FERNANDO CÔNSUL: O JOGADOR E TREINADOR QUE FOI DA SELEÇÃO

Treinador Fernando Cônsul orienta os atletas do Ferroviário nos treinos para a temporada de 1970

Fernando Cônsul Fernandes nasceu no Rio de Janeiro em 1938, ano em que o Ferroviário estreou na divisão de elite do futebol cearense. No futebol de sua cidade natal, ele foi atacante do Madureira e vivenciou a fase áurea do América/RJ, quando foi chamado para defender a Seleção Brasileira, treinada por Aymoré Moreira, na Copa América disputada na Bolívia, em 1963. Três anos depois, seu bom futebol o levou para o futebol europeu onde defendeu o Valenciennes da França. Em seu retorno ao Brasil, no ano de 1969, chegou para o Ferroviário, onde fez 30 jogos e marcou 11 gols. Pendurou as chuteiras ao final da temporada e aceitou o convite para ser o treinador do Ferrão em 1970. Na campanha do brilhante título estadual daquele ano, comandou o clube em 7 partidas do 1º turno, dando lugar para Alexandre Nepomuceno no restante da competição. Fernando Cônsul foi o treinador coral no primeiro jogo interestadual realizado no Estádio Elzir Cabral, contra o Alecrim/RN, em janeiro de 1970. A triste curiosidade é que nas diversas listas de jogadores e treinadores que passaram pelo futebol cearense com rodagem, prévia ou posterior, na Seleção Brasileira, o nome de Cônsul é comumente esquecido. É fácil lembrar de Beletti, Edmílson, Perivaldo, Everton Cebolinha, Osvaldo, Mirandinha, Vavá, Jardel, Adriano, Josimar, entre outros, mas sempre omitem o nome de Fernando Cônsul, ex-jogador e ex-treinador do Ferrão entre 1969 e 1970. Que nunca mais seja esquecido!

A MAIOR GOLEADA CORAL EM CIMA DO GUARANY-S FAZ ANIVERSÁRIO

Time base do Ferrão no campeonato de 1969

Ferroviário e Guarany de Sobral sempre fizeram jogos bastante duros e equilibrados. Raramente é verificado uma goleada a favor de um ou de outro. Porém, no campeonato cearense de 1969, exatamente num 7 de maio como hoje, o Tubarão da Barra humilhou o Cacique do Vale com uma sonora goleada por 8×0. O jogo foi no PV e teve a arbitragem de Adélson Julião, perante 1.395 expectadores. Foi um show de gala coral já no primeiro tempo da partida, que terminou com seis gols marcados. Era a estreia oficial do técnico Luís Veras, substituto em definitivo de um irritado Moésio Gomes, expulso na rodada anterior contra o Quixadá por agredir o bandeirinha Assis Furtado. O novo treinador lançou o Ferrão com o futebol de George, Ribeiro (Breno), Gomes (Wilson Cruz), Luiz Paes e Roberto Barra-Limpa; Edmar e Coca Cola; Mano, João Carlos, Alcy e Paraíba. Treinado por Aracati, o Guarany foi humilhado com Maximino (Pinto), Zé Carlos, Pelado, Zé Quinto e Cabo Dulce; Dajuana e Moisés; Nagibe, Teco Teco, Cabeção e Garrincha. Esse é até hoje o maior vexame do time sobralense diante do Ferrão. O goleador João Carlos foi o goleador da peleja com 3 tentos, acompanhado de Paraíba, que marcou 2 gols. Os outros tentos foram anotados por Alcy, Mano e Coca Cola. O ponto negativo ocorrido depois da goleada foi o protesto dos torcedores do Ferroviário junto à diretoria contra a negociação do atacante João Carlos para o Bahia/BA. Na sequência dos acontecimentos, a direção coral deu uma resposta à altura e investiu pesado. Em seu lugar, foi contratado o atacante Uriel, um dos maiores jogadores do futebol pernambucano. Mas ai já é outra história.

A VITÓRIA DO FERROVIÁRIO NO DIA QUE O HOMEM CHEGOU À LUA

O sendo de humor da Ferroada Coral recordou os cinquenta anos da chegada do homem à lua

Hoje é dia de aproveitar a arte acima da Ferroada Coral para recordar um jogo oficial do Ferroviário Atlético Clube disputado exatamente no mesmo dia em que o homem chegou à lua através da famosa missão americana Apollo 11. Naquele domingo, o compromisso coral foi contra o Guarany de Sobral e, dentre os presentes ao estádio do Junco, a imensa maioria só falava da grande novidade para a história da humanidade. A partida, que terminou ficando em segundo plano, valeu pelo 3º turno do campeonato cearense de 1969 e está completando exatamente 50 anos na presente data. Com gols de Edmar e Fernando Cônsul, o Tubarão da Barra fez 2×0 no Cacique do Vale sob o apito do árbitro Leandro Serpa. Treinado por Luis Veras, o Ferrão venceu com George, Ribeiro, Luiz Paes, Gomes e Roberto Barra-Limpa; Coca Cola (Mano), Simão e Edmar; Paraíba, Alcy e Fernando Cônsul (Léo). Já o time sobralense, treinado por Raimundo França, perdeu com o futebol de Pinto, Rodrigues, Pelado, Zé Quinto e Cabo Dulce; Dajuana, Loril e Moisés; Nagibe, Cabeção (Gilberto) e Garrinchinha (Ércio). Muita gente da torcida coral foi até a cidade de Sobral prestigiar a partida. Levaram até a bateria da escola de samba ´Ispaia a Brasa` para animar a viagem de trem até Sobral. Como bem disse a Ferroada Coral em sua arte do humor, tratou-se de uma pequena vitória para o time e uma conquista gigante para o clube. Por que não?

EX-ATACANTE MANO VOLTA AO FERRÃO EM DIA DE MUITA EMOÇÃO

O ex-atacante coral Mano, campeão pelo Ferrão nas temporadas de 1968 e 1970, além de filho do ex-craque Vicente Trajano, que foi um dos maiores atletas que vestiram a camisa do Tubarão da Barra em todos os tempos, esteve na semana passada na Barra do Ceará. A visita foi um pedido do próprio Mano, que vem lutando bravamente contra problemas de saúde. Coube à repórter Cristiane Araújo, uma das colaboradoras aqui do blog, realizar o desejo do ex-ponta direita coral e organizar uma matéria de vinte minutos em seu canal no YouTube. Vale a pena conferir o emocionante material acima, que contou com a participação de ilustres torcedores corais que se deslocaram até a Barra do Ceará especialmente para a homenagem.

Mano entre as feras corais do vitorioso elenco de 1970: Amilton Melo, Paulo Velozo e Alísio

Ao todo, Mano entrou em campo 99 vezes com a camisa do Ferrão e marcou 19 gols. Foram 13 participações do ponta direita em jogos do título invicto de 1968, que completou aniversário de 50 anos em 2018. Na temporada de 1970, Mano participou de 7 jogos na vitoriosa campanha coral ao lado de nomes consagrados como o craque Amilton Melo, o goleador Paulo Velozo e o ponta esquerda Alísio. Além de dois títulos estaduais, o ex-ponta também conquistou uma terceira competição com a camisa do Ferrão, a Taça Estado do Ceará disputada em 1969, quando entrou em 8 jogos e marcou 2 gols. Foram, portanto, três títulos na memorável passagem de Dionísio Muniz Trajano pelo Ferroviário Atlético Clube. Na visita da última semana, ele fez duas doações importantíssimas para o clube: as faixas de campeão estadual de 1968 e de 1970, a primeira inclusive assinada por Pelé, que o enfrentou quando o Santos/SP foi convidado para o jogo comemorativo de entrega de faixas no estádio Presidente Vargas naquele ano. Por ocasião da doação feita diretamente ao presidente Walmir Araújo, Mano teve o privilégio de visitar em primeira mão as obras do futuro memorial de conquistas do Ferrão que está sendo brilhantemente construído pelo departamento de patrimônio do clube e que será inaugurado no começo de 2019. Foram momentos muito marcantes para o ex-atacante coral na visita ao Elzir Cabral. E que sejam eternos na lembrança de Mano, assim como ele é na história do Ferroviário.

RECEPÇÃO NO AEROPORTO EM 2018 REPETE CHEGADA DE URIEL EM 1969

Segundo a administração do Aeroporto Internacional Pinto Martins, cerca de 500 torcedores do Ferroviário estiveram presentes na noite do último dia 16 de fevereiro para recepcionar os jogadores corais que participaram do episódio histórico do ´Milagre da Ilha` em Recife no dia anterior. A matéria acima foi veiculada no Globo Esporte de Fortaleza e eterniza o momento, evidenciando ainda mais o perfil de uma torcida diferenciada, apaixonada e composta em sua essência por pessoas de todas as idades que constituem uma imensa família. O fato acontecido em 2018 remete à chegada do atacante Uriel, ídolo do Santa Cruz/PE, que foi anunciado como contratação bombástica para o Ferrão em maio de 1969. Na ocasião, uma multidão de pessoas foi ao antigo aeroporto de Fortaleza para recepcionar o novo reforço do Tubarão da Barra. Quase cinquenta anos depois, o fato se repete e a torcida coral mostra a sua força.

Uriel: multidão no aeroporto

Assim como ocorrido na última sexta feira, a chegada de Uriel em 1969 também aconteceu no período da noite, o que proporcionou maior comodidade de horário para os torcedores que trabalhavam durante o dia. O lateral pernambucano Roberto Barra Limpa, ex-rival de Uriel em Recife, também esteve presente no Pinto Martins para recepcionar o novo companheiro em nome do elenco do Ferroviário. Uriel fez 36 jogos pelo Ferrão e marcou 11 gols, permanecendo na Barra do Ceará até março de 1970. Logo em seu primeiro jogo oficial pelo time coral, num clássico contra o Ceará no PV, Uriel fez um gol e foi considerado o melhor em campo. Depois, caiu de produção e sua condição de titular chegou a ser questionada. Como o Ferrão não conseguiu o bicampeonato em 1969, ficou a sensação de frustração na passagem de Uriel pelo futebol cearense. Porém, poucos lembram que antes de rescindir seu contrato, ele participou da estreia coral no vitorioso campeonato estadual de 1970 e que, por esse motivo, está com justiça incluído no rol eterno dos jogadores que conquistaram títulos pelo Ferrão. Mas, voltemos a 2018 para conferir abaixo uma filmagem amadora da invasão da torcida coral ao aeroporto na semana passada, quando nomes como o goleiro Bruno Colaço, o atacante Mota e o meia Valdeci, entre outros, são reverenciados. Nunca é demais registrar esse momento, até porque ele levou simplesmente cinco décadas para voltar a acontecer e seria muito bom se pudesse se tornar frequente no cotidiano do clube.

NUNCA É TARDE PARA REVERENCIAR SIMPLÍCIO, O CANHÃO DA BARRA

simplicio2

Foto recente do ex-jogador Simplício em sua residência na cidade de João Pessoa/PB

Ele foi um dos jogadores mais cultuados na história do Ferroviário. Até hoje seu nome é citado nas arquibancadas, não apenas por torcedores corais, mas também por desportistas de outras equipes que o viram em ação entre 1969 e 1974, período em que entrou em campo 181 vezes com a camisa do Ferrão. Foram 60 gols no total, o que o credencia como o 12º maior artilheiro do clube. Estamos falando de Simplício, o inesquecível ´Canhão da Barra´, graças a seus chutes fortes que chegavam a alcançar 170 km/h. Ao lado de Amilton Melo, Edmar, Paulo Velozo e Coca Cola, ele foi um dos bons nomes no título estadual de 1970, ano em que o Ferroviário montou um dos melhores times em todos os tempos do futebol alencarino.

simplício

No Ferrão em 1970

Simplício começou a se destacar no Campinense/PB, onde foi hexacampeão paraibano nos anos 60. Tinha como principal característica o posicionamento, o bom passe e a garra, condições essenciais para um grande volante. Começou a ser comparado com o craque brasileiro Rivelino – pelo bigode e em razão do chute forte – ainda na Paraíba, antes mesmo de se transferir para o Botafogo/PB, onde foi bicampeão estadual. Se transferiu para o Ferroviário aos 22 anos de idade, fazendo seu primeiro jogo pelo time coral no dia 15/11/69 num amistoso contra o América/CE, no Elzir Cabral, e já conquistando mais um título estadual pra coleção na temporada seguinte. Suas cobranças de pênaltis eram temidas pelos goleiros adversários e tinha o respeito de vários treinadores que passaram pelo Ferrão, entre eles Fernando Cônsul, Gradim e Alexandre Nepomuceno.

Ferrão 72_222

Simplício: o terceiro agachado em 1972

No campeonato cearense de 1974, Simplício mudou de time e chegou a enfrentar o Ferroviário, defendendo a camisa do Maguary. Aos 27 anos, aquela foi sua última temporada como jogador de futebol, pois retornou para Campina Grande onde anos depois concluiu o curso de Processamento de Dados na Universidade Federal. Em 2013, vibrou bastante com o título de campeão do nordeste conquistado pelo Campinense. Hoje com 67 anos de idade, reside em João Pessoa e é aposentado pela própria universidade. Mais de 40 anos depois de deixar o Ferroviário Atlético Clube, Simplício continua na memória de quem o viu em ação e estará sempre nas páginas principais da história coral, merecendo hoje o destaque do Almanaque do Ferrão.