, mais uma vez, para a camisa com listras diagonais utilizadas pelo Ferroviário naquele período, que sempre desperta a curiosidade e os elogios de muitos torcedores que acessam o nosso blog.

IMAGENS RARÍSSIMAS DE UM GRANDE CLÁSSICO DAS CORES EM 1978

Não deixe de ver o vídeo acima. É mais uma pérola resgatada pelo Almanaque do Ferrão. Trata-se de uma vitória coral em cima do Fortaleza pelo campeonato cearense na já longínqua temporada de 1978. Era exatamente um 3 de setembro como hoje, portanto há 38 anos. As imagens dos Gols do Fantástico daquele domingo são as mais antigas que se tem notícia na história do clube. Este é o quarto vídeo referente ao campeonato de 1978 que conseguimos recuperar, depois de buscarmos no fundo do baú os gols de dois jogos contra o Ceará e de uma partida contra o América. Treinado pelo saudoso Lucídio Pontes, o Tubarão da Barra fazia a estreia do experiente goleiro Gilberto, vindo do futebol pernambucano. Os gols foram do craque Jacinto e do eficiente volante Doca, enquanto Ié descontou para o Fortaleza. Foi uma vitória bastante celebrada. Seis dias depois, o Ferrão conquistaria o 1º turno e carimbava o passaporte para as finais do campeonato.

Meio campista Jacinto e treinador Lucídio Pontes em 1978: dois nomes eternos do Ferroviário

Repare na escalação do Ferrão: Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Cândido; Jodecir (Ricardo Fogueira), Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos, Paulo César e Babá. O  zagueiro Cândido, formado nas categorias de base do próprio clube, atuou improvisado na lateral esquerda. O experiente Ricardo Fogueira também fez sua estreia nessa partida, entrando no segundo tempo, e logo depois assumiu a titularidade da camisa 6 do Ferroviário. O meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, foi outro estreante naquele domingo. O Fortaleza, do técnico interino Wilson Couto, perdeu com Lulinha, Roner, Celso Gavião, Otávio Souto e Jair; Joel Maneca, Bibi e Lucinho (Batista); Haroldo (Iê), Geraldino Saravá e Dudé. Peceba a presença de Celso Gavião na zaga tricolor, ele que foi a principal contratação do Ferrão no início da temporada seguinte, numa verdadeira rasteira coral dada no Fortaleza. Foi o jogo 1.625 da nossa história, que teve o falecido Gilberto Ferreira no apito e um público pagante de 14.574 pessoas. Depois de cinco anos bastante difíceis, a temporada de 1978 definitivamente reacendia a chama do Ferrão.

GOLS DO ARTILHEIRO PAULO CÉSAR PELO CAMPEONATO CEARENSE DE 78

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Paulo César com a camisa de 1978

Muitos torcedores enviam mensagens para o Almanaque do Ferrão pedindo informações sobre um dos maiores artilheiros da história coral. Estamos falando de Paulo César, adquirido junto ao Moto Clube/MA em junho de 1978. Foram 137 partidas e 88 gols marcados com o uniforme do Ferroviário, o que o coloca como o 4º maior goleador do clube, atrás apenas de Macaco, Fernando e Zé de Melo. Sua passagem pela Barra durou até 1981 e o titulo estadual, conquistado dois anos anos, o elevou a condição de ídolo diante de sua marca de artilheiro do campeonato com 29 gols assinalados. Paulo César – o papagaio – de há muito merecia uma homenagem em nosso blog. Foi por isso que reviramos o baú e buscamos imagens do grande goleador com a camisa coral. A foto acima foi tirada em 1978, logo quando chegou ao clube. Mais que isso, resgatamos abaixo um vídeo daquele ano com dois gols de Paulo César, o que é, sem dúvida alguma, uma preciosa raridade. Serve para a velha guarda matar as saudades e apresentá-lo aos mais jovens, que certamente dele muito ouviram falar.

O jogo foi contra o América, no PV, diante de um bom público de 3.993 pagantes. Já dissemos aqui que 1978 é até hoje o ano da maior média de público na história do Ferrão, fruto da montagem de um grande time, que acabou não sendo campeão. Assista os dois gols de Paulo César e outro tento do meia Jorge Bonga, na vitória por 3×1 em cima do ´mequinha`. Foi a partida de número 1.629 da caminhada coral, no dia 17/9/78. Isaac descontou para o time da Dom Manuel, avenida na qual ficava a bela sede rubra que já não existe mais. Treinado pelo competente Lucídio Pontes, o Tubarão da Barra jogou com Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá (Júlio), Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Jorge Bonga e Jacinto; Marcos, Paulo César (Chico Alves) e Babá. Já o América, do técnico Alísio Matos, atuou com Idalécio, Haroldo (Vicente), Marcelo, Eldo e Claudemir; Chiquinho, Zezinho e Dedé; Manuelzinho, Brígido e Isaac (Messias). O árbitro do jogo foi o finado Cid Júnior, assassinado em 2008 quando era delegado da Polícia Civil. Curta a raridade em vídeo e se delicie com uma pequena amostra dos belos gols do exímio artilheiro Paulo César, agora devidamente eternizados no Almanaque do Ferrão.

LANÇADO LIVRO EM FORTALEZA SOBRE EX-DIRIGENTE CORAL

11046233_959574010784438_432173910151609478_nA partir da década de 60, quando a estrutura coral foi impulsionada pelo visionário presidente Elzir Cabral, uma série de diretores tiveram atuação preponderante no soerguimento do clube, entre eles, três irmãos que passaram a ser conhecidos na verve popular como ´Pamplona Brothers`, trio composto por Cândido, Afrodísio e Célio, este último tornando-se posteriormente presidente do Ferrão na profícua temporada de 1978. Ontem, no auditório de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Ceará, foi lançado o livro ´Tão Cândido´, de autoria de Débora Pamplona, filha de Cândido Pamplona. Como não poderia deixar de ser, um dos capítulos da biografia do ex-dirigente coral, é dedicado ao futebol e ao Ferroviário. Vale a dica do blog.

QUANDO DOIS JOGADORES CORAIS BRILHARAM COMO LEWANDOWSKI

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Giancarlo: 5 gols em 2013

O polonês Robert Lewandowski foi o assunto da semana por ter marcado incríveis 5 gols numa mesma partida. Mais que isso, os 5 gols saíram exatamente em apenas 9 minutos do jogo em que o seu time, o Bayern de Munique, massacrou o Wolfsburg pelo campeonato alemão de futebol. O placar final apontou 5×1 e o famoso atacante saiu ovacionado pelo feito, o que convenhamos, não é uma coisa fácil de se ver atualmente. Trazendo o fato para o contexto do Ferroviário, apenas dois jogadores conseguiram algo semelhante em partidas oficiais: os atacantes Paulo César e Giancarlo, nas edições do campeonato cearense de 1978 e 2013, respectivamente. Tudo bem que Pacoti, em 1957, Lucinho, em 1968, Mirandinha, em 1977, e Ramon, em 1984, conseguiram feitos semelhantes, mas ocorreram em amistosos contra adversários menos relevantes.

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Matéria do Caderno 2 do jornal O Povo retratando os 5 gols do centroavante Paulo César

No dia 27/8/1978, o atacante Paulo César – o famoso papagaio – foi o primeiro coral a marcar 5 gols numa partida oficial. O fato aconteceu no PV num dia de domingo, contra o Calouros do Ar. Dois gols foram assinalados em cobrança de pênalti. Depois disso, precisou de quase 35 anos para o centroavante Giancarlo repetir o feito. Ele foi notícia no Brasil inteiro no dia 27/2/2013 ao marcar 5 gols na vitória coral de 7×2 em cima do São Benedito, um deles de pênalti, como você pode recordar no vídeo abaixo que eterniza os principais lances da partida. Os dois corais viveram um dia de Lewandowski, como se vê. Ou melhor, essa semana o polonês viveu um dia de Paulo César e Giancarlo, para ser mais preciso com a cronologia dos fatos. Aliás, o Ferroviário já chegou a vencer uma partida com 5 gols em apenas 9 minutos, mas isso aí é outro assunto e qualquer dia o Almanaque do Ferrão recupera essa história para o torcedor coral.

VÍDEO RARO DE VITÓRIA CORAL NO CAMPEONATO CEARENSE DE 1978

O vídeo mais antigo do Ferroviário no YouTube mereceu destaque do blog em postagem no mês de outubro do ano passado. Tratava-se do confronto contra o Ceará no dia 26 de novembro de 1978, vitória alvinegra pelo placar de 1×0. Para a surpresa de todos, no mês passado, caiu na rede outro vídeo exatamente do mesmo ano, novamente contra o Ceará, só que de uma partida realizada em 8 de outubro. Dessa vez, vitória coral por 2×1 e um show de imagens que mostram jogadores emblemáticos como Ricardo Fogueira, Jorge Bonga, Paulo César e Babá em ação com a camisa coral. A dica partiu do internauta Charles Garrido, um dos maiores entusiastas das atualizações do Almanaque do Ferrão, que entrou em contato por mensagem para avisar a boa nova.

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Presidente do Ferrão: Célio Pamplona

As imagens do vídeo não mostram a expulsão do zagueiro Lúcio Sabiá, que deixou o time coral com um homem a menos durante a maior parte do jogo. Também não mostram o pênalti claro do goleiro Procópio cometido em cima de Paulo César. Porém, mostram a reclamação contra a arbitragem e o destempero do dirigente alvinegro Antônio Góes, que na intempestividade de sua juventude, deu um soco no árbitro Leandro Serpa ao reclamar de uma expulsão claramente acertada após falta violenta em cima do ponta esquerda Babá. A agressão valeu a punição de um ano ao dirigente. Era o jogo 1.633 da história coral, assistido por 19.687 pagantes. O Ferrão, que já havia vencido o 1º turno, marchava célere para a conquista do returno, porém caiu na disputa de pênaltis na final contra o Fortaleza realizada três semanas depois, uma grande injustiça para o ótimo time montado pelo presidente Célio Pamplona, que tinha em sua diretoria nomes inesquecíveis como Ruy do Ceará, Elzir Cabral, José Rego Filho, Chateaubriand Arrais, Telmo Bessa e Mário Picanço.

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Experiente Gilberto: goleiro coral em 1978

Repare na excelente formação do Ferroviário, treinado pelo competente Lucídio Pontes: Gilberto, Paulo Maurício, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Ricardo Fogueira; Jodecir, Doca e Jacinto (Jorge Bonga); Marcos (Luizinho), Paulo César e Babá. O Ceará, do técnico Sebastião Leônidas, lendário ex-zagueiro do Botafogo/RJ, jogou com Procópio, Tércio, Pedro Basílio, Artur e Dodô; Edmar, Danilo (Júlio) e Erasmo; Jangada, Ivanir (Mickey) e Tiquinho. Na formação alvinegra, dois grandes atletas formados no próprio Ferroviário: Edmar e Danilo Baratinha. E ainda três nomes que vestiriam depois a camisa coral: Procópio, Artur e Jangada. Os gols do Ferrão foram do meia Jorge Bonga, ex-Sport/PE, e do ponta direita Marcos, ex-São Paulo/SP. Na meta coral, a tranquilidade do experiente Gilberto, que marcou época em Pernambuco como goleiro pentacampeão pelo Santa Cruz/PE e posteriormente como descobridor de Rogério Ceni enquanto treinador de goleiros do São Paulo/SP. Nomes de um grande time, que fez um grande campeonato, o que apenas confirma o dado de maior média de público da história do Ferroviário pertencer justamente ao grupo de dirigentes e jogadores que disputaram o campeonato cearense de 1978. Para sempre lembrados.

O QUE SE PODE EXTRAIR DA MÉDIA DE PÚBLICO HISTÓRICA DO CLUBE

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Nada mais amador que a distribuição gratuita de ´achismos` no futebol. Por isso se explica tantos discursos inconsistentes no mundo da bola, principalmente nos aspectos ligados à gestão de receitas oriundas de bilheteria, hoje em dia a terceira ou quarta fonte de arrecadação das equipes minimamente organizadas. O Ferroviário, e o futebol cearense como um todo, parecem bem longe dessa realidade, razão pela qual ainda se escutam frases no seio coral do tipo “vamos lotar o PV“, “rumo aos 3 mil pagantes” e, a pior de todas, a velha cantiga de grilo: “a torcida do Ferroviário não ajuda“. Puro achismo, como gostava de frisar o saudoso Estelita Aguirre, ex-diretor de comunicação do Ferrão, em seus comentários otimistas, porém sempre eivados de uma boa dose de acidez realista.

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Estádio Presidente Vargas na época do BI coral

Historicamente, os times de origem proletária no Brasil nunca foram detentores de torcidas de massa e os sociólogos estão ai para explicar melhor. Do ponto de vista prático, a versão impressa do Almanaque do Ferrão traz um estudo inédito, iniciado ainda nos anos 90, que definiu métricas de análise do poder de captação de torcedores corais em jogos do Ferroviário desde 1967, justamente o primeiro ano que o número de torcedores pagantes passou a ser oficialmente divulgado pela mídias e em documentos oficiais no futebol alencarino. A análise foi metodologicamente definida e evitou propositadamente a inclusão de partidas contra Ceará e Fortaleza, pois estes clubes levam seus próprios torcedores quando o adversário é o Ferroviário. Na abordagem trabalhada, o Tubarão é o único e principal chamariz dos jogos, o motivo pela qual a imensa maioria dos torcedores presentes acorre ao estádio. Esta sim deve ser a referência de público para o clube, o que for ´plus`, como no caso dos embates contra alvinegros e tricolores, é lucro.

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Torcida coral prestigiando a Série C de 2006

Uma rápida olhada nos dados e se comprova que boa média de público só existe associada ao time fazendo boa campanha dentro de campo. Futebol é entretenimento e ninguém paga ingresso quando há perspectiva de dissabores, o que justifica as péssimas médias depois do inédito bicampeonato 94/95, fruto de questões políticas mal resolvidas que mudaram o rumo das coisas desde então e que chegou ao cúmulo de ocasionar uma média de 320 pagantes no ano 2000, a pior da história. Numericamente, quase nunca se chegou nem perto de algo semelhante a 1978, a melhor média da história com 3794 pagantes, quando o clube amargava um jejum de 8 anos sem títulos, mas cuja diretoria agitou o futebol cearense com grandes contratações numa tentativa de soerguimento, que veio com o título cearense de 79 e um período alvissareiro de público até 1981. Algo não muito diferente do período 1988-1989, 1994 e 2006, ou seja, de tempos em tempos, todos períodos breves associados a boas campanhas, independente de títulos.

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Campeonato Cearense no Elzir Cabral em 2009

Desconfie quando alguém disser que “em 1968 o Ferroviário lotava o PV” ou que “o Ferroviário não tem torcida“. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os ´achismos` do futebol tendem a criar lendas nunca comprovadas e que só geram o errôneo entendimento das coisas. Só o que é científico pode desbancar o empírico. É evidente que Fortaleza não é mais a mesma cidade de antes, cresceu e virou metrópole, a torcida do Ferroviário não evoluiu numericamente na mesma proporção que a dos adversários e a própria cidade, o que faz com que proporcionalmente estejamos menores, porém não é o fim do mundo diante do parâmetro apresentado pelos números absolutos, e ressalte-se ainda que há clubes muito longe do potencial da torcida coral que disputam inclusive campeonato nacional. São estes os maiores exemplos de que dá pra fazer bonito quando se há na gestão uma diretriz única, permanente e inquebrável. O resto é ´achismo` e os números estão ai para tentar dar um pouco mais de clarividência aos incautos.