ATACANTE ERANDY RECEBE TROFÉU PARA A GALERIA DO FERROVIÁRIO

Atacante Erandy recebe mais um troféu para o Ferroviário Atlético Clube na temporada de 1975

A fotografia acima foi tirada na temporada de 1975. Nela, o experiente atacante Erandy recebe mais um troféu para a galeria coral. Aquele período nos anos 1970 marcou uma época de vacas magras e grande dificuldade financeira na Barra do Ceará. Enquanto Ceará e Fortaleza desfrutavam das benesses do Campeonato Brasileiro em plena ditatura militar, as demais equipes cearenses organizavam competições e amistosos para cumprir o calendário com alguma atividade minimamente digna. Numa delas, o Ferrão foi campeão da Taça Bayma Kerth, com Erandy acumulando as funções de treinador e jogador dentro de campo. Erandy Pereira Montenegro pendurou as chuteiras naquela fase de sua vida e abraçou a carreira de treinador, comandando inclusive o Ferroviário em boas passagens na segunda metade dos anos 1980. Como atleta, o paraibano Erandy fez 59 jogos com a camisa do Ferrão, marcando 30 gols. Como técnico, ele comandou o time coral em 138 partidas, sendo o quarto treinador na história que mais vezes esteve à frente do Tubarão da Barra. Erandy mora em Natal/RN e esteve em Fortaleza recentemente onde foi homenageado pelo Sindicato dos Atletas de Futebol Profissional do Estado do Ceará.

DANILO E VÁLBER: DOIS IRMÃOS QUE JOGARAM JUNTOS NO FERRÃO

Recorte da seção “Museu da Chuteira” enviada para publicação por um torcedor do Ferroviário

Vários irmãos chegaram ao time profissional do Ferroviário. Na lembrança do torcedor mais jovem, os gêmeos Dedé e Danúbio foram o caso mais recente. Na década de 1970, os irmãos Danilo e Válber vestiram a camisa coral. Nascido em 1956, o meio campista Válber fez sua primeira partida pelo time profissional em 1975. Seu irmão Danilo, nascido em 1953, chegou à equipe principal dois anos antes e teve uma carreira mais duradoura no futebol e no próprio Ferroviário. Fez 124 jogos com a camisa do Tubarão da Barra entre 1973 e 1977. Por sua vez, Válber figurou em apenas 6 partidas do profissional entre 1975 e 1976. Danilo virou “Danilo Baratinha” e chegou a jogar em vários outros clubes no decorrer de sua carreira, como Ceará, Fortaleza e Guarani de Campinas. Certa vez, mais precisamente no dia 1 de Novembro de 1975, Válber chegou a substituir Danilo no decorrer de um amistoso do Ferroviário contra a Seleção Sindical, no Elzir Cabral. Mais de duas décadas depois desse fato, já como treinador de futebol, Danilo por muito pouco não foi tricampeão estadual pelo Ferrão, em 1996. Acima, confira uma resenha sobre os dois irmãos, publicada num jornal cearense do passado. Em pleno 2022, Danilo é um colaborador efetivo das categorias de base do clube na região da Barra do Ceará.

LEMBRANÇA DA PRIMEIRA VITÓRIA CONTRA O FORTALEZA NO CASTELÃO

Goleador Lula

Hoje são 2 de julho. Nesse mesmo dia, na temporada de 1975, o Ferroviário batia o Fortaleza pela primeira vez atuando no Castelão, com um gol solitário do atacante Lula. O jogo foi válido pelo 2º turno do campeonato cearense e teve o pernambucano Sebastião Rufino como árbitro, perante um público de 11.337 pagantes. O time tricolor era o bicampeão cearense daquele momento, mas não foi páreo para o Tubarão da Barra, treinado por William Pontes. A derrota alijou o Fortaleza de qualquer pretensão de conquistar aquele turno. A vitória coral foi construída com a seguinte formação: Pedrinho, Paulo Tavares, Lúcio Sabiá, Cândido e César; Aucélio e Oliveira; Vanderley, Erandy, Lula e Jeová (Vicente). O adversário, treinado por Moésio Gomes, jogou com Lulinha, Alexandre, Ozires, Nena e Roner; Jeová (Zé Raimundo), Lucinho e Zé Carlos; Luizinho, Amilton Melo e Geraldino Saravá (Dario). O goleador Lula entrou pra história naquele jogo com o gol da vitória. Contratado junto ao Potiguar/RN, ele vestiu a camisa coral em 89 jogos entre 1974 e 1977. Marcou 44 gols no total pelo Ferrão. Naquele mesmo ano de 1975, o jovem Lula terminou o ano como o principal artilheiro do campeonato estadual com 8 gols assinalados.

HÁ EXATOS 45 ANOS, O ÚLTIMO JOGO CONTRA O FAMOSO MAGUARI

Erandy: autor do gol coral

Foi num feriado de 1º de maio como hoje, mais precisamente na temporada de 1975, que o Ferroviário enfrentou oficialmente o Maguari pela última vez na história. Completam-se exatos 45 anos desde aquele empate em 1×1 em que Erandy marcou para o Ferrão e Danilo Baratinha empatou. Confrontos contra a tradicional equipe cearense foram comuns entre 1937 e 1946. Depois de um intervalo de 25 anos, o Maguari voltou a disputar o campeonato cearense da primeira divisão em 1972, abandonando para sempre a divisão de elite da competição em 1975. No último confronto contra o Clube dos Príncipes, o Tubarão da Barra era treinado por William Campos e foi a campo com Pedrinho, Nonato Ayres (Marinho), Lúcio Sabiá, Cândido e Eldo; Aucélio e Oliveira; Vanderley, Erandy, Lula e Jeová (Almir). Nota-se uma equipe bastante jovem, com vários jogadores egressos das categorias de base. Já o adversário, treinado pelo ex-goleiro coral Gilvan Dias, jogou com Mundinho, Ademir Feitosa, Luiz Paes, Wilkson e Valdecir; Zé Augusto (Dedé) e Nilsinho; Carlinhos (Cláudio), Danilo Baratinha, Navarro e Piçarra. Percebe-se um time experiente, com alguns garotos como o meia Danilo, emprestado pelo próprio Ferroviário. O jogo aconteceu no PV e, sem saberem, 1.415 pagantes prestigiaram aquele momento histórico. O falecido Cid Júnior foi o árbitro do jogo. 33 anos depois daquele feriado com cheiro de despedida, aproveitando o espólio histórico do tradicional Maguari, a equipe cintanegrina retomou suas atividade com a escrita de Maguary em 2008. Desde então, o Ferroviário fez 3 amistosos contra a renovada equipe: 10×0 em 2009, 2×1 em 2010 e 11×0 em 2013. Melhor lembrarem dos confrontos do passado, então.

OS GOLS DE UMA VITÓRIA POR 3X1 NO CLÁSSICO DAS CORES EM 1975

Goleiro Pedrinho puxa a fila no treinamento do preparador Wilson Couto para pegar o Fortaleza

Hoje abrimos os arquivos sonoros do Almanaque do Ferrão e voltamos 45 anos no tempo para resgatar os gols de uma vitória do Tubarão da Barra por 3×1 em cima do Fortaleza no estádio Castelão. O jogo foi válido pelo 3º turno do campeonato cearense de 1975 e teve na arbitragem o carioca Arnaldo César Coelho. O grande nome do jogo foi o experiente atacante Erandy, embora os gols tenham saído dos pés de Jeová e duas vezes de Lula, artilheiro da competição naquela temporada. O quarto zagueiro Cândido, cria da base coral, estava emprestado e descontou para o Fortaleza. Treinado por William Pontes, o Tubarão da Barra venceu com Pedrinho, Paulo Tavares, Lúcio Sabiá, Arimatéia e Eldo; Vicente, Aucélio e Danilo Baratinha; Lula, Erandy (Chicó) e Jeová. O Fortaleza de Móesio Gomes perdeu com Lulinha, Alexandre, Hamilton Ayres (Ozires), Cândido e Roner; Chinesinho e Zé Carlos; Zé Raimundo, Amilton Melo, Reinaldo (Luizinho) e Geraldino. A brilhante narração abaixo é de Gomes Farias e os comentários de José Tosta, ambos em transmissão ao vivo pela Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Ao final do campeonato estadual, Erandy já pensava na aposentadoria e passou a acumular também a função de treinador da equipe e levou um jovem time coral à conquista do Taça Bayma Kerth, uma espécie de Taça Fares Lopes da ocasião. Nascia naquele episódio o treinador Erandy Pereira Montenegro.

EX-ZAGUEIRO CORAL NOS ANOS 1970 FALECEU DURANTE A SEMANA

Mesmo aposentado dos gramados, Félix nunca deixou de ser zagueiro jogando entre os amigos

Faleceu Félix, ex-zagueiro do Ferroviário entre 1975 e 1978. Cria das categorias de base do próprio clube, Francisco de Assis Félix da Silva participou de 27 partidas pelo time profissional do Ferrão em toda a história. Sua primeira partida pelo time principal aconteceu em 31/08/1975, justamente na estreia coral no Torneio Bayma Kerth, competição idealizada pela Federação Cearense para ocupar o calendário dos times que não participavam do campeonato nacional naquela temporada. O Ferrão foi o campeão da competição e Félix participou de 3 partidas na campanha. O ex-zagueiro coral fez apenas um jogo oficial pelo campeonato cearense com a camisa coral. Foi no dia 25/09/1977, no Castelão, na derrota por 2×0 para o Guarani de Juazeiro, quando fez dupla de zaga com Júlio Araújo. Na ocasião, o Ferrão entrou com um time misto já que os titulares estavam em excursão para amistosos no Maranhão. Aquela derrota coral derrubou milhares de apostadores do teste 388 da Loteria Esportiva. Félix ainda conquistou, com a camisa coral, a Taça Waldemar Alcântara em 1978. Jogou também no Tiradentes e no Icasa, além de ser conhecido no futebol suburbano, onde atuou no Valença, Noturno e no Milan. Ultimamente, o ex-zagueiro lutava contra a depressão.

DIA DE REGISTRAR UM ERRO HISTÓRICO DA REVISTA PLACAR

A foto do Ferroviário foi publicada pela Revista Placar com o nome dos jogadores do Fortaleza

Quem acompanhou o futebol brasileiro nos anos 70 e 80 certamente dependia muito das informações veiculadas pela Revista Placar. Numa época em que a Internet comercial não existia, a chegada da famosa revista nas bancas de revista em Fortaleza, toda quarta-feira, era um bálsamo para os apaixonados pelo esporte. A revista mantinha correspondentes em todas as capitais brasileiras e os campeonatos estaduais tinham o merecido destaque nas páginas semanais da publicação. Numa das edições do ano de 1975, a Placar publicou por engano uma fotografia do Ferroviário, só que com o nome e a escalação dos jogadores do Fortaleza Esporte Clube. Uma gafe histórica, sem dúvida nenhuma. A referida foto já apareceu aqui no blog numa postagem de 2015, na mesma época em que esteve exposta numa exposição do futebol cearense no Shopping RioMar. Muita gente viu, porém poucos notaram os ajustes em Photoshop, feitos por sabe Deus quem, para eliminar os dados do Fortaleza na histórica imagem. Eis que a publicação original da revista é enviada para o blog pelo internauta João Ricardo Oliveira e obviamente essa raridade merece uma nova postagem. Eis o dia em que vários brasileiros desavisados acompanharam a escalação do Fortaleza com uma imagem dos jogadores do Ferroviário Atlético Clube.

FOTO DO FERROVIÁRIO EM 1975 NO ESTÁDIO MUNICIPAL DE QUIXADÁ

Ferroviário Atlético Clube em agosto de 1975 – Em pé: Paulo Tavares, Vicente, Lúcio Sabiá, Pedrinho, Arimateia e Eldo; Agachados: Danilo, Oliveira, Lula, Aucélio e Jeová

Eis o Ferroviário perfilado para um amistoso contra o Quixadá em 1975. A partida foi no estádio municipal da cidade, denominado à época de Luciano Queiroz. Aliás, deve ser no mundo inteiro o estádio que mais mudou de nome ao longo das décadas. Perceba na foto a presença do bigodudo fisicultor Wilson Couto, que também foi técnico do Ferrão. Ainda, nomes como o lateral direito Paulo Tavares, ex-Ceará, o saudoso Oliveira, que posteriormente transformou-se em supervisor e também treinador coral, além de nomes importantes da base do clube como Danilo Baratinha, Aucélio e Jeová. Nota-se também a presença do potiguar Lula, artilheiro do campeonato cearense daquele ano, bem como do veterano lateral esquerdo Eldo, remanescente da equipe campeã estadual de 1970. O Quixadá venceu o amistoso por 1×0. Ferrão vivia uma gravíssima crise financeira.

SOBRE PRATAS DA CASA, TORRE DE BABEL E LIÇÃO DE SOBREVIVÊNCIA

Ferrão 1975_4

Em pé: Paulo Tavares,  Nonato Ayres,  Zé Antônio,  Vicente,  César,  Lúcio Sabiá,  Pedrinho, Arimatéia e Eldo; Agachados: Danilo, Oliveira, Chicó, Vanderley, Almir, Lula, Aucélio e Jeová

O Almanaque do Ferrão resgata hoje uma foto de 1975, ano que o Ferroviário viveu grave crise financeira e teve seu nome envolto a situações vexatórias como jogadores passando necessidades, crise política alarmante, oficiais de justiça recolhendo objetos na sede do clube para saldar dívidas trabalhistas, entre outras mazelas. Foi um período complicado que findou com a renúncia coletiva da diretoria presidida pelo então deputado estadual Aquiles Peres Mota. No segundo semestre da temporada, o elenco era formado basicamente por pratas da casa. Nomes como César, Almir, Lúcio Sabiá, a revelação da temporada Aucélio e Danilo Baratinha, mesclados com a experiência de Paulo Tavares, ex-Ceará, do goleiro Pedrinho e Eldo, remanescente do título de 1970.

1975_1333

Manchete do jornal O Povo sobre a grave situação do Ferroviário Atlético Clube em 1975

Profundamente enraizada na cultura coral, a crise política parecia não ter fim. Torcida revoltada pela venda do zagueiro Cândido ao Fortaleza e Conselho Deliberativo a exigir prestação financeira de contas após renúncia coletiva: o Ferroviário e sua eterna vocação para Torre de Babel. A foto rara de hoje recorda um grupo de jogadores bravos que souberam ultrapassar os momentos de dificuldade e levaram o clube adiante. A chegada de uma nova diretoria para a temporada seguinte marcou o renascimento do Ferrão. Do click acima, Lúcio Sabiá e Arimatéia estavam no título estadual três anos depois. Trilharam o caminho da paciência e entraram para os anais da história em forma de redenção. Mesma história que guarda uma página para o grupo de 1975 acima, hoje homenageado, por trilhar firmemente o caminho da sobrevivência.